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História Pérola Negra - Capítulo VI


Escrita por: ohprince

Notas do Autor


Oi amores :3 Muita festança e comilança? Espero que tenham tido um ótimo Natal!
Bom... não vou me enrolar muito aqui! Boa leitura!

Capítulo 6 - Capítulo VI


Fanfic / Fanfiction Pérola Negra - Capítulo VI

– Por que diabos está me fazendo carregar essas coisas? – um Chanyeol sutilmente irritado adentrou na cozinha com Kyungsoo, fazendo Baekhyun e Luhan levantarem os olhos na direção dos dois e pararem com o que faziam, deixando as mãos descansarem sobre a mesa.

– Pare de reclamar ou não terá almoço hoje. – o cozinheiro  rebateu. – Agora me ajude a guardá-los. – referiu-se aos alimentos dentro da caixa de madeira que havia ido buscar no interior do navio e que, após encontrar Chanyeol ao acaso no meio do caminho, pediu-lhe ajuda.

O capitão soltou um suspiro, levando os demais a sorrirem diante da cena. O sorriso de Baekhyun não passou despercebido por Chanyeol que, revirando os olhos, ignorou novamente aquela sensação incômoda toda vez que o via sorrir descontraído, algo o qual ele ainda não havia se acostumado.

Inúmeras vezes, desde o acordo que fez com o ruivo, Chanyeol se viu pensando se não deveria simplesmente deixar Baekhyun e seus homens em uma costeira qualquer da Europa, permitindo-o seguir com sua aventura para Singapura e principalmente para livrá-lo de qualquer pensamento que envolvesse Baekhyun e sua misteriosa presença.

E toda vez que o encontrava – o que era constante, já que foi permitido em acordo que Baekhyun e seus homens deixassem suas celas para ajudar a tripulação nos afazeres do dia-a-dia –, a sensação incômoda sempre retornava. Especialmente na cozinha onde o ruivo ficava boa parte do tempo para ajudar Kyungsoo, sendo os afazeres da cozinha os que menos exigiam de si e que poderia ficar sentado enquanto auxiliava o cozinheiro. Tal como naquele momento.

– Eu acho que vocês às vezes se esquecem de que eu sou o capitão deste navio.

– Ora, não comece. – Kyungsoo revirou os olhos, exibindo um sorriso de canto. – Lembre-se de que você não seria capitão deste navio se não fosse pela sua tripulação.

Chanyeol bufou em resposta.

– Por que está tão mal humorado? – Luhan quis saber, voltando-se para as batatas que descascava e soltando uma risada baixa quando viu o capitão ignorá-lo. – Acordou com o pé esquerdo, foi?

– Me deixa. – Chanyeol resmungou e fitou Baekhyun pelos cantos dos olhos como se, de alguma forma, o culpasse por isso. Vendo que este o observava, rapidamente desviou o olhar para qualquer canto da cozinha. Em silêncio e acompanhado das provocações por parte de Luhan, Chanyeol terminou sua tarefa. – Se precisar de ajuda novamente, não me chame. – disse por fim e reprimiu um sorriso quando Kyungsoo cerrou os olhos, uma faca em mãos que Chanyeol não ficou para trás e descobrir o que o cozinheiro pretendia fazer com ela.

– A única pessoa que eu realmente vejo que Chanyeol tem medo é você, Soo. – Luhan comentou em meio às risadas após a saída repentina do capitão. – Foi assim desde o começo, desde que entrou para a tripulação?

– Como acha que entrei para o Pérola Negra? – havia um sorriso presunçoso nos lábios de Kyungsoo.

– Há quanto tempo se conhecem? – Baekhyun viu-se curioso.

– Pouco mais de cinco anos. – respondeu Kyungsoo sem tirar sua atenção das verduras que lavava sobre a pia.

– Kyungsoo foi o segundo, depois do Junmyeon, que se juntou ao Pérola Negra. – informou Luhan. – Um ano depois fui eu e por último, há três anos, Sehun. 

– E quanto a você e seus homens? – perguntou Kyungsoo. – Se conhecem há muito tempo?

– Jongdae e eu somos praticamente amigos de infância. Fui acolhido por sua família depois do falecimento da minha mãe.

