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História Permanent Vacation - She Looks So Perfect


Escrita por: ilysmtae

Notas do Autor


She Looks So Perfect - 5 Seconds Of Summer

Capítulo 34 - She Looks So Perfect


Fanfic / Fanfiction Permanent Vacation - She Looks So Perfect

Sydney, Austrália. Março de 2017.

Você parece tão perfeita ali de pé

Na minha cueca American Apparel

E eu sei agora, que eu estou tão apaixonado


MARGOT

Continuo parada no lugar, mal acreditando no que os meus olhos estão vendo. Então minhas suspeitas sempre estavam certas sobre os garotos terem uma banda. Há! Mais um ponto pra Margot e suas intuições.

— Nossa, isso é incrível garotos. Sério, nem sei o que dizer. — eu disse, observando os detalhes de grafiti desenhados em uma parede, pufs preto e cinza e o piso de madeira lisa dando um ar "Ruas de Londres" ao lugar. Eu estava amando tudo isso.

Luke trocou olhares com os três e ambos abriram aqueles sorrisões enormes.

— Finalmente criamos coragem pra dizer isso à vocês duas. — Luke tomou a palavra, seu tom de voz mais grave e rouco que o normal me fazendo pensar besteiras. — Principalmente pra você, Margot.

Calum jogou o boné preto pra trás, dedilhando alguma coisa no baixo.

— Isso não é uma atração de circo, então nada de sair contando por aí o que vocês viram aqui. — a maneira que ele disse isso soou engraçada, fazendo tanto eu como a Sophie achar graça.

— Não iremos contar pra alguém, podem ficar tranquilos. — eu disse, e Sophie concordou com a cabeça.

— Ok, então vão se sentar ali nos pufs e observar nossa atração! — Mike berrou passando os dedos fortemente na guitarra, produzindo um som forte. 

— Mike, não é assim que tratamos nossas primeiras espectadoras. — Calum sussurrou pra ele, e eu era só sorrisos.

Fui me sentar nos pufs junto com Sophie e esperei eles começarem. Era engraçado o fato de quando juntos, os garotos ficavam todos atrapalhados quando estavam querendo mostrar que eram melhores em alguma coisa.

— Ok, nós temos essa música nova que estamos escrevendo--

Luke tentou continuar mas Mike e Calum o interromperam.

— Cara, essa música não. — Calum fez um sinal de "pare" com uma mão.

— É, as garotas vão rir se cantarmos essa. — Mike apontou pra mim e Sophie.

Luke revirou os olhos.

— A música é boa, é criativa e diferente. Não é, Ash?

— Com certeza! — ele abriu um sorriso incentivador, parecia sincero. Suas covinhas ficavam à mostra fazendo ele parecer uma criança malina. — As garotas vão ser as primeiras a ouvir.

— E opiniões de outras pessoas contam muito. — me intrometi na conversa, eu estava curiosa demais pra saber o que tanto tinha na letra dessa música para os garotos fazerem todo esse drama.

Mike cerrou os olhos na minha direção e eu prendi o riso.

— Espectadoras não podem opinar em conversas de músicos, mocinha.

Joguei as mãos pra trás como se estivesse se rendendo e Sophie riu, parecendo se divertir com a cena.

— Mas a Margot tem razão, garotos. — Ash tomou a palavra. — Opiniões de outras pessoas, principalmente das garotas contam muito. Ainda não tivemos a chance de mostrar essa música pra outras pessoas, então vamos aproveitar e mostrar para as garotas.

Realmente, se eu tinha alguma dúvida de que o Ashton era quem tomava a palavra e decidia com mais maturidade as coisas entre os garotos, essa dúvida acabou neste momento.

— Mas é a porra de uma música sobre cuecas! — Mike berrou, esbugalhando os olhos e apontando para as calças.

Olhei pra Sophie, agora sem entender mais nada.

— Como eu disse, uma música diferente. — Ash deu de ombros.

