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História Perdido L.S - One


Escrita por: brunah179

Capítulo 1 - One


Fanfic / Fanfiction Perdido L.S - One

Eu sabia que devia ter voltado pra cama assim que saí de casa- era o dia de rodízio. Eu devia ter voltado pra baixo dos meus lençóis assim que aquele motorista idiota passou rente ao meio fio e literalmente ensopou meu jeans dos joelhos pra baixo.                                                                            

 Eu deviria ter voltado!                                                                                                                                                    

Mas, em vez disso, respirei fundo e o insultei por uns dois minutos com todos os palavrões que eu conhecia. Ignorei, claro os pedestres que me atiraram olhares reprovadores.                                             

Não ficou melhor quando cheguei- vinte minutos atrasado -ao escritório e o imbecil, rechonchudo e desalmado do meu chefe me fuzilou com os olhos e depois disse com desdém:   

Além de chegar atrasado, você ainda aparece aqui usando essa roupa imunda? Você devia se vestir um pouco melhor, Louis. Com o salário que eu te pago...                                                             

 Ah, sim. QUE SALÁRIO!                                                                                                                                                  

 Eu mal conseguia pagar minhas contas em dia. Trabalhava naquela empresa desde o estágio na faculdade. Depois que me formei, acabei sendo efetivado e, como não apareceu coisa melhor, me acomodei um pouco. Além disso, eu tinha um plano: Carlos já estava esperando sua aposentadoria e eu tinha grandes chances de substituí-lo. Claro que, antes, teria que passar pela provação de suportá-lo até que isso acontecesse. 

Eu sei, Seu Carlos- comecei- Mas acontece que um motorista idiota passou...

 — Ah! Chega de desculpas. Já estou farto delas. Acha mesmo que eu acredito em suas histórias? Não entendo por que ainda não te demiti! ele arqueou uma sobrancelha desafiadoramente. 

Porque eu sou o mais competente de todo este prédio, seu porco arrogante!

 — Me desculpe. Vou pra minha mesa agora mesmo pra compensar o atraso, está bem?

E sem esperar por mais um de seus ataques, marchei em direção à minha mesa, espiando sua reação pelo canto dos olhos. Carlos ficou parado me encarando por um momento, bufou e depois saiu resmungando. Tentei dissolver a pilha de papéis acumulada em minha mesa o mais rápido que pude. Era uma pilha considerável, mas eu era realmente eficiente e terminaria tudo bem rápido. No entanto, perto da hora do almoço, meu computador travou e depois apagou completamente. Tentei religá-lo, mas nada aconteceu. Estava morto! Bati algumas vezes na máquina tentando fazê-la voltar a vida através de tortura, mas nem uma luz acendeu.

 — Preciso desses papéis na minha mesa até as cinco! — Carlos urrou da porta. Devia ter visto meu embate com a máquina.

 — Eu sei! Mas não é culpa minha se o computador pifou. Como posso fazer todos os contratos sem o computador? 

Ele sorriu ironicamente e apoiou uma mão na porta.                                                                           

 — Como fazíamos antes de inventarem essas máquinas complicadas que sempre deixam a gente na mão.

 Olhei pra ele sem compreender. Do que diabos aquele homem estava falando?

 Carlos notou minha expressão — cética, imaginei — e acrescentou

 — É claro que você sabe que os computadores nem sempre estiveram aqui, não é? — ele disse lentamente, como se eu fosse um débil mental. 

 — Claro que eu sei!

 Eu preciso deste emprego! Não adianta nada pular no pescoço dele e estrangulá-lo! Repeti para mim mesma várias vezes.

Contudo, não me convenci inteiramente.

 Então, mãos à obra,Louis. Você tem até as cinco. A máquina de datilografia está no armário do almoxarifado. EIa não trava, não dá pau, o cartucho não acaba... Você vai gostar! É muito eficiente. Dá até saudades do tempo em que o escritório era preenchido pelo barulho dos botões. -Um sorriso cínico apareceu em seus lábios. Um sorriso que dizia você não vai conseguir! 

Vamos ver, careca!- e fui buscar a tal máquina. Era pesada e desajeitada para carregar. Coloquei-a sobre minha mesa e observei. Hummm... Eu já tinha ouvido falar sobre ela.

 Mas cadê o botão pra ligar?

 Experimentei uma tecla qualquer. Tec. Tec, tec, tec, tec, tec, plim! Plim? Será que eu quebrei esse troço? Ai, meu Deus!