Kyungsoo assentiu brevemente e, embora soubesse que sua curiosidade em relação aos pais de Baekhyun pudesse deixá-lo desconfortável caso fosse questionado, não resistiu mencionar o nome de Barba Negra, não se esquecendo de relatar a conversa que ouviram na taverna em Cabo Verde.

Baekhyun, no entanto, não pareceu se incomodar com a pergunta.

– Eu nunca soube muito sobre a relação dos dois, para ser sincero. – iniciou e Kyungsoo se aproveitou disso para dar uma pausa em sua tarefa e se juntar aos dois na mesa, sentando-se de frente para o ruivo. – Minha mãe falava muito pouco do meu pai. E eu só soube que era filho do Barba Negra anos depois da morte dela.

– O que houve com ela? – Luhan perguntou quase em um sussurro.

– Nossa casa foi invadida. – os olhos de Baekhyun fitavam o objeto cortante em suas mãos, evitando os olhares dos dois piratas sobre si. – Eu não entendia na época, mas algumas pessoas nos queriam mortos porque tínhamos relação com o Barba Negra. 

– As pessoas podem ser realmente cruéis. – sibilou Kyungsoo.

– Dentre elas algumas podem ser realmente boas. – Baekhyun continuou e levantou os olhos, sorrindo sutilmente. – Assim como essa pessoa que salvou minha vida e me tirou de lá. Ela não chegou a tempo de salvar minha mãe, mas ainda assim sou muito grato.

– Era alguém da família do Chen? – questionou Luhan.

– Na verdade, não. – Baekhyun negou. – Mas vocês devem conhecê-lo. 


 

Chanyeol descansou as costas na parede ao lado de fora da cozinha e ficou, por longos minutos, imerso em seus próprios pensamentos quando se deu conta de que era o nome de seu pai que Baekhyun havia mencionado. Não era sua intenção estar ali, parado ao lado de fora, mas acabou se vendo interessado na participação de Red na conversa, que optou por ficar e ouvi-la.

E as palavras de Baekhyun, neste contexto, agora faziam sentido. Era por esse motivo que havia chamado seu pai de herói. Contudo, essa descoberta levou Chanyeol a questionar o porquê do envolvimento do seu pai com o filho do Barba Negra. Teria sido apenas coincidência ou teria algo por trás de toda a história?

– O que está fazendo aí, Cap?

Chanyeol levantou os olhos para um dos seus marujos, Taemin, que estava parado a sua frente, a expressão de curiosidade em seu rosto.

– Não deveria estar ajudando Kris na limpeza do navio? – dirigiu-lhe a pergunta ao invés de respondê-lo.

O rapaz sorriu de canto, protestando por estar com sede e algo relacionado a Kris tratar sua tripulação como escravos, antes de entrar na cozinha e deixar Chanyeol para trás. Este meneou a cabeça e seguiu para o convés principal à procura dos demais.

– Você não consegue fazer nada direito? – ouviu a voz de Kris quando se aproximou, avistando o amigo logo mais à frente. Próximo aos seus pés estava Jongdae, agachado ao chão, torcendo um pano surrado com as mãos enquanto revirava os olhos.

– Kris, por favor. – Junmyeon o repreendeu com o olhar enquanto auxiliava outros marujos a darem os nós nas cordas.

– Então por que não faz melhor? – Jongdae rebateu, colocando-se de pé para encarar o pirata. – Tudo que você faz é mandar. Quero ver fazer melhor.

Chanyeol reprimiu uma risada diante da cena, relembrando dos momentos semelhantes os quais presenciou durante as semanas desde que deixaram Cabo Verde. Os dois estavam sempre provocando um ao outro, não perdendo a oportunidade de iniciarem uma discussão que sempre acabava com Junmyeon entre os dois para separá-los e encerrar as brigas.

– O que mais o Kris sabe fazer é mandar na gente. – Sehun apoiou o queixo na ponta da vassoura que usava para limpar o soalho. Quando viu o olhar sombrio do mais velho, rapidamente voltou para os seus afazeres, fingindo que as palavras não haviam saído de sua boca.

– Devo chamar Chanyeol para tomar meu lugar então? – o loiro questionou, descontente.

– Bem, ao menos Chanyeol não ficaria só mandando. – o mais novo murmurou baixo.

