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História Perdição no Paraíso - O Caminho Para os Elísios - Capitulo V


Escrita por: HecateAquarius

Notas do Autor


Hello again :v
Ora então, no último capitulo Thanatos revelara a sua verdadeira identidade.
Como será que Cristina vai reagir a toda aquela loucura? @.@
Vamos ver...

Capítulo 5 - Capitulo V


Fanfic / Fanfiction Perdição no Paraíso - O Caminho Para os Elísios - Capitulo V

A lividez de Cristina, diante daquela revelação, intensificou-se e uma enorme vontade de gritar apoderou-se da sua garganta. Contudo, não gritou por medo. O deus parecia calmo, enquanto olhava a paisagem pela janela e a loira apenas ficou a admirar cada traço do rosto jovial dele. O elmo que ele portava, dava-lhe um ar diferente daquele que ela conhecia. As roupas dele eram requintadas e robustas, sendo compostas por uma toga branca e umas ombreiras negras com entalhes prateados, de onde pendia algo da mesma cor, sobre ambos os lados do corpo dele. A jovem ficou um tempo a analisar cada detalhe, completamente encolhida na cama e agarrada aos lençóis.

- Deuses gregos não existem! – Ela finalmente consegue coordenar as ideias e falar, embora o tivesse feito de uma forma um tanto áspera. – Eles não passam do fruto da imaginação de vários poetas da antiguidade.

                O deus nada respondeu e muito menos se mexeu, o que irrita ainda mais a loira.

- Eu vou-me embora daqui, vocês são é loucos! – Cristina levanta da cama, vestindo apenas uma camisa branca masculina, possivelmente pertencente a um dos deuses.

                Agarrou um roupão, que repousava em cima de uma cadeira e vestiu-o, decidida a ir mesmo embora do jeito que estava. Não queria acreditar em nada do que ouvira e sair dali, o mais depressa que conseguisse, parecia uma ideia plausível, pois não estava para aturar dois homens ricos com a mania que eram deuses. A porta do quarto encontrava-se aberta e sem perder tempo, ela logo se dirige para lá, contudo, antes que pudesse sair a porta fecha-se de rompante, bem na frente dos seus olhos. Cristina ficou estática a olhar a porta, não entendendo o que havia acontecido, pois não sentiu nenhuma corrente de ar, nem viu ninguém fecha-la. A tremer, ela volta-se para trás, encontrando Thanatos na mesma posição em que o deixara.

                Enchendo-se de coragem, começou a caminhar a encontro dele sem, saber exatamente porque, avançando pelo quarto devagar e com receio, ofegante pelo medo que circulava nas suas veias. Quando o alcançou, olhou o rosto dele, parcialmente coberto pelo elmo, e com cuidado, foi aproximando as suas mãos. O deus ao ver aquilo recua um passo e fecha a cara, não entendendo o que ela queria, atitude que fez a jovem assustar-se um pouco. Mas ainda assim, estava decidida a retirar aquele elmo e voltou a avançar sobre o deus, pousando as suas mãos sobre o metal frio. Com cuidado, foi retirando aquela peça, que mais parecia pesar uma tonelada e deixou-a cair no chão entre os dois. Thanatos nada fez para a impedir, permanecendo apenas a olhar para ela.

Diante dela viu, novamente, a imagem perfeita daquele homem contra quem chocara. Os olhos dele mais pareciam sugar-lhe a alma, mas eram tão belos e incomuns que ela simplesmente, não conseguia desviar o olhar. A pele dele era límpida, brilhante e sem qualquer defeito, o que a levou a pousar a mão sobre o seu rosto, completamente movida pela curiosidade. Sentiu a maciez da pele do deus nos seus dedos, que não foram arranhados por qualquer pêlo que ali pudesse existir, parecendo uma autêntica pele de bebe, num homem-feito. Contudo, os contornos, daquele rosto perfeito, eram tão másculos e bem definidos que fariam qualquer criatura suspirar de desejo. A sua mão subiu até aos cabelos prateados, perfeitamente sedosos, como ela jamais havia sentido em alguém ou em alguma coisa. Ele era perfeito e belo demais para um mero mortal. Ao dar-se conta que Thanatos poderia não estar a mentir, Cristina afastou-se, caminhando para trás até encostar as suas costas na parede, ofegante pelo medo que sentiu, novamente.

