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História Perdido L.S - Forty


Escrita por: brunah179

Capítulo 40 - Forty


Não fui trabalhar naquela sexta-feira. Não me importava como eu pagaria o aluguel. Eu tinha que encontrar a tal mulher. Pensei em pesquisar na internet para descobrir informações sobre ela, mas eu nem mesmo sabia o seu nome.

 Peguei meu carro e rodei pela cidade, entrando em todas as lojas que vendiam celular, sentindo o desespero me dominar a cada "não". Ninguém nunca ouviu falar dela. Procurei o dia todo em vão. 

Claro que ela não deixaria rastro depois do estrago que fez. 

Liam bancava o detetive virtual, procurava na internet casos de pessoas que diziam ter viajado no tempo, mas sem encontrar nada concreto. 

Procurei por ela durante dias, até mesmo nas cidades vizinhas, até em delegacias.

 Nunca havia nada. Nada de nada.

Uma semana depois, mudei meus planos. Pensei que a vendedora talvez fosse uma daquelas bruxas que faziam magia. Procurei nas páginas amarelas e visitei cada buraco que pude encontrar o endereço.

 Numa dessas incursões, fiquei tentado a me deixar levar depois da minha viagem ao passado, não havia mais muita coisa em que eu não acreditasse. 

Dentro de uma sala minúscula e repleta de incensos, cristais coloridos e tecidos, a cigana Odara tentou me convencer de que sabia de alguma coisa. 

— Você está aflito. — ela afirmou.

 — Sim. — confirmei. Mas isso era evidente, então não me surpreendi 

— Vejo que tem assuntos mal resolvidos no passado. — ela disse, com a ponta dos dedos pressionados contra as têmporas observando uma bola transparente que soltava faíscas azuis.

 — Tenho. 

— Um homem — ela continuou. — Que você ainda a... 

— É. — eu disse empolgado.

 — Você o quer de volta. Por isso está aqui.

 — Sim, — confirmei. Afinal, o motivo para encontrar a vendedora era para que ela me levasse até Harry outra vez, não era?

— Posso fazer isso pra você. Posso trazê-lo de volta em três dias.

— Como? 

— A magia de cigana Odara é muito poderosa. Custará 300 reais. 

—Trezentos? — não que não valesse à pena. Se funcionasse, claro. Mas eu tinha que me certificar de que ela não era uma espertalhona — Que garantias eu tenho de que está me dizendo a verdade?

 Ela estreitou os olhos verdes carregados de maquiagem. 

— Cigana Odara não mente. Cigana Odara é poderosa. — era tão irritante que se referisse a si própria na terceira pessoa! 

— Tá, mas me dá mais alguma coisa. Mais informações. 

— Muito bem. — ela disse pressionando a testa outra vez. — Ele é bonito e educado, — até aí tudo certo. — Te amava muito. — meu coração começou a bater forte com a esperança. — Mas não foi capaz de resistir à tentação. A culpa foi da outra.

 Murchei.

 — Outra? — repeti desanimado. 

— A mulher. Pela qual ele te trocou. 

O complicado de se procurar em lugares místicos é que alguém sempre tenta te convencer de eles sabem exatamente o que você procura. 

Depois de cigana Odara, tomei mais cuidado, prestando atenção nas frases — quase todas generalizadas: Você está infeliz. Vejo que esta procurando alguém, tem um homem no seu destino, posso trazê-lo de volta por duzentos. Cem. Cinquentinha e não se fala mais nisso! Mas, na última espelunca em que me atrevi a entrar, me surpreendi. Primeiro, por não se tratar de uma espelunca, mas de uma sala agradável, branca com diversas velas coloridas e algumas imagens de santos. A segunda surpresa foi Mãe Cleusa não querer me oferecer seus serviços, apenas respondeu que não conhecia nenhuma outra vidente com as características que eu descrevi a ela. Mas a grande surpresa aconteceu mesmo quando eu estava de saída. Depois de me dizer para seguir em paz, os olhos de Mãe Cleusa tremularam e ela ficou diferente, como se não estivesse ali na sala. Fiquei imóvel. Segundos depois, ela sacudiu a cabeça e piscou.

