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História Pérola Negra - Capítulo XI


Escrita por: ohprince

Notas do Autor


Boa leitura! :3

Capítulo 11 - Capítulo XI


Fanfic / Fanfiction Pérola Negra - Capítulo XI

– Cuidado com o Kris. Ele é realmente um bom ladrão nisso. – Junmyeon alertou Yixing ao depositar dois copos de limonada, preparada por Kyungsoo e Minseok, sobre a mesa em que o pirata e Kris jogavam Dados Mentirosos.

– Não seja estúpido. – Kris revirou os olhos e Yixing reprimiu uma risada quando o médico o chutou sutilmente na canela por baixo da mesa. – Esse jogo é sobre sorte e intuição. E a minha intuição é sempre boa, devo dizer.

– Mas não desta vez. – Yixing se pronunciou após ambos levantarem os copos, revelando assim os dados antes ocultos.

– Você roubou! – protestou Kris ao perceber que algo de estranho havia nos dados postos sobre a mesa.

– Eu pensei que esse jogo fosse sobre sorte e intuição. – Yixing levantou as sobrancelhas, rindo em seguida quando Kris bufou e protestou para que iniciassem outra rodada.

Junmyeon revirou os olhos ao mesmo tempo em que sorria e deixou os dois amigos, dirigindo-se para o quintal dos fundos da pensão. Deu um passo para o lado quando avistou Sungwoo correndo em sua direção com Zitao atrás de si, advertindo-os para que tomassem cuidado. Seu instinto paterno logo retornou quando colocou os pés para fora na varanda e viu o exato momento em que a espada de Sehun rasgou o tecido da camisa de Baekhyun, próximo ao abdômen do capitão.

– É realmente necessário levar a sério? – o médico protestou. – Vocês vão acabar se machucando desse jeito!

– Só estamos treinando. – Baekhyun se manifestou ao ver que nenhuma escoriação foi feita em sua pele. – Não se preocupe.

– E não tem como não levar a sério com Baekhyun. – disse Sehun, enxugando o próprio suor com a manga da camisa. – Já o viu lutando? – questionou ao médico que apenas revirou os olhos, sorrindo.

– Ainda assim, não exagere. – aproximou-se de onde Luhan e a pequena Chohee, sentada em seu colo, estavam no degrau da varanda e juntos folheavam um livro de contos infantis. Depositando a bandeja de limonada ao chão, Junmyeon acomodou-se ao lado dos dois, sorrindo gentilmente enquanto ouvia Luhan ensinar as palavras do livro para a garotinha.

– Chanyeol não voltou para casa. Faz ideia de onde ele possa estar? – o de cabelos claros questionou ao levantar o rosto para encarar o médico ao seu lado. Este apenas meneou a cabeça em silêncio. – Ele não parecia muito bem e nem sóbrio quando eu o vi indo embora da festa.

– Ele estava agindo estranho ontem. – Junmyeon comentou. – Na verdade ele tem agido estranho há alguns dias já.

Baekhyun, que até então havia dado uma pequena pausa no seu treinamento com Sehun e conseguiu ouvir a conversa dos dois piratas, desviou os olhos para o chão e encarou os próprios pés como quem tentasse não chamar a atenção e ser alvo de acusação pelo sumiço de Park Chanyeol. Pois, ainda que soubesse não ser sua culpa, não deixou de se perguntar se o capitão não havia retornado para casa justamente com o propósito de evitá-lo.

É claro que Baekhyun ficou surpreso diante do ato. Ele nunca havia sido beijado por um homem antes e nunca imaginou que Chanyeol pudesse sentir qualquer tipo de atração por ele. Talvez ele tivesse notado alguns sinais, a forma com que o capitão às vezes o olhava pelos cantos dos olhos; suas reações quando sem querer seus braços se tocavam ao estarem lado a lado; o sorriso discreto que se formava em seus lábios fartos após uma troca de olhar involuntária. Porém Baekhyun nunca procurou pensar muito a respeito, tendo em mente que pudesse ser apenas um mal-entendido ou que ele tivesse interpretado de forma errada.