– Yah. – Kris envolveu os dedos na nuca de Sehun, obrigando-o encolher os ombros e pedir socorro a Chanyeol quando o viu se aproximar.

– Taemin estava se queixando agora pouco que você os trata como escravos. – o capitão cruzou os braços frente ao peito ao mesmo tempo em que sorria singelo. – Está maltratando nossos marujos, Kris?

A pergunta fez o loiro revirar os olhos.

– Esses seus homens que são preguiçosos demais.

– É porque não é você que está esfregando esse chão e com dor nas costas. – Sehun se viu no direito de rebater. – Olhe o coitado do Jongin! – apontou na direção do rapaz ajoelhado ao chão, que assistia à cena em silêncio. – Está ali há mais de uma hora.

– E por que você se importa? – Kris rolou os olhos.

– Porque acho injusto pessoas aproveitadoras como você explorando jovens bonitos como nós.

– Quem se aproveita de jovens bonitos é o Luhan, não eu. 

O comentário fez Sehun partir os lábios e olhar cético na direção do mais velho ao entender o significado por trás daquela frase. Chanyeol foi o primeiro a cair na gargalhada e em seguida Kris, que tentou ao máximo se passar despercebido em meio às risadas do capitão.

– Você não sabe o que está dizendo. – Sehun rebateu.

– O quê? Estou mentindo?

– E nem temos tanta diferença de idade assim!

– Mas você admite que Luhan gosta de garotinhos?

– Você acabou mesmo de me chamar de garotinho? – Sehun levantou as sobrancelhas, dando um passo à frente.

– Ora, por favor, vocês dois. – Junmyeon suspirou fundo, farto de discussões. Deixou as cordas de lado e segurou Sehun pelo cotovelo, impedindo-o de se aproximar de Kris. – E você está agindo como um babaca, Kris. – acusou o loiro enquanto revirava os olhos. – Pare de provocar todos no navio.

– Solte o rapaz, Junmyeon. – Jongdae disse em meio ao sorriso. – Deixe Sehun mostrar pra esse loiro aguado o garotinho que ele é.

– Não se meta onde não é chamado, prisioneiro. – o loiro disse em um tom de ameaça, fazendo o outro sorrir irônico.

Chanyeol parou próximo a Jongin e, assim como o rapaz, ficou a observar a cena com um sorriso de divertimento no rosto. Contudo, o pequeno tumulto logo foi interrompido por Luhan que apareceu no convés, anunciando que o almoço estava pronto. Sehun foi obrigado a soltar a camisa de Kris que usava Junmyeon como escudo para desviar dos socos que lhe eram ameaçados.

– Garotinho. – Kris não evitou provocar Sehun uma última vez, sorrindo para Luhan ao passar por este no convés. Chanyeol, que o seguia logo atrás, desferiu um tapa em sua nuca, alegando ser o suficiente.

– Vai se fud–... – Sehun não concluiu a frase ao se deparar com o olhar descontente de Junmyeon. E quando notou que o médico não prestava mais atenção em si, não perdeu a oportunidade de levantar o dedo médio para Kris que apenas riu em resposta.

– Pra que foi isso? – Luhan questionou em meio ao riso quando Sehun se aproximou.

– Nada, só o idiota do Kris me enchendo o saco. – respondeu e passou o braço ao redor de seu pescoço, juntos seguindo para a cozinha.

– Você é muito sem graça. – Jongdae inferiu a Junmyeon enquanto os demais aos poucos deixavam o convés. – Deveria ter deixado Sehun ter tido a chance de dar uma lição no Kris.

– Pare de induzi-lo à violência, Jongdae.

– O loiro aguado merece uns socos na cara, você sabe disso.

– Como está seu ferimento? – ignorou o comentário alheio, mudando de assunto. Recolheu as cordas, guardando-as num canto qualquer para, logo mais, se aproximar do moreno. – Ainda dói?

– Não. – olhou para baixo e levantou a própria camisa, expondo seu abdômen e o pequeno curativo feito pelo médico. – Está melhor. – respondeu e observou em silêncio Junmyeon levar a mão até a gaze, retirando-a para analisar a cicatrização. Os olhos de Jongdae automaticamente percorreram a face alheia, admirando-a em silêncio.

