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História Perdiction - A verb conjugated in the singular


Escrita por: sonyeondream

Notas do Autor


OLAR
EU DISSE QUE NÃO IA DESISTIR DESSA VEZ ♥
Espero que vocês gostem, eu escrevi com muito carinho ♥♥♥

Capítulo 2 - A verb conjugated in the singular


Fanfic / Fanfiction Perdiction - A verb conjugated in the singular

Quando a música parou, foi como se um grande pedaço de mim tivesse sido levado juntamente com aquele último acorde que permaneceu pairando no ar por um longo tempo. Eu estava desolado. Fora arrancado do meu sonho sem a menor piedade. Era como um conto de fadas que acabava no momento do beijo do príncipe.

Eu não queria me sentir culpado, mas foi inevitável; finalmente ocorreu-me que, quem quer que estivesse tocando lá, não devia querer bisbilhoteiros, e eu não passei disso: um intrometido sem escrúpulos. Meu cérebro ainda estava um tanto lento, portanto levou alguns segundos para que o desespero finalmente me acometesse;  se a música havia parado, então a pessoa que a tocava estava se aproximando cada vez mais da porta, na frente da qual eu estava parado como uma estátua sem vida. Eu não sabia o que fazer.

Obviamente minha capacidade de sentir estava distorcida naquela época. Eu não havia feito nada de errado, mas minha consciência gritava que eu era um ser deplorável e digno de pena.

O trinco girou, e meu coração disparou. Minha mão ainda estava firmemente colada a ele, e eu sentia a palma suada em nervosismo. O movimento parou, e o som de passos se afastando na direção oposta soou. Eu soltei o ar que nem percebi estar segurando num longo suspiro aliviado, e acabei por me sentir meio idiota, afinal. Eu estava apenas procurando o banheiro; isso não era nenhum tipo de heresia. Ou ao menos foi nisso que eu escolhi acreditar.

Voltei a caminhar, rígido, pelo corredor longo. Meu corpo doía como se eu tivesse acabado de correr uma maratona inteira, e gotas de suor brotavam na raiz dos meus cabelos, fazendo-me sentir meio febril; talvez eu estivesse apenas resfriado, mas naquela época me pareceu outra coisa. Pareceu-me encanto. E esse momento, essa pequena distorção da realidade, foi crucial.

Acabei por encontrar Jimin em um dos recônditos daqueles corredores intermináveis. Ele estava com os cabelos completamente desalinhados, meio corado e ofegante e com a camisa abotoada errado. Perguntei-me por que ele se pegava com aluem em um lugar tão publico, se sabia perfeitamente que podia ser descoberto. Ele parecia muito empenhado em fingir que não estava fazendo nada alguns segundo atrás.

-Caramba! Como você conseguiu chegar aqui? –Ele parecia meio sem graça enquanto tentava enfiar a camisa para dentro das calças novamente.

-O botão está errado.

-O que? –Novamente a careta de confusão que o fazia parecer meio burro. O QI dele talvez realmente não fosse dos melhores. Eu já estava cansado de falar, por isso apenas acenei com o queixo na direção do peito dele.

Vi o tom de vermelho se espalhar gradativamente pelo seu pescoço, enquanto ele tentava a todo custo arrumar os botões sem precisar tirar a camisa completamente. Continuei o meu caminho, passando por ele como se fosse apenas mais uma das pinturas feias que adornavam aquele corredor a pequenos intervalos.

-Ei! –Eu escutei o som de passos batendo pesadamente contra o chão, indicando que ele estava correndo para me alcançar. Amaldiçoei-me mentalmente por ter escolhido tomar aquele caminho. –Por que você não está na sala?

-Por que você não está na sala? –Eu retruquei, entediado.

-Muito esperto. Não conte para ninguém, por favor. Deus sabe que minha mãe vai comer meu fígado se chegar mais alguma reclamação sobre mim.

Eu o olhei, erguendo a sobrancelha desdenhosamente. Não é como se eu tivesse algum motivo para dedura-lo. Eu nem o conhecia.

