1. Spirit Fanfics >
  2. Perfect Love >
  3. Prima speciale: Noi.

História Perfect Love - Prima speciale: Noi.


Escrita por: ChoMinnie

Notas do Autor


Voltei babys.
Então... Esse primeiro especial vai ser dividido, ele ficou maior do que eu esperava e por ter sido escrito semanas atrás, eu acabei nem me tocando da quantidade de palavras. Só notei hoje.

Posso dar um pequeno aviso?
Muitas coisas aconteceram nos últimos dias...

Eu perdi o capítulo de uma fic, perdi toda a Jinhongseok que tinha escrito e tive que reescrever tudo. Depois de muito tentar, acabei desistindo dela por enquanto e fazendo uma nova fic. Nesse período que fiquei longe de vocês minha avó materna faleceu e eu ainda estou me adaptando a essa perda.
Espero que entendam.

Fanfic de minha autoria, plágio é crime.
Capítulo não betado e sujeito a mudanças para correção de erros.

Boa Leitura.

Capítulo 5 - Prima speciale: Noi.


Oi de novo, eu realmente acreditei que você não voltaria até aqui, mas pelo visto me enganei não é? Hoje vou te contar uma história diferente, de um amor inocente e fincado nas raízes de uma convivência sem maiores danos.

Espero que goste…

 

O sol brilhava naquela bela manhã de terça, porque para Jung Wooseok a semana só começava naquele dia, e todos os alunos adentravam os portões da escola com sorrisos no rosto. Ele queria entender como aquela alegria matinal funcionava, como as pessoas conseguiam ser tão espontâneas e felizes antes das dez. Ele ergueu uma sobrancelha ao ver, do outro lado do pátio, Hwitaek e Hyunggu conversando animadamente. Ele sabia que o Lee não estava mais na escola e que só aparecia ali nas sextas para conversar com Changgu ou Hyojong – estudantes do ensino avançado e praticamente universitários –, Hyunggu era carta nova no baralho.

Aluno transferido e completamente bagunceiro, o Kang chamou a atenção de todos ao seu redor.

E isso incluía o próprio Jung.

Ele achava engraçada a forma como Kang Hyunggu conseguia sorrir e ser simpático com todos, como sua voz era melodiosa e ao mesmo tempo irritante.

Wooseok sentou-se no local de sempre, na arquibancada da quadra de esportes, retirou os fones da mochila e colocou a primeira playlist para tocar. Viu quando Changgu e Hwitaek conversaram rapidamente e em seguida o mais velho saiu, ele era uma incógnita. De péssimo aluno para o melhor da escola em menos de um ano, o histórico escolar ficara tão invejável que não era de causar admiração saber que ele estava na universidade. E nem era de se estranhar que ele agora fosse um exemplo a ser seguido. Wooseok estava saindo do ensino fundamental quando o nome do mais velho começou a circular pela escola, as pessoas falavam da pontuação absurda no vestibular e de como ele estava completamente mudado.

Bobagem, era só isso que Wooseok conseguia enxergar. Um monte de jobagem que as pessoas engrandeciam como sendo milagrosas.

As aulas daquele dia se iniciariam mais cedo, ordens do diretor. Ao que tudo indicava haviam mais alunos novatos do que veteranos e isso incomodava o Jung, ele nunca ficava na sala de seus antigos colegas. Sempre tinha o maldito azar de ficar nas salas com novatos, todo ano a história se repetia e por isso ele parou de procurar amizades. Não era de se admirar que no auge do seu segundo ano do ensino médio, Wooseok fosse mais deslocado que ervilha em pote de milho verde.

Uma péssima analogia por sinal, mas acho que deu para entender.

Os dias voaram rapidamente e, como o esperado, Wooseok quase não era notado em sua sala. Hyunggu – que era de sua idade – estava na sala ao lado e pelo que algumas más línguas haviam espalhado, ele era bastante popular. Isso importava? Claro que não, mas ele queria ser uma pessoa informada.

E mesmo que não quisesse ele sempre escutaria uma nova fofoca, porque sim, as notícias se espalhavam por toda a instituição como formigas se espalham depois que você as assopra.