E então aquele beijo aconteceu. E esse mesmo beijo trouxe reflexões e sentimentos os quais Baekhyun até então não havia dado muita importância. O seu interesse em se envolver com pessoas sempre foi limitado, acompanhado pela responsabilidade que sentia em não colocar seus homens em perigo caso alguém se aproveitasse da situação, traísse sua confiança e o denunciasse para o Governo – como já aconteceu há muito tempo ao se envolver romanticamente com uma pessoa que ele achou ser verdadeira e confiável. Essa foi a primeira e única vez que Baekhyun amou. 

E talvez não fosse a última, levando em conta que Chanyeol fez despertar os mesmos sentimentos que ele uma vez sentiu ao lado do seu primeiro amor. 

– Está, por acaso, tentando impressionar o Junmyeon? – a voz de Sehun interrompeu os pensamentos de Baekhyun, obrigando-o a levantar os olhos e encontrar seus amigos Jongdae e Jongin no quintal, ambos carregando uma boa quantidade de lenha sobre os ombros.

A pergunta de Sehun fez sentido quando Baekhyun notou que Jongdae não usava nada para cobrir a parte superior de seu corpo, expondo a pele clara levemente revestida pelo suor e os músculos definidos dos bíceps e abdômen que trabalhavam no peso.

– Nada que Junmyeon não tenha visto e nem tocado antes. – foi a resposta que o pirata deu ao depositar os machados e os troncos no gramado, os quais ele e Jongin cortariam à pedido da Sra. Park.

A resposta fez com que os piratas partissem os lábios, surpresos com a revelação e um Junmyeon envergonhado a tapar os ouvidos da pequena Chohee, embora fosse tarde demais.

– Vocês são rápidos. – Sehun comentou com indignação e se dirigiu até onde Luhan e Junmyeon estavam, recebendo um copo de limonada e um olhar de desaprovação por parte do médico. – E como foi o sexo? Bom?

– Meu Deus! Qual é o seu problema? – Junmyeon o repreendeu, o rosto e as orelhas visivelmente avermelhadas, incapaz de olhar na direção de Jongdae que apenas sorria reluzente. – E pare de perguntar coisas estranhas. – entregou outro copo para Baekhyun quando este também se aproximou.

– Só fiquei curioso, oras.

– O que é sexo? – Chohee questionou de repente ao levantar o par de olhos tão grandes quanto os de Chanyeol na direção de Sehun. Este e os outros três piratas riram, tendo em seguida um Junmyeon socando o braço de Sehun quando o rapaz se sentou entre ele e Luhan.

– Sexo é algo que o tio Jun tem feito com o tio Jongdae, Chohee. – apertou as bochechas da mais nova que ainda permanecia no colo de Luhan. Então, apontou para uma figura no livro que a garotinha folheava, fazendo-a se esquecer o assunto.

– Foi bom, se quer realmente saber. – comentou Jongdae quando finalmente terminou de discutir com Jongin sobre como cortariam a lenha, dando alguns passos até estar próximo dos demais. – Mas o que Junmyeon não faz que não seja bom? – buscou o olhar do médico que arregalou levemente os olhos.

– Por que você está fazendo isso? – Junmyeon indagou, mas não impediu que um sorriso contornasse seus lábios finos. – Nós....! – preferiu se calar ao se dar conta do que estava prestes a dizer na frente de todos, levando-os a rirem logo após.

– E você, Jongin? – Sehun desviou a atenção de Chohee, encarando o loiro logo atrás de Jongdae. O pirata o encarou de volta, incentivando-o a continuar a falar. – Chegou no sexo com o Kyungsoo também?

– Não me enche, Sehun. – revirou os olhos, tentando a todo o custo não corar diante das palavras do outro, porém falhando miseravelmente. Um sorriso de canto foi lançado em sua direção e Jongin bufou, dando as costas para os amigos e chamando por Jongdae para que retornassem ao trabalho.

– Jogin se envergonha muito fácil. – comentou Luhan, sorrindo enquanto acompanhava com os olhos o mais novo e Jongdae se afastarem. – É fofo.

