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História Perdição no Paraíso - O Caminho Para os Elísios - Capitulo XII


Escrita por: HecateAquarius

Notas do Autor


Hello leitores.
Tudo bem?
Aqui está mais um capitulo para encher a vossa noite, que no meu caso está gelada de mais :P
Boa leitura :)

Capítulo 12 - Capitulo XII


Fanfic / Fanfiction Perdição no Paraíso - O Caminho Para os Elísios - Capitulo XII

                Nas margens do rio Aqueronte, Cristina encontrava-se sentada a ver Caronte fazer a travessia das almas. Cantarolava pacificamente, enquanto as almas que caiam ao rio pediam ajuda desesperadamente. Distraidamente, ela atirava pedrinhas para a água, divertindo-se com as almas que escorregavam na margem, deixando que a sua mente voasse para outro lugar.

Os sonhos mais lindos sonhei!
De quimeras mil, um castelo ergui!
E no teu olhar, tonto de emoção,
Com sofreguidão, mil venturas previ!

O teu corpo é luz, sedução!
Poema divino cheio de esplendor!
Teu sorriso quente, inebria, entontece!
És fascinação, amor!

Teu sorriso quente, inebria, entontece!
És fascinação, amor!

- Sempre pensei que acabarias por sucumbir a tua humanidade e de certa forma, ajudar aqueles que desesperadamente pedem a tua ajuda! – A voz de Hades, atrás dela, fez com que a música que saía de sua boca cessasse.

                Fechou o cenho ao ser incomodada no seu momento de paz. Encolheu os ombros e levantou-se, reverenciando o deus e o olhando posteriormente com uma expressão séria e vazia.  

- Não sou anjo da guarda de ninguém, portanto também não ajudarei ninguém… - Ela responde secamente, dando novamente costas ao deus, sentando-se.

                O deus simplesmente a observou, vendo o quanto ela havia mudado desde da última vez que a vira, a cinco anos trás.

- Tens uma voz bonita… - Hades tentava algum tipo de conversa com ela, embora a vontade da loira fosse pouca. – Podes não ser um anjo, mas a tua voz parece de um!

- É, um talento desperdiçado devido a um infortúnio do destino! – Ela responde sarcasticamente, lembrando-se da fatídica noite do assalto.

- Há infortúnios que acontecem, para que coisas melhores se realizem! – O deus aproxima-se e senta-se ao lado dela, ficando cada vez mais intrigado com a humana.

- Se o senhor acha que viver a mais de sete anos no inferno é algo melhor, quem sou eu para contrariar! – Ela olha o deus e sorri ironicamente, atirando mais uma pedra para as águas escuras do rio.

- Por que razão eu não vejo medo em ti? – O deus ergue uma sobrancelha, começando a ficar um pouco irritado com a ironia dela. – Porque não me temes como os outros?

- Devia? – Ela questiona furtivamente. – Já vi toda a miséria que se passa por aqui, portanto quando morrer já estou mais do que preparada para aquilo que me espera. Já não sairei mais daqui, para todos os efeitos!

- És realmente diferente dos outros humanos…

- Verdade, sou sincera e aceito a realidade tal como ela é. Talvez seja isso que o deixe tão irritado a meu respeito… - Ela responde sem rodeios, voltando a olhar para o rio. – Talvez se eu fosse mais lambe botas como a Pandora, o senhor gostasse mais de mim. Infelizmente não sou assim!

                O deus do submundo riu perante aquele comentário, admirando um pouco mais a humana que entrara na vida dos mortos por causa de Thanatos.

- Não faço ideia do que os deuses gémeos fizeram contigo, mas gostei do resultado… - Hades sorri de canto, coçando o queixo.

- Dizem que aquilo que não nos mata, torna-nos mais fortes… Pois aqui está o resultado.

- Hmmm vejo amargura nas tuas palavras!

                A loira fecha o punho, lembrando-se das suas ilusões amorosas, que acabaram por se tornar imensas desilusões.

- Um pouco! – Ela encolhe os ombros e fita o deus. – Eu pedi ao Thanatos que me tornasse uma guerreira honorável, foi o que ele e o Hypnos fizeram. De qualquer das formas, pode sempre culpa-los pelo resultado final…

- Quer dizer que como humana, não sentes mais nada?

- Sinto, mas sinceramente gostava de não sentir. – Ela olha as almas no rio e sorri de forma sincera. – Eu até tenho vontade de as ajudar, mas depois penso que se elas estão aqui é porque merecem. E como se diz onde eu cresci: “Cada um tem o que merece!”.

