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História Perdida em mim - Dechiffrera mig, eller jag ter upp dig


Escrita por: evaamaca

Notas do Autor


Decifra-me ou te devoro - tradução
Capa do livro de poemas da Effy.

Capítulo 23 - Dechiffrera mig, eller jag ter upp dig


Fanfic / Fanfiction Perdida em mim - Dechiffrera mig, eller jag ter upp dig

Levo o livro de coletânea de poemas no bolso para todo lugar e o leio diversas vezes, como se lê-lo várias vezes, despertaria algo em mim. A capa mole e cuidadosamente encapada com a impressão de uma pintura, de um homem dando as mãos a uma mulher, liderando-a entre árvores com folhas verdes e detalhes com flores nos troncos, quase um sonho mistico, torna fácil dobra-lo guardando em meu bolso. Leio tantas vezes os poemas que as palavras juntas não fazem mais sentidos. O que ela tentara dizer nesses poemas? De que ela saía sem rumo? Com qual finalidade? O primeiro poema é o que mais me intriga, pois ele não leva para direção nenhuma. Para decifra-los eu preciso me passar por ela e lembrar de tudo o que ela me dissera e fizera, afim de ligar os dois poemas em um só, o que está sendo difícil, pois o que conversávamos era sobre sua recuperação e suas lutas diárias consigo mesma. Não havia muita discussão profunda sobre o que a afligia após o acidente. Não como discutíamos antes, confiávamos um no outro sem julgar a loucura de cada um. Apesar de ter sido criado em um lar diferente e até um pouco excêntrico, jamais me sentira diferente com relação aos outros como com Effy. Ela era peculiar. No começo não soube dizer se era uma diferença cultural por sermos de países diferentes ou se simplesmente era sua personalidade. E apesar dos poucos anos e diversas discussões sobre nós, ela continua a me surpreender. Todo dia. Mesmo, sem estar ao meu lado.

Não tem como trabalhar após minha descoberta. Mesmo estando fisicamente no local de trabalho, minha mente é puxada para todos os acontecimentos que ocorrera antes e depois de sua partida. Graças ao pessoal compreensivo. Eles entendem pelo que estou passando e não pressionam minha falta de atenção ou minha completa ausência nas decisões da empresa. Eu olho para a tela do computador escura e recito mentalmente cada palavra. Agora, de tanto ler, já o decorei. Pego meu celular que está em cima da mesa de trabalho e envio o poema para George por mensagem em caso ele tenha esquecido deles, no final da mensagem escrevo: Sem pressão, mas conseguiu pensar em algo? Não sei até que ponto George acha que enlouqueci com essa fixação que tenho em desvendar esses poemas, somente eu conheço Effy profundamente para saber que ela colocara esse fio à vista de propósito, até porque, antes de sua partida eu nunca vira o fio saindo pelo livro na estante na minha frente, ao assistir televisão. Eu perceberia, passei bastante tempo naquele sofá.

George me responde somente com um emotion de “positivo” e logo em seguida envia outra mensagem “li os poemas e li sobre o poeta e por enquanto nada faz sentido”. Duvido se estou mesmo enlouquecendo com toda essa história. Envio outra mensagem o convidando para almoçar por minha conta e saio da empresa horas antes do horário do almoço, sem avisar ninguém, sabendo que ninguém me perguntaria para onde eu estava indo. Eles sentem pena demais de mim para questionar-me. Todos na empresa gostavam dela, ela sabia ser inspiradora, na verdade ela fazia sem nenhum esforço todos seguirem suas ideias e concordarem com suas decisões, mesmo não sendo líder de um projeto, todos a escutavam e confiavam em sua opinião. Ela não se destacava no ambiente de trabalho. Era sim uma presença forte e com voz e brincadeiras sem graça, como despejar sal propositalmente na água de alguém distraído ou enviar e-mails constrangedores com gemidos eróticos em um momento silencioso. Mas nunca pretendera estar acima de ninguém e muitas vezes questionava de sua capacidade e talento. Estava constantemente censurando-se de nomes baixos e inferiores ao criar algo e nunca estava satisfeita após sua execução, ela nunca estava satisfeita e todo detalhe era criticamente analisado, com uma lupa interior.