-Tudo bem, já entendi, você não está nem aí para mim. –Ele agora ria, enquanto tentava achatar os cabelos rebeldes com a palma da mão. –O que aconteceu com a sua orelha?

Eu tinha, obviamente, me esquecido daquele detalhe. Minha mente ainda estava repleta das notas suaves que eu ouvira há apenas alguns minutos, mas que agora já pareciam décadas. Levei a mão à lateral do pescoço e, ao retirá-la, percebi uma pequena mancha de sangue na minha palma.

-Nada. Onde fica o banheiro?

Ele arqueou as sobrancelhas para mim, parecendo meio incrédulo.

-Você chegou até aqui procurando o banheiro? –Quando percebeu que não teria resposta nenhuma, chacoalhou a cabeça e deu de ombros, apressando o passo para andar ao meu lado. –Tem um banheiro no mesmo corredor onde nós estávamos. Mas, se você não me contar o que aconteceu, eu saio correndo e te deixo para morrer aqui nesse fim de mundo.

Se ele me conhecesse, saberia que nenhuma ameaça daquele tipo teria efeito sobre mim. A única resposta de minha parte foi um olhar entediado, já um elemento comum em minhas expressões.

-OK, OK! –Ele disse, erguendo as mãos em sinal de rendição. –Já entendi. Vamos, eu te levo. –Ele saiu saltitando pelo corredor, feliz demais, sorridente demais, vivo demais.

Eu realmente havia andado muito mais do que percebi. Caminhamos por cerca de quinze minutos, viramos em pelo menos uma dezena de corredores e passamos por cerca de cem portas diferentes antes que eu finalmente começasse a reconhecer o ambiente à minha volta, as paredes mais amareladas do que brancas e o chão manchado de lama pelos milhares de pés que haviam passado por ali naquele dia chuvoso.

Rapidamente entendi porque eu não conseguira encontrar aquele banheiro; ele ficava para o lado oposto ao que eu tinha saído, e , na pressa, esqueci-me de olhar mais atentamente. Os corredores estavam vazios, à exceção de nós dois. Jimin cantarolava alegremente e nem parecia se importar, mesmo que o que nós dois estivéssemos fazendo fosse completamente proibido. Agradeci aos céus quando chegamos ao banheiro, mesmo não acreditando em deus. Jimin era barulhento, desagradável e fazia pergunta demais. Tudo o que eu queria longe de mim condensado em uma única pessoa. Ele era baixo demais para ser tão irritante.

Entre com alivio no banheiro meticulosamente brando, e me apoiei no tampo de mármore da pia, analisando meu próprio rosto. Eu tinha bolsas profundas e negras sob os olhos, frutos de incontáveis noites mal dormidas, e minha pele brilhava levemente de suor, conferindo-me uma aparência meio febril. Aquela definitivamente não era a melhor imagem que eu já havia apresentado na minha vida. Mas agora, aquilo não importava mais.

-Você está horrível mesmo. –Outra vez eu tomei um susto. Usei todo o meu autocontrole para não xingar aquela praga da voz irritante que agora se apoiava displicentemente no batente da porta, olhando vez ou outra por cima do ombro para o corredor vazio atrás dele. –Vai me contar o que aconteceu ou não?

-Alguém puxou briga comigo. –Eu respondi, torcendo para que aquilo satisfizesse a curiosidade dele.

-Você não parece muito machucado para alguém que brigou. –Ele ponderou, pensativo. –A menos que você seja algum tipo de super mestre ninja das artes marciais e tenha dado uma surra naquele idiota do Namjoon.

-Eu disse que ele puxou briga comigo, não que nós brigamos. –Eu retruquei, enquanto enchia a mão em concha de água e a esfregava pelo pescoço, vendo o filete de sangue seco se transformar rapidamente em uma água levemente rosada. A camisa branca, infelizmente, foi inutilizada. O sangue, como o remorso, é uma daquelas coisas que deixa marcas eternas.

-Você é sempre assim ou levantou com o pé esquerdo hoje?