- Boa forma de pensar! Talvez eu devesse adotar essas palavras para colocar na porta do inferno… - Hades acaba rindo, perdendo um pouco aquela pose soberana que sempre envergava.

                Algo que ele notara, foi que a humana conseguia desarmar qualquer ser ali no inferno com o seu jeito leve e simples de ver a vida. Era a primeira vez que tinha contacto com ela, sozinho, e logo pode aperceber-se desse pormenor.

- Fique a vontade… - Responde ela descontraidamente, olhando o deus com um sorriso. – É estranho falar consigo! Normalmente só tenho longas conversas com o Hypnos…

- Também não sou de grandes conversas, normalmente…

- Já deu para perceber!

- Porque não vens comigo até a Giudecca? – O deus a questiona, querendo saber mais um pouco sobre como a sua mente funcionava.

- Não posso! Hypnos e Thanatos ficaram de vir ter comigo aqui…

- Bem, eles estão nos Elísios. Não devem sair de lá tão cedo.

- Já ouvi falar desse lugar, dizem que é bonito. – Ela responde na sua inocência.

- Nunca lá estives-te? – O deus ergue uma sobrancelha, achando estranho os gémeos nunca a terem lá levado.

- Não! Acho que não sou digna o suficiente…

- Anda, eu levo-te até eles. Seres bem piores que tu já lá entraram. Quem manda sou eu, por isso… - O deus levanta-se e a olha sério, com os seus grandes olhos azuis.

                Ela encolheu os ombros, mais uma vez, e levantou-se também, seguindo o deus do submundo em silêncio. Apesar de ter ficado mais sarcástica, ao longo daqueles sete anos, Cristina não perdera a calma e a serenidade que a caracterizavam. Memorizou os atalhos pelos quais Hades a levara para o seu templo, caminhos que ela nem sabia que existiam. Para dizer a verdade, conhecia pouca coisa no inferno, mesmo tendo lá morado por tanto tempo.

- Senhor Hades, o que tem no Elísios? – Cristina pergunta enquanto subiam a enorme escadaria até ao mudo das lamentações.

- Paz! – Responde o deus, a olhando pelo canto do olho.

                Ela apenas abana a cabeça com aquela resposta, ficando na mesma com a sua curiosidade. Ao chegarem ao muro, o deus agarrou a mão dela e um brilho intenso fez com que ela fechasse os olhos, não aguentando aquela luz. Ao abrir novamente os seus olhos, viu uma bela e paradisíaca paisagem a sua frente, onde um tapete de lindas e delicadas flores se estendia diante dos seus olhos. Algumas borboletas sobrevoaram a cabeça dela, fazendo-a abrir um sorriso que até o próprio Hades parou para admirar. Não demorou para que algumas mulheres se aproximassem de Hades para o saudarem, torcendo o nariz e assustando-se ao verem Cristina. As mulheres eram belíssimas, sendo capazes de fazer qualquer mortal babar por elas, deixando a loira admirada com a beleza única que existia por ali. No entanto, não entendeu a atitude delas ao vê-la, pois ela nem sequer tinha aberto a boca ou feito alguma coisa.

- Estas mulheres são estranhas! – Ela solta no ar, fazendo Hades ri.

- São ninfas, têm medo de tudo aquilo que não é puro ou divino…

- Obrigada pela parte que me toca… - Ela responde secamente, erguendo uma sobrancelha.

- Não leves tão a peito… - O deus responde tranquilamente, tocando no braço dela com o cotovelo. – Vamos!

                Os dois seguiram pelo tapete de flores, até dois belos templos exatamente iguais. Na escadaria de um deles, várias ninfas encontravam-se sentadas a ouvir uma bela melodia, que não soou estranha aos ouvidos da loira. Ao aproximar-se, viu Thanatos a tocar para as ninfas, que se encontravam animadas a sua volta, oferendo-lhe vinho e uvas, completamente encantadas. Contudo, o deus estava tão perdido em sua mente que nem lhes prestava atenção, ignorando toda aquela luxuria a sua volta. Cristina apenas ergueu uma sobrancelha e fechou a cara ao ver aquela imagem, que mais parecia uma facada em seu peito, logo percebendo o motivo do afastamento do deus.

- “Claro, a humana não é digna de um deus. Melhor ficares com as ninfas mesmo.” – Pensou ela, sentindo uma certa raiva.

- Thanatos! – Hades chama pelo deus, fazendo a música parar no mesmo instante.

                O deus da morte olhou Hades com alguma indiferença, contudo arregalou os olhos ao ver Cristina ali parada, a olha-lo com cara de poucos amigos. Ele não pode deixar de sentir o cosmos dela um tanto agitado, algo pouco percetível para qualquer um, menos para ele que a conhecia melhor que ninguém.