– Sim, está melhor. – Junmyeon levantou o rosto, sorrindo para o outro. – Logo estará cem por cento curado. – garantiu-lhe, recebendo um sorriso em resposta. – Vocês devem estar com fome. – olhou do moreno para Jongin, próximo a eles. – Melhor nos apressarmos antes que os outros acabem com toda a comida.

Jongin sorriu e, enquanto observava o médico caminhar à frente deles, bateu de leve o seu ombro no de Jongdae propositalmente. Este o encarou com desgosto.

– O quê? – franziu o cenho.

– Qual é o seu lance com o doutor? – Jongin perguntou baixo o suficiente para que Junmyeon não os ouvisse.

– Que lance? Não há lance nenhum.

– Sei... – respondeu sutilmente irônico. – Então o que foi aquele sorriso no seu rosto?

– É proibido sorrir agora?

– Você entendeu o que eu quis dizer. – revirou os olhos. – Você não sorri. Principalmente para o seu inimigo ou seja lá o que ele for para você.

– Ele é apenas a pessoa que salvou a minha vida e a de Baekhyun. E pare de me olhar com esse sorriso estúpido. – apertou o braço ao redor do pescoço do loiro, fazendo-o grunhir de dor.

– Você só não quer admitir que o sorriso que lança para as mulheres é o mesmo que você acabou de mostrar ao doutor. – Jongin se desvencilhou do mais velho, sem tirar o sorriso do rosto. – Isso é um problema, sabe disso, certo?

– E o que você sabe, moleque? – revirou os olhos, golpeando Jongin na nuca. – Isso é algum tipo de conselho? Apenas cale a boca antes que eu quebre todos esses seus dentes. – alertou em um tom de ameaça, fazendo-o  reprimir uma risada.

Inconscientemente seus olhos pousaram sobre as costas de Junmyeon, o que o levou a questionar se aquilo dito por Jongin fazia algum sentido. De fato, ele não era alguém que sorria com frequência. Então franziu o cenho, brevemente incomodado com os próprios pensamentos.

Quando foi mesmo que ele começou a sorrir de forma tão natural?  


 


 

Sobre a palma de sua mão jazia uma pequena bússola dourada de bolso a qual Chanyeol um dia ganhou de presente. Um presente de seu pai, passado de geração para geração. Era um objeto valioso para Chanyeol, mas que o mantinha sempre guardado ao fundo de uma de suas gavetas, retirando-o de lá somente quando seus pensamentos, involuntariamente, o levavam para o passado. Tal como naquele momento.

E ele culpava Baekhyun inteiramente por isso.

Buscou em suas vagas lembranças qualquer coisa que explicasse o motivo de seu pai ter salvado Baekhyun, como revelado pelo próprio ruivo. Qual relação havia entre Red e seu pai e por qual razão ele foi excluído de um possível segredo guardado há tanto tempo?

– O que está fazendo aí, sozinho?

Chanyeol levantou o rosto, deparando-se com Luhan parado na porta de sua cabine. Meneou a cabeça em resposta e se levantou da cadeira, guardando a bússola no seu devido lugar antes de se virar novamente para o de cabelos claros.

– E o que é isso na sua mão? – Chanyeol referiu-se ao objeto de madeira que o outro carregava.

– É a prótese do Baekhyun que eu estava trabalhando. Eu consegui terminá-la. – seu tom de voz diminuiu ao final da frase, incerto quanto à expressão impassível de Chanyeol.

– Bem... – o capitão deu de ombros, indiferente. – Red será mais útil com duas pernas do que com uma se quisermos colocá-lo para trabalhar no navio, não?

Luhan revirou os olhos, mas não deixou de sorrir.

– Vamos, todo mundo está lá fora. – apontou com a cabeça, incentivando o capitão a acompanhá-lo. E Chanyeol o fez sem se queixar. Talvez o que ele realmente precisasse no momento era espairecer e beber umas boas incontáveis canecas de rum.

– Baekhyun! – Luhan chamou pelo ruivo em meio à roda onde estavam os marujos, todos falando alto e cantando ao mesmo tempo; alguns sentados ao chão, em barris ou caixas velhas e outros simplesmente de pé.

