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História Perdido L.S - Twenty-one


Escrita por: brunah179

Capítulo 21 - Twenty-one


Encontrei Madalena em meu quarto deixando um terno cinza sobre a cama. — Oh! Senhor Louis. Acabei de ajustar o ternos. Ficará muito bonito com ele. — ela exclamou, colocando as mãos sobre o peito. 

— Obrigada, Madalena. Eu disse a Gemma que não era necessário, mas ela não me deu ouvidos. 

— Que bom! Uma jovem como o senhor precisa se vestir à altura de sua beleza. E este aqui é um dos mais bonitos! Sei que Harry usou este terno apenas uma vez. Ninguém notará.

 — Não ligo para isso. — eu dei de ombros.

Quando se vivia com um salário apertado como o meu, se aprendia a aproveitar todas as roupas de formas muito criativas. E, apesar de estar em outro século, eu ainda continuava pegando roupas emprestadas dos amigos. Um ciclo que nunca teria um fim, ao que parecia. 

— Quer que eu lhe ajude, senhor? — ofereceu. 

— Não, Madalena. Eu me viro bem sozinho.

 — Como quiser. — ela hesitou. Parecia que queria me dizer mais alguma coisa e depois mudara de ideia. 

— Tá tudo bem, Madalena? 

— Eu... Queria saber se... O senhor poderia me ensinar a fazer o condicionador. — ela corou.

Eu ri.

— Ah! Você usou, então? — Mulheres sempre seriam a mesmas com relação aos cabelos, não importava a década ou o século em que viviam.

 — Nunca experimentei nada parecido! — disse maravilhada. — Pode me ensinar?

— Claro, Madalena. Amanhã eu faço mais e você presta atenção, pode ser? 

— Certamente. — exclamou satisfeita. Ajeitou as saias, olhou para ver se estava tudo em ordem e saiu do quarto. — Se precisar, estou às ordens, senhor. 

Observei o traje sofisticado, toquei os botões com as pontas dos dedos. Um traje de  príncipe de conto de fadas. Essa seria uma das coisas que eu não sentiria saudades quando voltasse para casa, roupas detalhadas demais e tão quentes. E a casinha — acrescentei rapidamente a lista.

Comecei a me produzir, primeiro colocando o terno — e me sentindo um príncipe, agora só essa vassoura que eu chamo de cabelo.

Passei um pouco de água e ajeitei a franja ficou aceitável.

Pelo menos não iria assustar ninguém.

Dirigi-me até a sala para esperar pelos outros e encontrei Harry sozinho, vestido com um smoking preto completo muito parecido com os de hoje em dia com os de 2010. Tinha uma cartola nas mãos e uma expressão séria no rosto.

Meu Deus, como estava lindo!

Assim que Harry ouviu minha chegada, se pôs de pé e se curvou, como sempre.

 — Senhor. — ele disse, enquanto seus olhos percorreram meus cabelos, meu rosto, meu corpo, até meus pés dentro dos vans, que dessa vez apareciam graças ao trabalho de Madalena. — Se me permite, preciso dizer que você está muito... — ele hesitou.

 —Gemma que... 

— Não, senhor Louis. — ele me interrompeu apressadamente. — Estou tentando encontrar a palavra adequada para descrevê-lo agora. Não acredito que exista uma única palavra que descreva tanta beleza. — seu sorriso se alargou. — Creio que esplendoroso e magnífico não façam justiça à sua figura neste momento. 

—Ah! — corei um pouco. — Obrigada, Harry. Você também está um arraso! 

Ele piscou algumas vezes antes de falar outra vez. — Desculpe-me. O que disse? — perguntou, confuso.

 Suspirei revirando os olhos. —Você está um arraso. Tão lindo que pode causar um ataque cardíaco em alguém desavisado. — expliquei, corando pra valer. — É como pessoas da minha idade se expressam. Me desculpe. Estou realmente tentando evitar esse tipo de expressão, mas é tão difícil! Velhos hábitos, lembra?

 — Sim, eu me lembro. E não se desculpe. Gosto de ouvir você dizê-las. Creio que acabo de encontrar o que procurava. Você está um arraso, Louis! 