– Mas também, o tipo de coisas que Sehun fala leva qualquer um a se envergonhar mesmo. – Junmyeon rolou os olhos. – Pare de constranger os outros.

– Eu posso ser fofo também. – Sehun ignorou o comentário do médico e piscou repetidamente os olhos na direção de Luhan e, com um sorriso maroto, pousou o queixo no ombro do pirata que soltou uma risada baixa ao mesmo tempo em que revirava os olhos. – Preste atenção em mim também.

– Você está muito longe de ser fofo. – foi Junmyeon quem respondeu, levando uma das mãos atrás da nuca do mais novo, golpeando-o. Este protestou, devolvendo com um tapa na coxa do médico.

– Tio Junmyeon! Olha o que achamos! – Sungwoo exclamou ao aparecer na varanda, levando todos a virarem a cabeça em sua direção. Parado frente ao médico, o garoto esticou as palmas das mãos, revelando assim um filhote de passarinho. – Encontramos ele caído perto da árvore lá na frente de casa!

Zitao parou atrás do pequeno garoto, lamentando ao seu capitão que até tentou devolver a ave de volta ao ninho, mas não tinha certeza se era capaz, tamanha a altura onde se encontravam os demais filhotes.

– Vamos tentar devolvê-lo para os irmãozinhos dele, vem! – Sehun foi o primeiro a se levantar e bagunçou os cabelos de Sungwoo, acompanhando-o para a fachada frontal da pensão. Exceto por Jongin e Jongdae que se encontravam ocupados, os demais seguiram logo atrás e Luhan foi o último, carregando Chohee nos braços.

– Lá no alto! – Sungwoo apontou com o dedo indicador após oferecer o filhote para Sehun que o pegou com cuidado.

– Não é melhor pegar uma escada? – Luhan pousou a mão rente aos olhos quando os raios do sol forçaram seus olhos a fecharem no momento em que olhou para cima. – Pode ser perigoso.

– Não. Posso escalar e chegar até lá sem problemas. – Sehun respondeu, arrancando as botas e as meias dos pés. – Vou pegar isso emprestado, amigão. – alcançou o chapéu de Sungwoo e, na parte interior, depositou o passarinho. Prendeu o chapéu entre os dentes e iniciou sua escalada.

– Tome cuidado. – Junmyeon alertou, acompanhando os movimentos do mais novo que se distanciava cada vez mais do chão.

– Talvez seja melhor evitar ir para esse lado, os galhos não parecem resistentes. – Baekhyun advertiu, o que fez Sehun virar o rosto para baixo e depois olhar para a direção indicada pelo ruivo. Assentindo, o rapaz seguiu  para o lado oposto e, após firmar um dos pés à sua frente e segurar-se em um dos galhos, tomou o chapéu na mão livre.

– Se for muito para frente o galho pode se quebrar, Sehun. – Luhan anunciou, exigindo no seu tom de voz que o pirata não desse nenhum passo a mais.

– Mas então não alcançarei o ninho.

– Vou buscar a escada. Não se mexa. – Luhan disse por fim e desceu Chohee dos seus braços. Entretanto, seu aviso havia sido em vão, pois Sehun já estava dando um passo para frente e a consequência disso veio logo em seguida quando um dos galhos que sustentava o peso do pirata se partiu.

– Sehun!


 


 

Sua primeira reação ao se deparar com a claridade do sol, machucando seus olhos, foi murmurar em um tom de reprovação e virar o rosto para o lado oposto daquele incômodo matinal. Manteve os olhos fechados com o intuito de voltar a dormir, mas o barulho desconhecido vindo de fora que invadia seus ouvidos – diferente daquele com o qual estava acostumado a ser acordado – fez com que Chanyeol finalmente despertasse.

Não seria surpresa perguntar a si mesmo que lugar era aquele e o que ele fazia ali, principalmente depois do tanto que havia bebido na noite anterior. As lembranças eram vagas, claro, mas ainda assim foi capaz de recordar do rosto surpreso de Baekhyun quando o beijou; da maciez dos lábios alheios e daquele belo rosto que se encaixou tão perfeitamente na palma de suas mãos.

