História Perfect Sin - Forty-one

        Tomei um banho demorado, me preparando para ter a conversa com Camila. Saio com a toalha enrolada no corpo, pois esqueci de pegar uma roupa antes de ir. Vou até meu quarto e entro, pois sei que a latina já terminou seu banho.

        —Lauren! – Camila fala meu nome surpresa e só então percebo que ela está sentada em minha cama.

        —Esqueci de pegar uma roupa. – Falo envergonhada e entro em meu closet. – Camz, está melhor? – Pergunto depois de colocar uma calcinha e uma blusa que vai até metade de minhas coxas.

        —O banho me ajudou a relaxar. – Saio do closet e ela me olha envergonhada.

        —Tem algo de errado comigo?

        —Vo-você vai f-ficar assim? – Gagueja.

        —Quer que eu vista um short? – Pergunto e ela assente. Entro no closet rindo por ela ter ficado sem graça. – Camz, eu não sou muito diferente de você não. A única coisa que eu fiz foi sexo e você ainda não fez isso. – Tenho certeza que ela ficou corada. – Eu tenho tudo o que você tem em seu corpo. Menos a bunda desse tamanho.

        —Lauren, pode ir parando. – Camila fala sem graça e vou para o quarto depois de vestir um short curto. – Agora sim podemos conversar.

        —Desde o início? – Pergunto mesmo já sabendo a resposta óbvia.

        —Não vou te obrigar porque não deve ser algo fácil de conta e tenho certeza que você vai se lembrar. – Sento em minha cama com as costas apoiada na cabeceira.

        —Vem cá. – A chamo e Camila engatinha até ficar de frente para mim, ajoelhada. Separo minhas pernas. – Sente aqui, eu prometo não fazer nada demais. – A latina sentou-se entre minhas pernas e abracei sua cintura.

        —Você está diferente. – Coloca seu rosto na curvatura do meu pescoço. – Mais grudada.

        —Eu quero ficar com você. – Falo com a voz manhosa.

        —Eu estou com você Lolo. – Beija meu pescoço.

        —Meus pais se separaram quando eu tinha treze anos e Taytay apenas oito, já faz cinco anos. – Suspiro e Camila brinca com meus dedos. Adoro quando ela faz isso, estou falando com ela e a mesma tenta me distrair. – Um pouco antes deles se separarem, um ano pra ser exata, eu saí do colégio e fui ao trabalho do meu pai. Ele é fotógrafo, já tirou várias fotos da Demi, mas depois que o casamento começou a desgastar, sua mãe preferiu trocar de fotógrafo.

        —Até porque ela trabalha com sua mãe, e como elas são muito amigas, ela continuou com a Selena e o dispensou. – Camila parece falar para entender melhor. – Continua. – Pede.

        —Eu cheguei toda animada para ficar com ele, sempre gostei de o ver fotografar e algumas vezes aprendia uma técnica. Sempre tinha alguma modelo lá, então eu fui acostumada a ver ele rodeado de mulheres com roupa, biquíni ou apenas de calcinha dependendo do ensaio. – Olho para nossas mãos entrelaçadas. – Nesse dia eu entrei, já que sou filha dele. Procurei por ele onde geralmente os ensaios são feitos e não o achei. Então eu fui procurar ele e ouvi sua voz em um dos camarins. Eu não sabia de muita coisa, eu era apenas uma criança e como queria ficar um tempo com meu pai e a curiosidade de saber o que ele estava fazendo lá, eu abri a porta um pouco. – Várias lembranças desse dia vieram e abracei Camila com mais força.

        —Não precisa continuar. – Sussurrou e neguei.

        —Eu nunca falei isso para ninguém, você é a primeira e quero que saiba. – Digo e ela me dá um selinho demorado. – Eu vi o Justin com uma modelo, eu não lembro bem dela, mas sei que ela estava deitada no sofá apenas de lingerie. Meu pai estava em cima dela, tampando a boca dela como se fosse para evitar que ela gritasse ou algo assim do tipo. – Camila parou o que fazia e me olhou. – Eu sei, é complicado. Como eu ainda não entendia isso, eu pensei que fosse normal, só vi e depois saí, ficando na recepção com a secretária dele.

        —E depois?