Chanyeol passou os olhos pela tripulação no convés e logo eles encontraram Baekhyun, que olhou curioso na direção deles com um leve sorriso nos lábios. Não somente ele, mas Jongdae e Jongin também pareciam à vontade no círculo de piratas – talvez à vontade até demais, pensou Chanyeol. Não que ele não pudesse fazer algo a respeito já que, de alguma forma, foi ele quem permitiu isso, e a convivência do dia-a-dia acabou por aproximar os três piratas de toda a sua tripulação. 

– Você pode andar por conta própria agora. – Luhan sorriu para Baekhyun que, por um momento, não soube o que dizer ao ter a prótese em suas mãos. Era de madeira com ajustes feitos de chumbo, ferro e couro, um pouco pesada, mas Luhan tinha certeza de que com o tempo o ruivo iria se adaptar. 

– Eu… não sei nem o que dizer.

– Não diga nada e nem me questione, apenas aceite.

– Obrigado, Luhan.

– Eu o ajudei no polimento. Ficou legal, né? – Sehun sorriu para o ruivo que retribuiu o sorriso, agradecido.

– Aqui, deixe-me ajudá-lo a colocar. – Luhan ofereceu ajuda, tomando de volta o objeto. Baekhyun se levantou do barril em que sentava e estendeu sua perna direita, observando com ansiedade o pirata ajustar o cinto ao redor de sua coxa. – Pronto. Pode colocá-lo ao chão. – e Baekhyun o fez. – Eu tirei as medidas do Junmyeon já que vocês têm a mesma altura. Acho que deu certo.

Chanyeol observou o ruivo enquanto se acomodava em um dos barris e roubava a caneca de rum de Sehun. Ouviu o mais novo praguejar, mas sua atenção no momento estava em Baekhyun à sua frente, em seu sorriso estonteante. 

– É quase como se eu estivesse com a minha perna de volta.

– Isso é bom. – Luhan assentiu.

– Eu nem sei como agradecer...

O de cabelos claros tocou os ombros de Baekhyun, sorrindo gentilmente. Disse não haver necessidade em agradecê-lo e, antes de se afastar, certificou-se de passar ao lado de Chanyeol, sussurrando-lhe: “Seja legal.” O que era ridículo, pois ele já estava sendo legal. Nunca que um capitão permitiria que prisioneiros deliciassem seu rum, se alimentassem bem e andassem livremente em seu navio. E, ainda por cima, que se relacionassem com sua família.

Chanyeol não permitiria isso. Não se Baekhyun e seus amigos de fato fossem uma ameaça. O ruivo havia deixado claro que só queria Yejoon e seus homens e para isso ele precisaria do Pérola Negra. Não havia motivos para Red fazer algo contra sua tripulação, sendo esta a única que poderia fazer o seu encontro com Yejoon acontecer.

E foi com essa linha de pensamentos – e, claro, também por insistência de Junmyeon e Luhan que haviam se simpatizado por Baekhyun e seus homens ao longo dos meses – que Chanyeol permitiu que as coisas chegassem até onde estavam agora. Todos festejando em seu navio e ele ali com o filho do Barba Negra que havia acabado de ganhar um presente de um de seus melhores amigos. 

Na ausência de Luhan e Sehun, era notável o desconforto no silêncio, algo bastante constante quando ele e Baekhyun estavam sozinhos. E assim ficaram por algum tempo, até Chanyeol decidir se pronunciar.

Ele precisava perguntar. Precisava saber.

– Você conheceu meu pai? – desviou os olhos da sua bebida, encarando Baekhyun à sua frente. Este, até então distraído com sua prótese, viu-se levemente surpreso com a repentina pergunta do capitão.

– Eu só o vi uma vez, há treze anos.

– Eu sei que ele te salvou… por quê?

– Eu não sei te dizer realmente, Chanyeol. – encostou-se no barril atrás de si, os braços cruzados frente ao peito. – Mas eu me lembro de Honjung dizendo que conhecia minha mãe.

– O quê? – franziu o cenho, confuso. – Meu pai nunca mencionou nada sobre o Barba Negra ou sobre sua mãe... – meneou a cabeça, suspirando fundo. – E como é possível meu pai conhecer sua mãe? Isso não faz o menor sentido.

Baekhyun o observou em silêncio, a frustração de Chanyeol evidente em seu gesto ao percorrer os dedos pelos cabelos.