— Qual é, garotos. A música deve ser ótima. — tentei encorajá-los, recebendo um olhar ameaçador do Mike, que agora está cismado comigo.

— Você! — ele apontou o dedo na minha direção. — Nem venha com esse papinho encorajador só pra cairmos na tua conversa, cantarmos a porra da música e depois você rir da nossa cara.

Eu não conseguia mais controlar a risada.

— Mike, menos por favor. — Calum deu um tapa no braço do loiro.

— Ok! — ele jogou as mãos pra cima, desistindo. — Cantem a música e sejam motivo de risos!

Os garotos riram não se importando com os chiliques do Mike e pegaram seus respectivos instrumentos. Não pude esconder a minha surpresa ao saber que Luke era o vocalista principal, eu nunca imaginei que ele tivesse uma voz extremamente boa pra ser admirada.

— Um, dois, três, quatro. — Luke contou em voz alta, enquanto Ashton batia levemente as baquetas na bateria.

E eles começaram, todos sincronizados. A música começava com vários "Heeeys" e acordes pesados de guitarra, e eles não desafinaram nem um pouco! Minha boca abriu-se em choque ao ouvir Luke cantar pela primeira vez. A voz dele era grave, um pouco grossa e suave. Era potente, pode-se dizer que se destacava da voz dos garotos e isso era uma coisa que eu nunca imaginava vinda do Luke.

Eu e Sophie somos só sorrisos e gritos de incentivos, até que Luke olha pra mim com aquele sorriso de tirar o fôlego e canta o refrão sem tirar os olhos de mim:

— Você parece tão perfeita ali de pé

Na minha cueca American Apparel

E eu sei agora, que eu estou tão apaixonado

Sua mancha de batom é uma obra de arte

Eu tenho seu nome tatuado em um coração flechado

E eu sei agora, que eu estou tão apaixonado

Ele volta à dedilhar as notas em sua guitarra, fechando os olhos enquanto uma melodia de guitarras pesadas e mais "Heys!" enchiam o ambiente.

Eu acho que estou corando. Porra. Eu não posso me deixar enganar por um garoto lindo, australiano e atraente que usa um piercing no lábio, tem uma banda e dedica partes de músicas pra mim.

Luke estava tão atraente, tão brilhante e encantador cantando e tocando junto com os garotos. Todas as vozes deles eram lindas da sua maneira, até a voz do Ashton que cantava poucas vezes. Se eu tinha dúvidas de que os garotos não tinham muitas chances de fazer sucesso com apenas uma banda, elas acabaram agora.

Luke olhou pra mim mais uma vez e apontou na minha direção no final do refrão:

Vamos fugir, vamos fugir porque essa

Cidade caloteira está aqui só para nos deixar para baixo

Enquanto eu estava fora

Eu me encontrei sozinho só pensando

E se eu aparecesse com um bilhete de avião

E um anel de diamante brilhante com seu nome nele

Será que você fugiria também?

Porque tudo o que eu realmente quero é você

Eu não conseguia e nem queria prestar atenção em mais nada que não fosse ele cantando com sua voz maravilhosa. A música seguiu com notas de guitarra mais altas e mais "Heys", e então Luke abriu aquele sorriso enquanto mordia o lábio e porra... Eu estou tão fodida. Tão fodida por talvez estar apaixonada por Luke Hemmings.

A música acabou e eu não pude conter minhas emoções, puxei a Sophie pra ficar em pé e juntas gritamos, batemos palmas e assoviamos.

— Meu Deus, vocês foram incríveis! Nossa... — tentei encontrar palavras pra definir esse momento. — Estou tão orgulhosa de vocês.

— Awwwn! — Mike colocou a guitarra em cima da banqueta. — Group Hug!

E sem que eu pudesse ter tempo de reagir, os garotos já estavam nos abraçando, todos quase esmagando um ao outro e gritando feito marginais.

— É uma nova era, pessoal! — Ashton gritou.

Os garotos concordaram com gritos, desfazendo o abraço em grupo.

