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História Perdido L.S - Thirty-three


Escrita por: brunah179

Capítulo 33 - Thirty-three


Harry abriu e fechou a boca várias vezes — quase como um peixe —, mas absolutamente nada saiu de seus lábios. Ele pegou a taça de vinho da minha mão e a esvaziou.

 Esperei nervoso, para que ele pudesse assimilar o que eu havia dito. Ele tornou a encher a taça e a esvaziá-la rapidamente. Não disse uma única palavra.Juntei minhas mãos e comecei a retorcê-las freneticamente. Depois de alguns minutos, a impaciência me venceu.

 — Você ouviu o que eu disse? — perguntei. Harry piscou e depois sacudiu a cabeça. 

— Errr... Eu ... Acho... Que... Sim? — ele estava muito confuso.

Melhor contar tudo de uma vez!

— Vou te explicar tudo. Preste atenção, é tudo muito maluco! — alertei. Ele apenas assentiu. 

— Como eu te disse, eu vivia no ano de 2010 até sábado passado. Tudo isso aconteceu por que, na sexta passada eu saí com o Liam e o Zayn. Fomos num barzinho que a gente curte. Foi lá que Liam me contou que iria convidar Zayn para morar com ele e é claro que comemoramos a notícia... Só que acabei comemorando um pouco demais, exagerando na bebida. Depois de tanto chope, precisei usar o banheiro e meu celular caiu acidentalmente dentro da privada. Claro que eu não podia enfiar a mão lá dentro e pegá-lo! Estava todo pifado, de todo jeito. Já era! Então, no sábado, saí cedo pra comprar um novo. Eu estranhei que não houvesse mais ninguém dentro da loja e achei a vendedora que me atendeu muito esquisita. Ela meio que me convenceu a comprar este celular estranho, sem me dar outras opções. Eu devia ter desconfiado disso! O aparelho está lá no quarto, posso te mostrar, se quiser. — acrescentei. Harry apenas me observava, os olhos insondáveis. — Só depois que saí da loja percebi que o aparelho não funcionava. Eu já estava voltando para pegar meu dinheiro de volta, quando ele finalmente ligou. Daí apareceu uma luz tipo... Tipo... Muito forte! Não consegui ver mais nada e quando o clarão desapareceu, eu estava aqui, daí você apareceu e me encontrou. — estava meio sem ar quando terminei. O rosto deHarry estava impassível. — Entendeu agora? 

Ele sacudiu a cabeça.

— O que você não entendeu? — perguntei desesperado. 

— Acho que quase tudo. Celular? Ah!

 — Desculpa, Harry. Me esqueci que você não conhece algumas coisas. Celular é um telefone que pode ser levado para todo lugar. — os olhos grudados em mim não compreenderam minha brilhante explicação. — Você sabe o que é um telefone, não sabe?

 Harry sacudiu a cabeça novamente. Eu respirei fundo. Ele devia estar tão confuso quanto eu fiquei logo que cheguei ali. 

— Telefone é um aparelho que tem um... fone... que você coloca na orelha e consegue falar com pessoas de lugares distantes. Ou de perto se quiser. Permite falar com pessoas que não estão presentes. Pessoas vivas, quero dizer. Não vozes do além e essas coisas... — difícil de explicar! — Acho que é melhor eu te mostrar o meu, só que o problema é que ele não funciona como um celular comum. Foi ele que me mandou para cá, tipo uma máquina do tempo. 

— Máquina. Do. Tempo. — ele disse devagar. 

— Sim. — seus olhos verdes estavam opacos não permitiram que eu lesse nada neles. — A tal vendedora me ligou logo depois que você saiu do quarto naquele dia em que me encontrou. Nem me pergunte como foi que ele captou o sinal! Deve ser coisa dela! Sinistro! Mas ela me disse que eu só voltaria pra casa depois de cumprir uma jornada que eu acho que descobri qual é apenas ontem. Só que, se for o que eu acho que é, Harry, não faz sentido algum... — por que se Harry era a jornada se eu tinha que realmente encontrá-lo, como poderia deixá-lo se eu o amava tanto? — E ela também disse que eu não estava nessa sozinho. Vez ou outra, ela me manda uma mensagem, tipo um bilhete, uma carta, através do celular. A última dizia que passei mais uma etapa e para estar preparado. Daí, eu pensei que talvez Santiago... mas ele... — sacudi a cabeça, confuso.