- Não pode ser verdade! – Ela simplesmente fica de olhos arregalados a olhar para ele, perdendo completamente a força nas suas pernas. O seu corpo, simplesmente, escorregou pela parede até ao chão.

- Então? – Hypnos entra de rompante no quarto, vendo a tensão entre os dois. Este caminha até ao irmão, ficando ao lado dele, com algo que parecia um vestido entre os seus braços. Olhou a jovem com curiosidade, não entendendo o que ela fazia ali no chão. – O que ela tem, Thanatos?

- Medo! – O deus da morte podia sentir cada célula do corpo dela teme-lo, só de olhar para ela.

                Não entendeu nada daquilo que havia acontecido entre os dois, mas gostou do toque suave e quente de Cristina na sua pele e no seu cabelo. Contudo, sentiu-se frustrado por saber que ela o receava daquela forma, a ponto de querer ficar longe. Sem grandes modos, Hypnos atira o vestido para cima dela e sorri de canto, divertindo-se com tudo aquilo. Com aquela atitude, a loira encolheu-se ainda mais contra a parede, temendo o que os dois poderiam fazer com ela.

- Sou Hypnos, deus do sono. Mas isso tu já sabias, com certeza…

- O que vocês querem de mim? – A voz da loira estava trémula e em sua garganta sentiu um nó, que demonstrava a sua vontade de chorar.

- Tecnicamente, nada… - Hypnos responde como se não fosse nada com ele. – Thanatos?

- Que foi?

- O que vamos fazer com ela? – Hypnos pergunta como se aquilo não lhe interessasse muito, assustando mais a jovem. – Não pode ficar aqui para sempre!

- Pode e vai… - Thanatos responde e apanha o seu elmo do chão, voltando a coloca-lo na cabeça. – Ela agora é minha e ficará aqui o tempo que eu bem entender!

- Ui, quem te viu e quem te vê! – Responde Hypnos admirado. – Não, a sério Thanatos. O que raio vais fazer com uma humana?

- Não é da tua conta, Hypnos! – O tom sarcástico de Thanatos fez o irmão erguer uma sobrancelha, ficando ainda mais intrigado.

- Vocês não podem manter-me aqui! – Algumas lágrimas começam a escorrer pelo rosto de Cristina, que tentava ainda assimilar toda aquela informação. – Eu tenho uma família, meus estudos, meu trabalho e… e meu namorado! Deve ter um monte de gente a minha procura. Por favor, deixem-me ir e eu prometo que não falarei nada para ninguém…

                Os deuses entreolharam-se perante as constatações de Cristina. O deus do sono, apenas encolheu os ombros, demonstrando que por ele, ela podia ir. No entanto, Thanatos não estava assim tão de acordo.

- Não há ninguém a tua procura! – Responde Thanatos friamente.

- Ai sim? E como é que o senhor sabe? – Pergunta Cristina de forma áspera.

- Sou um deus, eu sei! – Sem mais a fazer ali, Thanatos dá costas e segue para a saída do quarto.

                Sem grandes demoras, o deus abandona o comodo, sendo seguido pelo irmão que fecha a porta assim que sai. A loira simplesmente ficou no chão, agarrando o vestido que Hypnos trouxera para ela. Tudo aquilo parecia surreal, totalmente retirado de um livro de histórias de terror.

 Ficou ali parada a olhar o vazio durante um tempo, completamente em choque, até que decide finalmente levantar-se e tocar de roupa. Foi até a enorme sala de banho naquele quarto e lá olhou para o seu reflexo no espelho, vendo os seus olhos inchados por causa do choro. Os cabelos estavam desgrenhados e o seu rosto completamente apagado. Decidiu tomar um banho e logo abriu a água, enquanto retirava a camisa. Viu uma faixa a volta do seu abdómen e retirou-a, vendo as linhas que fechavam aquele seu ferimento. Teve novamente a visão daquele dia em sua mente, podendo ainda sentir em sua alma, o desespero e a aflição em que cairá. No meio daquelas horríveis lembranças, o que a fez perder-se foi mesmo o olhar de Thanatos sobre ela naquela noite, pois parecia que ele havia sentido compaixão por ela, enquanto morria em seus braços.  