Wooseok observava a vista pela janela quando sua aula foi interrompida, ele encarou o rosto sorridente de Jo Jinho – ex-estudante daquela escola – e acabou sorrindo também. O mais velho não era uma pessoa ruim, só tinha a mania de se meter na vida dos outros como se fossem responsabilidade dele. Jinho estava ali para informar – novamente – que a escola abriria vagas para aulas extras, estas abririam portas para a antecipação da sua entrada na universidade. Aquilo chamou a atenção do Jung, alguns alunos pareciam realmente interessados enquanto outros ignoravam o que lhes era dito.

Quando o sinal tocou, Wooseok caminhou até o Jo e pediu por mais informações. Ele tivera pouco contato com o mais baixo, mas sabia que ele tinha um bom coração. Por esse motivo seguira os conselhos dele e se afastara de Kim Hyojong – por mais que ainda fossem bem próximos –, caso contrário seria expulso por quebrar o braço de alguém.

Ou pior do que isso, levando em consideração sua força e tamanho, quebrar é pouco.

– Hyung.

– Sim? – virou-se ao ouvir o chamado. – Ah, Wooseok, tudo bem?

– Sim. – sorriu levemente. – Eu queria saber mais sobre essas aulas.

– Que bom que se interessou. – sorriu. – Poucas pessoas da sua idade realmente se importam com o futuro, muitos acham que as decisões só precisam ocorrer ano que vem.

Riram.

– Sua turma tem poucos alunos matriculados. – verificou as folhas. – Para ser sincero, fora você só temos Kang Hyunggu da sala C e Adachi Yuto da sala A.

Quem?

– Adachi Yuto?

– O garoto japonês. – disse vendo o menino fazer uma expressão confusa. – Alto, com uma expressão fria, estuda aqui há quase três anos… Você não o conhece?

– Não?

Jinho riu enquanto balançava a cabeça negativamente, não acreditava que alguém como Wooseok conseguia ser tão cego às vezes. Não enxergar Yuto era a mesma coisa que não notar a altura do Jung, o desprendimento social de Hyunggu e a fama de baderneiro que Hyojong tinha. Sentiu o celular vibrar no bolso e o retirou, o nome de Hongseok brilhou na tela e ele sorriu de canto. Wooseok ergueu uma sobrancelha ao ver o nome de seu hyung, ele sabia que ali havia muito mais que amizade e torcia para que os dois fossem felizes. Jinho e Hongseok se conheciam há tanto tempo, eram tão amigos que foi quase automático nascer algo mais. Wooseok sempre notou os olhares e achava fofo da parte dos mais velhos não demonstrar nada em público, quem os visse juraria que eram apenas bons amigos.

– Preciso ir.

– Ok. – colocou as mãos nos bolsos. – Diz ao Hongseok hyung que mandei um oi.

Jinho assentiu e saiu correndo, Wooseok seguiu para o refeitório de maneira lenta. Sabia que metade daqueles animais que o diretor insistia em chamar de alunos estava na cantina, matando ou esquartejando a primeira pessoa que aparecesse apenas para conseguir um pouco daquela comida horrorosa.

Wooseok não comia na escola, ele não tinha estômago para a comida da senhora Bae. A mulher nunca parecia disposta a fazer uma comida descente ou comestível, então o rapaz simplesmente procurava uma mesa para sentar e ouvir sua música em paz. O Jung estava tão distraído que não notou por onde andava e acabou esbarrando em alguém, praguejou baixinho ao ver a mancha de suco em sua blusa e o sanduíche espalhado pelo chão.

Gomennasai¹. – a voz grave atingiu o Jung como um soco. – E-Eu… Gomennasai.

– Calma, calma! – segurou as mãos que tentavam limpar sua blusa. – Primeiro: não precisa se preocupar, eu tenho outra farda. Segundo: eu não entendi o que você disse, mas acho que você está pedindo desculpas. – começou vendo o outro assentir. – Terceiro e último: seu sanduíche já era…

– Eu posso comprar outro.

– A culpa foi minha. – sorriu levemente enquanto erguia o olhar. – Me chamo Wooseok, Jung Wooseok.

– Adachi Yuto. – fez uma pequena reverência. – Sinto muito.