 Então quem meu Deus? Quem era a tal pessoa? Onde ela estava? 

— Entendeu agora? — perguntei angustiado. 

— Não sei bem... Você bateu a cabeça ou coisa assim quando... 

— Você não acredita em mim? — minha voz subiu vários decibéis. — Você tem que acreditar em mim! Não estou mentindo! Eu juro, Harry! Eu sei que é difícil acreditar em tanta maluquice, mas eu juro que é tudo verdade! 

— Claro que acredito, Louis. Claro que acredito!

Era bom! Porque se ele, que me conhecia mais que qualquer um ali — e em meu século também, nem mesmo Liam me reconheceria agora — não acreditasse no que eu dizia, não me sobraria nada. Estaria sozinho, perdido, sem saber como voltar e, provavelmente, na rua. Harry não permitiria que Gemma convivesse com um maluco.

 — Acalme-se, por favor, — pediu ele. Sua voz retorcida com uma emoção nova. 

— Você precisa acreditar em mim, Harry. Não estou mentindo, nem inventado nada, eu juro! — eu disse, me agarrando a sua camisa.

 — Eu sei, amor. — ele segurou minhas mãos geladas, mas, pela primeira vez, suas mãos estavam tão frias quanto as minhas. — Tudo ficará bem. 

Olhei dentro de seus olhos procurando confirmação, mas ainda estavam opacos. Não me diziam nada. Um arrepio subiu por minha espinha, um daqueles que não eram nada agradáveis.

 — Ouça-me. Vou até a sala avisar Gemma que estamos aqui. Ela pode nos procurar e ficará preocupada se não nos encontrar. Voltarei logo, está bem? E então você poderá me contar tudo com mais calma. — não gostei do tom sua voz. Parecia... Pena. 

—Tá bem. — concordei fracamente. Eu ainda tremia um pouco. — Vou te esperar aqui.

 E, depois de beijar minha testa mais uma vez e me olhar daquela forma estranha novamente, ele deixou a sala.

 Fiquei ali tentando me acalmar. Senti um imenso alívio por ter contado a verdade a Harry. Senti-me muito mais leve por não esconder dele o meu grande segredo. Agora que ele conhecia a história, talvez me ajudasse a encontrar a tal pessoa.

 Ou talvez não procurássemos ninguém!

 Talvez se eu enterrasse o celular em algum lugar, talvez não captasse mais o sinal "mágico" e eu estaria livre! Talvez eu pudesse ficar ali. Eu poderia morar com Harry e ajudar na administração dos cavalos ou até mesmo ajudar Gomes a lustrar talheres, não importava. Poderia cuidar de Gemma até que fosse adulta. Sentiria falta de muitas coisas, claro; meu banheiro ou qualquer banheiro — o computador a cafeteira, os enlatados, a pizza, as lanchonetes, bebidas geladas até do emprego. E sentira falta de Liam. Muita falta! Mas ela estava com Zayn, iriam morar juntos. Ele seria feliz! Se ao menos eu pudesse avisá-lo que estava bem e feliz... 

E quanto ao resto...

Eu sobreviveria! 

Quem precisava de cafeteira ou micro-ondas quando se tinha uma Madalena? Quem precisava de enlatados, quando se tinha legumes frescos todos os dias? Quem precisava de TV quando se tinha Harry para conversar? Quem precisava viver uma vida solitária, quando tinha a chance de viver uma vida plena e feliz ao lado do homem que ama? 

Eu sobreviveria! 

Sim, eu sobreviveria sem tudo aquilo. Só não poderia suportar viver sem Harry. 

Esperei por ele por muito tempo, ansioso para contar minha súbita descoberta, mas ele não voltava e minha paciência diminuía. Fiquei meio cismado com a expressão de seu rosto quando deixou a sala. De algum modo, ele parecia assustado de uma forma que eu nunca tinha visto antes, nem quando caiu do cavalo, nem mesmo quando Santiago me atacou. Depois de mais de meia hora esperando desisti e resolvi procurar por ele, pra saber se mais alguma coisa havia acontecido naquela noite desastrosa. 

Não fui muito longe, porém. Apenas até o escritório. Eu pretendia ir até a sala, ao baile, mas quando passei pelo escritório, vi a porta entreaberta e ouvi a voz de Harrylá dentro, me detive. 

— Então, não há outra forma? — seu tom desesperado fez meu coração bater mais rápido.