Soltou um murmúrio de frustração e afundou o rosto na almofada cujo aroma estava longe de parecer com o sabão usado por sua mãe. Então, sentiu o colchão balançar, mostrando que ele não era o único a ocupar aquela desconhecida cama. Com receio, Chanyeol levantou a cabeça devagar e virou o rosto, percorrendo os olhos na silhueta debaixo do lençol branco ao seu lado.

Como quem tivesse recebido um balde de água gelada na cabeça, Chanyeol colocou-se para fora da cama e recolheu suas peças de roupas espalhadas pelo assoalho do aposento. Vestiu-as em uma velocidade jamais vista e, sem olhar para trás ou responder quando a pessoa lhe dirigiu a palavra, Chanyeol simplesmente deixou o quarto. Não fez questão de descobrir onde passou a noite, mas com apenas um olhar rápido no letreiro acima de sua cabeça – após colocar os pés para fora do estabelecimento – soube ser um hotel de quinta categoria.

– Você está com uma cara horrível. – Kibum sorriu em sua direção quando Chanyeol atravessou a porta da joalheria, o primeiro lugar o qual lhe veio à cabeça sem ser sua casa. – A que devo a honra, Park Chanyeol?

– Uma caneca de café forte, por favor. – dirigiu-se até o amigo que, ainda a sorrir perante a situação lastimável do outro, apontou com a cabeça para que o pirata o seguisse para os fundos da loja.  

– Acredito que não tenha dormido em casa. – percorreu os olhos pelo traje de Chanyeol, o mesmo usado na noite do baile. Este apenas fechou os olhos após sentar-se à mesa da pequena cozinha e escondeu o rosto entre as mãos. Kibum então depositou o café sobre a mesa e se acomodou ao lado do amigo. – O que houve?

– Nada. – foi o que respondeu, mas sem mover um músculo sequer.

– Não é o que parece. Anda, toma. – arrastou a caneca sobre a madeira, fazendo Chanyeol finalmente levantar a cabeça. Este pegou a caneca em mãos, tomando um gole do seu café. – Deixa eu adivinhar... – Kibum sorriu diante da careta que o capitão fez por causa da bebida amarga. – Acordou com alguém desconhecido na cama e não fazia a mínima ideia de como foi parar ali.

– O problema é que eu sei como fui parar ali. – confessou, abaixando a caneca até que o objeto estivesse sobre a mesa novamente. Então, soltou um suspiro de frustração. – Droga. Onde que eu estava com a cabeça?

– Não é como se você nunca tivesse se deitado com uma mulher desconhecida antes. – respondeu Kibum, revirando os olhos. – Pare de se lamentar. Você estava bêbado e foi atrás de uma diversão. Qual o problema nisso?

– Porque não era uma mulher.

Kibum partiu os lábios, mas não emitiu um único som sequer. E após um tempo em silêncio, dando conta da própria estupidez ao se expor daquela forma, Chanyeol se levantou abruptamente da cadeira onde se sentava.

– Esqueça o que eu disse.

– Espera, Chany–…

Porém, este não deu ouvidos e desapareceu de vista assim que atravessou a porta da joalheria, deixando Kibum falando sozinho.

Chanyeol nunca exatamente conversou com alguém sobre sua possível atração por pessoas do mesmo sexo que o dele – embora desconfiasse que Kris, Kibum e Soojung soubessem há um tempo. Na verdade, ele sequer admitia isso a si mesmo, então como ele poderia falar com alguém sobre algo que ele próprio recusava a aceitar? A aceitar que ele era diferente, que esse foi um dos motivos por ter desfeito o noivado com Soojung.

Seria mentira dizer que ele não tentou. Porque Chanyeol tentou ignorar a confusão dentro de si, todas as vezes que se pegou olhando para outro homem. Tentou ignorar o quão desconfortável se sentia quando era tocado e beijado por Soojung no tempo em que ainda namoravam; a forma como se sentiu quando foi beijado por um cara pela primeira vez e gostou. Ele tentou ignorar tudo e, por um tempo, até conseguiu. Mas, então, Byun Baekhyun apareceu em sua vida e as coisas tornaram a desandar. E certamente elas saíram do controle quando, embriagado, Chanyeol o beijou naquela noite por impulso.