 — Ele está te esperando. 

— O que? — perguntei inseguro.

 — Ele está te esperando. Não desistiu de você. Está esperando que você volte. 

— Está? — senti meus olhos ficarem úmidos.

 — Ele está infeliz. Tanta dor! — ela disse fazendo uma careta, como se sentisse dor. — Ele te ama muito, menino.

— Eu sei. Eu também o amo. Demais! — respondi em meio as lágrimas. Ela podia estar inventando, mas ouvir aquilo era um alívio. Ele me amava. Ele existia! — Vê mais alguma coisa, Mãe Cleusa?

— Um quadro. Ele fica parado olhando para um quadro.

 — Um quadro? — o quadro que ele estava pintando? Meu quadro? 

— É tudo que eu vejo, me desculpe. — e sacudiu a cabeça, 

— Por favor, Mãe Cleusa, não dá pra ver mais nada? Nós vamos nos encontrar outra vez? 

— Não posso ver mais nada, menino. Mas vejo uma pedra azul no seu futuro. Significa alguma coisa pra você? 

— Não. Não imagino o que possa ser.

 Ela me abraçou, em seguida colocou a mão sobre minha cabeça, fez uma oração e disse que pediria aos orixás para que me ajudassem. Naquele instante, me senti em paz. 

Mas a paz não durou muito tempo. Apenas algumas horas e eu estava de volta ao desespero e agonia habitual dos últimos dias. 

Fui até o apartamento de Liam no final de semana, pra conhecer o "novo" ninho de amor do casal, onde fui informada que se casariam oficialmente no próximo mês. 

— Quem sabe você pega meu buquê, Louis. —Liam tentou me animar. Ele me conhecia bem para saber que eu não estava nada bem. 

— Quem sabe. — concordei, desanimado.

— Tem uns caras bacanas do Jiu-Jitsu que talvez você goste. Se quiser, posso te apresentar a algum deles. — Zayn ofereceu. Liam contou a ele que eu estava apaixonado, para explicar as minhas ações tão atípicas nos últimos dias. Mas é claro que ele não contou a ele que Harry não morava naquele mesmo século. Zayn pensava que eu tinha tomado um belo pé na bunda. 

— Não, não. Valeu pela oferta, mas não, obrigado! 

Zayn foi até a cozinha pegar os pratos para comermos a pizza. Ele ajudava Liam em tudo, fiquei surpreso.

— Ele começa a trabalhar nesta segunda. — ele me confidenciou, orgulhoso.

 — Isso eu tenho que ver! Quem foi o maluco que deu emprego pra ele? 

— Foi o Zezão. O Zayn vai ser personal na academia dele. 

— O salário até que é razoável e ele pode acabar conseguindo uns por fora! — sorriu entusiasmado. 

— Bacana! Fiquei fora alguns dias e o Zayn está trabalhando, casando... e eu não estou trabalhando. O mundo tá mesmo de pernas pro ar! — tentei brincar, mas não me sentia muito animado.

 Liam notou isso.

 —Ah! Louis! — ele lançou seus braços ao meu redor e me apertou firme. — Não podia se apaixonar por alguém mais acessível? — disse, meio brincando, meio lamentando.

 — Não tive escolha, Liam. Não sei como viver sem ele. Tenho que encontrá-la a qualquer custo. Eu tenho que encontrar a tal mulher! E muito rápido. — A cada dia, ficava mais insuportável respirar.

— Humm. — ele resmungou. — E nós vamos encontrá-la. Vamos procurar em cada canto do planeta. Você não vai passar o resto da vida sofrendo assim! — afirmou convicto.

 — Valeu, Liam!— eu me apertei mais contra ele. — Eu te adoro.

 Voltei para casa tarde da noite e, dessa vez, sóbrio.


Notas Finais


Gente desculpa a demora e que minha vida ta super corrida mas vou tentar terminar logo e começar a corrigir pra poder começar o próximo livro...


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