-Não importa com qual pé eu levante, as coisas nunca vão ser mais fáceis para mim.

-AISH! Isso é irritante! –Ele fungou, frustrado, a voz ainda mais fina do que o normal. –Você não pode ter as respostas prontas assim, as coisas perdem a graça.

Eu apenas dei de ombros, indiferente. Não queria que ele me achasse engraçado, de qualquer forma. Queria apenas ser deixado em paz. E isso parecia uma tarefa impossível para Park Jimin.

-Enfim, não arranje confusão com o Namjoon, por favor. Ele é o filho da diretora, um covarde que se esconde sob uma máscara de bad boy, mas os amigos dele não são tão inofensivos assim.

-Como você sabe de tudo isso? –Eu e a minha maldita boca grande. Eu não queria que Jimin pensasse que eu estava interessado na conversa dele, mas precisava saber que tipo de idiota era aquele que possivelmente transformaria o resto da minha vida escolar miserável em um inferno.

-Eu o vi crescer... –Jimin sorriu amarelo. Parecia até mesmo constrangido. -... ele é meu irmão.

Tudo bem, eu admito que fui pego de surpresa com essa declaração. Não é como se eu considerasse a presença de Jimin uma dadiva, mas perto do irmão ele parecia tão santo quanto Jesus Cristo. O tal do Namjoon era uma babaca de primeira categoria, um covarde que fingia ser durão, uma criaturinha fútil e digna de pena; mas o irmão dele era só meio... bobo. Talvez meio burro também, mas lento em primeira instancia. Era difícil de acreditar.

-Essa é a cara que todo mundo faz. –Jimin riu alto, mas havia uma pontada de alguma coisa naquela risada... Amargura, talvez? Eu não soube definir. –Ei, você pretende terminar isso hoje? –Ele apontou para o meu pescoço quase limpo e minhas mãos molhadas. –Já é um milagre que ainda não tenham nos encontrado aqui, mas eu não quero abusar a sorte.

Como que na deixa, um grito de “EI! VOCÊS AI!” soou no corredor, seguido por um tropel de passos velozes. Jimin me olhou de olhos arregalados por uma fração de segundo antes de me puxar pelo pulso e sair correndo desabaladamente pelo mesmo corredor por onde havíamos chegado.

Veja, eu havia acabado de sair de um período de um ano de reclusão. Nesse ano eu não fiz absolutamente nada além de chorar o que provavelmente as pessoas normais chorariam durante toda a vida, e despejar todo o ódio que conseguia sobre mim mesmo. Eu mal comia, e isso resultou em uma anemia aguda. E eu obviamente não praticava esportes. Era para isso que servia a minha dispensa das aulas de educação física pelo resto do ano. Se Jimin soubesse disso, nunca, em hipótese alguma, teria me feito correr daquele jeito.

Eu sentia minha consciência se esvair pouco a pouco conforme derrapávamos  pelo corredores, fugindo de sabe-se lá quem. Eu nem ao menos entendia porque estávamos fugindo. Jimin ainda segurava meu pulso, e parecia fazer isso inconscientemente. Perdi a conta de quantas esquinas tínhamos virado mais ou menos lá pela sétima. Descemos uma escada tão rápido que me surpreendeu que nenhum de nós tivesse rolado diretamente para a morte.

-Eu... Pare... Por favor... –Eu disse, ofegante, parando no meio do corredor amplo e apoiando as mãos nos joelhos. Era como se meus pulmões estivessem sendo comprimidos por um bloco de concreto, e eu sorvia o ar ruidosamente.

-Meu deus, você esta bem? –Se eu dissesse que Jimin parecia desesperado, seria apenas uma aproximação da realidade. Os olhos dele estavam praticamente saltando das órbitas e o rosto estava pálido como um cadáver. –Você não vai morrer, certo? Me diga que não vai morrer, por favor. Eu não posso ser preso por homicídio. Ai meu deus, minha mãe vai me matar. –Ele torcia as mãos nervosamente em frente ao corpo, e eu podia ver seus dedos curtos tremendo, juntamente com as pálpebras.