 Só me faltava essa! Niall, que ria alto, provavelmente da minha cara de pânico, saiu de sua mesa, duas atrás da minha e veio ao meu socorro. Ele era o funcionário mais antigo da empresa, certamente chegou a trabalhar com a coisa pré-histórica.

 —Louis, pare de olhar para a máquina com essa cara! ele disse, empurrando os óculos marrons com o dedo indicador. Isso não é um objeto alienígena. 

— Não. — concordei. — Se fosse, eu provavelmente saberia como usar, O problema é que... — eu estava mesmo com medo daquela máquina barulhenta cheia de tecs e plins, mas precisava terminar meu trabalho. Bem... Eu já vi uma dessas uma vez no museu da tecnologia, mas...

 — Você não sabe usá-la. — ele concluiu, ainda rindo. Suas bochechas vermelhas. As minhas também deviam estar vermelhas, mas de vergonha. Não existia programa algum de computador que eu não soubesse utilizar, sempre aprendia rapidamente assim que um novo aparecia. Mas aquela máquina robusta... 

— Eu nem sei ligar essa coisa! — sussurrei. Algumas pessoas nos observavam com olhos curiosos.

 Niall explodiu outra gargalha e quase todos no escritório voltaram sua atenção para onde eu estava. Devo ter ficado roxo berinjela!

 — É bem simples, Louis. Você coloca o papel aqui — pegou um papel em branco, enfiou numa fenda e depois girou um botão enorme na lateral da coisa. Rec, rec, rec, rec. — Depois prende com isso — ele ergueu uma pequena e fina haste metálica, encaixou a folha e depois soltou a haste, prendendo o papel. — E pronto!

 — Ah! Parece fácil!

 Niall não pareceu acreditar muito na minha convicção. Voltou para sua mesa sacudindo levemente a cabeça, erguendo os óculos grandes para poder enxugar as lágrimas dos olhos. Que bom que pelo menos ele estava se divertindo!

 Concentrei-me na máquina. Experimentei digitar com certa cautela, e percebi que nada saia no papel.

 — Precisa apertar com mais força. —Niall gritou, ainda me observando. — Tem que fazer tec.

 Tentei outra vez Ah! Deu certo. As letras apareceram no papel.

 Digitei — datilografei — algumas linhas, meio desajeitado, e parei. Observei o teclado atentamente. Não. Não estava lá.

 —Niall, onde fica o delete? 

Ele ergueu as sobrancelhas e abriu ligeiramente a boca.

 — Como? — perguntou como se eu estivesse falando em japonês.

 — Não tem delete! Eu errei um número e não tô encontrando a tecla delete em lugar algum! O escritório todo explodiu em uma gargalhada estrondosa, me deixando com vontade de me enterrar debaixo da papelada que estava à minha frente.

 Urgh!!! 

Passei a tarde inteira tentando organizar a pilha de contratos, depois de receber uma rápida aula sobre como usar a máquina antiquada. Entretanto, o serviço não rendeu muito já que a máquina era muito lenta. Ou talvez fosse minha falta de habilidade com ela.

 Como as pessoas conseguiram viver sem o computador por tanto tempo? — pensei. Levaria dias para que eu conseguisse colocar em ordem os meus e-mails, minha conta no Facebook e, provavelmente não conseguiria ler todas as postagens no Twitter. Teria que fazer isso assim que chegasse em casa. Ficar sem internet era como se eu deixasse de existir, não fizesse mais parte do mundo. Completamente isolado virtualmente!

 Saí do escritório um pouco depois das seis — com a cabeça estourando de tantos tecs e plins e recs —, mas não sem antes ligar para o técnico e fazer com que me prometesse entregar meu computador no dia seguinte. Na primeira hora! 

Peguei um táxi e, assim que entrei na avenida abarrotada de carros, ônibus e pedestres que insistiam em atravessar fora da faixa, me arrependi. Entretanto, não havia o menor perigo para os pedestres, pelo menos não naquela hora, com tudo absolutamente parado como estava. Provavelmente eu poderia chegar em casa mais depressa se tivesse ido a pé também.

 Mal entrei em meu apartamento e me lembrei de que precisava encontrar uma boa faxineira. Com urgência! Nada estava onde deveria estar. Roupas jogadas por toda a mobília, canecas e copos espalhados pela superfície de quase tudo, pilhas e pilhas de papéis amontoadas desordenadamente em cima da mesa de jantar. O apartamento estava ficando pequeno pra tanta bagunça.

