História Permanent Vacation - Catch 22

Sydney, Austrália. Fevereiro de 2017.

Oh diga, você pode ver? Isso não é quem eu deveria ser

Sem você, eu sou um ninguém, perdendo tempo

O policial continuou esperando uma resposta. Luke estava olhando para os garotos como se buscasse alguma coisa.

— É pra dizer a verdade? — Luke perguntou aos garotos.

— Claro, sua anta! — disse Mike alterando a voz. — Mentir não vai ajudar em nada.

— E dizer toda a verdade também não vai ajudar, não tô à fim de ser preso. — Luke continuou falando como se o policial não estivesse lá.

As sirenes da viatura continuavam iluminando o local.

— Luke, fala logo. Você é da família Hemmings. — Ashton o encorajou.

Luke respirou fundo e olhou pro policial, reunindo coragem.

— Eu tinha me envolvido em uma aposta com esses caras há um mês atrás. — ele olhou para os garotos de novo e eles gesticularam pra ele continuar.

— Que tipo de aposta? — o policial começou a anotar alguma coisa em um bloquinho de papel.

— Aposta com bebidas. Eu perdi e tive que ser obrigado a trazer drogas pra aqueles caras.

O policial lançou um olhar severo pro Luke, parando de anotar no seu bloquinho.

— Você estava trazendo drogas pra eles, senhor Hemmings? Tem noção do quanto isso é perigoso e estúpido? — ele disse escolhendo as palavras, talvez por saber quem era Luke Hemmings.

Luke estava com os olhos um pouco arregalados. Ele passou as mãos no seu cabelo bagunçado tentando ficar calmo.

— Eu sei senhor, mas eu não tive escolha. Eles eram perigosos.

O policial examinou cada um de nós procurando alguma mentira escondida.

— Acredito na sua palavra, senhor Hemmings. Mas terei que contatar os pais de todos vocês.

Luke assim como eu e os garotos paramos no lugar, não querendo acreditar no que o policial tinha dito. Se ele falasse tudo pros meus pais eles iriam insistir pra que eu viesse embora pro Brasil, e isso eu não iria fazer. Eu não podia deixar meu sonho ir por água à baixo. E principalmente: Eu não poderia deixar Luke, os garotos, Beatrice e Gabbe, a Austrália. Só de pensar nisso, fico mais nervosa ainda.

— Não, por favor, não precisa falar com nossos pais. — disse Luke, o nervosismo visível em sua voz.

— O que aconteceu aqui foi muito sério, não posso deixar os pais de vocês fora disso.

— Os pais dela moram no Brasil, senhor. Preocupar eles agora não vai ser bom. — Calum falou também parecendo desesperado.

O policial prendeu sua atenção em mim.

— A senhorita não é namorada do senhor Hemmings aqui?

Luke tossiu baixo e eu senti meu rosto ficar quente. A risada contida do Mike foi o suficiente pra me deixar com mais vontade de esconder a cara.

— Não senhor. Eu estou passando um ano com a família Hemmings, sabe, por causa da faculdade.

O policial acenou com a cabeça compreendendo.

— Eu acredito em vocês. Vou liberá-los, — Luke bateu o punho contra o do Mike — mas não vai ter uma próxima vez se algum de vocês se meter em coisas inapropriadas novamente. Ouviu senhor Hemmings?

— Sim senhor. — Luke disse tentando se manter sério.

O policial nos liberou e saímos finalmente daquele lugar.

No carro de Ashton o caminho foi silencioso, Mike estava dormindo de forma adorável no meu ombro e Calum estava distraído em algum jogo do seu celular. Luke olhava pra paisagem na janela, as mansões enormes à vista.

Finalmente estávamos fora daquela periferia.

Eu estava preocupada em como o Luke estava lidando com tudo, ele parecia tão quieto. Luke deveria estar me enchendo por eu ter ido com os garotos atrás dele, mas ele simplesmente não tirava os olhos da janela.

— Hey, você tá bem? — resolvi perguntar.

Luke finalmente olhou pra mim, seus olhos azuis me olhando com atenção. Seu olho direito parecia ainda mais roxo, porém ainda assim Luke continuava lindo.