                Abanou a cabeça, afastando assim aqueles pensamentos. Se ele fosse realmente a personificação da morte, jamais sentiria algum tipo de compaixão ou pena por ela, uma insignificante humana, sem qualquer valor. Com alguma dificuldade, entrou na banheira e deixou que a água quente lavasse o seu corpo e as suas dúvidas. Assim que terminou, procurou nos armários alguma coisa para fazer um curativo naquele ferimento e logo encontrou. Arrumou-se devidamente com aquilo que possuía ali e vestiu o longo vestido, que Hypnos lhe trouxera. Ao olhar-se no espelho novamente, sentiu-se como se tivesse viajado no tempo, pois o vestido era branco e em estilo grego, muito semelhante aqueles filmes que ela via na televisão sobre a Grécia Antiga. 

- Só podem estar a brincar comigo! – Resmungou para si própria, em frente ao espelho.

                Quando voltou para o quarto, procurou alguma coisa para calçar e apenas encontrou sandálias rasas, no mesmo estilo grego. Respirou fundo, buscando alguma paciência para o que estava a acontecer ali e foi até a janela, olhando para a paisagem, completamente abismada. Uma enorme floresta estendia-se diante dos seus olhos. Nada, para além de árvores, existia naquele lugar perdido sabe lá deus onde. Levou as mãos ao rosto, sentindo vontade de chorar novamente, mas respirou fundo e tentou acalmar-se. Teria de sair dali, custasse o que custasse.

                Foi até a porta e a abriu, deparando-se com um grande corredor pouco iluminado, mas decidiu seguir em frente, assim que se certificou que não havia ninguém. Andou por um bom tempo, fazendo o mínimo de barulho possível, até que viu uma luz no fundo do corredor e foi até lá. Assim que se aproximava, parou ao ver que Hypnos se encontrava, sentado numa mesa, na varanda de onde provinha aquela luz. Ele fazia alguma coisa, mas como ela estava um pouco longe, não conseguiu ver o que era. Simplesmente, encolheu os ombros e deu costas, pois não queria que ele a visse.

- Não estás com fome, Cristina? – A voz do deus do sono fê-la parar e voltar-se, novamente, vendo que ele não tinha retirado a sua atenção do que fazia. Perguntava-se como ele sabia que ela estava ali, pois nem um som ela havia feito.

- Aaah sim, já comia alguma coisa… - Ela responde receosa e dá costas novamente. – Eu vou procurar a cozinha…

- Vem aqui! – O deus ordena, fazendo com que ela parasse novamente. – Seria bom ter uma companhia, estou aborrecido. Eu pedirei as servas para que te tragam alguma coisa…

- Fico imensamente agradecida mas não quero incomodar… Elas já têm tanto que fazer!

- É o trabalho delas! – Ele responde secamente, olhando Cristina finalmente. – Não me faças pedir duas vezes a mesma coisa…

                Perante o olhar do deus sobre ela, acabou por se resignar e ir até aquela varanda, tremendo de medo. O deus tinha a sua frente um tabuleiro de xadrez e parecia estar a jogar contra ele próprio, o que fez a loira erguer uma sobrancelha.

- Senta-te! – Hypnos ordenou, voltando a sua atenção para o tabuleiro, de novo.  

                Ela apenas engoliu em seco e obedeceu ao deus, sentando-se a sua frente. Antes que ela percebesse, uma serva trouxe-lhe um chá e alguns biscoitos, que foram pousado em cima da mesa, de forma a não incomodar o deus. A jovem apenas fica de olhos arregalados, ao ver a rapidez com que a comida aparecera ali e ainda mais curiosa, por não ter visto Hypnos pedir nada a ninguém.

- Vocês humanos são realmente estranhos! – Dizia Hypnos, movendo uma peça no tabuleiro.

- Porque diz isso? – Pegando no chá e num biscoito, Cristina pergunta, mas contendo um certo receio em sua voz.

- Nem eu, nem Thanatos te fizemos algum mal e no entanto, estás a morrer de medo de nós…

- Vocês raptaram-me, dizem ser deuses… Sinceramente eu não consigo acreditar nisso!