Yuto tinha sotaque, quase imperceptível, mas existia. O Jung achou aquilo adorável, mas não comentou nada. Caminhou até o amontoado de pessoas e empurrou alguns colegas, a cozinheira o avistou e ergueu uma sobrancelha. Perguntou o que o mais novo queria e ele apenas pediu um sanduíche com um copo de suco, ela assentiu e rapidamente providenciou o que o rapaz queria. Alguns alunos reclamaram, mas foram calados com apenas um olhar. Wooseok era conhecido por ter sido o parceiro de brigas de Hyojong, um aluno mais velho, mas ainda assim perigoso.

Quer dizer, de fama perigosa.

A verdade era que sem Wooseok, Hyojong apanhava mais que saco de areia.

Não que o Jung fosse o melhor exemplo de lutador, mas digamos que ele sabia onde e como acertar alguém. Por isso, em algumas brigas, ele saía ganhando.

O Jung agradeceu a mulher e esticou o dinheiro na direção dela, ela negou e disse que o lanche já estava pago. O rapaz fez uma expressão confusa e ela murmurou o nome de um dos valentões do último ano que apanhara feio para Wooseok no final do ano anterior, o rapaz tinha a mania de entrar na cozinha para dar um jeito de estragar todas as comidas feitas pela mais velha.

O que não era difícil.

Uma pitada a mais de sal ou pimenta e pronto, gororoba estragada.

O mais alto aproximou-se do japonês e estendeu o lanche, o rapaz sorriu de canto e agradeceu. Mas ainda parecia incomodado com a mancha na farda alheia, notando o olhar nervoso do outro, Wooseok deu uma risadinha.

– Minha farda está no vestiário do time de basquete. – informou ganhando a atenção do outro. – Eu troco de roupa daqui a pouco, não se preocupe.

O japonês assentiu e caminhou para a sua mesa, Wooseok sorriu de canto e caminhou de volta para os corredores. Recolocou os fones que nem notou ter tirado e rumou para o vestiário, o cheiro de shampoo entregava que alguém havia usado o local e ele torcia para que não fosse preciso conversar com alguém. O Jung retirou os fones e guardou no bolso da calça, caminhou até a pia retirando a blusa e encarando o estrago. Sua mãe o mataria. Suspirou derrotado enquanto a jogava na pia, abriu a torneira e colocou as mãos em forma de concha embaixo do jato. Lavou o rosto onde alguns pingos de suco haviam lhe acertado e em seguida passou a mão pelo abdômen que cheirava a laranja, suspirou novamente enquanto jogava a blusa dentro da pia. Molhada, pelo menos, ela tinha que servir para alguma desculpa.

Encarou seu reflexo no espelho e sorriu de canto, cerca de um ano atrás ele era o pior exemplo a ser seguido e agora estava ali tentando não ser castrado por causa de uma mancha de suco.

– Jogar a blusa em água corrente não ajuda com a mancha. – a voz ecoou no vestiário vazio e assustou o mais alto. – Desculpe, a porta está aberta.

Wooseok assentiu de forma quieta antes de desligar a torneira, retirou a blusa e notou que nem mesmo amenizara a presença de suco em sua roupa. Praguejou enquanto jogava a peça de roupa na pia, não sabia por que estava estressado.

Era só uma mancha.

Uma puta mancha, mas ainda assim, não era para ser motivo de preocupação. Certo?

Errado. A senhora Jung poderia mata-lo por causa daquela mancha.

O japonês aproximou-se no exato momento em que Wooseok se sentou em um dos bancos, pegou a farda e olhou ao redor. Sabia que um lugar como aquele deveria ter pelo menos algum produto de limpeza, encarou os armários e achou o que procurava. Bem no alto, ao lado de um balde. Sorriu de canto enquanto se esticava para pegar, mas sua sorte não estava no auge e tudo o que ele conseguiu foi ser acertado pelo balde. O barulho ecoou pelo vestiário silencioso, assim como o gemido de dor do japonês. Wooseok se virou assustado e encontrou Yuto com a mão cobrindo metade do rosto, o Jung pulou o banco e em seguida se aproximou.

Yuto murmurava uma mistura de idiomas que deixaram o cérebro de Wooseok confuso, ele precisou respirar fundo antes de tirar a mão do rapaz e ver que a pele na altura da sobrancelha havia sido acertada. Yuto estava sangrando.

Sem pensar duas vezes o Jung pegou sua blusa e a torceu, levou o pano até o rosto alheio e limpou um pouco do sangue antes de pressionar o local. Yuto o encarou e sentiu o rosto esquentar ao notar que estavam próximos, Wooseok ainda estava sem camisa e isso não ajudava em nada a situação.