— É, eu posso sentir. — minha voz era quase um sussurro suave.

Luke me encarou de repente, um sorriso de canto estava estampado no seu rosto. Aproveitei pra reparar que o cabelo dele estava maior e que ele estava colocando ele em forma de topete novamente. A barba um pouco por fazer o deixava com um ar mais velho. Como esse garoto pode ser atraente em quase tudo?

— Vocês escreveram mais músicas? — Sophie perguntou empolgada.

— Algumas. — Luke respondeu. — Faltam algumas partes, alguns ajustes... Essas coisas.

Me sentei nos pufs novamente.

— E eu com certeza quero ouvir essas músicas. De preferência tocadas por um violão.

— Olha só, já está cheia de querer. — Mike cruzou os braços, fingindo estar bravo.

— Garotos, eu amei a voz de vocês, a música de vocês. Então por favor, não neguem os prazeres de uma garota de bom gosto tão grande! — fiz a minha maior cara de coitada, dizendo tudo de forma dramática.

Eu estava sendo sincera, os garotos me surpreenderam.

— Tá certo, sua puxa-saco! — disse Mike tentando esconder um sorrisinho.

— Seu pedido é uma ordem, madame. — Luke sorriu, pegando um violão atrás das baterias do Ashton.

E nossa noite realmente foi especial: Os garotos sentaram no chão, e Ashton pegou um banco de madeira pra fazer de bateria improvisada. Luke tocava o violão e cantava com sua voz melodiosa sendo acompanhado por os garotos. Ficamos cantando outras músicas, nos empolgando em algumas. Luke parecia tão em paz, tão feliz nesse momento que eu finalmente percebi que cantar e fazer música era mesmo a sua paixão. Era a paixão de todos os garotos, a felicidade em seus rostos era impossível de não ser notada.

Minutos depois Mike estava com o violão, tocando músicas da Disney e cantando de um jeito engraçado. Ele e Sophie eram os cantores da vez. Tão fofinhos esse meu casal preferido!

— Caralho, colorida. Se essa banda não estivesse completa, eu colocaria você nela.

Observei Sophie ficar vermelha, tentando disfarçar com um sorriso. Mike começou a cantar outras músicas da Disney que eu não conhecia. Fiquei apenas observando, amando o clima maravilhoso e calmo que de repente se formou aqui. Eu me sentia em casa. Quando eu fosse embora pro Brasil, nunca iria esquecer de como esses garotos mudaram minha vida.

Não pude sentir a dor sufocante da ideia de ir embora, porque Luke tocou minha mão me tirando dos meus devaneios.

— Quer dar uma volta comigo? — ele perguntou, a voz tão baixa que eu mal pude ouvir diante da cantoria.

— Claro.

Segurei sua mão grande e quente, me levantando do puf confortável que eu estava.

— Pessoal, vamos dar uma volta e voltamos logo.

Os garotos e até a Sophie nem ouviram o que Luke dissera, concentrados demais em cantar com toda empolgação pra ouvir alguma coisa.

— Ok. — Luke fez uma cara engraçada, segurando minha mão e me guiando pra fora da garagem.

Caminhamos de mãos dadas como há muito tempo não fazíamos, o vento fresco bagunçando meu cabelo. A lua cheia pairava sobre nós tão linda e majestosa, dando um ar encantador pra esse momento raro.

— Pra onde vamos? — perguntei curiosa. À luz da lua, mais uma vez Luke parecia um anjo caído.

Seus olhos azuis e o seu cabelo loiro pareciam ficar mais brilhantes, era impossível desviar os olhos.

— Conheço um lugar incrível, mas não sei se você vai ter coragem de topar ir.

— Está me subestimando, Luke Hemmings? — estreitei os olhos.

— Talvez. — ele passou a língua no lip ring. Cara... — Topa caminhar um pouco?

— É muito longe? Porque você sabe que eu sou meio sedentária com essas coisas.

Luke começou a caminhar ainda sem soltar a minha mão, e eu lembrei mentalmente minhas pernas de se moverem pra acompanhar seu passo.

