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História Perdido L.S - Seven


Escrita por: brunah179

Capítulo 7 - Seven


 

 

Voltamos para a casa e tentei memorizar o caminho pelos corredores da mansão — para o caso de precisar da casinha com certa urgência.

 A casa era bonita, antiga e imponente. De fora, ocupava todo o campo de visão. Do lado de dentro, cada parede com um quadro ou cada móvel tão bem trabalhado prendia minha atenção.

Harry foi se limpar para o jantar e imaginei que isso significasse tomar banho. Então, não fui com ele. Fiquei na sala, observando sua rica decoração estilo vitoriano — quem imaginava que eu fosse conhecê-la em seus primórdios? — tentando memorizar cada padrão da madeira escura da mesa no canto da sala, cada linha do tecido estampado e grosso do sofá com braços de madeira, cada detalhe das cortinas pesadas e encorpadas das janelas. Queria me lembrar de tudo quando eu voltasse pra casa. O que aconteceria em breve — eu esperava.

 Eu queria tomar um banho também e me livrar daquela roupa quente que começava a pinicar minha pele. O problema é que eu não queria meter Harry em confusão. Talvez, depois do jantar, eu pudesse me trancar no quarto e, finalmente, meditar sobre aquele dia confuso. Foi nesse momento que Teodora entrou na sala, usando um vestido verde claro, justo no tronco e bufante na saia.

— Senhor Louis, — disse ela, com muito entusiasmo, um pouco exagerado até. — Como está se sentindo esta noite?

 Eu tinha falado com a garota há apenas uma hora atrás, por que ela agia como se não me visse há uma semana? 

— Eu tô legal. E você, como vai? — também entrei na brincadeira. 

— Muito feliz em revê-lo. — ela sorriu afetada. 

Oh-oh!

 Sabe quando você está na cadeira do dentista com a boca toda inchada e não aguenta mais de dor por culpa de um dente inflamado e, depois de examinar, seu dentista diz com uma careta: “É canal. Mas não se preocupe. Não vai doer nadinha!” e você instantaneamente sabe que o nadinha vai ser terrível, cruel e insuportavelmente doloroso? Foi exatamente assim que me senti quando Teodora sorriu pra mim.

 — Você parece estar bem melhor. Creio que o passeio pela casa na companhia do Senhor Styles lhe fez muito bem. 

 — Ele mostrou toda a propriedade? — ela continuou. — Deve tê-lo impressionado. É uma das mais belas da vizinhança. A família Styles tem muito prestigio senhor Louis. Até o duque de Bragança os visita com frequência.

 Tentei responder a ela que sim, eu tinha gostado da casa. E duque de que? Mas ela não me deu chance. Apenas continuou com seu monólogo.

 — Apesar de não ter título de nobreza, o Senhor Styles é um dos homens mais respeitados de nossa sociedade. Quando seu falecido pai os deixou, há três invernos, o Senhor Harry Styles assumiu todos os deveres que lhe foram deixados. Inclusive como tutor de Gemma, que ainda era muito jovem. Ah! Minha querida Gemma! Ela é mesmo uma jovem encantadora, não acha senhor Louis? 

— Eu... 

— E ela tem tantos admiradores, mas o Senhor Styles os mantém à distância. Quer esperar até que ela atinja a maioridade para poder receber seus pretendentes. Ele é um irmão muito cuidadoso! Existem muitos espertalhões farristas que pretendem fazer fortuna através de bons casamentos. — uma de suas sobrancelhas arqueou sugestivamente. 

Eu entendi mal ou ela sugeriu que eu estava atrás de uma esposa rica? E que essa esposa seria Gemma?

 — Mas o Senhor Styles é muito prudente. Claro que é capaz de notar as más intenções em pessoas de má índole. — continuou.

 A garota estava começando a me dar nos nervos!

 Agora já deu!

 — Escuta aqui, ô coisinha...

 — Senhor Louis, estava à sua procura. — Gemma entrou na sala, me impedindo de dizer uma ou duas coisas para aquela garota venenosa, — Como está se sentindo?

 Bem as pessoas do século dezenove só sabiam perguntar isso? 

Respirei fundo para me acalmar. Aquela ruiva sardenta e sem graça realmente me tirou do sério. E eu já estava no limite! 

— Espero que esteja com fome, o jantar já será servido. Vamos apenas esperar por Harry. 

— Claro. — respondi. Então ela podia chamá-lo pelo primeiro nome.

