História Perfect - Explanations

  Aí meu Deus, ele está me beijando, aí meu Deus o que eu faço?!

Ele se afasta corado, e eu devo estar também, porque sinto meu rosto em chamas.. O que eu falo? estamos naquele momento constrangedor em que desviamos o olhar e ninguém fala nada.

Eu fiz menção de falar mas nada saiu, então fechei a boca, ele repetiu o processo, mas diferente de mim conseguiu falar.

- D-Desculpa, eu ia beijar sua bochecha mas você se virou- ele falou extremamente constrangido (que fofoooo)

- Ah, tudo bem, sem problemas- eu estava constrangida mas não posso negar que queria que fosse mais que um selinho.... O que?! Mariana no que você está pensando? Vocês são apenas amigos! a m i g o s

- Bom, eu vou indo, obrigado pelos doces, a noite foi divertida, até mais- ele abana rápido e vai em direção ao carro.

-Tchau- me despeço e volto para meu apartamento.

Enquanto abria a porta Anne saiu de seu apartamento e veio em minha direção.

- Seu namorado veio visitar?- ela perguntou com um sorrisinho e eu corei

- Aquele não é meu namorado, somos amigos!- abanei as mão desesperada.

-Amigos na minha época não se beijavam- ela riu dá minha cara de espanto

- Aquilo foi sem querer dona Anne!- falei envergonhada

- Sei... isso tá me cheirando a namoro, ouvi as risadas de vocês... Vocês me lembram eu e meu falecido marido na juventude- ela soltou um riso melancólico- ele te faz bem minha filha, sendo amigo ou namorado, tanto faz, vocês ficam fofos juntos.

- Obrigada dona Anne, mas no momento ele só pode ser meu amigo, não estou pronta para um relacionamento- Não agora, pensei.

- O Amor não espera para bater na porta minha filha, não existe tempo certo para essas coisas.- ela sorriu e voltou para sua porta. fiquei refletindo sobre o que ela falou, em seguida a olhei com um sorriso fraco.

-Você deve ter razão, vou tentar não tornar isso em "Amor" então, até porque Ed merece algo melhor...- foi minha vez de rir melancolicamente e entrar para meu apartamento.

Você deve estar se perguntando, " por que ela não é boa o suficiente?", "por que não merece ele?", "por que dizer não para o amor?"... Bom senta que lá vem história...

Quando eu era mais nova, em torno dos 17 anos, eu morava no Brasil e tinha muitos amigos. Saíamos toda sexta para beber e nos divertir. Em uma sexta como essas, estávamos em uma praça, sentados e tocando violão, eu estava cantando e meu amigo tocando, De repente minha amiga que estava do meu lado se afasta e um rapaz senta no seu lugar. Eu não dei bola e continuei cantando, depois que terminamos aplaudimos e rimos bastante. O rapaz que estava do meu lado me comprimentou e se apresentou para nós, ele era lindo, meu coração bobo de adolescente se apaixonou na hora. Logo a presença dele nas sextas se fez presente, eu estava realmente apaixonada e ele aparentemente correspondia. Então ele me chamou para sair e me pediu em namoro. Foi um romance do tipo que aparece em novela, tivemos desentendimentos mas tudo era resolvido com beijinhos e "eu te amo". O amor pode moldar as pessoas, e era o que ele estava fazendo comigo, ele começou a questionar minhas saídas às sextas, eu não questionei, logo eu não saía mais com meus amigos. Ele começou a sempre querer saber onde eu andava, com quem, quando voltava, por que tinha saído, e outras perguntas que eu nem lia para não responder. Comecei a me desgastar mas ele não parecia se importar, eu estava infeliz e ele começou a me cobrar algo que eu estava guardando para o cara certo. Sim, ele queria sexo, era isso e somente isso desde o início. Eu neguei, disse que não queria e que se ele me amasse tinha que esperar meu tempo, bom, na maioria dos casos o namorado fica frustrado mas aceita certo? Mas infelizmente meu namorado querido não aceitou bem, ele me deu um soco que me fez cair metros para frente. Eu fiquei realmente chocada, disse para ele ir embora mas ele não me obedeceu, começou a tirar minha roupa a força e me marcar em cada parte do corpo, eu entrei em desespero, não podia ser estuprada, não, aquilo não estava acontecendo. Eu me debatia tanto, e apanhava tanto em troca, que acho que a vizinha ouviu e mandou o filho, que era meu amigo, ver se tava tudo bem.

Quando o John ( o namorado no caso) estava quase... você sabe... Luís abriu a porta e partiu pra cima dele, eles começaram a brigar e eu a chorar. Quando a polícia chegou- acho que a mãe do Luís chamou- Levaram ele e a ambulância me levou.

Mais uma vez eu estava no hospital, lá eu me sentia segura mas dessa vez não era assim, eu me sentia exposta, parecia que todos me encaravam me acusando de puta ou vadia. Tanto faz... Na escola meus amigos começaram a me ignorar, eu perguntei por que e eles disseram que eu tinha transado com John e acusado de estupro. Bom, não sei se alguém espalhou isso, não sei se o próprio não espalhou para me prejudicar, no fim todos sabiam a mentira e eu fiquei sozinha. Como minha cidade era pequena, todos sabiam de todos os boatos que aconteciam, então logo eu era encarada por todos. Meus pais ficaram desconfortáveis mas não falaram nada para mim, não contei nada pra eles mas eles acreditaram quando eu disse que era mentira. Só fui contar a historia mais tarde, meu pai ficou transtornado mas nada pode fazer.

Por isso vim para Londres, para quem sabe recomeçar onde ninguém me conhece. Ed não pode saber disso, nem Gus, nem Emy, senão vou ficar sozinha de novo.

Me lembrar disso me faz chorar, chorar me faz querer chocolate, chocolate me faz querer ver um filme de romance e romance me faz chorar. No fim fiquei chorando e comendo chocolate até a hora de dormir.

Quando fui me deitar vi uma mensagem no celular.

"Mari, eu gostei muito de hoje, quando falei que você tinha melhorado meu dia não estava brincando, realmente foi um dia difícil... Você fez eu soltar meu primeiro sorriso no dia e nem precisou falar. Gosto muito dá sua companhia, obrigado por ser minha amiga, espero que continuemos nos falando. Em relação ao beijo, foi um selinho por acidente mas não vou negar que fiquei feliz. Foi bom, e me desculpe por falar isso. Não posso mentir a final... Tenha uma boa noite e cuide bem desse braço, espero que melhore. Beijos, Ed"

Um sorriso bobo se fez no meu rosto mas logo desmanchei e transformei em uma cara triste ao lembrar do meu lema "Não se apaixone". .