Seria uma ótima desculpa para Chanyeol dizer que não sabia o que estava fazendo por estar sob o efeito do álcool, contudo, ele próprio sabia que a bebida não foi o único motivo que o levou a beijar Red. E entendia que o que estava sentindo pelo ruivo ia além de uma simples atração. Chanyeol o desejava. Um desejo que ele tentou buscar em outra pessoa após deixar o baile, mas que aparentemente foi a pior e estúpida ideia que teve.

Porque só havia uma pessoa que ele realmente desejava.

– O Barba Negra no Norte Atlântico?

Os pensamentos de Chanyeol foram desviados para uma pequena roda de habitantes que conversava frente a uma taverna na qual ele passava em frente. Curiosamente, percorreu os olhos pelos rostos dos homens enquanto diminuía os passos para poder ouvir a conversa.

– É o que estão dizendo. Há boatos de que ele esteja realmente indo atrás da Marinha que capturou Red.

– Então significa que ele está perto daqui! – de repente outro exclamou com indignação. – Por que a Marinha Britânica tinha que mexer com o filho do Diabo?! Não quero nem ver o que esse homem fará enquanto procura pelo Red. Imagina se ele resolve visitar todas as cidades costeiras?!

A pergunta causou um pequeno alvoroço na roda, levando todos os participantes da conversa a despejarem perguntas atrás da outra. E incapaz de ouvir e compreender o que mais era discutido ali, Chanyeol decidiu ir embora.

Barba Negra estava, sim, atrás de Red, mas certamente por um motivo diferente do que muitos acreditavam ser. E se de fato o pirata estava no Norte Atlântico, isso significava que ele estava próximo de chegar a Baekhyun. Talvez a mensagem que o ruivo deixou para a tripulação de Yejoon finalmente tenha chegado aos ouvidos do homem. E isso não parecia uma boa notícia na visão de Chanyeol, mesmo estando ciente de tudo que ouviu por sua mãe sobre a história e o passado de Barba Negra. 

– Onde diabos você estava? – a pergunta foi atirada em Chanyeol assim que este atravessou a porta principal da pensão. O capitão franziu o cenho na direção de Kris que não parecia muito contente em vê-lo.

– Realmente importa onde eu estava? – questionou com um leve revirar dos olhos, ouvindo o loiro suspirar alto como resposta. – O quê? O que houve?

– Sehun caiu de uma árvore e Junmyeon tem quase a certeza de que ele quebrou algumas costelas e deslocou um dos ombros.

– O que diabos ele estava fazendo em cima de uma árvore? – Chanyeol rapidamente se dirigiu para o quarto do jovem, subindo as escadas às pressas. Não se deu o trabalho de bater na porta antes de entrar no quarto, fazendo com que três rostos rapidamente se virassem em sua direção. Percorreu os olhos por Baekhyun, Junmyeon, Luhan e por fim em Sehun, o qual possuía os olhos fechados em um sono profundo.

– Dei alguns remédios para que ele pudesse dormir. – Junmyeon se pronunciou, os braços cruzados frente ao peito e parado ao pé da cama onde Sehun estava deitado com Luhan sentado em uma cadeira ao seu lado, suas mãos segurando firmemente a do mais novo. – Ele não está conseguindo respirar devidamente e sente muita dor. Precisa de repouso total.

Chanyeol assentiu em silêncio e soltou um suspiro baixo, aproximando-se de Luhan enquanto lhe tocava o ombro.

– Eu deveria ter insistido, mas ele é tão teimoso. – a voz de Luhan saiu tão baixa e dolorosa que partiu o coração de Chanyeol vê-lo daquele jeito.

– Ele ficará bem e logo estará se queixando por estar entediado e querendo a atenção de todos. – o comentário do capitão fez com que Luhan sorrisse fracamente em concordância.