 Claro, estúpido, eles são irmãos!

 — Gostaria de tomar um licor de ameixa, senhor Louis? — perguntou a menina 

— Não, obrigado, Gemma. — notei com certo espanto que ainda não havia comido nada desde que acordara. Tudo que ingeri foi o vinho que Harry me serviu. Percebi que estava faminto. — Talvez depois do jantar. 

— Depois, então. 

— Boa noite, senhoritas,  e senhor Louis. — saudou Harry ao entrar na sala. Vestido com um casaco preto e calças cinza, camisa, colete, gravata, as mesmas botas que usou durante o dia e os cabelos escuros ainda úmidos, ele parecia um daqueles príncipes de contos de fadas.

Seria muito fácil para ele arrumar uma esposa, pensei. Lindo, bem humorado, atencioso, gentil, um sorriso de tirar o fôlego... Que pessoa não se interessaria? Quer dizer, que pessoa daquele século não se interessaria? Ele não fazia meu tipo.

 — Boa noite. — disseram juntas Elisa e Teodora, ao mesmo tempo em que eu disse:

 — Oi!

 Gemma e Harry sorriram Teodora, não.

 Mas que cabrinha intragável! Falava pelos cotovelos, tirava conclusões precipitadas, fazia fofoca da vida dos amigos — apesar de, aparentemente, ter a intenção de ser mais que isso — e ainda ficava de cara amarrada. Definitivamente, meu santo não deu com o dela!

 —Vamos jantar? Estou faminto, o dia de hoje foi um pouco longo. — disse Harry, apressadamente.

 Fiquei incomodado por ele ter dito aquilo. Não que eu quisesse que minha presença o deixasse saltitante — eu não queria! —, mas também não queria causar transtornos. Causar mais transtornos. 

— Ele acabou de chegar de viagem, senhor Louis. — me explicou Gemma. Talvez tenha notado meu desconforto. — Uma viagem de muitos quilômetros. Você saiu da fazenda Esperança ontem à noite, Harry? — ela perguntou ao irmão.

 — Durante a madrugada. Cavalguei sem parar até chegar aqui. — Harry me encarou. — Sem contar, é claro, o resgate do senhor Louis. Foi a única vez que desci do cavalo. Estou muito cansado. — um sorriso torto surgiu em seu rosto.

 Eu desviei os olhos, envergonhado. Quando Harry me encontrou naquela manhã, eu estava bastante incoerente. E pensei que talvez ainda pudesse estar, pra dizer a verdade. 

— Então, vamos, o cheiro que vem da cozinha está me deixando louco! — ele disse, esticando o braço para que fossemos na frente.

Gostei da sua última sentença. Desde que cheguei ali, foi a primeira que ouvi que facilmente poderia ser ouvida em meu mundo.

 — Vamos. — concordei e segui as garotas com Harry na minha cola. 

Ao chegarmos à sala de jantar, dei de cara com uma mesa gigante. Contei doze cadeiras. Eles deviam receber muitos convidados.

Sentei-me na cadeira ao lado de Gemma, Harry na ponta e Teodora, claro, do outro lado. Fiquei surpreso ao ver que os pratos eram mesmo pratos de porcelana. Não sei bem o que esperava, eu não tinha ideia do que já havia sido inventado em 1830. De repente, os pratos poderiam ser feitos de pedra e os copos de osso... Mas, aparentemente, o aparelho de jantar e os talheres já faziam parte da civilização naquele ano. Um grande castiçal sobre a mesa iluminava o ambiente com a ajuda de mais dois menores sobre o aparador.

 Então, dois empregados que eu não conhecia ainda começaram a trazer as bandejas de comida. O cheiro delicioso me atingiu como um soco. Meu estômago se empertigou a visão de tanta fartura. Reconheci a tigela com sopa e a travessa de batatas. Havia um tipo de carne assada, mas não pude identificar de qual espécie era. Decidi que era da espécie carne e que eu estava faminto o bastante para comer qualquer coisa que fosse.

 Os empregados nos serviram exatamente como garçons de restaurante, e me atirei na comida assim que meu prato foi colocado diante de mim. Quando o calor da sopa atingiu meu estômago, pensei que iria chorar. Tudo absolutamente delicioso, fosse o que fosse. Assim que aplaquei um pouco a fome, um pouco, eu ainda estava faminto —, pude prestar atenção aos outros. Não havia notado que eu tinha uma pequena plateia me observando. Incluindo os dois empregados. 

