História Permanent Vacation - Brick By Boring Brick

Sydney, Austrália. Fevereiro de 2017.

Bem, você construiu um mundo mágico

Porque sua vida real é trágica

É, você construiu um mundo mágico

MARGOT

— Margot, eu posso te explicar tudo. — a vadia que eu considerei uma amiga tentou me convencer.

Sabe quando você fica se segurando pra não voar na cara de uma pessoa ao ponto de sentir teu corpo fumegar de raiva? Eu estava assim neste exato momento. Era como sempre minha mãe me dizia: Não confie demais nas pessoas, elas podem te dar uma rasteira te passando pra trás sem que você perceba. E quando perceber, já é tarde demais.

Como eu fui tão burra ao ponto de não perceber que Beatrice estava por trás disso tudo junto com aquele babaca do Scott? E o pior: Porquê merda ela faria isso?

— Eu não quero tuas explicações cheias de mentira. — continuei olhando pra ela com o mais puro e verdadeiro ódio.

Odeio pessoas mentirosas, que fingem ser teu amigo pra depois se revelar uma filha da puta completa.

— Acho que você já fez merda suficiente, sapata. — Luke andou lentamente na direção dela. Eu não tentei impedí-lo, eu mesma estava com tanta raiva que não se importava com o que o loiro pretendia fazer.

Beatrice olhou pra mim e depois pro loiro, era óbvio o medo nos seus olhos azuis. Ou seria mais um dos seus teatros?

— Quero que você diga porque resolveu fazer isso com ela. — Luke ficou frente à frente com Beatrice, o jeito que ele estava encarando ela intimidaria qualquer um que estivesse em seu lugar.

A vagabunda falsiane tentou abrir a boca pra falar, mas Luke a interrompeu, caminhando na direção do Scott que estava sendo preso pelos braços fortes de Ashton e Calum.

—  E você. Eu já desconfiava que você era um cuzão. — ele aproximou a cara do moreno, que estreitou os olhos enfurecido. — Mas eu não esperava que você chegasse à esse ponto tão... Infantil. Você me enoja, Scott.

Luke estava parecendo aqueles vilões que prendiam a vítima e as ameaçavam com uma voz mansa, porém cheia de raiva.

— Eu fiz tudo isso porque eu quis, não cabe à você decidir o que eu posso fazer ou não. — o babaca tentou se soltar do aperto, mas os garotos não facilitaram.

Agora foi a minha vez de falar alguma coisa, eu queria explodir aqui mesmo e isso não seria uma boa coisa. Sempre diziam que eu ficava sinistra quando deixava a raiva sair por meio das minhas 'explosões'.

— Ah, então você acha que tem o direito de me incomodar com aquelas mensagens escrotas? — me aproximei do babaca, eu estava em pura adrenalina por conta do meu ataque de raiva. Eu sentia uma leve tontura, como se minha cabeça estivesse girando.

Luke me afastou pra trás lentamente, mas eu não queria ninguém me tocando nesse momento.

O babaca do Scott apenas soltou um risinho debochado.

— Eu posso não ter o direito, mas eu faço o que eu quero, na hora que eu quero. Entende? — sua voz suavizou no final, eu senti a ironia por trás delas.

Quando Luke iria avançar pra cima do Scott, Mike segurou o loiro pelo braço, afastando ele pra trás. Eu não conseguia entender porque Luke se dava ao trabalho de ficar irritado demais com isso como se a situação toda tivesse sido com ele. Uma hora ele parecia demonstrar que sentia alguma atração por mim, na outra fingia que eu nem existia. Por agora, eu não estava com paciência pra tentar pensar nos porquês do Luke estar a se importar tanto assim comigo.

— Luke, brigar agora só vai piorar as coisas. — Mike tentou acalmar o loiro, que parecia soltar fumacinha das narinas enquanto encarava o babaca do Scott.

Beatrice permanecia quieta no seu canto, observando tudo como se não tivesse feito nada.

— E você, porquê estava do lado dele esse tempo todo? — eu não estava me importando se eu estava falando alto, eu só queria extravasar toda essa raiva que estava guardada.

— Margot, eu--

— Responde! — os garotos olharam pra mim dando um leve salto. Eu já estava acostumada com as reações das pessoas quando eu ficava brava, eu até gostava.

A loira falsiane respirou fundo, resolvendo abrir a boca.

— Eu juro que não fiz tudo aquilo por mal, sério. Ouvi o Scott dizendo pra uns amigos que iria arrumar um jeito de te assustar pra você perceber que o Hemmings — ela parecia ficar enojada ao dizer o sobrenome dele e ao mesmo tempo parecia gostar. — é só mais outro babaca.

— Uh, e o Scott também não é um? — abanei as mãos de forma rápida, falando tudo estilo Eminem tamanha raiva eu estava.

— Isso não vem ao caso. O que vem ao caso é que eu só queria te ajudar a ver o quanto você está fodida por deixar se iludir por esse Hemmings--

— Olha como você fala comigo, pedaço de merda. — Luke levantou uma sobrancelha, não havia nenhum resquício de sorriso na cara dele.