- Mas devias! - O deus retira o olhar do tabuleiro e olha para ela com os seus belos olhos dourados. – Thanatos fez por ti aquilo que nunca fez por nenhum deus…

- Fez aquilo que qualquer médico faria. Retirou a bala e fechou o ferimento, não fez mais nada além disso… - Hypnos sorriu de canto perante o que ela dizia.

- Thanatos não é médico nenhum, quem removeu essa bala foram as servas, que estão treinadas para assistir guerreiros em tempos de guerra… - Cristina semicerrou os olhos perante o que Hypnos dizia. – Ele segurou o fio da tua vida, quando as Moiras o decidiram cortar. Requer um grande desgaste energético para isso, menina! A esta hora, tu devias estar morta e enterrada e não a falar comigo.

                Uma peça no tabuleiro começou a mexer-se sozinha, deixando Cristina de olhos arregalados. Tentava encaixar tudo aquilo que via, mas em sua mente, sempre tentava arrumar uma forma, que explica-se tudo o que era anormal a volta dos dois.

- Pare com os truques baratos de ilusionismo! – A sua voz saiu um tanto áspera, batendo com a mão na mesa e olhando-o séria, pois começava a ficar farta de tudo aquilo

                Sem que ela contasse, Hypnos levanta-se irritado e coloca as duas mãos em cima da mesa, olhando para ela com cara de poucos amigos, enquanto algumas peças caiam no tabuleiro, devido aquele brusco movimento. A loira apenas ficou estática e colada na cadeira, olhando fixamente as orbes douradas do deus, que mais pareciam ter sido banhadas a ouro.

                No momento a seguir, Cristina viu-se no meio de uma floresta e fica confusa, não entendendo como havia lá ido parar. Olhou a volta e não viu Hypnos em lado nenhum. Começou a ficar aflita, pois não fazia ideia de onde estava, nem de como havia ido lá parar.

- Hypnos? – Começou a avançar na floresta, olhando para todos os lados. – Hypnos?!

                Nem uma resposta ela recebe e simplesmente, continua a avançar naquela imensidão escura e vazia, que tinha como teto a copa das enormes árvores. Procurava desesperadamente pelo deus, ficando cada vez mais assustada a cada passo. Sem que se aperceber, tropeça numa raiz, fazendo o seu corpo cair e começar a rolar por uma ravina. Gritou por ajuda, porém ninguém respondeu e assim que o seu corpo, supostamente, bate no fundo daquela ravina, ela viu-se novamente em frente a Hypnos, como se nunca tivesse saído daquela cadeira.

- Que raio foi isto? – Pergunta assustada, tentando controlar a respiração acelerada.

- Eu a mexer com a tua mente! – O deus volta a sentar-se e arranja as peças no tabuleiro, a encarando com um sorriso de canto. – Jogas xadrez?

- Quê?! – Ainda atordoada, ela esfrega os olhos várias vezes, ficando sem resposta diante do deus.

- Perguntei se jogas xadrez… - O deus repete-se de forma calma.

- Eu quero voltar para casa, Hypnos!

- Isso não depende de mim, não fui eu que te trouxe para cá… - O deus começa a jogar, enquanto Cristina olha para ele aterrorizada. – É a tua vez!

                A loira olha o tabuleiro, fazia tempo que não jogava, mas temeu desobedece-lo ao negar-se a jogar.

- Porque o Thanatos me trouxe? Porque ele me salvou? É suposto ele odiar a humanidade! – Ela move um peão, tentando ao mesmo tempo arrancar alguma informação do deus.

- Ele odeia mesmo, mais do que qualquer deus, mas receio que isso é algo que tens de perguntar para ele… - O deus faz a sua jogada, comendo a peça de Cristina e olhando para ela com um sorriso desafiador. – Mas para ser sincero, até eu fiquei com uma certa curiosidade a cerca de ti!

- Como assim? – Ela semicerra os olhos, diante daquela constatação.

                O deus apenas sorriu sarcástico e voltou a cabeça para o corredor.

- Thanatos! – O deus da morte encontrava-se parado a olha-los, com a cara fechada. – Olha quem saiu da toca! A tua humana…

                O deus nada responde e passa pelos dois como se eles não existissem, indo até ao limite da varanda. Pousou as suas mãos no parapeito e respirou fundo, o ar puro que circulava naquele lugar perdido.

- Thanatos? – A voz de Cristina fê-lo olhar para trás e encara-la. – Obrigada por tudo! Mas… Eu realmente gostava de voltar para casa.