– Eu realmente não sei por que ele me salvou. E nunca tive a chance de reencontrá-lo e perguntar, nem mesmo agradecê-lo pelo que fez. – confessou Baekhyun. – Mas ele salvou a minha vida e sou grato por isso. Eu não o conhecia de fato, mas seu pai... 

– Você não sabe do que está falando. – o capitão o interrompeu, encarando-o com seriedade ao notar a direção que aquela conversa estava tomando.

– Minha mãe fez o mesmo antes de Honjung chegar. – rebateu o ruivo, indiferente ao tom frio e ameaçador utilizado por Chanyeol. – Ela me protegeu até o seu último suspiro.

Chanyeol contraiu o maxilar e partiu os lábios, mas nada disse.

– Está tudo bem? – ouviram Junmyeon perguntar. Baekhyun e Chanyeol, que antes se encaravam em silêncio, viraram o rosto para o médico agora ao lado deles.

– Não sou eu quem deveria perguntar isso? – Chanyeol encarou com as sobrancelhas levantadas o amigo que era segurado por Jongdae pela cintura. – Você não me parece bem.

– Não é nada. Só acho que excedi um pouco na bebida. – sorriu com os olhos.

– Acho melhor eu levá-lo para a cabine. Ele mal consegue ficar de pé direito. – advertiu Jongdae, firmando a mão na cintura de Junmyeon quando este ameaçou cair. O médico soltou uma leve risada juntamente com um pedido de desculpas. – Tudo bem? – Jongdae perguntou a Baekhyun em dúvida se deveria deixá-lo sozinho com Chanyeol.

– Pode ir. – assentiu o ruivo.

– Chanyeol não é perigoso, ok? – Junmyeon disse ao moreno após se afastarem dos dois capitães. Jongdae apenas murmurou em resposta, preferindo não contrariá-lo.

Jongdae não soube dizer como havia se colocado naquela situação, tendo o médico embriagado em seus braços, mas sabia que a culpa era inteiramente de Taemin e Minhyuk, de quem Junmyeon recebeu todas as canecas de rum. Aparentemente todos no navio sabiam que o médico era fraco para bebida alcoólica, contudo nenhum deles pareceu realmente se importar, divertindo-se perante a situação do outro. O que não agradou Jongdae nem um pouco.

– Deveria ter ido com mais calma. – disse-lhe assim que empurrou a porta da cabine do médico, adentrando em seguida. O barulho de fora e as risadas altas logo foram abafados quando a porta se fechou.

– Normalmente eu vou com calma. É só que... hoje estava divertido, com você e Jongin, e acab–... – não concluiu a frase quando bateu o calcanhar no par de botas que deixava ao pé da cama, levando-o a perder o equilíbrio. Rapidamente se agarrou na camisa de Jongdae, o que ocasionou a queda de ambos no colchão.

Instintivamente Jongdae apoiou um dos joelhos e afundou os punhos no lençol, impedindo que seu corpo caísse sobre o de Junmyeon agora abaixo de si. Observou o médico abrir os olhos devagar e sua primeira intenção foi repreendê-lo, mas a proximidade de ambos os rostos o impediu de tal ato. O olhar de Junmyeon desceu inconscientemente para os lábios de Jongdae e isso não passou despercebido pelo moreno que engoliu em seco. Prevendo o ato do médico, ele virou o rosto impedindo, assim, que Junmyeon o beijasse nos lábios.

– Eu... – Jongdae pronunciou-se, recusando a encará-lo nos olhos. Observou pelos cantos dos olhos Junmyeon deitar a cabeça no travesseiro em silêncio. – Eu... gosto de mulheres. – disse-lhe e ele próprio percebeu a incerteza em sua voz.

– Ok. – respondeu o médico.

A simplicidade no tom de voz de Junmyeon o fez virar o rosto para encará-lo novamente. E dessa vez, foi Jongdae quem abaixou os olhos para os lábios rosados do médico. Percebendo o próprio ato, rapidamente saiu de cima do corpo alheio e se sentou na beira da cama, o coração estranhamente a bater acelerado contra o peito.