 Chanyeol e os demais se retiraram do quarto após um tempo, deixando Sehun apenas na companhia de Luhan que mostrou não possuir intenção alguma de sair do lado do mais novo tão cedo. Ao lado de fora do corredor, Junmyeon anunciou que desceria e Baekhyun foi o único a acompanhá-lo, deixando Kris e Chanyeol sozinhos. Inconscientemente, Chanyeol acompanhou com os olhos as costas do ruivo se afastarem, levando-o a morder o lábio inferior enquanto seus pensamentos eram levados para a lembrança da noite anterior.

– Por que deixou o baile do nada? – Kris quebrou o silêncio e os olhos de Chanyeol se moveram para o amigo, percebendo que este o encarava. Chanyeol não respondeu, apenas descansou as costas em uma das paredes do corredor, encarando o chão. – Tem algo a ver com a Soojung?

– Eu não quero mentir para você, Kris. – mostrou-se incomodado com o rumo que a conversa poderia seguir com aquela pergunta.

– Então não minta. – disse e nenhuma resposta foi recebida. Por um longo tempo ficaram apenas em silêncio, até Kris finalmente se pronunciar novamente, imitando o moreno e se encostando na parede oposta. – Você sabe que pode conversar comigo sobre tudo, certo? Somos mais do que amigos. Somos irmãos, Chanyeol.

O capitão encarou Kris por alguns segundos que pareceram uma eternidade diante da sua incerteza. Estava ele realmente pronto para conversar com alguém sobre aquilo?

– Soojung era perfeita... – iniciou logo após soltar um suspiro quieto. Recusou-se a olhar para Kris enquanto falava, mas este não se importou, apenas atento ao que o amigo tinha a dizer. – Não havia nada de errado com ela. O problema sempre esteve comigo. Eu não conseguia sentir nada, eu não me sentia atraído por Soojung. – riu sarcástico. – Eu pensei que talvez fosse porque nos conhecíamos há muito tempo e eu a via somente como uma amiga, mas então eu conheci esse cara em uma taverna e tudo... tudo ficou complicado demais. E quando me dei conta, eu estava apreciando sua companhia, sua risada, o jeito que ele tocava no meu braço e sorria. – Chanyeol então finalmente encontrou coragem para olhar Kris nos olhos. – Nós nos beijamos e... eu gostei.

– Chanyeol... – Kris proferiu após um tempo e deu um passo à frente ao ver o amigo voltar a encarar o chão. – Olha pra mim. – pediu, tocando-lhe o ombro. Chanyeol hesitou por um momento, mas o obedeceu. – Você já viu a relação do Luhan com o Sehun, do Junmyeon com o Chen. E se eu ou algum dos caras tivesse algo contra isso, não acha que você saberia?

Chanyeol partiu os lábios, mas não disse nada.

– É a sua escolha. Você escolhe de quem gostar e com quem quer estar. – um sorriso genuíno se formou nos lábios de Kris. – Não cabe a mim, mas você não acha que está na hora de aceitar quem você é e ficar bem com isso? – olhou com incentivo ao amigo. – Aliás, desde que Red apareceu, você está nesse... eu não sei, desequilíbrio emocional irritante. Houve momentos em que eu quis te socar, sério. – o comentário fez Chanyeol revirar os olhos, sorrindo. – Então, seja lá o que tenha para resolver com o capitão Red, apenas o faça, está bem?

– Eu vou... – garantiu.

– Ótimo. – Kris sorriu novamente, levando uma das mãos no cabelo alheio, bagunçando os fios morenos. – Você vem? – indagou quando percebeu que Chanyeol não o seguia no corredor.

– Vou ficar. Só em caso de Luhan precisar de alguma coisa. – apontou com a cabeça para a porta do quarto de Sehun. Kris não o questionou e apenas concordou, deixando-o para trás.

Quando seu amigo desapareceu, Chanyeol deslizou as costas pela parede até estar sentado no chão. Tombou a cabeça para trás, deixando que um suspiro baixo escapasse pelos lábios e fechou os olhos. E em silêncio – às vezes olhando de espreita pelo vão da porta para verificar se Luhan precisava de alguma coisa ou se Sehun ainda continuava a dormir tranquilamente – permaneceu sentado no corredor enquanto o tempo passava sem ele perceber.