 Joguei as chaves e a bolsa sobre a mesa entulhada e fui tomar banho. Deixei a água quente escorrer por meu pescoço e minhas costas esperando relaxar. E relaxei um pouco, na verdade. Vesti meu pijama e me joguei no sofá, procurando algo para me distrair enquanto meu jantar girava dentro do micro-ondas. Não encontrei nada na TV, então liguei meu mp3 e abri meu livro favorito. Meu "livro", com capa e folhas de papel e tudo mais. Não em meu ereader. Eu tinha vários livros eletrônicos, inclusive armazenados no celular, mas este livro em especial eu simplesmente não conseguia ler de outra forma que não fosse a tradicional. Ele tinha minhas páginas preferidas marcadas por orelhas e estava todo esfrangalhado por já tê-lo lido tantas vezes. Eu não sabia explicar por que gostava tanto daquele livro, mas era incrível poder me perder em séculos passados, costumes tão diferentes, roupas tão lindas, paisagens bucólicas e tranquilas, o amor sendo posto à prova pela ideia retrograda de que pobres e ricos não se misturavam, o cavalheirismo, a delicadeza do primeiro amor... Glicose da boa! 

Realmente não sabia explicar o motivo — já que eu não era um romântico incorrigível —, mas eu adorava aquele livro. E ficava meio difícil me perder no século dezenove se estivesse lendo em um e-reader!

 Senti as juntas de meus dedos doerem quando terminei meu jantar. Seria um alívio nunca mais precisar daquele trambolho centenário outra vez, pensei, enquanto jogava os pratos e talheres dentro da lava-louças. Meu celular tocou.

 — Você vai sair amanhã? — inquiriu a voz antes mesmo que eu conseguisse dizer alô. 

— Oi pra você também,Liam. Como foi o...

 — Você vai, não é? — ele me interrompeu apressado. — Não vai me enrolar outra vez,Louis. Você sempre acaba arranjando uma desculpa pra não sair de casa.

 Amanhã você vai sair!-  A voz se tornou mais ameaçadora. — Nem que eu mesmo tenha que te buscar à força! Ou posso pedir para o Zayn e os amigos dele passarem aí pra...

 — Calma,Liam. Tá certo. Não precisa ameaçar. — não queria nem imaginar Zayn e seus amigos trogloditas no meu apartamento minúsculo. Tremi só de pensar. — Tô mesmo precisando sair e beber alguma coisa. Essa semana foi um inferno!

 Ele respirou fundo do outro lado da linha. Quase conseguia ver o bico que ele devia estar fazendo. 

— Nem me fale! — Outro suspiro. — Por isso mesmo preciso que você saia com a gente amanhã. Quero te contar uma coisa.

 Ai, Senhor! De novo?

 — Brigou com o Zayn outra vez, Liam? —honestamente, isso já estava passando dos limites.

 — Não, não. Quer dizer, não muito. Mas não é sobre o Zayn. — ouvi barulho de buzina ao fundo seguido de um grito abafado de Liam: Passa por cima, imbecil! — Não é só sobre o Zayn que eu quero conversar. Olha, preciso desligar agora. A gente se vê amanhã lá no Toca, está bem? — mais barulho de buzinas.

 — Beleza. —fiquei curioso com o assunto misterioso do Liam. 

Normalmente, ele desatava a falar, mesmo quando eu explicava que não podia conversar por que tinha prazos a cumprir ou por que simplesmente estava no meio de um banho. O que aquele maluco estaria aprontando dessa vez?

 Acordei na hora certa, pra variar. Graças a Deus era sexta-feira! Cheguei as oito em ponto ao escritório — sem manchas de lama, com a roupa perfeitamente limpa e passada — e quase gritei de alegria quando vi minha CPU no lugar de costume. Corri até minha mesa e me abracei ao monitor.

 — Não me abandone nunca mais! —murmurei aliviada por não precisar mais da máquina torturadora de dedos.

 — Tendo um caso com o computador,Louis? Olha, você precisa usar alguma proteção, garoto! Sabe como é! Pode acabar pegando um vírus! — era Gustavo, o engraçadinho, é claro, gargalhando até perder o fôlego.

 — Rá-rá. —foi tudo o que eu disse a ele.

 O dia no escritório transcorreu como sempre — sem um único minuto pra pensar em como eu arrumaria uma faxineira e como ganharia mais dinheiro para poder pagar por ela. Meu salário era digno de pena e o trabalho parecia nunca ter fim. Eu tinha que arrumar tempo pra fazer um bico... Só não tinha tempo pra arrumar mais tempo!

 Saí do escritório, peguei meu carro no estacionamento e fui direto para o bar. O Toca ficava a três quadras do escritório. Um oi meio demorado encontrar uma vaga, parecia que quase todo mundo tinha resolvido sair do escritório e dar uma esticadinha em algum bar ali perto.