— O que foi? — perguntei depois de engolir a comida. Eu sabia me portar à mesa. Não estava agindo como um selvagem nem nada disso. O que eles tanto olhavam? Levei o guardanapo de linho à boca para me certificar que não tinha nada espalhado em meu rosto.

 — Que apetite o senhor tem! — Teodora observou um sorriso irônico nos lábios finos. 

— Eu tô varado de fome! Não comi nada o dia todo. Perdoem-me se me portei mal, mas é que está tudo tão gostoso! — Eu disse, colocando outra batata na boca.

 Os irmãos riram. 

— Nunca vi tal coisa! — exclamou Teodora. Um risinho estridente escapou de seus lábios.

 — Eu acho divertido. — disse Gemma. — Como pode comer tanto e ser tão magro? 

— Comer feito um louco não é divertido, Gemma. É bizarro. Olhe para isso! — Teodora apontou para meu prato.

 Engoli minha comida, tomei um gole de água. 

— Acho que você nunca trabalhou na vida, Teodora. — respondi secamente.

 — Trabalhar, eu? — o espanto em seu rosto não me surpreendeu. 

— Se tivesse trabalhado, saberia que é difícil se manter em pé apenas provando a comida. Eu trabalho muito, das oito às seis, durante todos os dias da semana. Muitas vezes, deixo de almoçar para dar conta de toda papelada empilhada na minha mesa. Então, quando tenho a oportunidade de comer, e ainda mais uma comida tão boa quanto esta, eu como! — terminei, pegando um pouco mais da carne assada. Talvez fosse carneiro assado.

O choque em seu rosto foi hilário.

— Você trabalha? — indagou Gemma impressionada. 

— Sim. Num escritório financeiro, cursei administração de empresas. Não era bem o que eu queria fazer, mas às vezes a vida sai um pouco de controle e só resta seguir o fluxo. — mordi outra batata. — Fiz estágio nessa empresa enquanto ainda estava na faculdade. Acabou que gostaram do meu trabalho e me contrataram. O salário não é extraordinário, mas eu tenho um plano!— me livrar do pesadelo chamado Carlos e meu salário aumentar consideravelmente. Era um ótimo plano!

- Eu estava no terceiro período de marketing quando meus pais se acidentaram. Precisei repensar minha vida depois disso. Tinha que me virar sozinho, pois dali em diante estava por conta própria. Resolvi botar os pés no chão e fazer algo que tivesse mais mercado. Estudei muito para me tornar um dos melhores alunos do curso de administração. A sala ficou silenciosa. Engoli minha comida.

 — Você foi à faculdade? — perguntou Harry, a voz baixa e levemente rouca.

 — Sim, Harry. — os empregados se entreolharam, depois voltaram às suas posições, tipo guarda da rainha.

 — Por cinco longos anos. Só eu sabia como foi difícil concluir meu curso, pagar por ele com a renda tão baixa. Meus pais foram pais maravilhosos, mas não tinham muito pra me deixar. Com exceção das lembranças doces, uma pequena poupança e o carro o seguro dele, já que tinha sido destruído — foi tudo que me restou. O estágio acabou salvando meu último ano, ou eu teria que ter trancado o curso e, talvez, nunca tivesse concluído - Harry pareceu muito impressionado.

 — Mas não são todos que podem ir a faculdade, apenas alguns burgueses e nobres. — Teodora disse, de forma desdenhosa.

 — Não? — perguntei a Harry. 

Ele sacudiu a cabeça lentamente, os olhos intensos cravados nos meus.

 — Há apenas algumas faculdades no país, e a mais próxima fica na cidade. Faz apenas três anos que foi inaugurada.

 — Bem, não vai demorar para que todos possam ir. Você ainda vai ouvir falar sobre isso. — respondi friamente para Teodora.

 Harry ainda me observava atentamente. De repente eu não tinha mais fome. Continuei a encará-lo, até que Madalena entrou na sala perguntando se poderia trazer mais alguma coisa.

 — Está tudo perfeito Senhora Madalena. Creio que possa nos trazer a sobremesa daqui a pouco. — Gemma disse, mostrando as covinhas.

 — Foi você quem fez este jantar? — perguntei.

 — Sim, senhor. Estava a seu gosto? — seu rosto redondo ficou tenso. 