Esse intervalo de tempo em que ficou sozinho, serviu para que Chanyeol pudesse colocar os pensamentos em ordem. Entretanto, ele não sabia ainda como iria explicar isso a Baekhyun.

– Está tudo bem? – a voz conhecida e que ultimamente era o motivo dos súbitos saltos em seu coração, alcançou os ouvidos de Chanyeol, levando-o a abrir os olhos. Devagar, seu olhar pousou sobre o homem a poucos passos de si e em seguida sobre a bandeja que carregava em mãos. – Luhan não comeu nada o dia inteiro. – Baekhyun informou. – Eu não te vi na hora do almoço também.

– Acordei tarde hoje. – Chanyeol respondeu ao se levantar do chão. Então se dirigiu até a porta do quarto, abrindo-a e oferecendo passagem para o ruivo. Este agradeceu com um aceno com a cabeça, entrando no quarto com o capitão ao seu encalço.

Baekhyun e Chanyeol diminuíram o ritmo dos passos até que finalmente estivessem ao pé da cama, ambos estudando a expressão serena nos rostos de Sehun e Luhan. Não estava previsto que este último também estivesse dormindo, deitado na cama ao lado de Sehun, tendo seus dedos entrelaçados firmemente aos do moreno como se temesse perdê-lo caso o soltasse. Chanyeol sabia da proximidade dos dois amigos, mas aquela era a primeira vez que os presenciava de forma tão íntima, e a cena o fez sorrir inconscientemente.

Após um tempo em silêncio, Chanyeol observou Baekhyun depositar a bandeja sobre a mesa de cabeceira, olhando uma última vez na direção do casal, antes de seguir o ruivo para fora do quarto.

– Sehun sempre foi imprudente. – o silêncio foi quebrado por ele ao fechar a porta atrás de si. – E isso deixava Luhan maluco.

– Posso ver o quanto ele se importa com Sehun. – um sorriso fraco se moldou nos lábios de Baekhyun e seus olhos se encontraram com os de Chanyeol. – Quer que eu traga algo para você comer também?

– Não é necessário. – meneou a cabeça, fazendo Baekhyun assentir. E quando o ruivo ameaçou ir, Chanyeol o impediu. – Espera. – esticou a mão, segurando o pulso do capitão. Baekhyun olhou por cima dos ombros, esperando que o outro continuasse. – Queria me desculpar pelo o que fiz ontem.

– Está tudo bem. – Baekhyun respondeu, já ciente do que Chanyeol se referia. Seus olhos então miraram a mão ainda firme ao redor de seu pulso. Esperou que o pirata o soltasse, mas isso não veio a acontecer.

– De fato eu bebi mais do que deveria ontem... – Chanyeol confessou, e Baekhyun optou por ficar em silêncio, sutilmente incomodado com as palavras alheias ainda que já desconfiasse que a bebida tivesse sido o motivo do pirata tê-lo beijado naquela noite. – E ainda estou tentando entender a mim mesmo e o que tirei desse ocorrido de ontem. – houve uma pequena pausa. – Mas queria deixar claro que eu fiz aquilo porque eu tive vontade de fazer, não porque a bebida me obrigou a fazer aquilo ou coisa parecida.

Chanyeol não soube dizer de onde havia tirado coragem para não desviar os olhos de Baekhyun perante o silêncio, mas ele se certificou de mantê-los sobre o ruivo por um longo tempo.

– Eu não posso te ajudar a entender pelo o que está passando... – Baekhyun finalmente se manifestou e aquilo fez Chanyeol prender o ar nos pulmões de ansiedade e, sem que percebesse, apertasse os dedos ao redor do pulso alheio que ainda segurava. – O que eu posso dizer por mim é que a situação me deixou um pouco confuso, para ser honesto. Você deu as costas e foi embora sem muita explicação e eu imaginei que você tivesse cometido um erro por conta da bebida.