- Por que razão ela está aqui? – Thanatos questiona Hades, não entendendo o que se estava a passar.

- Por razão nenhuma, apenas a encontrei na beira do rio Aqueronte e não a quis deixar sozinha naquele lugar decrepito. – Hades responde tranquilamente.

                Parecia que um balde de água fria havia sido jogado em Thanatos, que logo se apercebeu que ela não ficara satisfeita em vê-lo ali com as ninfas. No entanto, havia sido ele próprio que decidira afastar-se dela sem qualquer explicação e por esse motivo, não podia sequer criticar o que ela sentia, mesmo que nada daquilo fosse o que parecia.  

- Não vim incomodar, apenas queria conversar com Hypnos! – Ela responde secamente, olhando diretamente nos olhos prateados do deus.

- Ele está no templo ao lado! – Thanatos responde no mesmo tom, voltando a tocar para as ninfas, como se não estivesse ali mais ninguém.

- Obrigada por me trazer aqui, senhor Hades!- Ela agradece com um sorriso, o qual foi retribuído pelo deus, que de certa forma se havia encantado com a humana. Thanatos apenas observava enquanto tocava, contendo-se para não partir a sua lira. – Espero ter mais oportunidades de falar consigo.

                Ela estende a mão direita ao deus amistosamente, a qual Hades logo aperta, retribuindo a simpatia que recebera da parte dela.

- Estarei na Giudecca! Agora se me dão licença, vou ver o que se passa no meu templo… - Hades olha para o cimo de um monte naquele lugar, onde um enorme templo repousava em silêncio.

                Sem mais, Hades seguiu o seu caminho até ao seu templo, deixando Cristina sozinha no fundo da escadaria do templo de Thanatos. Esta olhou uma última vez, pelo canto do olho, para o deus que a ignorou completamente e seguiu para o templo ao lado, que permanecia em silêncio. Subiu a escadaria calmamente, passando a mão pelas flores que repousavam no corrimão de pedra branca. Ao chegar a entrada do templo, olhou para dentro, não vendo ninguém. Decidiu entrar, deslumbrando-se com os entalhes dourados que ornamentavam as paredes imaculadamente brancas daquele silencioso templo.

- Hypnos? – Com a voz serena, ela chama pelo deus, ouvindo a sua voz ecoar por ali.

- Cristina? – Com uma expressão surpresa, Hypnos aparece detrás de um pilar, assim que ouve a voz dela, tendo um livro entre as suas mãos. – Que fazes por aqui?

- O senhor Hades insistiu em trazer-me para aqui…

- Hades? – Ele ergueu uma sobrancelha, achando aquilo um pouco estranho.

- Sim, estive a conversa com ele no inferno enquanto esperava por vocês. – Ela responde calmamente, enquanto olhava o resto do templo. – Então ele disse que vocês estavam aqui e trouxe-me para cá…

- Estou a ver! – Hypnos fecha o livro e a olha, vendo que ela se encontrava um pouco mais abatida que o normal. – Aconteceu alguma coisa?

- Não, estou apenas aborrecida… - Ela mentiu e isso não passou despercebido ao deus, que agarrou a mão dela e foi com ela até a entrada do templo, sentando-se com ela nas escadas.

- Mentir é feio, principalmente a um deus!

- São coisas minhas, nada com que deva preocupar-se, vossa divindade! – Ela responde num tom divertido.

- É impossível esconderes alguma coisa de mim… - Hypnos faz questão de lembrar, sorrindo amistosamente, pois já a muito que se havia apercebido do clima pesado entre ela e o irmão. Sem mais, ele levanta-se e começa a descer a escadaria. – Anda, há algo que quero mostrar-te!

                Sem perder tempo, Cristina levanta-se também, descendo as escadas para o alcançar. Caminhou junto a ele até um pequeno edifico na lateral do templo, onde Thanatos os aguardava de braços cruzados, tendo sido avisado pelo irmão para os encontrar ali.

- Estava difícil aparecerem! – O deus da morte resmungo, entrando logo naquele pequeno edifício.

                Nenhum dos dois lhe respondeu, entrando também. Aquilo mais parecia um ateliê, onde várias peças de metal repousavam em silêncio. Ao fundo, havia uma mesa, com uma armadura negra de entalhes dourados e prateados, em cima dela. A loira apreciou aquela peça belíssima, que parecia ter a forma de uma libélula mas as asas eram um tanto diferentes.

- Que é isto? – Os seus olhos azuis, simplesmente brilharam juntamente com o brilho negro da peça. – É linda!