— E você ainda não quer que eu te subestime, Margot Alves. — ele sorriu, me provocando.

Dei um tapa no braço dele soltando sem querer as nossas mãos, que antes estavam entrelaçadas.

— Eu conheço esse lugar que você vai me levar? — comecei com minhas perguntas enquanto passávamos em frente do McDonalds.

— Não, por isso que o passeio vai ser incrível.

Passamos direto do McDonalds e eu fiquei olhando pra trás morrendo de vontade de comprar um BigMac com fritas. Só que eu não queria estragar esse momento com minhas gordices, então deixei passar. Era raro momentos assim com o Luke e eu não queria que fosse eu a estragar tudo.

Atravessamos um semáforo e agora estávamos caminhando perto de um píer de madeira, onde ao longe dava pra ver o mar com suas ondas perigosas e incríveis indo e vindo calmamente. Praticamente o mar estava abaixo de onde estávamos.

O tempo estava esfriando, porém eu estava poetisando tudo. A Austrália era tão linda e tropical, eu estava me sentindo em um daqueles filmes da Miley Cyrus naquelas praias bonitas com um garoto bonito do seu lado. Ao longe, observei um parque de diversões igualzinhos aqueles parques retrôs que encontramos em fotos tumblrs do aplicativo We Heart It.

O silêncio que pairava entre eu e o Luke não era nada estranho, era bom. Era como se estivéssemos conectados mesmo sem dizer uma palavra, apenas ouvindo os passos e a respiração do outro, o barulho das ondas calmas embaixo de nós, dos carros na avenida, ou do vento que vez ou outra bagunçava meu cabelo trazendo ele pra minha cara.

— No que você está pensando? — Luke me encarou, ele estava tão radiante que eu abri um sorriso imediatamente.

— Que eu quero dar uma volta naquele parque de diversões? — fiz soar como uma pergunta.

— Hmm, querendo interromper nosso passeio, menina Margot? — ele disse fingindo estar pensativo, os olhos estreitos enquanto torcia a boca pro lado.

— É que eu sou apaixonada por parques de diversões. — eu disse empolgada demais. — Estou me sentindo em um filme retrô, não corta minha onda.

Luke arqueou as sobrancelhas de forma exagerada.

— Ok, mas tem que ser rápido.

— Tá falando sério? — eu estava parecendo uma criança empolgada.

— Claro, bobinha. — ele colocou o dedo indicador no meu nariz e eu já podia sentir minhas bochechas esquentando. — Só estou nessa porque eu também gosto de parques de diversões... E porque você fica bonitinha demais insistindo desse jeito.

Mostrei a língua pra ele, caminhando na frente na tentativa de chegar mais rápido.

— Margot, não queira competir corrida comigo! — ele gritou atrás de mim.

— Resposta errada, Hemmings: Já estou competindo!

Comecei a correr mesmo sabendo que meus pulmões não iriam aguentar por muito tempo e que eu iria ficar com falta de ar. Luke estava quase me alcançando, ele era ágil demais.

— Não vai conseguir, desista! — ele gritou enquanto sorria, quase perto de mim.

— Nunca! — gritei, meus passos fazendo barulho na madeira do chão do píer.

Olhei de soslaio pra trás e pude ver Luke mais perto ainda, seus cabelos loiros dançavam pra lá e pra cá, desfazendo todo o seu topete e caindo em cachinhos novamente.

Agora sim ele parecia um verdadeiro anjo caído.

Meus pulmões já começavam a reclamar por ar, quando eu finalmente passei pela entrada com letras vermelhas parecidas com decoração de circo do parque de diversões da orla.

— Ganhei! — comemorei, parando de correr. Segurei em um poste de luz tentando recuperar o fôlego, eu podia sentir que estava sem ar e meus pulmões arranhavam cada vez que eu respirava. — Merda.