 O telhado em um grande arco escuro, com pequenas janelas na fachada e uma grande porta em forma de U, deixava o bar parecido com uma toca indígena. Leo‟s Bar era o nome oficial, mas todo mundo o conhecia como Toca. Era bem rústico, até mesmo em seu interior — as mesas e cadeiras de madeira rústica e sem verniz —, com exceção dos clientes, sempre descolados.

 Contudo, eu não estava muito descolada. Ainda estava vestida com as roupas de escritório: jeans escuros e camisa branca de mangas curtas, os cabelos jogado pro lado. Nem muito profissional, nem muito descolado, mas eu não podia furar com Liam outra vez e não daria tempo de ir até em casa para me arrumar de forma mais casual.

 E eu queria sair e me divertir um pouco. Estava ficando esgotado e minhas férias estavam muito, muito longe para que eu pudesse sequer começar a planejá-las.

 — Nossa! Vai cair um pé d'água! Olha só quem resolveu se juntar aos vivos! — Zayn (sempre tão agradável!) praticamente gritou quando me viu, fazendo com que muitas outras pessoas no bar parassem o que estavam fazendo só pra me observar. 

— Eu estou vivo, Zayn! — falei asperamente. — Só não tenho tempo pra sair quando eu bem entender. Eu trabalho, sabia? Você já deve ter ouvido falar a respeito. Algumas pessoas não nascem com a vida toda garantida e precisam ganhar seu próprio dinheiro.

 — Hei! Foi só uma brincadeira. Dá um tempo! Não precisa me passar um sermão — reclamou, levantando as duas mãos grandes com as palmas pra frente, como que se rendendo.

 Eu realmente precisava beber alguma coisa. Estava começando a ficar implicante e mal humorado.

 Depois de mais ou menos uma hora — e quatro chopes, talvez? — Liam aproveitou que Zayn tinha ido até a mesa de sinuca (para uma partida rápida, ele disse) pra começar a falar.

— Quero sua ajuda. Sua opinião, na verdade. —disse com seus olhos castanhos inquietos.

 — Acho que vou convidar o Zayn pra morar comigo! — ele disse, quicando na cadeira. Seus olhos brilhantes de ansiedade e excitação.

 — Ah! — levei meu copo à boca e tomei um grande gole. Rã... 

Seu rosto delicado murchou um pouquinho.

 — Eu sabia que você não ia gostar — murmurou, baixando os olhos e sacudindo levemente a cabeça. 

Olhei pra ele, pro meu amigo, meu melhor amigo, que muitas vezes foi meu irmão mais velho. Eu sabia que minha aprovação era importante pra ele. Tentei parecer menos tenso do que na verdade estava.

 — Não é isso. É claro que é... legal. Muito legal. tomei outro gole de chope. — É só que... Você tem certeza, Liam? Tem certeza que ele é o cara certo pra você?

 —Tenho! — sua voz estava firme e seu rosto sério, mas os cantos de seus lábios cheios teimavam em subir um pouco. 

— Mas vocês dois vivem brigando! —constatei o óbvio. — Feito cão e gato! Já perdi as contas de quantas vezes você apareceu lá em casa chorando por causa dele.

 — Eu sei Louis. Mas eu estou apaixonado por ele! Não quero ficar longe dele um minuto sequer! Não pode ver isso?

 Claro que eu podia. Desde que o conheceu, Liam ficou maluco por ele. No começo, achei que ele tinha tirado a sorte grande agarrando um cara como Zayn. Moreno, com olhos rápidos e brilhantes e um sorriso debochado , mas assim que engataram um relacionamento mais sério e ele começou agir de forma infantil e às vezes até rude, mudei de ideia rapidamente.

 — Eu sei o quanto você gosta dele. Todo mundo sabe! Mas tem certeza que isso vai dar certo? - tentei falar de forma gentil. Não queria magoá-lo dando minha verdadeira opinião sobre ele. 

— Não. —Liam sorriu. — Não tenho certeza. É claro que não! Não se tem certeza de nada quando se esta apaixonada,Louis!

 — Ah, se tem sim! Dá pra ter certeza que seu coração será estilhaçado em um milhão de pedaços no final.

 Tomei outro gole. Meu copo ficou vazio.

 — Louis! Não acontece sempre assim com todo mundo. — ele viu meu olhar cético e continuou. — Não acontece! Existem pessoas que passam a vida toda juntas.

 — A-hã! 