        —Ele tirou as fotos com a modelo que estava no camarim e ela foi embora. – Respondi. – Depois eu não voltei mais no estúdio.

        —Por que não contou pra sua mãe?

        —O casamento deles já não estava indo bem, eu ainda queria que eles se acertassem e eu não sabia o que era aquilo, pra mim era algo normal. – Respirei fundo. – Alguns meses depois eu fui ao show da Demi. Minha mãe estava no camarim com ela e eu estava vendo a passagem de som dos instrumentos, sempre gostei muito. Eu vi meu pai andando rápido e estranhei, então eu fui atrás. Na época a Demi tinha uma guitarrista mulher, muito linda até. – Camila me olhou e deu um tapa em meu braço.

        —Vai lá ficar com a guitarrista linda. – Disse com ciúme.

        —Calma Camz, eu prefiro você. – Deixo um beijo em seu pescoço. – Eu vi ele seguindo a guitarrista e depois ela entrou onde algumas pessoas da equipe ficam. Meu pai entrou logo em seguida e eu me escondia para ele não me ver. Eu entrei lá e vi que ela estava ouvindo música distraída, ele estava escondido observando ela. A moça estava de costas para ele e eu vi o momento que meu pai agarrou ela por trás, colocando a mão na boca dela para que ela não gritasse. Consegui ver meu pai jogando ela no sofá e ficar por cima dela, assim como tinha feito com a modelo. Ele abriu a calça e levantou a saia que ela usava, então colocou seu pênis nela e abusou sexualmente. Eu saí correndo e fui atrás da minha mãe, mas ela estava tão feliz porque as brigas haviam diminuído que preferi não falar para não vê-la triste.

        —Você preferiu esconder sabendo que seu pai fazia isso para não a ver sofrer mais. – A latina volta a falar sozinha. – Eu também faria o mesmo.

        —Esse é um dos motivos Camz. – Ela vira-se para mim.

        —Ainda tem mais? – Assinto.

        —Quando fiquei com uma menina pela primeira vez, ficar de ir pra cama, foi quando percebi minha sexualidade e minha mãe sempre apoiou. Decidi que falaria para ele, nesse dia eu fui para a casa dele sozinha porque a Taytay tinha algum compromisso. – Novamente ela pega meus dedos e volta a brincar com eles. – Ele falou muita merda e eu fiquei muito triste, decepcionada por pensar que ele fosse me aceitar. Eu estava dormindo no meu quarto na casa dele, já que eu tentei fazer o mais próximo desse. – Percebi seu olhar sair de nossas mãos e percorrer meu quarto. – Justin entrou no meu quarto e estava um cheiro forte de bebida alcoólica. Acordei assustada quando senti alguém na cama, eu olhei para ele, que estava com um sorriso idiota no rosto. Meu pai, o ser que deveria cuidar de mim tentou me abusar, assim como eu já havia presenciado com a modelo e a guitarrista, mas eu não deixei.

        —O que você fez?

        —Dei uma joelhada no meio das pernas dele. – Falei e Camila soltou uma risadinha. – Justin falava que iria me fazer virar mulher de verdade e gostar do que realmente deveria, e não no que eu acho que gosto.

        —Sinto muito Lolo. – Levou minha mão até próximo de sua boca e deu um beijo. – Agora eu estou com você assim como você está comigo. – Entrelaça nossos dedos. – Eu não vou deixar ele fazer nada com você.

        —Eu sei que ele não me aceita, na verdade ele não liga. – Meus olhos marejam. – Eu só queria que ele respeitasse minha opção. – Uma lágrima cai. – Porque é tão complicado ouvir isso dele. – Começo a chorar e a latina me abraça.

        —Chee me chamou para sair com ela e Mani, acho que seria uma boa sairmos, assim você distrai e posso ver se a Taylor olha a Sofi. Se você não quiser, tudo bem. – Deixa um beijo casto em minha testa.

        —Avisa para ela que vamos. – Sorrio para ela depois de secar as lágrimas. – Se a Taylor não ficar com a Sofi, posso dar um jeito.

        —Sua irmã adora ficar com ela. – Assinto. – Hoje vamos nos divertir, mi novia. – Fala com seu espanhol maravilhosamente sexy.