— Pedaço de merda é você, que vai acabar ferrando com a vida da Margot junto com as outras que vão aparecer, assim como você fez comigo--

Luke tapou a boca da loira, me fazendo recuar pra trás com a forma brusca que ele se aproximou da loira falsiane.

— Cale a merda da tua boca! Ouviu? Você e esse babaca são os errados, não cabe à você ou à esse idiota ficarem jogando na minha cara a porra dos meus erros!

— Eles dizem isso como se fossem os santos. — Mike revirou os olhos.

— Ah, qual é, parem com esse drama todo e me deixem ir embora dessa merda. — foi a vez do babaca do Scott revirar os olhos.

— Ah, mas você só vai sair quando a gente quiser. — Calum apertou mais ainda o aperto no braço forte do babaca.

— Mas antes, vou quebrar tua cara primeiro. — Scott conseguiu se soltar, mas Mike conseguiu prender ele a tempo.

Eu só estava me sentindo com mais raiva ainda, tudo isso não fazia sentido. Qual era a intimidade que eu tinha com Beatrice pra ela achar que tem o direito de decidir com quem eu me relaciono ou não?

— Chega! Calem a porra da boca todos vocês! — olhei pra cada um dos rostos na sala, meus olhos arregalados e a minha voz saindo incrivelmente intimidadora. Me aproximei da Beatrice, vendo ela dar um passo pra trás. — Você não tem nenhum direito de tentar decidir algo por mim, está entendendo? Se eu quiser me foder ficando com o Hemmings, que eu me foda sozinha! Você e nem esse babaca que eu mal troquei uma palavra não tem direito nenhum de decidir isso, ainda por meio de ameaças fúteis e sem cabimento.

Scott apenas revirou os olhos, mas Beatrice tinha um olhar desesperado na cara. Eu não queria saber se ela estava desesperada ou arrependida, eu achei que ela seria uma pessoa confiável. E o que eu ganhei? Uma traição das piores.

— Margot, eu só queria ajudar. Eu não queria entrar nessa brincadeira idiota do Scott. Eu só não vi nenhuma maneira de tentar te afastar do Hemmings e--

— Isso que você fez não tem cabimento, caralho! Sera que você não percebe o quanto você foi infantil? Você poderia ter conversado comigo, mas não, você decidiu dar uma de -A de PLL. Ajudando um babaca como aquele pra tentar me afastar do Luke? Me afastar? Qual é! — coloquei a mão na cintura olhando pro teto. Apenas minha voz ecoava na sala. Olhei bem no fundo dos olhos dela, minha vontade era de dar um tapa naquela cara de sonsa. — Acho bom você não se meter na minha vida de novo, e nem se atrever a chegar perto de mim e dos meus amigos novamente.

Scott tentou se mexer de novo, bufando de irritação.

— Qual é, me soltem logo--

Luke deu um murro no maxilar dele, me fazendo congelar no lugar.

— Cala a boca, merda! Não vê que a tua voz tá irritando? Ninguém vai te soltar agora, então vê se fica quieto, caralho!

Scott olhou pro loiro furioso. Eu sabia que os garotos não iriam conseguir segurá-lo por muito tempo. As coisas poderiam ficar feias se Luke e Scott começassem a brigar. Endireitei a postura, não me deixando abalar.

— Ou você deixa a gente em paz ou eu mesma mando meu pai falar com alguns policiais daqui que ele conhece, pra prender você e esse babaca. Não importa se ele é rico ou não.

Beatrice passou a língua nos lábios, parecendo estar irritada.

— Ok! Quer que eu te deixe em paz? Tudo bem! — ela jogou os braços pra trás em frustração. — Mas depois não diga que eu não te avisei quando o Hemmings te largar como se você fosse uma qualquer, assim como ele fez comigo há uns anos atrás.

Luke pareceu engolir em seco, me olhando com cautela.

— Vai trazer mais outra historia à tona? — ele revirou os olhos.

Beatrice o ignorou, continuando a falar.

— Eu gostava desse idiota, achei que ele queria ficar comigo na oitava série. Eu era ingênua, achava que todos os garotos eram bonzinhos. Mas aí esse imbecil — ela disse com raiva, olhando pro Luke — fez uma aposta com esses amigos idiotas dele, uma aposta em que ele teria que ficar com uma garota mais idiota pra ganhar grana.

Olhei pro Luke e os garotos, em dúvida se eu acreditaria nessa história ou não.

— É verdade? — perguntei ao Luke, tentando ficar neutra. Eu não era do tipo que não analisava uma situação antes de ter uma opinião própria.

Luke respirou fundo, olhando pra todo canto da sala. Seus olhos azuis encontraram os meus, e eu vi sinceridade neles. Porém o Luke não parecia estar arrependido.

— É, é verdade. Mas eu não me arrependo. Admito meus erros, mas não me arrependo. Adolescentes cometem merdas, eu não tenho culpa se ela era uma ingênua que acreditava nas palavras de qualquer garoto.