                Mais uma vez, o prateado negou-se a responder-lhe, para frustração de Cristina que começava a perder a esperança de alguma vez sair dali.

- Ok, já vi que o senhor não é de grandes conversas… - Constata a loira de forma irónica, perante o olhar atento de Hypnos.

- Ele é, mas hoje está maldisposto. Possivelmente as suas belas ninfas estão a fazer-lhe falta… - Hypnos, divertia-se com a situação.

- Cala-te Hypnos! – Thanatos finalmente volta-se totalmente e vai até a loira estendendo-lhe a sua mão. – Vem comigo!

                Antes de dar a sua mão ao deus, Cristina olhou Hypnos que estava de braços cruzados a rir-se. Sinceramente, ela não entendia o que tinha tanta graça aos seus olhos. Não querendo irritar Thanatos, ela engole em seco e dá a sua mão a ele, levantando-se. Como num passo de magia, o cenário muda completamente e diante dos seus olhos vê a cidade onde nasceu e cresceu. Olhou para o lado e viu o deus, que ainda segurava a sua mão, vestindo uma roupa normal, tal como ela o vira pela primeira vez.

- Não acredito… Ai obrigada. – Feliz por ele a ter trazido de volta, Cristina agarra-se a ele e o abraça. – Obrigada, obrigada…

- Não me agradeças já… - O deus solta-se dos braços dela bruscamente e segura novamente a sua mão, puxando-a com ele.

                Ficando confusa, de novo, Cristina apenas o segue, parando apenas diante da casa dos seus pais. Pela janela, viu a sua família completamente descontraída, como se tudo estivesse normal por ali, levando a sua vida como faziam todos os dias.

- Ah ok, obrigada por me trazer até casa…

- Eu não te trouxe para casa! – Responde o deus secamente. – Olha bem, não falta ali nada?

                A loira fica ainda mais confusa, não sabendo onde o deus queria chegar.

- Sim, falto eu… - Ela constata o óbvio.

- Exato, faltas tu… Vês ali alguém a tua procura? – Ele volta a cabeça e a encara, vendo a expressão dela mudar completamente.

- Não…! – Ela responde, quase num fio de voz, enquanto o seu sorriso se apagava.

- Todos te consideraram morta e seguiram com as suas vidas, sem lamentar ou olhar para trás…

- Mas eu estou viva! O meu corpo nunca foi encontrado, eles não podem… - A respiração dela começa a ficar acelerada, demonstrando alguma aflição. - … eles não podem simplesmente esquecer-me.

- Mas esqueceram!

- Mas… - A loira fica sem palavras, olhando a família completamente despreocupada, como se ela nunca estivesse estado na vida deles.

- Ainda não acabou… - Sem dar grande importância ao estado dela, Thanatos volta a segurar a sua mão, a levando para outro local, que ela logo reconheceu como sendo o parque da cidade.

- Porque me trouxe aqui? – Cristina tentava a todo o custo segurar as lágrimas, confusa com tudo aquilo. – Eu tenho de voltar para a minha família e dizer que estou viva e…

                O deus nada respondeu, apontando apenas para um casal que namorava tranquilamente a beira de um grande lago, bem no meio do parque. Cristina esforçou os seus olhos para ver quem era e petrificou ao reconhecer o rapaz.

- Filipe?! – Ficou em choque ao ver o seu namorado agarrado a outra, tão despreocupadamente. – Ele nem esperou que o meu corpo pelo menos aparecesse?

- Passaram duas semanas desde que tu desapareceste, como vês, todo o mundo seguiu o seu caminho.

                Pela primeira vez, Cristina sentiu raiva no seu coração, deixando que aquelas lágrimas contidas, rolassem pelo seu rosto. Num ato de fúria, ela começa a andar pesadamente até ao casal, decidida a dar dois socos em Filipe, contudo, o deus logo a agarra e a tira daquele lugar. Antes que pudesse perceber, estava na praia sob o por-do-sol daquele dia.

- Leve-me de volta para o parque, eu vou partir a boca aquele gajo!! – Ela grita com Thanatos, completamente fora de si, dando socos no peito dele, que a segurava firmemente.