– Precisamos ir até a enfermaria. – Wooseok murmurou apressado. – Faça pressão enquanto eu procuro uma blusa.

Wooseok novamente pulou os bancos e abriu seu armário, retirou outra farda e a vestiu rapidamente. Alguns números menor, mas ainda assim servia. Tinha que servir.

Yuto quis rir da situação, mas a dor foi maior. Wooseok o guiou até a enfermaria e a mulher arregalou os olhos ao vê-los, o Jung precisou fazer uma narração formal ao diretor para provar sua inocência no ato e só foi liberado quando Yuto confirmou os fatos. O Jung saiu irritado da sala do diretor, chutou a primeira coisa que viu e resmungou irritado ao ver seus livros saírem de sua mochila, odiava falar com aquele velho, odiava explicar aquele museu ambulante que não era mais o troglodita que batia nas pessoas só porque elas o irritavam.

Mas aí está o problema das escolas, empresas, da vida… A sua fama, quando criada, é difícil de ser modificada.

Virou o rosto e encontrou o olhar sereno de Yuto, suspirou derrotado e recolheu seu material. O japonês ainda tentou falar algo, ainda tentou se aproximar e pedir que o coreano não fizesse nenhuma bobagem, mas a face de Wooseok comprovava o contrário.

 

Uma semana havia se passado, nesse período de tempo Wooseok fora para a diretoria mais vezes do que conseguia e poderia contar. Às vezes sozinho, outras acompanhado de outros alunos. Quando as notícias se espalharam pela escola, muitos fatos foram destorcidos. Wooseok não era mais o aluno invisível que um dia fora assustador, ele agora voltava a ser o autor de agressões contra alunos estrangeiros e nativos. Porque depois da primeira piadinha, foi impossível se controlar. Ele batia, sem dó ou piedade, só queria descontar a sua raiva em alguém. E o primeiro que passava, era alvo.

Mesmo que metade dos professores o tivessem dado advertências, detenções, castigos nos quais ele deveria esquecer da própria raiva e de terem afastado o garoto das aulas extras que Jinho coordenava. Jung Wooseok ainda conseguia achar tempo para brigar.

Não era proposital.

Ele só estava cansado e o fato de não ter ninguém para conversar só tornava as coisas piores.

Naquele dia em questão, quando Jinho fechou a porta da sala de sua turma especial, ele se assustou ao ver a presença de mais alguém ali. Wooseok estava sentado no chão do corredor, os olhos presos ao chão enquanto as mãos tremiam manchadas de branco. Alguns cortes podiam ser vistos e o Jo se apavorou, sequer lembrou-se que estava acompanhado de mais alguém e que essa pessoa voltaria logo. Abaixou-se diante do mais alto e viu ele erguer o olhar, Wooseok estava chorando.

– O que houve?

– Eu odeio esse lugar. – fungou. – Odeio esse maldito diretor, odeio a orientadora, a psicóloga, até mesmo o faxineiro… Eu odeio esses malditos alunos que me chamam de monstro sem saber de nada.

– Wooseok…

– Eu não bati no Yuto. – disse com um tom de voz mais elevado. – Eu nunca nem tinha conversado com ele na vida, porque iria bater nele? Porque eu agrediria alguém como Adachi Yuto?

– Se acalme Wooseok, por favor. – pediu nervoso. – O que houve com suas mãos?

– Eu soquei a parede até não aguentar mais. – riu. – Alivia o estresse.

– Quem te ensinou uma barbaridade dessas?

– Hyojong hyung vivia repetindo isso, era quase um mantra.

Jinho não respondeu, Wooseok abaixou o olhar novamente e não viu quando mais alguém se aproximou. Jinho balançou a cabeça negativamente e a pessoa parou, o mais velho pediu que o Jung explicasse o que estava acontecendo e ele sorriu de canto antes de narrar o motivo de sua impaciência. Seus pais estavam se separando, pior do que isso só saber que seu pai tinha outra mulher. Wooseok não quis aceitar a ideia da separação no começo, mas depois um tempo ele se conformou. Tudo isso para a bomba de que seu suposto pai já traía sua mãe com outra mulher antes mesmo de citar a separação, isso era injusto e as coisas só pioraram desde então. Wooseok era extremamente parecido com seu pai, isso deixava sua mãe irritada e eles acabavam discutindo mais do que o necessário.