Meus joelhos sacudiram um pouco quando ouvi sua voz baixa e rouca dizer meu nome. 

— Onde está Gemma? Estou atrasado? — mudei de assunto para não me jogar em cima dele, como eu queria desesperadamente fazer. 

— A senhorita Teodora mandou a carruagem até aqui para buscar Gemma. Parece que ela tinha uma emergência. Algo sobre fitas ou outra coisa... realmente uma emergência! — E não está atrasada. Estamos bem de tempo. Podemos partir agora mesmo e pegar Gemma e a senhorita Teodora no caminho. Está pronto? 

— Estou. Acho que, depois de tudo isso, estarei pronto pra qualquer coisa! 

— O que disse? 

— Rã... nada!

Pensei que não seria uma viagem longa até a casa de Teodora. Não que fosse longe ou a estrada ruim e esburacada, mas ficar com Harry a menos de um palmo do meu corpo, numa carruagem fechada, me deixou inquieto, o tempo parecia rastejar.

Tantas coisas pecaminosas entraram na minha cabeça sem serem convidadas... Tentei rebatê-las, mas algumas imagens já estavam plantadas ali: abrir os botões de sua camisa, correr minhas mãos por seu peito rijo, beijar sua boca cheia e perfeita, depois deslizar meus lábios na pele macia do pescoço, sentindo seu gosto em minha língua... 

— Está me ouvindo, senhor? — perguntou Harry, tocando meu braço e me despertando do sonho. — Você está bem? 

—Ah! Está tudo bem. — acho que eu corei. — Estou ótimo, porque não estaria? 

— Eu lhe fiz a mesma pergunta duas vezes e você não pareceu me ouvir. — suas sobrancelhas quase unidas. 

— Eu... Eu... Estava sonhando acordado, eu acho. Me desculpe. — abaixei a cabeça embaraçado, meu rosto ardendo. 

Sua mão rapidamente deixou meu braço e descansou sobre sua perna. Harry sorriu. 

— Ao menos, espero que o sonho fosse agradável. 

— Nem faz ideia! Mas o que me perguntou antes? — me apressei para que ele não pudesse ter mais detalhes do meu “sonho”.

 Ele olhou por sua janela e apontou. — O que acha? 

Estiquei o pescoço para ver o que ele apontava. Bem longe, vi uma enorme construção, com muitos andares e a largura de três ou quatro casarões. 

— É um castelo? — perguntei em dúvida.

 — Não. É uma mansão, apenas, o que acha?

— Acho enorme! Por quê? 

— Estou pensando em comprar essa propriedade — o rosto presunçoso. 

Franzi a testa.

 — Por quê? Não tem quartos o bastante naquele seu labirinto? — voltei a admirar a mansão. Havia uma quantidade enorme de janelas. Poderia muito bem ser um hotel luxuoso.

Harry riu outra vez. 

— Não é para mim. É para Gemma! Para quando se casar. Não quero que ela vá para longe. 

Contemplei a mansão, que mais parecia ter saído de um filme. 

— Bem, ainda acho que se parece com um palácio, mas... — me aproximei mais da janela colocando a mão sobre o vidro. —. . .É lindo! 

— Estava pensando a mesma coisa. — Harry falou, a voz um pouco rouca. 

Virei-me, encontrei seu olhar penetrante e paralisei. Só então percebi que tinha me aproximado demais, que meu rosto estava a meros centímetros do dele.

Meu coração disparou quando vi seus olhos verdes ganharem aquele brilho prateado, senti o martelar dele em minhas veias até zumbir em meus ouvidos. Não me movi um centímetro sequer, fiquei ali parado, o encarando de volta, querendo muito obedecer aos impulsos de meu corpo e esquecer o que minha cabeça me dizia. 

— Louis. — hesitante ele tocou meu rosto. — Eu queria que... — sua voz morreu e a frase inacabada me deixou arrepiado.

Sim, eu quis dizer, eu também queria.