Repeti mentalmente pra eu me acalmar e tentei normalizar a respiração. Digamos que eu não aguento correr como as pessoas normais. E não, eu não tenho asma. Após alguns minutos consegui ficar calma, e foi aí que percebi que o Luke não tinha aparecido.

— Luke? — saí do parque, procurando se ele tinha ficado no píer passando mal também. O que era bem improvável.

Um vento gélido me fez agradecer por estar com uma blusa xadrez vermelha. A Austrália pode ser quente de dia, contudo algumas noites são frias demais. O píer estava vazio, apenas com algumas pessoas indo embora do parque. Nada de Luke.

— Luke, onde você está? — entrei dentro do parque. — Se for alguma brincadeira, não tem graça nenhuma.

Comecei a observar os detalhes do parque. O lugar era mesmo lindo, estilo retrô e só um pouquinho sombrio. Eu gostava disso. Postes de luz tinham formatos que pareciam aqueles da Disney; Tinha uma roda gigante enorme decorada por luzinhas coloridas, uma montanha russa com detalhes de galhos de árvores ao redor; Barraquinhas de tiro e de inúmeros jogos estavam cheias de gente. O cheiro de sorvete e pipoca estavam me deixando nostálgica.

Toda a decoração do parque estava para dar a impressão de ser um parque abandonado, mas limpo e moderno.

Então, pra estragar toda a beleza do lugar, um palhaço que parecia ter saído da série American Horror Story com uma cara horrorosa estava me olhando fixamente. Era apenas uma estátua ou era o que eu pensava, mas me deu arrepios.

Decidi ligar pro Luke e xingá-lo de todo palavrão por ele ter me deixado sozinha em um parque que eu não conhecia, com um palhaço horroroso me encarando. O celular dele chamou quatro vezes e nada de ele atender.

— Merda, Luke. Você está tão morto. — disquei o número outra vez, saindo pra fora do parque que fazia menos barulho.

Mais uma vez o celular só caía na caixa postal e eu presumi que isso era alguma brincadeira idiota desse Hemmings Desgraçado. Guardei o celular no bolso da calça jeans e voltei pra dentro do parque, na esperança de encontrar aquele idiota por ali. Olhei ao redor, procurando um garoto de cabelo loiro com cachinhos e camiseta preta da banda The Beach, que eu amo pra caralho por sinal.

A camiseta, ok? A camiseta.

Meu celular começou a tocar. Tirei ele do bolso e o nome "Luke" estava na tela. Eu estava pronta pra atender e soltar meus palavrões, quando eu ouvi passos lentos atrás de mim. Virei pra trás quase que imediatamente e o mesmo palhaço que estava me encarando mais à frente estava parado, a cabeça pendendo um pouco pro lado sobrenaturalmente. Acho que de lá do Brasil poderiam ouvir o grito que eu dei nesse momento, porque eu gritei. Gritei e saí correndo feito uma doida pra fora daquele parque assombrado.

O palhaço começou a correr atrás de mim e eu juro, meu coração quase saiu do meu peito. Eu já estava quase chorando de desespero, quando o palhaço começa a rir uma risada que me parece familiar. Parei de correr e observei ofegante o palhaço mover as mãos até a cabeça.

Eu quis chorar de raiva ao ver quem estava por dentro daquela fantasia: Luke. O Hemmings Desgraçado era o culpado, como sempre.

— O que porra você pensa que estava fazendo?! — gritei furiosa, ainda me recuperando do susto.

Luke não parava de rir com aquela risada de foca engasgada. O loiro jogava a cabeça pra trás de tanto rir, como se o fato de eu levar um susto desses fosse a maior comédia do século.

— Oh, Deus! Você devia ter visto a tua cara! — e voltou a rir de novo. — Desculpa, era pra ser uma brincadeira... desculpa.

E continuou rindo por mais quatro minutos. Eu estava com vontade de chorar de raiva, porém me controlei porque eu não iria pagar esse mico de chorar na frente desse idiota. Simplesmente dei as costas à ele e comecei a andar de volta pra avenida.