— Existe sim. Além do mais, nós ficamos juntos o tempo todo, exceto quando estou trabalhando. Metade das minhas coisas estão na casa dele. Facilitaria muito se morássemos debaixo do mesmo teto, e meu apartamento é maior...

 — E a outra metade das suas coisas está na minha casa, eu acho...

 — Mas o que você acha?

 — Eu acho... — comecei cauteloso. — Eu acho que se você vai ficar feliz... Se vai te fazer feliz, eu também fico. 

Ele pulou da cadeira e me abraçou forte. 

— Obrigada,Louis! Você sabe o quanto é importante para mim que você goste da ideia. Você é a única que não detesta o Zayn.

 Liam tinha brigado com seus pais logo depois que se envolveu com Zayn. Obviamente, eles também não tiveram uma boa impressão dele e Liam se recusou a terminar o namoro. Rompeu relações com os pais na mesma época em que perdi os meus — num acidente de carro fatal. Foi um período muito... Ruim. Nós nos apoiamos uma na outra e seguimos em frente. Sendo justo, Zayn também me ajudou naquela época. Nem sei o que teria acontecido se eu não tivesse os dois ao meu lado... 

— Deixa disso! — eu disse, tentando aliviar o clima, que subitamente ficou mais pesado. Vamos comemorar! Não é todo dia que um amigo vai passar para o lado das seriamente comprometidos.

Ele me soltou e revirou os olhos.

— Ai,Louis! Às vezes, você fala como se casamento fosse uma sentença de morte.

E não era?

Viver em função de uma só pessoa, como se sua vida apenas tivesse sentido se ela estivesse por perto? Acordar e olhar para a mesma pessoa todo santo dia! Sexo com uma única pessoa pelo resto da vida. Eu não entendia o que levava uma pessoa lúcida a se casar. Se bem que a maioria delas não parecia gozar de sua plena sanidade quando estavam apaixonadas.

— Não é! — ele afirmou, provavelmente vendo a descrença estampada em meu rosto. — Tenho esperanças de que você encontre o cara certo um dia desses, sabia? Já está na hora de viver uma história de amor de verdade e esquecer as dos livros. Acho que vai ser divertido ver como você vai se sair quando se apaixonar pela primeira vez.

 — Eu já me apaixonei uma vez! E não tem nada de errado em gostar de ler histórias de amor, pelo menos nos livros elas têm finais felizes! Não machucam ninguém.

 Não gostei do rumo que a conversa tomava.

 — Ah! Não! Você não se apaixonou, não! 

— Claro que me apaixonei! Você sabe disso.

 Estávamos na faculdade. Já éramos amigos na época. Ele esteve do meu lado quando me envolvi com Stan. Um desses idiotas que sabe-se-lá-por-quê acabei me apaixonando.

 — Você não se apaixonou por Stan. Você gostava dele, sentia atração por ele. Mas não amor. — ele pegou um amendoim e mastigou. — Se você o amasse de verdade, não teria ficado tão tranquila como ficou quando o flagramos aos beijos com o Calvin. — ele se recostou na cadeira, o rosto triunfante.

 — Só porque não fiquei chorando pelos cantos por décadas não significa que não estivesse apaixonado! Eu fiquei arrasado sim! O que você queria que eu fizesse? Que me atirasse da ponte? Se ele quis outro garoto, paciência. A fila anda! — Levei o copo a boca, mas estava vazio.

 Droga!

— Exatamente! Se realmente estivesse apaixonado, a fila demoraria um pouco mais para começar a andar. E você ficou arrasado por que foi trocada por outro, não por perdê-lo. Desista,Louis. Não vai conseguir me convencer. Quando se, apaixonar de verdade, me dará razão. 

Não fazia sentindo começar uma discussão com Liam, ele não cederia. E nem eu.

 Suspirei derrotado.

 — Preciso ir a o banheiro. — o chope precisava sair! E eu queria que o assunto morresse. — Pede mais uma rodada pra gente comemorar.

 Eu não estava bêbado — não muito. Dei algumas tropeçadas no caminho, mas isso até era meio normal pra mim. Eu apenas estava um pouquinho mais devagar que o normal, tipo em câmera lenta. 

Entrei no banheiro lotado e esperei minha vez. Praticamente me joguei dentro do banheiro quando a porta se abriu. Desabotoei rapidamente a calça, me equilibrei e... Ah! Que alívio!

 Foi então que ouvi um "ploct". Olhei para baixo bem a tempo de ver meu celular — com todos os meus contatos, minha agenda, minhas músicas —Cair do bolso da minha calça boiar por dois segundos e depois mergulhar dentro do vaso sanitário. 



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