Tudo a incomodava, tudo a deixava duas ou três vezes mais exaltada que o normal. Tantas frustrações jogadas em um jovem que não tinha culpa...

– Eu não sei como lidar com ela. – informou enquanto enxugava o canto dos olhos. – Há dias onde ela é a melhor mãe do mundo e há meses onde até mesmo o satanás sofreria nas mãos dela. – fungou. – Eu não sou agressivo porque quero é só que… Ela me estressa.

– Eu te entendo Wooseok. – Jinho tinha o tom de voz trêmulo. – Mas você precisa ter calma.

– Mais do que já tenho?

– Sim, muito mais. – suspirou, uma ideia passava por sua mente. – Wooseok, porque não participa das aulas extras?

O Jung ergueu o olhar para o mais velho, havia sido suspenso delas por causa de seu comportamento e no lugar seus professores o enfiaram em aulas particulares grudadas a detenção. Franziu levemente o cenho, sabia que se Jinho o colocasse na turma muitos alunos reclamariam e ele poderia perder boa parte deles.

– Hyung, isso vai te prejudicar…

– Ficarei pior se continuar te vendo assim. – sorriu levemente. – Faremos o seguinte, eu tento convencer os professores a te devolverem para as aulas extras e em troca você vai prometer que vai tentar não explodir de raiva ou espancar o primeiro que aparecer. – ergueu uma sobrancelha. – Temos um trato?

 

Wooseok não respondeu a proposta de Jinho, não naquele momento. Nem mesmo no dia seguinte, ou nos que se seguiram, ele estava tentado a aceitar. Mas havia certo receio.

Se Jinho abrisse espaço para ao Jung ele perderia muito mais do que apenas alguns alunos, o Jo perderia credibilidade e a confiança que todos depositavam nele. Sem falar que o Jung não conseguiria cumprir a sua parte do acordo já que discutira com dois alunos mais velhos, as palavras eram poucas, mas os golpes eram muitos. Wooseok apanhou, estava em minoria. O que destruiu não só a pequena paz que se instalara em sua casa naquela semana, como a sua presença no time de basquete e a possibilidade de ficar na posição de capitão por mais um ano.

Yuto estava sentado na arquibancada lendo quando o treino começou, ele pretendia sair para dar espaço aos jogadores quando Wooseok entrou na quadra. O rosto machucado, a mão direita enfaixada enquanto ele mantinha o olhar preso ao chão. Yuto ouvira de algumas fofoqueiras que um dos alunos mais velhos envolvidos na briga estava com uma arma branca e que eles haviam machucado o Jung, a briga já era injusta por serem dois contra um e eles ainda encontraram uma forma de deixá-la pior. O treinador, ao ver o rapaz, perdeu a pouca paciência que tinha e exigiu respostas, mas elas não vieram. O japonês apertou os livros que segurava de forma irritada, como ninguém enxergava que Wooseok não estava em condições de responder?

Ele ainda se lembrava claramente da conversa que o Jung tivera com Jinho, ele estava saturado de todas aquelas coisas. De todas as pessoas daquela escola! E, mesmo assim, ainda achavam uma forma de testar a paciência do rapaz.

– Está suspenso, por tempo indeterminado!

A frase ecoou pela quadra e Yuto arregalou os olhos, os outros jogadores seguiram para o vestiário a mando do treinador e Wooseok os seguiu. O japonês caminhou até a porta do local e esperou, esperou que todos saíssem. Ele queria conversar com Wooseok.

Mas depois que todos saíram e alguns longos minutos se passaram, Yuto notou que talvez Wooseok não fosse sair. Meio relutante o japonês adentrou no local pela segunda vez naquele início de ano letivo, com passos lentos ele caminhou pelo pequeno corredor até chegar aos armários. Passou por eles e encontrou a área dos chuveiros, não havia som de água ou de que alguém estivesse ali. Yuto pensou que talvez Wooseok nem tivesse entrado, foi quando, em um pequeno movimentar de olhos, ele encontrou o rapaz. Sentado, no pequeno banco de madeira em frente aos chuveiros mais isolados. Uma toalha na cabeça e outra jogada ao seu lado manchada de vermelho, Wooseok usava apenas um calção jeans. As costas branquinhas ainda estavam molhadas e curvadas para a frente, com toda a certeza ele estava com os cotovelos apoiados nos joelhos.