— Tô bem, não se preocupa. — ele pareceu hesitar por um instante. — Não se arrisque de novo, Margot. As coisas poderiam ter sido feias.

— Eu sei, mas eu não podia esperar. — evitei olhar para os seus olhos, sabendo que eu não conseguiria continuar falando.

Luke colocou a mão na minha perna, me fazendo sentir um mini choque em todo meu corpo.

— Eu falo sério, Margot. — ele me encarou sério e eu apenas concordei com a cabeça.

Mike se remexeu quase acordando e resolvemos deixar pra falar sobre isso depois. Luke continuou com sua mão na minha perna, me olhando pelo canto do olho de vez em quando.

Eu não estava conseguindo pensar em mais nada à não ser nas sensações que com apenas um toque do Luke me fazia ficar assim.

Era estranho, mas eu estava gostando. E muito.

Finalmente estávamos em casa. Ashton nos deixou primeiro na casa do Luke e garantiu que ele e os garotos iriam ficar bem. Então aqui estou eu ligando pra Sophie enquanto Luke estava no banho.

Eu já podia imaginar o quanto ela estaria preocupada comigo, não ligar pra ela seria muita falta de consideração da minha parte.

"Margot! Oh, meu Deus graças à Deus você está bem!" ela gritou do outro lado da linha mal me deixando falar.

— Eu estou bem, todos estamos bem. Não se preocupa. — tentei não deixar ela mais preocupada, eu não tinha muita paciência pra falar no telefone.

"Os meninos me contaram o que aconteceu, não posso acreditar que o Luke passou por aquilo. E você se arriscando lá! Já pensou se um daqueles caras te achassem, Margot? Ia foder com tudo e--"

Suspirei ouvindo todo o seu sermão de como eu me arrisquei demais e me coloquei em perigo mesmo sabendo que os garotos podiam dar conta de tudo e salvar o Luke. Eles realmente deram conta de tudo, mas se eu não estivesse lá, não teria mais ninguém pra chamar a polícia e pegar aqueles desgraçados.

Eu tentei explicar isso pra Sophie, porém ela continuou com seus sermões como minha segunda mãe.

— Sophie, chega ok? Eu estou cansada e preciso de um banho. Não se preocupe, eu estou bem agora e está tudo bem.

"Desculpa, eu fiquei tão aflita. Você é muito importante pra mim, garota."

Deixei escapar um sorriso. Sophie era como uma irmã mais velha e às vezes mais nova que eu nunca tive.

— Eu sei, eu sei. Não vai acontecer de novo, ok? Você tambem é muito importante pra mim, mas eu preciso mesmo desligar. — abri a porta do meu quarto sabendo que Luke tinha saído do banheiro.

"Tudo bem. Qualquer coisa liga."

— Ok. Beijos.

Joguei o celular na cama e peguei minha muda de roupas, me encaminhando ao banheiro. Dei um pequeno salto ao perceber que Luke ainda estava no corredor.

Meu olhar foi parar na visão do seu peitoral definido à mostra, descendo até a sua toalha amarrada na cintura. Seus cabelos estavam molhados e encaracolados lhe dando uma aparência de um surfista. Luke ainda parecia uma estátua de Adônis mesmo com o olho roxo.

— Você acha que eu vou conseguir disfarçar esse olho? — ele perguntou enquanto eu entrava no banheiro.

Coloquei minhas roupas que eu iria usar pra dormir em uma prateleira e voltei até a porta, dando de cara com Luke à poucos passos de mim.

— An... — eu disse tentando não olhar pro seu corpo. — Eu acho que não.

— Você não tem tipo, um jeito feminino — ele fez aspas com os dedos e eu ri. — de melhorar isso?

Olhei pro teto pensativa com a mão no queixo. Uma ideia brilhante surgiu em minha mente e eu abri um sorriso traquina pra ele.

— Na verdade até tem uma maneira feminina de melhorar isso. Só não sei se você vai gostar.

— Qual maneira?