– Obrigado por cuidar de mim, Jongdae. – Junmyeon quebrou o silêncio ao imitar o outro, sentando-se na cama. Sorriu timidamente, incapaz de encarar o pirata ao seu lado. – Pode ir agora.

– Ok. – Jongdae concordou, porém não se moveu.

Ele não queria deixar Junmyeon. E talvez, mesmo dizendo que não, ele sabia o motivo. Porque, ainda que tivesse dito que sua preferência era mulher, não deixou de imaginar como seria ter os lábios do médico unidos aos seus, de sentir a maciez destes, o seu toque úmido.

– Junmyeon...

– Sim?

Era estranha a forma como Jongdae estava se sentindo naquele momento. Como se, de alguma forma, não tocar em Junmyeon fosse errado e totalmente descabido, como se seu corpo estivesse dizendo para se mover, para se aproximar de Junmyeon, para tocar seu corpo...

Para beijá-lo.

– O qu–...? – Junmyeon não teve tempo de questionar, surpreendendo-se ao ter sua boca colada na de Jongdae.

– Isso é insano... – o moreno se afastou minimamente para sussurrar contra os seus lábios. Em seguida, Junmyeon sentiu a mão alheia tocar seu joelho direito e seu lábio superior ser tomado pelos lábios finos, em um toque mais preciso e úmido. Então sentiu Jongdae se afastar novamente. – Eu supostamente deveria gostar de mulheres. – ouviu-o soltar um suspiro baixo.

Junmyeon quis rir, mas a respiração quente do moreno contra sua boca e o toque de sua mão agora em sua coxa o impediu de raciocinar claramente. Logo mais, culpou também o álcool em seu sangue antes de passar a mão pela nuca de Jongdae e puxá-lo para tomar-lhe os lábios com firmeza.

Foi Jongdae quem aprofundou o contato, firmando a mão na cintura alheia por baixo da camiseta e puxando o médico para perto do seu corpo. Foi Jongdae quem primeiro buscou a língua do outro, soltando um suspiro baixo quando elas se encontraram e juntas se moveram em sincronia. Entretanto, foi Junmyeon quem, ao passar os braços ao redor do pescoço alheio, puxou o pirata para deitar sobre si, tendo os corpos completamente colados e os corações batendo em conjunto. E foi Junmyeon quem ousou deslizar as mãos pelo cós das calças de Jongdae, brincando com o tecido.

– Junmyeon... – Jongdae o repreendeu ao quebrar o beijo, mas o outro apenas ignorou, tomando seu lábio inferior entre os dentes para, logo depois, beijá-lo novamente com avidez. Ele não queria parar. É claro que não. Beijar Jongdae nunca pareceu tão certo.

Talvez o álcool tivesse ajudado nesse processo, mas seria mentira dizer que era somente por causa da bebida; que foi por causa dela que Junmyeon sentiu vontade de beijá-lo e finalmente o fez. Na verdade, não era tão difícil assim não querer estar com Jongdae ou beijá-lo. Jongdae era atraente, divertido (embora às vezes sério), possuía um belo corpo, lábios convidativos. E o fato de Jongdae ser um prisioneiro, simplesmente desapareceu da consciência de Junmyeon naquele momento.

– O que foi isso? – ouviu o moreno perguntar quando se viu separado de sua boca. Junmyeon abriu os olhos e franziu o cenho, questionando ao que o outro se referia.

Foi quando sentiu um baque forte que fez o navio balançar abruptamente.

Logo mais, os dois se separaram e se colocaram de pé, saindo às pressas da cabine. Do lado de fora se depararam com outro navio, lado a lado do Pérola Negra, e um alvoroço no convés alheio. Os olhos de Jongdae rapidamente encontraram o homem de chapéu preto, posto na beira do próprio navio, enquanto encarava Chanyeol e os demais com um sorriso torto no rosto.

– Quem é aquele? – Junmyeon questionou.

– Yejoon.




 


Notas Finais


Pronto, Chanyeol descobriu que Baek foi salvo pelo pai dele. Agora é só esperar e ver o que ele irá fazer.
Aproveito para desejar (antecipado) a todos um Feliz Ano Novo! Que 2015 seja um ótimo ano para nós e para os nossos meninos (especialmente para eles ;w;). Boas festas e juízo! KKKK Nos vemos ano que vem, sim? Beijos e até lá <3


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