Yuto se aproximou, sem pressa. Colocou-se diante do mais novo e sorriu de canto, Wooseok sequer se movera.

– Wooseok-ssi.

– Sabe o que é pior? – murmurou enquanto passava a mão esquerda por cima do ferimento que sangrava. – Não é a dor dos machucados, ou a dor de ser encarado como um monstro, ou saber que todas essas pessoas são um bando de escrotos… O pior está aqui. – apontou para seu peito, onde o coração ficava. – Está nos sentimentos. Na minha falta de paciência, no meu medo… No fato de que me importo demais com o que acham de mim e que me irrito porque ninguém se arrisca a acreditar em mim.

– Eu acredito.

Wooseok ergueu os olhos vermelhos e encarou o japonês, Yuto sorria levemente. O rapaz abaixou-se até ficar na altura do Jung, levou as mãos até a toalha e começou a secar os fios escuros do coreano. Wooseok sorriu quando a toalha cobriu seu rosto, Yuto estava, de alguma forma, tentando ajudar.

– Ignore esses idiotas e se foque em quem quer o seu bem. – murmurou enquanto continuava com a secagem. – Jinho está preocupado, por isso fez aquela proposta. Pense em como tudo vai ficar.

– Como assim?

– Você ficaria mais tempo na escola, estudando, se esforçando. – moveu as mãos de forma que os cabelos escuros ficassem mais bagunçados. – Vai ficar pouco tempo em casa e isso mudaria o humor da sua mãe, sem falar que se seu desempenho for exemplar mais chances você terá de entrar para a universidade antes do tempo. Se conseguir uma vaga, podemos encontrar um dormitório para você. – puxou a toalha e surpreendeu-se ao ver que Wooseok o encarava. – O que me diz?

– Não parece uma má ideia.

 

No começo, não.

Mas agora… Aulas normais já eram insuportáveis, as extras se tornavam duas vezes piores. Cálculos monstruosos, textos intermináveis e uma quantidade absurda de informações que eram jogadas em sua mente de forma que ele era obrigado a absorver. Bufou irritado e empurrou o caderno a sua frente, Yuto deu uma risadinha e o Jung o encarou com os olhos semicerrados. O professor do dia era seu maior algoz e ele precisou de forças para não sair correndo, física não era complicada, mas aquele homem sim. Perguntas específicas demais, pegadinhas disfarçadas de perguntas, o humor ácido que só aquele homem conseguia ter. Um verdadeiro teste de paciência. Notando o estresse em cima do coreano, Yuto pediu para que a aula fosse ministrada em duplas. Por ser um aluno exemplar, seu pedido foi atendido e ele rapidamente se colocou ao lado de Wooseok. Sorriram um para o outro antes de olharem para a lousa.

Seria mentira dizer que a presença de Yuto era incômoda, da mesma forma que a calúnia só aumentaria se alguém afirmasse que Jung Wooseok era um neandertal preso a era moderna.

Os dois sabiam que todos aqueles rótulos criados através de suas aparências ou trejeitos não era a mais pura e sincera verdade, porque, quem a quer estuda a fundo a outra pessoa. Wooseok e Yuto conversavam mais do que antes, poderiam ser vistos juntos e até mesmo ignoravam as ofensas juntos. Isso até o dia em que Kim Hyojong entrou no refeitório e caminhou até a mesa onde os rapazes estavam, ele encarou os dois de forma séria e amedrontadora.

– Preciso conversar com você. – moveu o olhar para Yuto. – A sós.

Wooseok assentiu e pediu que Yuto seguisse para a aula, o japonês negou e disse que esperaria. O Jung murmurou que ele não podia fazer isso, mas sentiu o peito aquecer ao ver que o jovem estava preocupado com ele. Hyojong informou que não seria legal o garoto ficar esperando, mesmo que ele suspeitasse que Yuto não confiava em si, ele tinha que arriscar. Ordenou que o rapaz fosse para a sala e viu a expressão de poucos amigos que ele possuía, suspirou levemente e caminhou até a quadra poliesportiva que ficava na escola. Wooseok seguiu o mais velho com as mãos dentro dos bolsos, ainda se incomodava de voltar ali por causa da suspensão, mas se estavam indo por aquele caminho era porque Hyojong queria privacidade.