— Hey! Margot volta aqui, era só uma brincadeira! — ele gritou atrás de mim, contudo não dei ouvidos e continuei andando a passos firmes pra longe dele.

Ouvi seus passos correndo no píer e continuei andando, não me importando se o vento trazia meu cabelo pra minha cara e atrapalhava minha visão.

— Margot, espera. — ele puxou minha mão, me obrigando a parar de andar. — Foi mal, ok? Eu passei dos limites de novo, estraguei nosso passeio.

Respirei fundo, afastando minha mão da dele.

— É, você estragou nosso passeio. Como sempre.

E comecei a andar novamente. Luke puxou minha cintura por trás, me trazendo pra frente. Nossos corpos estavam muito próximos de forma que eu podia sentir o cheiro do perfume intenso e masculino dele. Eu odeio o fato de ultimamente eu não ter mais tantas forças pra fugir do Luke, isso era algo que me assustava e me dava uma esperança ao mesmo tempo.

— Por favor, diz que me perdoa. Eu juro que eu ainda posso consertar esse passeio. — ele implorou, as íris azuis brilhando com a luz da lua.

Quase fiquei hipnotizada, quase. Eu ainda tenho meus autocontroles.

— Eu vou voltar pros garotos. Se quiser, passeie sozinho. — tentei me afastar, porém ele era mais forte que eu.

— Você não quer voltar, você quer ficar. Se fosse o contrário, você já estaria gritando comigo e me dando tapas.

E sorriu abertamente ao ver que fiquei sem palavras. Ah, aquele sorriso. Aquele maldito sorriso.

— Ainda quer que eu te mostre aquele lugar que eu disse? — seu tom de voz estava suave.

Eu acho que minha cara de choro e de susto fez Luke se preocupar de verdade. Eu não conseguia esboçar nenhuma emoção enquanto me recuperava totalmente do susto.

— Linda, você tá bem? — ele segurou meu rosto com uma mão, me obrigando à olhá-lo nos olhos. E então começou a tagarelar, como eu nunca tinha visto antes. — Me desculpa se eu te assustei, eu sou um idiota que não sabe medir as consequências dos meus atos. Eu também só faço merda, não precisa dizer. Se quiser pode me dar um tapa na cara, ou um soco, não sei. Eu vou tentar parar de estragar passeios e--

Colei meus lábios nos dele, fazendo ele parar de falar. Eu não sabia porque estava fazendo isso e não queria saber, eu apenas fiz. Luke pareceu relaxar o corpo, dando passagem pra minha língua entrar na boca dele. Ele me puxou delicadamente pela cintura, a outra mão acariciando meu cabelo.

Não tinha nada de urgência no nosso beijo, nada de pressa pra terminar. Pela primeira vez eu podia sentir que tinha algo diferente nesse beijo, nesse momento, nesse dia. Era como se o universo estivesse querendo me mostrar alguma coisa, me dizer alguma coisa. Eu sempre quis me apaixonar por alguém que sentisse o mesmo por mim, sempre quis um amor pra vida toda e não só ficantes de balada que no dia seguinte nem iriam me ligar.

As pessoas devem achar que eu sou só uma garota fria de sentimentos que só quer curtir a vida e não tem nenhum sonho romântico. Mas eu tenho. Até confesso que toda noite peço a Deus pra me mandar a pessoa certa, peço pra ele me mostrar se o Luke é mesmo a pessoa certa pra mim. Acho tão bonito quando duas almas se apaixonam, ou quando um simples sentimento de gostar nasce dentro de cada um. Acho tão lindo essa conexão das almas, como se o universo já tivesse predestinado você pra essa pessoa.

Já teve a impressão de que tal coisa, tal momento e tal pessoa parece ter sido obra do destino? Sempre fico comparando datas, meses e anos. Tipo, nesse mesmo dia do ano passado eu estava morando no Brasil e trabalhava no Starbucks pra conseguir pagar junto com a Sophie as despesas do nosso apartamento. Eu fico refletindo que eu nem imaginaria que nessa mesma data, no ano que vem — ou seja, nesse ano — eu estaria beijando um australiano bonito no píer da orla de uma praia.