— Digamos que eu só vou precisar de base e pó de arroz. — eu disse ainda pensativa.

Luke fez uma careta de quem não estava entendendo nada.

— E o que é tudo isso?

— Você não sabe o que é nada disso? — perguntei e ele negou. — Em que mundo você vive?!

— Fala baixo! — ele sussurrou trincando os dentes. — Eu vivo em um mundo em que coisas de garotas não me interessam.

Prendi o riso cruzando os braços.

— Uh, o menino Hemmings não liga pra nada. — ele estreitou os olhos na minha direção. — Ok, amanhã cedo você passa no meu quarto e eu dou meu jeito.

Luke me encarou com malícia. De novo senti meu rosto ficar quente e eu estava odiando a forma que ele me fazia ficar.

— Certo, menina Margot. — ele se aproximou me deixando alerta.

Ficamos nos encarando como no jogo do sério, o olhar intenso e intimidante do Luke se direcionando na minha boca.

Como se estivesse pensando a mesma coisa, Luke diminuiu nossa pequena distância e me beijou.

Não foi um beijo selvagem, mas sim um beijo lento e calmo. Luke parecia lutar contra a dor nos seus lábios mas não parou de me beijar. Suas mãos foram parar na minha cintura me puxando pra mais perto dele. Eu podia sentir seu corpo ainda molhado encostando na minha pele, era uma sensação indescritível.

Perdi a noção das horas que ficamos nos beijando, seu beijo era tão gostoso, envolvente e intenso que eu podia ficar aqui por mais um pouco. Não era à toa que dizem que o beijo do canceriano é muito bom. Tão intenso e ao mesmo tempo tão adorável, tão ousado e ao mesmo tempo tão tímido.

Eu sabia muito bem lidar com duplas personalidades.

Luke encerrou o beijo lentamente e encostou seu nariz no meu, ainda de olhos fechados. Como ele ficava adorável.

Seus olhos se abriram depois de alguns segundos assim como os meus, a cor azul dos seus olhos me hipnotizando novamente.

— Obrigada. — ele sussurrou, um pequeno sorriso em seus lábios.

— Pelo quê? — franzi a testa não entendendo.

— Por se arriscar por mim. — ele continuou com a mão na minha cintura. — Você não devia ter feito isso.

Mordi meu lábio inferior olhando para os meus pés, não sabendo o que dizer. Era raro eu me sentir assim.

— Eu sei que eu não devia ter me arriscado, eu só senti que eu devia ir com os garotos te procurar. Eu não conseguiria ficar calma esperando eles voltarem.

Luke pareceu ficar sem ter o que falar, e eu senti mais vontade de abraçá-lo quando ele olhou para os pés mordendo o lábio, parecendo envergonhado.

— Sério? — ele me encarou com um sorrisinho mais fofo que eu nunca tinha visto nele. Luke tossiu baixo, se recompondo. — Digo, mesmo assim não se arrisque de novo. Entendeu?

— Eu sei, desculpa.

Eu ainda não conseguia me sentir culpada, eu fiz o que era certo. Se algo acontecesse com ele eu nunca me perdoaria, porque eu não tinha ficado de olho nele como eu tinha planejado.

— Amanhã você me mostra suas ideias de disfarçar esse olho roxo.

— Pode deixar. — lhe sorri ansiosa pra amanhã chegar.

Luke também sorriu passando as mãos nas suas madeixas loiras. Ele estava se preparando pra ir pro quarto dele, quando eu finalmente fiz o que eu queria fazer de novo.

Sem lhe dar tempo de reagir, joguei meus braços ao redor da sua cintura o envolvendo em um abraço desajeitado. Sua pele ainda úmida estava molhando meu vestido, mas isso não importava. Luke retribuiu o abraço me apertando contra ele.

Ficamos por longos minutos assim: Abraçados. Ouvindo o som das nossas respirações e o bater dos nossos corações. Eu não queria estar em outro lugar que não fosse aqui com o Luke.

Eu estava ferrada por estar sentindo algo à mais por Luke Hemmings. Mas nesse momento no aconchego do seu abraço, nada mais importava.