O Jung esperou, calmamente, que o Kim dissesse algo. Uma frase, uma bronca, alguma idiotice. Ele esperou até mesmo receber um soco do mais velho, mas não veio nada.

Nos primeiros cinco minutos, Kim Hyojong não falou nada. Nem mesmo balbuciou um mísero som.

– Esse silêncio todo não combina com você.

– Eu sei. – Hyojong sorriu sem vontade. – Jo Jinho conversou comigo ontem, disse que você está matriculado na turma especial dele. É verdade?

– Sim.

Hyojong assentiu levemente antes de procurar um lugar para sentar, jogou-se de qualquer forma no chão da quadra e encarou o teto.

– Ele ofereceu essas mesmas aulas ano passado, mas como estávamos presos nos trabalhos; ninguém se matriculou.

– Hyung, onde quer chegar?

– Sei que sua vida anda um inferno, você nunca me escondeu que a convivência com seus pais era um saco e eu admiro a sua confiança em mim. – começou sem desviar o olhar do teto. – Estar nessas aulas é o mais perto que vai chegar de uma universidade, se serve de conselho, conseguir um dormitório e com quem dividi-lo é o de menos. Apenas se esforce e se concentre nas coisas que Jinho diz, ele colocou juízo na sua cabeça quando pediu que se afastasse de mim e tem tentado fazer a mesma lavagem cerebral comigo.

Riram.

– Sei que minha palavra não vale nada Wooseok, mas queria te agradecer por ter ficado do meu lado esse tempo todo. – sorriu de canto. – Não sei porque te meti nessa confusão toda, mas não queria que continuasse preso nisso. Por isso quero te pedir um favor...

– Qual?

Não desista.

Wooseok não sabia muito bem a que Hyojong se referia, por isso decidiu ficar quieto e em silêncio durante boa parte da conversa. Quando o sinal tocou e todos precisaram voltar para suas salas, Hyojong não se moveu e o Jung entendeu aquilo como uma forma de pedir para ficar sozinho.

Enquanto caminhava até sua sala, Wooseok pensou em toda a sua vida. Pensou no pai que simplesmente sumira no mundo, pensou no instável de sua mãe e na forma como ela descontava tudo em cima de si. Pensou no que aconteceria se ele entrasse na universidade, se ele seria feliz morando em dormitórios. Se conseguiria se virar.

Se escolheria o curso correto.

Se sua mãe ficaria mais amigável ou feliz longe dele.

Balançou a cabeça negativamente com o último pensamento, ele não tinha culpa. Ele sabia disso e sua mãe também, não era justo se culpar. Nem mesmo ficar remoendo o que aconteceria se ele decidisse fugir de casa.

– Wooseok?

Virou-se e encontrou o dono da voz com uma expressão preocupada, Yuto o encarava com certo medo de se aproximar. Wooseok abaixou a cabeça e notou que estava apertando as mãos em forma de punho com tanta força que seu machucado – não totalmente cicatrizado – começara a sangrar novamente. O Jung suspirou derrotado sentindo a garganta fechar, ele não queria chorar, mas naquele momento nada parecia fazer sentido. Ele queria que tudo voltasse ao que era antes.

Que seu pai não tivesse bancado o idiota.

Que sua mãe não o culpasse de tudo…

Ele não soube quando se aproximou de Yuto, nem mesmo quando as lágrimas começaram a cair. Ele só se deu conta de alguma coisa quando sentiu os braços do japonês o rodearem, as mãos faziam um carinho delicado nas costas alheia enquanto dos lábios do Adachi saiu a frase que lhe dera forças para seguir em frente.

Está tudo bem, eu sempre vou estar aqui Wooseok. Pode contar comigo.


Notas Finais


1 - Gomennasai: é um verdadeiro pedido de desculpas, quando você realmente faz algo errado.

Ainda lembro de algumas coisas do japonês, obrigada cérebro.

Espero que tenham gostado, vejo vocês em alguns dias.
Comentem, sim?

Se quiserem conversar comigo, meu Twitter é: ChoMinnieSJ

Kyusses.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...