— Madalena, você é um gênio da culinária! Estava tudo espetacular! Poderia ganhar um dinheirão abrindo um restaurante! — nunca comi nada mais saboroso na vida. Se bem que qualquer coisa era mais saborosa que a comida congelada que eu estava habituado.

 Ela corou um pouco e, sorrindo, claramente embaraçada, me disse:

 — É muita bondade sua senhor. — deu aquela abaixadinha inclinando a cabeça e deixou a sala.

 — A Senhora Madalena adora quando algum convidado elogia sua comida. Aposto que ela veio aqui apenas para saber se o jantar lhe agradou. — disse-me Gemma.

 Fomos até a sala de jogos depois do jantar uma mesa redonda e antiga — que, para a época era novinha, claro —, com cartas de baralho e dominó espalhados sobre ela, foi ocupada pelos três. Teodora queria jogar, mas eu estava tão cansado que recusei. Esperei que um deles se retirasse primeiro dizendo que já estava tarde. Harry já havia reclamado do cansaço. Eu não queria ser mal educado nem nada, mas como ninguém parecia querer dormir tão cedo, perguntei se eu poderia me retirar. Recebi os “boa noite” de todos e fui para o quarto. 

Entretanto, alguns minutos depois voltei apressadamente para a sala, na esperança de que Harry ainda estivesse por lá. E, graças aos Céus, ele ainda estava. 

— Algum problema, senhor Louis? Pensei que estivesse dormindo. — ele se levantou imediatamente e veio ao meu encontro. O rosto um pouco aflito.

 — Estávamos agora mesmo falando de sua pessoa, senhor Louis. — disse Teodora.

 — Eu estou indo dormir, Harry— respondi a ele, ignorando Teodora. Imaginei que debateriam sobre o assunto, que discutiriam sobre mim, mas pensei que não perguntar sobre o que falavam deixaria Teodora mais frustrada do que acabar sendo grosseiro com ela. — Mas eu queria tomar um banho primeiro. Esta roupa é muito quente! Eu encontrei a banheira que você mencionou, o que eu não encontrei foi a água!

 Ele sorriu, assim como eu sabia que faria. Não me senti ofendido por ele achar graça dos meus problemas. Se a situação fosse inversa, eu faria exatamente o mesmo.

 — É preciso levar a água até lá, senhor. — ele explicou, o rosto divertido. 

— Louis. — o corrigi. — E onde eu pego?

 — Pedirei aos criados para que preparem seu banho. Voltarei logo. — ele se curvou ligeiramente e saiu.

 Fiquei ali, parado, admirando as duas moças, sentadas tão eretas e elegantes. Só podia ser por causa do espartilho. Não dava pra se afundar no sofá usando um, eu tinha certeza disso. Ouvi o tagarelar incessante de Teodora. Ela não deu a menor chance para Gemma expressar suas opiniões sobre as fitas dos chapéus.

 Pouco depois, Harry retornou dizendo que meu banho já estava sendo providenciado. Eu agradeci sua ajuda e me apressei em voltar para o quarto. Encontrei Madalena testando a temperatura da água. Ela me disse que arrumaria a bagunça pela manhã, já que eu parecia acabado e devia estar querendo cair na cama. Claro que ela não usou exatamente estas palavras, mas o significado foi mais ou menos esse. 

Fechei a porta e entrei na banheira. Levei minha cueca box comigo. Eu só tinha uma. Apenas uma cueca! Depois de me deleitar na água quente por alguns minutos, alcancei alguns objetos aos quais eu ainda não havia sido apresentado. Identifiquei o sabonete. Na verdade, o cheiro dele lembrava azeite de oliva, e a cor escura e lamacenta lembrava sabão em barra para lavar roupas. Apesar de sentir um leve ressecamento na pele, funcionou até que bem. Não molhei os cabelos. Já os tinha lavado pela manhã e não tinha certeza se o conteúdo do vidro âmbar sobre o pequeno aparador era mesmo xampu. 

Após uns dez minutos, a água começou a esfriar e fui obrigada a sair. Alcancei o pano bege e me sequei. Devia ser uma toalha, porque era bem grosso, áspero e duro. E, pra dizer a verdade, não secava muito bem.

 Espremi minha cueca entre as mãos, dei umas sacudidas e a pendurei no encosto de uma das cadeiras da mesa, na esperança que secasse até a manhã seguinte, e me vi frente a um dilema. Eu não tinha roupas para vestir. Pela primeira vez na vida, essa máxima era real! Meditei um pouco e concluí que dormir sem roupa alguma não era boa ideia naquela época medieval! Então, vesti minha regata.