Acho que tudo acontece na hora certa. E o universo, o destino e principalmente Deus, ainda me surpreendem muito e me assustam. Me assustam por fazerem o mundo dar tantas voltas e trazer pessoas novas pra minha vida, pessoas que eu nem imaginava terem a importância que elas tem hoje.

Perdi a noção de quantos minutos ou horas eu e o Luke ficamos nos beijando. Separei nossos lábios e depois de tanto tempo, o abracei. Eu não sabia porque eu estava sendo tão carinhosa com o cara mais galinha de Sydney.

Luke retribuiu meu abraço e ficamos ali, no meio do píer abraçados. O vento gélido passando por nós junto com o barulho calmo das ondas abaixo de nós. Eu me sentia segura, em paz nesse abraço, como se meus medos não tivessem importância, como se apenas existissem eu e ele no mundo. Algo diferente estava se agitando dentro de mim, algo muito diferente do que já senti antes. Meu coração insistia em bater forte, contudo uma parte dele vibrava com um sentimento que eu não conseguia identificar.

— Eu estava com saudades disso. — Luke sussurrou perto do meu ouvido, me provocando um leve arrepio.

— Eu também.

Fechei os olhos desejando que esse momento não acabe, desejando que o Luke não me deixe assim como os outros caras me deixaram. Eu não queria me enganar outra vez, mas o sentimento era tão forte que eu não podia e nem queria fugir. Passei a ponta do meu nariz na curva do pescoço dele, sentindo o cheiro do seu perfume, gravando na minha memória. E então eu sorri, descansando meu rosto ali.

Luke se afastou com relutância, um sorriso envergonhado estava em seu rosto angelical.

— Ainda temos um passeio pra fazer, madame. — esticou a mão pra que eu a pegasse.

Sem pensar duas vezes segurei sua mão, e juntos fomos andando pra sabe-se lá onde. Não importava o lugar que iríamos, a ideia de caminhar sem rumo com Luke me agradava.



— Chegamos. — Luke tirou as mãos dos meus olhos.

Olhei ao redor e não pude conter minha cara de surpresa ao ver a vista mais linda da minha vida. Luke tinha me levado pra uma espécie de ponte que dava pra ver a vista da cidade de Sydney inteira: Os prédios enormes e brilhantes, a Opera House, a ponte Harbor Bridge, o mar que rodeava a Austrália. As luzes dos carros pareciam vagalumes lá embaixo.

— Uau. — foi o que consegui dizer. — Como você descobriu esse lugar?

Luke se apoiou na sacada com um sorrisinho convencido.

— Segredo. Eu sempre venho aqui quando estou querendo ficar sozinho, ou... Quando estou com problemas.

— Luke Hemmings tem um esconderijo maravilhoso com vista pra cidade toda. Uau. — levantei uma sobrancelha, mais uma vez me surpreendendo com o Luke.

— Tem muita coisa minha que você ainda não sabe, Margot.

O clima ficou estranho de repente, então mudei de assunto.

— Aqui é tão lindo. Tão... Incrível. Parece que estou em um sonho.

Luke olhou pra onde eu estava olhando, seus cabelos se mexiam levemente com o vento. Eu já disse que o nariz arrebitado do Luke era a coisa mais adorável?

— Quando eu descobri esse lugar tive a mesma sensação que você. Ainda tenho.

— Realmente a vista é de tirar o fôlego. — fiquei observando a cidade, sentindo a brisa gélida e o ar puro da noite Australiana com um ar sonhador. — Mas eu queria muito conhecer Londres, sabe? Todo aquele clima chuvoso e frio... Bem estilo Harry Potter. É lindo.

Percebi que acabei falando demais e eu tinha as íris azuis do Luke cravadas em mim.

— Tô falando demais, foi mal.