— É um imbecil mesmo. — Beatrice riu sem haver graça. — Eu disse que ele não presta.

Eu estava com minha cara fechada, minha cabeça estava lotada de informações e acontecimentos. Eu só queria ir pra casa e mandar todos esses problemas se foderem. Olhei bem pra loira à minha frente, não me importando com a frieza que as minhas palavras saíram.

— Eu não tenho culpa se você era ingênua, eu não tenho culpa dos teus problemas e intrigas com o Luke. Não tenho culpa de nada da tua vida. Então, não tente me afastar do Luke só porquê ele errou com você e não te quis como você queria. — eu vi o olhar magoado dela, mas não me importei. Caminhei na direção do babaca do Scott, que ainda estava preso pelo aperto dos garotos. Ele tinha uma cara entediada, como se estar ali estivesse sendo uma merda pra ele.

De fato, pra mim também estava sendo.

— E você babaca, que se acha o fodão, mas é só mais um idiota no mundo que vai acabar por aí esquecido como todos os outros que só pensam em popularidade e dinheiro. — eu disse tudo em estilo Eminem, não me importando se ele entenderia ou não. — Fica fora do meu caminho. Mais uma ameça e eu faço te jogarem detrás das grades. E não me venha com discurso idiota de que seus pais e você são cheios da grana e que eles vão te tirar facilmente da cadeia, porque você não me conhece. E muito menos sabe do que eu sou capaz.

— Terminou? — ele apenas fez mais outra cara de tédio, o que me enfureceu mais ainda.

Abri um sorriso, me aproximando dele. Passei as mãos levemente pelo seu rosto, sentindo o babaca ficar meio nervoso com o meu toque.

— Ainda não. — após dizer isso, dei o tapa mais forte na cara dele que eu já tinha dado em alguém.

Scott grunhiu de dor, conseguindo se soltar do aperto dos garotos. Me virei pra Beatrice, eu não iria deixar essa falsiane por fora.

— Ainda não acabei com você.

E dei outro tapa na cara dela, vendo ela ficar parada no lugar parecendo não saber o que fazer. Sophie estava fora da sala, parecia quase à beira dos nervos ao ver a cena toda sem poder fazer nada.

— Luke, garotos, o Scott é todo de vocês. — eu disse, abrindo um sorrisinho mesmo ainda estando com raiva e cansada.

Caminhei pra fora da sala apenas ouvindo o barulho de socos e xingamentos dos garotos. Sorri novamente, feliz por não ter me deixado abalar com tudo isso, apesar do cansaço e da vontade de gritar e chorar.

— Vamos Sophie, já vimos muita merda por aqui. — agarrei no braço da baixinha, saindo dali o mais rápido que eu podia.

Me joguei na cama depois de tomar um banho relaxante e longo. Eu estava exausta, não queria conversa com ninguém, nem mesmo com o Luke. As coisas hoje tinham sido demais pra mim. Eu só queria ficar em paz e quieta no meu canto, assistindo minhas séries e comendo o tanto de chocolate que eu quisesse.

Me ajeitei entre os travesseiros fofinhos, me enrolando no meu cobertor felpudo. Coloquei na Netflix, tentando relaxar por completo. Porém depois de alguns minutos em que eu achava que teria paz, escutei uma gritaria no andar de baixo.

— Que ótimo, sempre que eu tento ficar de boa alguém aparece pra me atrapalhar. — bufei, aumentando o volume da TV.

A porta do meu quarto se abriu com tudo, me fazendo dar um pequeno salto na cama. Eu estava pronta pra xingar o Luke de tudo quanto é palavrão por ele entrar no meu quarto desse jeito, porém controlei o que eu iria dizer ao ver uma pequena garotinha de cabelos loiros até os ombros parada na porta.

Ela prendeu os grandes olhos no mesmo tom de azul do Luke na minha direção e abriu um sorriso enorme que mostrava todos os seus dentinhos, fazendo suas bochechas ficarem rechonchudas.

— Oi, você é a Margot? — ela disse com uma voz leve e suave, o sotaque australiano presente.

— An, eu mesma. E você? — abri um meio sorriso, curiosa pra saber quem era essa coisinha pequenina e fofa.

— Sou a Geovanna, prima do Luke. — ela sorriu mais ainda, como essa garotinha era educada.

Levantei da cama, me controlando pra não apertar as bochechas da tal Geovanna.

— Prazer em conhecê-la. — sorri, meio sem jeito. Essa garotinha estava tão arrumada com roupas de marcas caras, e eu aqui com meu blusão preto enorme da banda Green Day e uns shorts pretos curtos por baixo.

— O prazer é todo meu, em conhecer a namorada do meu primo! — ela disse alto demais, me fazendo arregalar os olhos.

A garotinha, prima do Luke abraçou minha cintura toda feliz. Antes que eu pudesse dizer pra ela que eu não era a namorada do Luke, o mesmo apareceu na porta do meu quarto com um sorrisinho idiota nos lábios.

— Eu vou te bater, Hemmings! — sussurrei pro Luke, enquanto a Geovanna me puxava pra perto  dando pulinhos.