 O que era agora?

 — Não, Senhor Styles. Sinto muito, mas não há outra forma. — espiei pela abertura e vi o médico em pé em frente à mesa,Harry estava sentado no sofá de couro escuro, os cotovelos no joelho, a cabeça afundada entre as mãos. — Pode ser apenas uma crise. Um surto. É normal acontecer isso depois de uma situação traumática. E, pelo que me contou, creio que seja este o caso. Sei que o estima muito mas, se interná-lo agora, antes que piore, talvez dentro de alguns meses ele possa recuperar a sanidade. 

Levei pouco tempo para entender o dialogo dos dois. Um milésimo de segundo apenas.

 O médico queria internar alguém em crise. Alguém que aparentemente tinha surtado! E Harry estava desolado com a descoberta. 

Senti que meu coração fora arrancado do peito.

 — Você mentiu! — eu disse, escancarando a porta. Harry se levantou, assustado com minha entrada tempestuosa. — Você mentiu pra mim!

Lágrimas encheram meus olhos. Uma dor profunda e lancinante dilacerava o local onde deveria estar meu coração. 

— Louis, acalme-se, por favor! Eu não menti. Apenas escute o que o Dr. Almeida tem a lhe dizer. — as mãos espalmadas numa súplica, seu rosto transformado pela dor. Não me comovi. Sua dor não era maior que a minha. Eu não tinha mais ninguém. Ninguém que acreditasse em mim. Ninguém a quem pedir ajuda!

 Ninguém! 

— Senhor Louis, o Senhor Styles me contou o que lhe aconteceu esta noite. Talvez você apenas precise descansar um pouco, meu jovem. Conheço um lugar muito discreto onde... 

— Você vai me jogar num manicômio? — gritei para Harry. As lágrimas turvavam minha visão, eu respirava com dificuldade, a dor aumentava segundo a segundo. 

— Não é isso! Apenas ouça o que o Dr. Almeida tem a lhe dizer. — ele se aproximou os olhos cheios de piedade, suas mãos ainda abertas com as palmas para frente. Desarmado, diziam, assim como disseram a Storm no dia anterior. E logo em seguida, viria o bote. 

— Não toque em mim. — berrei, me afastando dele. 

— Louis, amor, você prec... 

— Cale a boca, Harry! — eu berrava descontroladamente. Não me ajudava muito, contudo, me descontrolar daquela maneira quando já suspeitavam de minha sanidade, mas não pude conter a raiva. — Só... cale a boca! Eu me enganei com você. Como eu pude ser tão idiota? Eu sabia que daria nisso! Sempre soube que isso aconteceria. — minha única certeza. Um coração destroçado no final de tudo. — Pensei que você realmente me amasse! Pensei que acreditasse em mim!

 — Mas eu o amo... 

— Ama nada! Se me amasse, confiaria em mim. Você nem ao menos se deu ao trabalho de investigar minha história. Deduziu que eu estava louco e rapidinho arrumou alguém pra te ajudar a se livrar de mim! 

— Não é nada disso! Você está...

 — Como eu pude cair nessa? Esse tempo todo você só queria me levar para a cama! Como fui burro! Pensar que você pudesse me amar. Claro que nunca amaria alguém como eu, alguém que não sabe se comportar como as outras pessoas, que nem ao menos consegue se expressar de forma clara, alguém usado. Eu te odeio, Harry! ODEIO! 

— Está enganado! Você não está entendendo, ouça-me... — implorou.

 — NÃO! — berrei e corri para meu quarto. 

Ouvi ele me chamar no corredor e depois me seguir apressado, mas consegui chegar a tempo de passar a chave e a trava de madeira na porta. Ele não entraria tão rápido dessa vez. 

Olhei em volta e juntei minhas coisas. Enfiei tudo que era meu na mochila. 

— Louis, perdoe-me. Eu... Estou confuso. — sua voz abafada, mas cheia de angústia. — Abra, por favor! Vamos conversar. Não vou deixar que o levem a parte alguma, eu prometo! 

Da mesma forma que prometeu que acreditava em mim!

Abri a janela, era ainda mais alta do que eu esperava. As batidas na porta ficaram mais fortes. 

—Louis, abra, por favor! — a urgência em sua voz me fez crer que, mesmo com a trava, ele entraria naquele quarto. E não levaria muito tempo. 

Pulei da janela sem hesitar.


Notas Finais


Ate a proxima gent...


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