 Após escovar meus dentes e dar uma arrumada na bagunça, me lembrei da caixinha do celular. Eu a peguei avidamente, à procura de alguma coisa no manual do usuário, só para me frustrar logo em seguida, O pequeno manual não tinha sequer uma Única letra impressa em suas centenas de páginas, todas estavam em branco. 

Fui pra cama exausto, não apenas por estar me recuperando de uma ressaca física, mas também começava a sentir os efeitos da ressaca mental.

 Eu estava mesmo em 1830, no século dezenove, na casa de um cara estranhamente gentil, sem absolutamente nada que pudesse me ajudar a voltar para minha casa. Nada exceto a conversa ao telefone com a vendedora Tentei repassar mentalmente toda a conversa, procurando por pistas, por alguma dica, qualquer coisa que pudesse me ajudar a voltar para casa. Você esta exatamente onde deveria estar, ela disse. Só que eu não deveria estar ali! Eu deveria estai no meu apartamento, cheio de coisas úteis como banheiro, xampu e toalhas macias. Por que eu deveria estar no século dezenove? Não me lembrava de nenhum fato ou acontecimento importante em 1830 que fizesse uma maluca enviar um garoto inocente para lá, apenas para procurar alguma coisa.

 Está na hora de começar a crer que existem mais coisas no universo além das que os seus olhos podem ver.

 sua voz ecoou em minha cabeça.Isso era meio verdade. Pelo menos até aquela manhã eu não acreditava nas baboseiras de magia ou destino ou sorte. Mas o que tinha de errado em se viver no mundo real? Nem todo mundo queria viver um faz de conta. Não mesmo! Não eu!

Conheço cada segredo de sua alma. Por isso precisei intervir.

 De fato, ela realmente parecia saber o que eu estava pensando, como na parte em que pensei que ela tivesse falado com o Liam e ela respondeu “não” antes mesmo que eu concluísse o pensamento. Mas se isso fosse verdade — conhecer os segredos da minha alma —, mesmo que isso fosse possível, como é que ser enviada para 1830 me ajudaria? Claro que eu era fascinada por romances dessa época! No entanto, gostar de um livro era muito diferente de querer viver a experiência pessoalmente. Imensamente diferente! Então, se meus romances, minha única ligação com o passado, minha resposta estaria aí? Os livros seriam minha resposta? Mas qual? 

Você não voltará até que encontre o que procura. Terá que completar sua jornada. Mas terá que ficar aí até que a complete. Você não está sozinha, acredite!

 Certo! Encontrar o que eu procurava, mesmo que eu não tivesse a menor ideia do que fosse. Mas seja lá o que fosse essa coisa, sabia que ela seria a minha passagem de volta. E se o que eu procurava tinha alguma relação com livros, então... 

Argh!

 Eu não conseguia fazer a associação. Completar minha jornada seria encontrar o que procurava. Seria de muita ajuda se eu descobrisse exatamente o que procurar! Resolvi que tinha que começar por aí. Descobrindo o que seria a tal coisa. Uma parte resolvida! Entretanto, subitamente minha mente tomou outra direção.

 Você não está sozinho.

 Eu não estava sozinho?

 Eu... Não... Estou.. Sozinho...?

 Eu não estou sozinho!!!

 Ah! Meu Deus! Tinha mais alguém perdido ali! Mais alguém que aquela mulher maluca tinha resolvido ajudar. Tão perdido quanto eu estava! Então, como o clarão daquele maldito celular, minha cabeça se iluminou e juntei algumas coisas. Tinha mais alguém ali. Se eu encontrasse essa pessoa, talvez juntas pudéssemos descobrir alguma coisa, alguma pista ou engambelar aquela bruxa e sair daquela confusão mais depressa! Poderíamos voltar pra casa mais rápido! 

Isso!!!

 Eu precisava encontrar essa pessoa, descobrir quem ela era e o que sabia. Não seria tão difícil, contudo, se ele ou ela estivesse tendo as mesmas dificuldades que eu. Eu precisava encontrar a outra vítima e, assim que voltássemos para casa, eu denunciaria a vendedora bruxa às autoridades por vodu. Ela não iria brincar com a vida de mais ninguém! Foi a última coisa que pensei antes de adormecer naquela cama dura, com as velas ainda acesas.

Algum erro avisem por favor!!



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