 Mas, ao invés disso, sem poder me conter, também toquei seu rosto, sentindo a maciez de sua pele contrastando com a aspereza dos fios de sua barba que já teimavam em aparecer.

Foi o que bastou para incentivar Harry. 

Não me afastei quando sua outra mão enlaçou minha cintura, me puxando para mais perto, nem tentei impedi-lo quando seu rosto se aproximou do meu com a clara intenção de me beijar. Não o empurrei quando seus lábios gentilmente esmagaram os meus. Ao contrário, agarrei-me à gola de sua camisa na intenção de nunca mais soltá-lo. Sua boca faminta devorava a minha, correspondi com a mesma intensidade, até que tudo ao nosso redor se tornou um borrão sem sentido. E novamente a sensação de estar vivo, de que tudo fazia sentido, me sufocou como uma avalanche. E, na verdade, naquele exato momento, com seus lábios colados aos meus, seus braços me prendendo com urgência, tudo parecia estar no lugar certo. 

Inclusive eu.

Harry deslizou seus lábios até meu queixo, meu pescoço e todo o caminho até minha orelha.

Meu coração já acelerado quase saiu pela boca. 

— Louis. — ele sussurrou ali. Um jorro de prazer percorreu meu corpo todo, me fazendo estremecer.

 Quando seus lábios recapturaram os meus, eu já tinha dificuldade para respirar, mas me apertei ainda mais contra ele. Porém, ainda não era perto o bastante.

Seguindo as ordens de meu corpo, passei minhas pernas ao redor de seu quadril, colocando meus joelhos no assento da carruagem e grudei todas as partes de mim a ele. A forma como Harry me beijou depois disso foi quase selvagem. Ele me apertou tanto na ânsia de afugentar a distância inexistente entre nós, que eu mal sabia dizer onde ele terminava e eu começava, éramos um só naquele instante grudados como um adesivo. 

Um gemido rouco escapou de seus lábios, e imediatamente eu soube onde aquilo acabaria.

Não tentei evitar.

Não mesmo!

Deixei que minhas mãos percorressem seu peito plano e tentei abrir alguns botões enquanto seus dedos acompanhavam desprendiam os botões da minha camisa, fazendo o tecido escorregar por meu braço, deixando a minha pele ainda mais exposta. Fiquei um pouco surpreso e extremamente satisfeito — quando uma mão deslizou, ainda que um pouco hesitante, sobre meu peito. Eu estava de acordo com aquilo. Muito de acordo! Estremeci quando sua mão quente me tocou ali — ainda semi-vestido, contra minha vontade.

Uma onda de desejo afogou qualquer outro sentimento.

Tentei arrancar aquela gravata de nó tão complicado o mais rápido que pude. Queria vê-lo, realmente vê-lo, sem todo aquele amontoado de tecidos.

Seus lábios deixaram os meus para criar um rastro de fogo em meu pescoço, sua barba recém-cortada Pinicava prazerosamente minha pele. Mas Harry não parou, continuou descendo um pouco mais, até alcançar os meus mamilos. Seus dedos acompanharam delicadamente o contorno da ponta rígida. A carícia tão suave, tão delicada e tão quente me fez tremer. Não pude conter um gemido de prazer quando seus dedos finalmente me descobriram e seus lábios acolheram a parte exposta.

Arquei minhas costas instintivamente, me oferecendo ainda mais a ele enquanto enroscava meus dedos em seus cabelos macios.

Fiquei deslumbrado ao constatar apesar de todo o que pelo volume das suas calças  que ele também me deseja. Densamente! 

—Louis. — murmurou, rodeando meu quadril com as duas mãos, me trazendo para mais perto, enquanto voltava a me beijar ferozmente.

Foi aí que a carruagem deu um solavanco que me fez bater a cabeça no teto e, depois quase cair no chão, se Harry não tivesse sido rápido o bastante para me segurar.

A consciência retornou instantaneamente, me libertando do transe, me deixando absolutamente constrangido, extremamente exposto e ainda em seu colo.

— O que estamos fazendo? — perguntei mais para mim mesma, arrumando a camisa rapidamente e me sentando ao seu lado. 