– Não foi um erro. Eu só… estava com medo de admitir a mim mesmo o que estava sentindo, de admitir que eu não conseguia parar de pensar em você. – Chanyeol respondeu, dando um passo adiante. – A verdade é que eu tenho sentimentos por você, Baekhyun. – afrouxou os dedos ao redor do pulso do ruivo, em seguida envolvendo sua mão na dele. – Eu só precisava saber se há alguma chance, mesmo que pequena, de você sentir o mesmo que eu sinto. Porque no meu ponto de vista essa chance me parece inexistente.

Não houve uma resposta, mas no momento seguinte Chanyeol sentiu Baekhyun entrelaçar os dedos de suas mãos e dar um passo à frente, aproximando seus rostos para selar ambos os lábios sutilmente. 

– É algo novo para mim, mas acredite, não é inexistente.

A mão livre de Chanyeol automaticamente deslizou pela cintura do ruivo, envolvendo-o e puxando-o contra seu corpo enquanto partia os lábios e os movia contra os do ruivo, em um beijo suave e sem pressa. O aperto dos dedos em sua nuca – e quando Baekhyun forçou ainda mais sua boca na dele – foi como um convite para que Chanyeol deslizasse sua língua e no meio do caminho encontrasse com a do pirata, levando ambos a soltarem um suspiro com o contato. Os lábios de Baekhyun eram macios, seu gosto quase viciante, e o roçar de sua língua, que explorava tão bem sua boca, fez Chanyeol não querer soltá-lo tão depressa.

– Oh! – uma terceira voz fez com que Chanyeol e Baekhyun afastassem as bocas e olhassem na direção de onde esta veio. Logo, deixaram os braços caírem enquanto um deles dava um passo para trás e deixava uma distância razoável entre eles. – Isso é... – Jongdae lançou um sorriso maroto e ao mesmo tempo um olhar confuso na direção dos dois capitães que pareciam tão surpresos quanto os dois amigos.

– Deveríamos ter dado meia volta. – Junmyeon repreendeu o moreno, as mãos ao redor de seu braço enquanto tentava puxá-lo para irem embora. O médico sorriu sem graça para Baekhyun e Chanyeol como quem pedia desculpas pela interrupção.

– Isso é algo novo ou já estavam fazendo isso pelas nossas costas?

– Jongdae, pelo amor de Deus. – Junmyeon conseguiu fazer o moreno se virar, conduzindo-o na direção oposta em que os capitães estavam. – Desculpem. Apenas finjam que não estávamos aqui.

– O quê? Não posso nem me divertir? – o moreno crispou os lábios, queixando-se da força que o médico usava para puxá-lo. – Aquele lá é meu melhor amigo! É do meu direito zombar dele!

– Não me obrigue a arrastá-lo pelos cabelos.

– Que selvagem. Não sabia que gostava dessas coisas, Junmyeon.

– Meu Deus, Jongdae. Quer ficar quieto por um segundo?

Quando não era mais possível ouvir as vozes, Baekhyun soltou um suspiro inaudível e fechou os olhos, sentindo-se constrangido pelo amigo.

– Desculpe por isso. Jongdae é... – sua sentença foi cortada pela risada de Chanyeol que preencheu o corredor, levando o ruivo a virar o rosto para encará-lo. Ao contemplar o sorriso alheio, Baekhyun não viu alternativa senão fazer o mesmo e sorrir largamente. 

– Está tudo bem. – Chanyeol cessou a risada, mas ainda sorria. Então, observou Baekhyun prender o lábio inferior e não resistiu segurar sua mão e puxá-lo para perto de si outra vez. – Desde que esteja tudo bem para você também.

Baekhyun percorreu os olhos pelas mãos entrelaçadas brevemente antes de retorná-los para Chanyeol, e com um sorriso genuíno adornando seus lábios, deixou que o pirata unisse suas bocas novamente.





 


Notas Finais


Me doeu fazer isso com o Sehun, mas eu precisei. E ele ficará bem, eu garanto! Luhan que aguarde porque o menino ficará ainda mais exigente e mimado KKK
Bom... acabei me atrasando na atualização porque estava incerta quanto a este finalzinho de Baekyeol. Li, reli, mudei, refiz... vou confessar que tive um pouco de dor de cabeça pra concluir essa parte xD Mas espero que tenha agradado a todos.

Beijos e até a próxima~


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