Ela havia algo acolhedor que viera de sua criação. Se ela gostava muito de uma pessoa ela era atenciosa e preocupada, sempre se certificando se a pessoa estava bem e gostava de estar junto delas. As convidava para fika e almoços informais com comidas de restaurantes estrangeiros e exóticos onde experimentavam juntos os pratos, sempre variando o prato e discutindo-o após ingeri-los. Ela lia os menus e tentava não olhar a tradução deles embaixo, brincando de adivinhar o que eles significavam. Ou simplesmente, como sempre fazíamos com as sobremesas, passávamos os dedos por eles com os olhos fechados e parávamos depois do três, e onde ele parava comíamos. Para Effy, o que é doce nunca tem erro.

Sim, ela mudara, seu cérebro não era como antes e isso era visível. Ela não se sentia em casa mesmo com nossos esforços em deixa-la confortável e talvez precise espairecer-se de toda a novidade. Quando a vi desperta no hospital e seus olhos de repente questionarem os meus, eu soube que havia um problema, mas nunca imaginara o quanto isso nos afetaria como um casal. Tudo o que eu queria ao vê-la era abraça-la forte e desculpar-me por ter dito aquelas palavras “então você vai sozinha ... para um hospital” e dizer o quanto estava arrependido de tê-las dito e que nunca fora a minha intenção decepciona-la, eu só queria ajuda-la e acabei afastando-a de mim, mais e mais.

Acredito que seus sentimentos estejam se lembrando desse nosso último encontro antes do acidente, e que de alguma forma ela se recorde de mim a decepcionando e recordando-a inconscientemente de que tudo o que ela queria naquele momento, era distância de mim e por conta disso, distanciou-se.

Pego dois ônibus para encontrar-me com George pois nosso local de trabalho é distante um do outro, mostrando como eu estou extremamente ansioso e um pouco desesperado para desvendarmos juntos esse enigma. Nunca almoçávamos juntos em dias da semana e como sai mais cedo, combinamos de almoçarmos em um restaurante perto de seu trabalho.

George é vegetariano e por isso quando combinamos e comermos juntos ele é o responsável de escolher o restaurante, pois somente ele sabe qual restaurante há uma opção boa de comida vegetariana. Desço na parada de ônibus em frente a grandes prédios comerciais com várias janelas de vidro reluzentes e a poucos metros a diante avisto George com camisa social azul clara e colete azul marinho esportivo com uma gravata vinho, apertada demais. Ao me ver, ele coloca sua touca inseparável azul, combinando perfeitamente com sua roupa. George não conseguia manter suas roupas esportivas fora do guarda-roupa e sempre achava um jeito de coloca-las, mesmo em seu ambiente de trabalho conservador e de repente me dou conta que por raras vezes, eu sou o mal vestido de nós dois.

Ambos estávamos com barba, mas eu por fazer e George sempre mantinha a barba aparada e desenhada, deixando cada pelo milimetricamente em seu lugar. A minha estava por todo lugar e senti-la no meu rosto pela primeira vez, maior do que jamais estivera, fez-me desenvolver um tique irritante. Não para mim, mas para George.

-Você alisa esse queixo como se ... sua respiração dependesse disso -Ele diz ao me ver tocar mais uma vez em meu queixo barbudo.

-É novidade para mim, não consigo evitar -Ele falando só me fez tocar novamente em meu queixo.

-Por favor, não faça isso no restaurante.

-Porque?

-Por quê você parece um maníaco tendo um prazer ao acariciar esse queixo.

O restaurante fica ao lado do porto. Andamos por uma rua reta com apartamentos residenciais novos dos dois lados, carros passam devagar por ter uma pré-escola na esquina da rua. No momento em que passamos, a escola estava cheia de crianças a brincar no intervalo. Conseguimos vê-las subindo as escadas de uma casinha e escorregando pelo escorregador com gritos alegres, algumas acenam para nós, George faz um ligeiro aceno de mãos e eu sorrio sem chamar muito a atenção delas. A rua se estreita até uma pequena área envolta por prédios em U. No prédio a nossa frente, há um pequeno vão no térreo dando passagem para pedestres à rua de atrás. Ao passar por esse espaço temos a sensação de ter encontrado um segredo, um pequeno tesouro escondido no bairro. Logo à frente esta o restaurante todo de metal, parecendo um container de um dos navios deportando no porto. Ele tem dois andares e é reto com aparência gasta proposital. Há um pequeno toldo cinza de metal na entrada do restaurante. Ao lado, na área aberta, dois toldos grandes abertos com mesinhas de madeira rústica e vasinhos de plantas separando cada mesa uma da outra. Algumas pessoas estão almoçando do lado de fora. O clima está nublado e um pouco frio e decidimos nos sentar no canto direito com portas de vidro dando a vista do lado de fora para os toldos. Consigo ver os barcos atracados do outro lado.