— Tem razão. Eu... sinto muito! Não sei o que deu em mim. Perdoe-me, Louis. — ele disse, corando muito, arrumando a bagunça da camisa e gravata abertas. — Eu não posso tratá-lo desta maneira... O que eu estou pensando? E eu havia prometido que não a tocaria... Apenas...

 — O que? — perguntei, embaraçado, quando ele não continuou.

— Perco o controle sobre mim mesmo quanto estou perto de você. — ele concluiu abaixando a cabeça.

 — A culpa não é sua. Não é só sua, afinal. Eu também não consigo me conter quando você... me... beija. — fui mais honesto do que realmente pretendia.

 Ele tentou muito conter um sorriso. 

— É mesmo? 

Não pude deixar de sorrir de sua cara de satisfação. — Não me diga que ainda não percebeu isso? Ele riu.

 — Pensei que talvez... Estivesse sendo condescendente comigo.

—Tá brincando? Harry, corresponder a um beijo é uma coisa, isso que estávamos fazendo... Era outra coisa... Era... Não estou sendo condescendente. Ninguém me toca a não ser que eu queira muito. — terminei, meio enrolado. Ainda sentia a cabeça girando O sorriso em seu rosto se alargou ainda mais.

 — Pare de sorrir! — pedi, sério. — O que estávamos fazendo é errado! Irá magoar a nós dois num futuro nada distante. 

O sorriso desapareceu imediatamente Seu rosto fico duro. Novamente, como uma nuvem de tempestade — Por que gosta tanto de viver no futuro? — perguntou à queima-roupa. Olhei para ele atônito. Minha boca se abriu e pisquei diversas vezes antes de conseguir responder. Sabia que Harry era muito inteligente, perspicaz até demais! Mas como ele descobriu meu segredo?

 — Como você soube...? — tentei dizer, mas estava chocada demais por ele ter descoberto sabe-se-lá-como que eu vim do futuro e que ainda me olhasse da mesma forma.

 Quase da mesma forma, ele estava zangado agora. 

— Basta observá-lo. Você nunca vive o presente, o agora. Sempre com a cabeça no futuro, no amanhã no que ainda está para acontecer. — um leve toque de ressentimento se espreitou em sua voz.

 Ah! Esse futuro! 

— Eu faço isso, às vezes. Liam me enche o saco por não aproveitar o “momento”. Acho que vocês dois se dariam bem, sabia?

 — Não respondeu a minha pergunta, — disse ele, sério. Seus olhos repletos de um brilho novo. Um que eu não soube o significado. 

Eu não tinha resposta para essa pergunta. Então, não disse nada, apenas olhei pela janela e vi outra casa se aproximando. 

— É aqui? — perguntei tentando distraí-lo. 

— Sim, esta é a casa da senhorita Teodora.

A casa era bem menor que a que eu acabara de ver na estrada, mais normal, como a casa de Harry. Era bonita.

 —Se eu lhe fizer uma pergunta, responderá com sinceridade— Harry ainda estava bicudo.

 Um curto silêncio se seguiu antes que ele voltasse a me encarar com tamanha intensidade que apenas sacudi a cabeça confirmando, totalmente impotente.

 — Está comprometido com alguém? 

— Não. — essa era uma pergunta fácil de responder. 

— Nem mesmo no lugar de onde vem? — a intensidade me puxava para ele outra vez. 

— Não, não tenho ninguém me esperando. — sussurrei.

 Ele assentiu. Voltou a olhar pela janela por um tempo, depois seus olhos voltaram aos meus com uma força opressora. — Fico feliz em ouvir isso. — a forma como articulou, tão firme e honesto e... Aliviado, me deixou sem fôlego. — Não terei que lutar contra mais ninguém além de você mesmo. 

Puxei uma grande quantidade de ar. — Lutar comigo? — gemi.

 Ele assentiu, a determinação estampada em seu rosto. — Sim. Louis vou fazê-lo entender o que reluta tanto a aceitar. 

Eu gemi baixinho, porque, se ele iria se esforçar ainda mais... Eu realmente estaria perdido. Sem trocadilhos!



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