- Isso é a tua armadura ou uma proteção, como preferires… - Hypnos responde aquela pergunta, fazendo-a olhar para ele com os olhos brilhantes. – Durante estes sete anos, eu e Thanatos construímo-la, esperando o momento certo de entregar-ta. Acho que está na altura!

- Não sei o que dizer… obrigada!

- Apenas veste-a! – Thanatos fala de forma calma, ansioso por ver a sua guerreira com aquela peça única.

- Eleva o teu cosmos! Nós a destina-mos para ti, portanto ela é unicamente tua… - Conclui Hypnos.

                A jovem concentra-se e fecha os olhos, focando unicamente aquela peça. Rapidamente a armadura desmonta-se e começa a envolver o corpo dela completamente. Possuía um tom negro e brilhante como uma ónix, e vários detalhes em dourado e prateado, que representavam cada um dos deuses. As asas eram uma mistura de ambas as súplices dos deuses, sendo a parte superior desta igual a de Hypnos e a parte inferior igual a de Thanatos. As suas ombreiras eram possantes e pontiagudas, ligadas à parte superior da sua armadura, que deixava um decote generoso bem delineado. A zona do abdómem era constituído por camadas sobrepostas e que se estendia até as ancas e baixo-ventre de forma pontiaguda, proporcionando assim extrema agilidade. As botas eram lisas e elegantes, estendendo-se ate meio das suas coxas, protegendo praticamente toda a extensão da perna. As manoplas, também lisas, possuíam dois cravos extremamente afiados cada uma, conferindo a sua portadora um semblante agressivo.

                A loira olhava as suas mãos, as abrindo e fechando, conferindo a sua mobilidade dentro daquela peça. Instantaneamente ligou-se a ela, sentindo uma ligeireza fora do normal em seu corpo. Concentrando o seu cosmos, ela conseguia ter controlo sobre as asas, as abrindo logo de imediato. Ao ver a guerreira que ambos haviam criado, os deuses sorriram de canto, pois realmente sentiam-se orgulhosos com o resultado final. Ao longo daqueles duros anos, ela havia progredido imenso, mostrando-se uma guerreira forte e ao nível de qualquer juiz ou cavaleiro de ouro de Athena. Nunca a tinham visto em ação contra alguém que não fosse eles, mas sabiam bem que a sua força podia atingir o infinito se ela bem o quisesse.

 - Sinto como se fosse uma segunda pele… - Ela fala com um sorriso estupidamente alegre em seu rosto, completamente maravilhada. – Obrigada!

- Devo dizer-te que isso não é uma súplice, não é uma armadura ou uma robe divina. – Hypnos pronuncia-se calmamente. – Foi algo que a gente criou unicamente para ti, uma proteção pois é mais do que justo teres uma. Não era justo teres de nos proteger completamente desarmada.

- Há uma coisa que eu não entendo! – Ela olha os dois, séria. – Vocês estão sempre aqui, este lugar é inalcançável para meros humanos. Como eu irei proteger alguém que não precisa de proteção? Além disso, humanos não são permitidos nos Elísios. Então o meu lugar é onde? No muro das lamentações?

                Os deuses entreolharam-se, pois realmente ainda não haviam pensado naquela questão.

- O teu lugar é aqui, connosco! – Responde Thanatos secamente. – Teu lugar sempre será onde nós estivermos.

                O irmão apenas olha-o surpreso, contudo tinha de admitir que Thanatos tinha razão naquele quesito.

- O teu lugar é no submundo. Por hora ficarás connosco, irás descansar pois aqui não é permitido batalhas ou derramamento de sangue. – Hypnos finalmente arranja algumas palavras para lhe responder. – Esse colar que sempre trazes contigo, foi um presente de Hades para que possas entrar e sair do submundo sem problemas. É ele que te permite que estejas viva aqui no mundo dos mortos. Por isso, acho que até Hades quer a tua presença por aqui!

                Para descontentamento de Thanatos, o deus do sono termina daquela forma, apenas confirmando aquela proximidade dela com Hades, ainda a momentos atrás. Por momentos sentiu-se um idiota por estar a deixa-la, fugir-lhe por entre os dedos, mas talvez agora fosse tarde demais para a recuperar. Sentiu vontade de o fazer, aproveitando o fato de que ela estaria por ali perto dele, mas por outro lado, ainda lhe faltava a coragem para abandonar os seus ideais e sobretudo, os seus medos. 


Notas Finais


Alguém foi apanhado aí XDDDDD
Aposto que o nosso Thany está neste momento a amaldiçoar o Hades XD
Espero que tenham gostado.
Bjnhs e até ao próximo :)


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