- Não te vou levar para lado nenhum! – Responde o deus calmamente, prendendo os braços dela e a fazendo olhar para ele. – Pensa bem Cristina. Podes ficar comigo e com o Hypnos, ou abraçar novamente os humanos que não te deram qualquer valor. A decisão é tua!

                A loira fica em choque a olhar para ele e para a sua expressão séria, que realçava ainda mais o que ele estava a dizer. A soluçar, Cristina caiu de joelhos na areia, chorando copiosamente com o desgosto que sentia. O deus apenas se sentou ao lado dela, olhando o horizonte, a espera que ela tomasse a decisão mais sabia, que seria ficar com eles. O mundo dela parecia ter desabado, principalmente depois de ter o seu coração apunhalado daquela forma por Filipe.

                As horas foram passando e a noite finalmente caiu. Entre os dois, o silêncio imperava, pois nenhum deles sabia o que falar. Cristina já se tinha acalmado e olhava agora para o mar, sentada ao lado de Thanatos, que aguardava pacificamente uma resposta. Podia torna-la sua a força, mas algo lhe dizia que essa não era a melhor solução, tendo de aceitar qualquer escolha que ela tomasse.

- Eu gostava de ser forte como vocês… - A voz rouca da loira, soou nos ouvidos dele, prendendo a sua atenção. – Se pudesse fazer um terço daquilo que vocês fazem, talvez tivesse conseguido impedir aqueles assaltantes e tudo seria diferente…

- Verdade! – Ele responde, voltando a olhar para o mar. – Tudo seria diferente, mas as pessoas seriam as mesmas, com o mesmo caracter e com os mesmos valores.

                A sabia resposta dele fê-la parar para pensar em tudo aquilo. Ele tinha razão em tudo aquilo que falava, apenas aumentando a sua revolta. Não se sentia em condições de voltar e encarar as pessoas que a haviam esquecido e desistido dela, daquela forma tão rápida e fácil. De repente, sentiu que não se encaixava mais naquele lugar.

- Thanatos, como é o vosso mundo? – Ela olhou-o baralhada.

- Entre o céu e o inferno, existem deuses! Deuses que são guardados por outros deuses ou por humanos, treinados para servir esses deuses… - Ele solta no ar, prendendo totalmente a atenção dela, que apenas analisava a sua expressão calma.

- Quer dizer que há mais, para além de vocês os dois?

- Há muitos mais… - Thanatos sorri de canto. – Nos céus está Zeus e o seu exército do Olimpo, na Terra encontra-se Athena com os seus cavaleiros, nos mares Poseidon com os seus marinas e no submundo… Hades, com os seus espectros.

- E o senhor? – Ela pergunta, mergulhando novamente o seu olhar no dele. – É um deus guardado por um deus, ou um deus que guarda outro deus?

                Aquela pergunta apanha-o um pouco desprevenido e fá-lo desviar o olhar para o mar, novamente.

- Sou um aliado de Hades…

- Isso faz de si um espectro? – A loira tentava entender toda aquela loucura.

- Não! Faz de mim um deus que guarda um deus soberano, mais propriamente, um mensageiro.

- Tem lógica! Mas o que é um espectro então?

- Espectros não são mais do que almas humanas, torturadas no inferno e resgatadas para servir Hades… - Ele solta aquilo no ar, deixando Cristina assustada novamente. – Por isso não te deixei morrer…

- Não entendo, Thanatos… - Não sabia bem onde o deus queria chegar com aquela conversa, mas de certa forma, ele prendera a sua atenção.

- Eu vi algo brilhante em ti. Algo diferente e que nunca vi em nenhum humano. E eu quero isso, preciso entender isso… Se eu te deixasse morrer, tudo isso se perdia e seria substituído por agonia e revolta.

                Aquelas palavras deixaram Cristina sem resposta. Ela não sabia explicar, mas para além de medo, ela conseguia sentia paz perto dele. Talvez ele não fosse a criatura horrenda que as lendas queriam passar. Mas a curiosidade era maior que ela e para todos os efeitos, havia sido ele quem lhe salvara a vida, contra todas as probabilidades. 


Notas Finais


Sério, essa morte está sem sorte ultimamente >.>
Ou então algo muito bom está para acontecer. XD
Enfim, vamos ver o que será que ela vai decidir :P
bjnhs e até ao próximo :)


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