Mas eu já me sentia melhor. Bem que eu gostaria de ter dado um susto nele, como uma forma de vingança infantil, mas o alivio por sentir o ar voltando o circular novamente pelos meus pulmões era muito evidente.

-Eu estou bem. –Falei, me endireitando e passando as costas da mão pela testa, capturando algumas gotículas de suor.

-Cara, você estava horrível. Tem certeza de que está bem? Achei mesmo que você fosse morrer. –Jimin parecia agora muito mais novo do que antes; não havia nada do moleque audacioso e inconveniente de antes. Ele parecia uma criança assustada, com os olhos grandes e marejados.

-Eu não corro há muito tempo. Foi só isso. –Respondi-lhe. Se eu já estava exausto antes, agora eu simplesmente queria deitar no meio daquele corredor e ficar lá o resto da manhã. –Eu quero ficar sozinho, você pode ir embora?

-Mas... –Eu apenas ergui as sobrancelhas para ele, a pergunta implícita em minha expressão. Ele havia acabado de tentar me matar, e não tinha muito moral para me contradizer. –Ok, entendi. Então, eu vou... –Ele apontou desconexamente com o polegar para o corredor que se estendia atrás. -É. Se precisar de algo... Bom, eu acho que você não vai precisar, mas... –Eu o encarei, novamente erguendo as sobrancelhas. Se as coisas continuassem daquele jeito, eu teria rugas na testa inteira até o final do ano. –Tudo bem, tudo bem! Eu já estou indo! –E saiu, com os ombros curvados e a postura cansada, olhando vez ou outra para onde eu me encontrava agora sentado no chão frio, os olhos virados para o teto a cabeça apoiada pesadamente na parede.

Eu tentei a todo custo não enumerar os motivos pelos quais aquele fora um dos cinco piores dias da minha vida; não queria desistir antes mesmo de ter começado. Mas aquele dia estava absurdamente ruim até mesmo para os meus parâmetros. E o meu padrão de ‘ruim’ era realmente alto.

Apesar disso, nem tudo fora um desastre completo; aquela música fizera todos os momentos ruins do dia valerem à pena. Ela ainda soava nos meus ouvidos, no limiar da minha consciência, apenas um espectro sombrio de toda a magnificência da obra completa, mas ainda assim indescritivelmente encantador. Eu nunca soube explicar o que havia naquela composição que despertou o melhor em mim.

Sacudi a cabeça, tentando afastar os pensamentos desencorajadores, e me levantei sem vontade nenhuma, me apoiando na parede e fazendo um check-up mental de todas as minhas capacidades de equilíbrio e locomoção. Incrivelmente, estava tudo certo. Toda aquela resistência adquirida por ano e ano praticando dança não sumiria com tanta facilidade, afinal.

Dessa vez eu consegui entender a logica dos corredores que compunham uma trama complexa, e cheguei rapidamente –para  os meu padrões – à porta da frente. Sabia que não poderia ir para casa, ou teria que explicar tudo o que acontecera para a minha mãe, e isso daria inicio a mais alguns meses dos olhares piedosos de que eu já estava farto.

Rumei, portanto, para a praça. Aquela foi, desde sempre, a nossa praça. Era lá que nos escondíamos quando fazíamos algo errado, ou quando apenas estávamos de saco cheio de tudo e queríamos ficar sozinhos. “Ficar sozinhos” era uma metáfora; nós nunca estivemos sozinhos, porque tínhamos um ao outro.

Mas agora era só eu. E a praça não era mais nossa; Era minha. Eu me tornei um verbo conjugado no singular.


Notas Finais


E então, o que acharam??
Eu sei, as coisas estão indo devagar, mas eu JURO que vai melhorar logo logo.
E não, a fic não é JiHope KJHSKJDFHKAJSDHFKJAHSDKFJHASF O Yoongi vai aparecer no capitulo 3 ~~finalmente~~
Espero que tenham gostado, e nos vemos daqui alguns dias ♥


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