— Não está, é bonito quando você fala de um jeito todo sonhador e... Como é aquela palavra que você diz sempre? — ele franziu a testa. — Poético?

Gargalhei com vontade, até minha risada parecia natural.

— É, poético. Então o menino Hemmings me acha poética? — joguei meu cabelo de lado.

Luke observou meus movimentos e só depois disse alguma coisa.

— Eu acho tanta coisa sobre você, Margot. Todos os dias você parece mudar, então... É, você é poética e doida. Não sei explicar essa viadagens. — ele revirou os olhos.

— Awwn. — sorri, mais pra tentar esconder minha felicidade ao ouví-lo dizer isso.

Ficamos nos encarando como no jogo do sério por tempo demais. Até que por fim, Luke resolveu acabar com o silêncio.

— Sinto falta desses nossos momentos. Sinto falta de tudo em você, do teu corpo... — ele se aproximou devagar, me puxando pra perto dele. — Parece que faz anos desde a última vez que a gente esteve em paz um com o outro.

Concordei, não conseguindo dizer tudo o que eu queria.

— À partir de hoje, vamos se esforçar pra tudo melhorar? — perguntei, passando as mãos pelos cabelos macios dele.

— Como assim?

— Eu não sei o que está acontecendo entre a gente, mas não é amizade. Então, vamos evitar brigar por besteira e ter momentos melhores... Ninguém precisa se envolver seriamente um com o outro, só... Manter a paz.

— Por mim tudo bem. — ele abriu um sorrisinho. — Mais tarde eu tenho uma definição um pouco diferente de paz.

Abri um sorriso malicioso, entendendo aonde ele queria chegar.

— Mal posso esperar pra ver.

E mais uma vez nos beijamos, colocando toda a emoção que estávamos guardando. Uma garoa fina começou a cair. Se isso não era a definição de felicidade, então eu não sabia o que era.

Meu celular tocou insistentemente, atrapalhando nosso clima.

— Espera um minuto. — peguei o celular do bolso, pensando ser a Sophie me ligando preocupada.

O nome "Felipe Villar" apareceu na tela, e eu rapidamente a bloqueei. Eu não devo satisfação ao Luke, no entanto eu não queria mais ninguém atrapalhando esse momento. Luke e eu ainda tínhamos muito pra conversar, se conhecer e recuperar o tempo perdido.

— Quem era? — ele perguntou desconfiado.

— Ninguém em especial. — e o beijei de novo, dando continuidade ao que estávamos fazendo. 





Notas Finais


SERÁ QUE AINDA EXISTE AMOR PRA RECOMEÇAR?

Ok, demorei demaaais novamente. Desculpem meeesmo, não foi proposital. Senti saudades de vocês! A demora não foi nada relacionado a celular quebrado, essas coisas. Pq eu ainda estava respondendo os comentários de vcs no capítulo anterior.

Acontece que eu fiquei com um pequeno bloqueio pra escrever (Infelizmente isso acontece com todos os escritores), e aí eu tentava escrever algo e travava. Aí dei um tempo e depois fui escrevendo aos poucos.

Admito também que fiquei super sem tempo pra tentar escrever algo, já que esses dias tô saindo muito com os amigos, crush, e (não me matem) eu estava bebendo demais esses dias e ficando praticamente bêbada quase todo dia. Aí n tinha condição de escrever, né? Agora dei uma pausa nessa vida bandida de bebedeira.

Mas não se preocupem, não vou abandonar de jeito nenhum essa fanfic! Sou muito grata por ter leitoras tão maravilhosas como vcs, obrigada pela paciência e por não desistirem da fic.

Enfim, comentem oq acharam e até o próximo capítulo! Um novo rumo pra fanfic está apenas começando, espero que gosteem.

Obs: Se quiserem conhecer a banda indie The Beach, super recomendo. As músicas são incríveis, lindas, calmas bem estilo praia mesmo. Sempre acho que a voz do vocalista me lembra a serie The Vampire Diaries kkk


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