Há todos os tipos de pratos tradicionais no restaurante vegetariano. Quando há pratos que tradicionalmente vão carne eles substituem por nomes de piratas e famosas embarcações, deixando-os mais carismático do que simplesmente “almondegas de abobrinha, tofu e lentilha”  fica bem melhor “almondegas Black Beard”.

Nos sentamos na mesa redonda de madeira com forma de leme. George retira sua touca deixando seus cabelos até os ombros bagunçados e rebeldes sob a cabeça. Ele os coloca rudemente atrás da orelha. Eu não me importo com o meu e Carl nota isso ao dizer.

-Você descobre onde ela está, vai ao seu encontro e ela vê a sua aparência e diz: -Ah ... valeu pela tentativa, mas prefiro esse um cara que pareça estar na mesma cadeia de evolução do que a minha -Ele imita voz feminina.

-Está me chamando de homem das cavernas, só por causa da minha barba, ainda mais você que sempre usou barba comprida e só porque agora descobriu o uso de uma tesoura se acha melhor do que eu?

-É, mas aquilo se chamava estilo-de-vida, precisa ter estilo esse estilo, você não combina. E para a sua informação, eu não uso tesoura, uso aparador e lâmina. E você não é um homem das cavernas, você é um primata.

-Minha atenção toda está direcionada na Effy, não consigo pensar em cortar o cabelo ou fazer a barba.

-Relaxa um pouquinho mais, não vai fazer mal, pelo contrário. Acha mesmo que se ela o vir dessa maneira vai querer alguma coisa? Só se for por pena, porque você parece estar no fundo do poço.

-Eu estou no fundo do poço. Na verdade, eu estou quase no fundo do fundo do poço.

-Não, não está. Só parece que está. Você não estava empolgado porque encontrou aqueles poemas com o fiozinho?  Então ... anime-se.

-Eu estou esperançoso de que ela deixou propositalmente, mas não consigo desvendar sozinho eu preciso da sua ajuda.

-Eu não entendo qual o proposito em deixar um fio em um livro de poemas com a intenção de leva-lo até ela, sendo que ela partiu, partiu com você literalmente. Isso é cruel e não faz o feitio dela, entende?

-Eu também não entendo, mas eu a conheço e ela nunca deixa um detalhe passar em vão...

-No trabalho talvez, mas estamos falando de realidade, de vidas e sentimentos que ela prezava, ou costumava prezar. Se essa Effy está fazendo isso com você -ele aponta para mim-eu sinceramente espero que você supere o quanto antes de feche esse capitulo da sua vida.

-Ela não fez nada.

-Eu também acho. Acho que ela estava lendo essa parada aí e deixou o fio para marcar a página, porque os dois poemas não se conectam.

-Ela não fez nada -Repito- Com relação ao meu estado miserável, eu fiz comigo mesmo. Só que antes quando ela estava no apartamento e nos víamos eu fingi estar bem, mesmo não estando. Eu me esforcei estar bem para ter uma base ou nós dois íamos ... naufragar -Me refiro com alusão ao lugar em que estamos -Ela não fez nada, ela só fez partir fisicamente porque emocionalmente ela já tinha partido. Por isso é importante eu fazê-la lembrar com a música.

-Você promete que será a sua última chance e se ela não se lembrar você vai voltar a sua vida normal?

-Sim, prometo. Agora me ajude, por favor.

Ele pega seu celular do bolso e coloca na mesa na nossa frente e começa a ler o poema, eu pego o livro e leio também, silenciosamente e ligando cada palavra pausadamente e tentando visualizar um formato no poema, mas nada aparece, nada.

-Se você fosse ela, porque gostaria desse poema afim de marca-lo.

-Porque é uma arte ... ?

-Se há dúvidas, não é a resposta correta.

-Porque ela gostaria desse poema, Effy ... Ela tem alguma conexão com esse poeta?

-Ela gosta do movimento simbolista, tudo simbólico com significado e história.

-É um poema simbólico? -Ele me pergunta.

-Não sei, parece que sim. Eu estudei os movimentos artísticos, mas não na literatura. Na arte visual, simbolismo seria usar um elemento visual tornando-o poético afim de expressar um sentimento que ali propõe, ou uso de misticismo ...

-É, isso é bem o estilo dela.

-Muito! Você não tem ideia.

-Conte-me então.

-Ah, ela usava o vapor do chuveiro para embaçar o espelho e colocar pontos de interrogação para eu ver que eu havia feito algo.

-Quando brigavam?

-Quando não entravamos em acordo. Assim eu sabia que ela ainda estava ... confusa.

-Não é mais fácil falar?

-Sim.

-O que mais você lembra?

-Lembra do conto que ela fez do amor, tulipas ...

-Sei, sei ...

-No dia em que ela fez esse conto, mito ... eu perguntei a ela a sós, se ela estava dizendo que ela gostava de tulipas e esse era um símbolo para ela de amor. Ela disse que sim.

-Mito você diz, aquilo foi um mito?

-Sim, que ela inventou.

-No primeiro poema diz -Ele pega o livro que está na minha frente virado para mim e vira-o para ele, ele lê rápido e aponta com o dedo onde ele quer mostrar e vira para mim novamente -Se ela quis deixar alguma pista sobre ela, estaria aqui -ele bate com o dedo na frase” o gênio de poetas de antigas terras”, leio e releio. Trago o livro próximo a mim. Como não pude ver antes?

-“canções imortais” -leio –“poetas de antigas terras”, é mitologia!

-É uma mitologia! -Ele diz com tofu na boca -Agora qual, ainda não sabemos, pode estar sugerido no poema seguinte, se ela usou os dois poemas é claro. Essa é uma complicação. E se for o outro poema que ela quis evidenciar?

-Esse faz mais sentido, ela adora mitologia. No outro poema -aponto na página com o dedo para ele e viro o livro para ele ler –“senti-me cansado ... saí, parecendo sem rumo”.

-Como advogado devo salientar que cada palavra tem importância no significado da frase. Se a intenção é contrariar o depoimento de um réu, eu devo ressaltar a palavra que ele usou, ele querendo ou não tê-la usado e coloco contra ele, ou a favor, tanto faz. Veja, o poema diz parecendo -Ele estica o dedo indicador para cima ao falar a palavra.

-Se o poema diz parecendo, significa então que é a intenção dela.

-Estar sem rumo no ar húmido -Ele repete o poema – Vapor de novo, pode ser? -Ele ri.

-Ele quer dizer que está ... triste.

-Faz sentido. E ao olhar as estrelas, tem paz.

-Mas é o poeta descrevendo e não ela, então não podemos levar em conta tudo o que ele diz não é mesmo?

-Faz sentido também Carl -Ele balança a cabeça confirmando e bebendo água do copo de alumínio amassado -O que deixa tudo mais confuso não é mesmo?

-Como um emaranhado -Digo a ele, tendo uma revelação -Como um emaranhado, foi o que ela disse.

-Creio que o que vir daqui em diante, só irá emaranhar mais ainda Carl.

-Dissemos que o emaranhado podia ser o apartamento, mas era obvio demais associar bagunça física com o emaranhado. Não é isso que esse poema diz, e nem o que ela quis dizer. Ela associou vida com o emaranhado.

-Emaranhado pode ser fio, Carl. Bagunça de fios, e se fios são pistas, isso significa que elas estão espalhadas por aí.

-Sim, eu entendo esse ponto de observação também George e acho que é o correto, também. Mas ela ao dizer-me “Encontre o emaranhado”, ela estaria dizendo encontre-me também -Lembro-me ao nos despedirmos- Ela disse, agora preciso me encontrar, encontre o emaranhado.

-Vou repetir. Vocês são malucos, doidos e esquisitos, mas admito, isso torna-os mais interessantes do que vocês realmente são.

O meu prato está gelado, eu não tocara enquanto estávamos vendo o obvio e como me sinto tolo por não ter percebido que se tratava de um mito. Justo ela, ela que admirava as lendas, folclores e mitos antigos. Como a minha comida colorida com mais vontade, ter dado um passo me deixou mais animado para voltar a viver. Até consigo admirar a beleza da comida saldável a minha frente colorida. Um pão de grãos escuros com azeite e sal e ervas jogados por cima ao lado do prato. Batatas assadas com casca e salada com folhas verdes e repolho roxo. Um purê branco pastoso com aparência duvidosa, mas suculento misturados com cebolas agridoces com mel cortadas em cubinhos despejadas em volta. Tenho vontade até em pedir uma sobremesa. Da maneira em que Effy escolhia, fechando os olhos e contando até três, assim, posso não estar junto com ela nesse momento, mas fazendo isso, sinto que a tenho de alguma maneira próxima a mim.


Notas Finais


Essa é a primeira parte do capítulo. Eu estaria postandoba segunda parte amanha, mas nao poderei. Espero a compreensão e desejo um ótimo fim de semana a todos.
Puss puss :-)


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