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História Pérola Negra - Capítulo VIII


Escrita por: ohprince

Notas do Autor


Oi pessoas lindas :3 Aí está mais uma atualização. Boa leitura!

Capítulo 8 - Capítulo VIII


Fanfic / Fanfiction Pérola Negra - Capítulo VIII

– Precisa de ajuda?

Kyungsoo levantou os olhos na direção da voz, encontrando um dos homens de Baekhyun – Kim Jongin como ele havia se apresentado –, parado na porta de sua cozinha, o ombro direito encostado na batente de madeira.

– Eu consigo lidar com uma caixa. – respondeu e levantou o objeto do chão sem maiores dificuldades. O moreno assentiu, mas permaneceu no mesmo lugar. Kyungsoo levantou as sobrancelhas com um sorriso curioso nos lábios. – Mas há ainda outras caixas para serem carregadas, se insiste.

O jovem assentiu e entrou na cozinha, seguindo na direção onde Kyungsoo havia apontado com a cabeça. Pegou uma das caixas nos braços com um sorriso e seguiu o cozinheiro.

O convés principal abrigava toda a tripulação quando os dois deixaram a cozinha e se juntaram aos demais. Chanyeol dava ordens aos seus homens que, aos poucos, descarregavam o navio no porto das Torres de La Rochelle. Apesar do conflito e confusão causada pela aparição de Yejoon na noite anterior, a manhã daquele dia os recepcionou de forma calorosa e tranquila.

– No jantar da noite anterior... – Jongin se pronunciou, depositando a caixa ao lado da de Kyungsoo no convés principal. O cozinheiro se virou para o rapaz, curioso. – Foi manjericão que usou no molho?

Kyungsoo levantou uma das sobrancelhas.

– Você conseguiu sentí-lo na comida?

– Aye. – os cantos de seus lábios se repuxaram em um sorriso sutil. – Minha mãe costumava usá-lo bastante nas suas receitas. E o tempero da sua comida, estranhamente, me lembrou o dela.

– Baekhyun mencionou que você tem um bom paladar. Deve ser bom de prato como nosso Sehun também. – olhou na direção deste que seguia Luhan, parecendo perturbá-lo enquanto possuía o braço ao redor do pescoço mais velho que constantemente revirava os olhos. – A comida do navio te agradou?

– Estava delicioso. É um bom cozinheiro, Kyungsoo. – sorriu.

O cozinheiro arqueou uma das sobrancelhas, mas não deixou de sorrir diante do comentário e seguiu Jongin de volta para a cozinha, retornando com o restante das caixas. Passou pelos dois amigos, Sehun e Luhan, repreendendo-os por ficarem em seu caminho e atrapalharem a passagem.

– Você prometeu que me levaria ao Circo quando voltássemos para La Rochelle. – Sehun proferiu de forma manhosa, o que fez Luhan revirar os olhos mais uma vez.

– Eu não prometi nada. Você está inventando isso e tentando me convencer de que eu lhe prometi.

Sehun sorriu enviesado.

– Bem, isso funcionou nas outras vezes. – riu baixo, fazendo Luhan levar o cotovelo em seu estômago, acertando-o em cheio e arrancando de si um grunhido de dor.

– Por que não pede para o Chanyeol? É a cidade natal dele, afinal de contas.

– Mas eu quero ir com você. – virou o rosto para encarar o mais velho de perto, ainda abraçado a ele e ambos os rostos próximos. – É tão difícil de entender isso?

Luhan retribuiu o olhar em silêncio, enfim suspirando baixo.

– Ok, ok. – deu-se por vencido, fazendo Sehun esbanjar um sorriso.

– O casal aí poderia procurar algo útil para fazer? – Kyungsoo olhou para os dois amigos pelos ombros. E Kris, que estava próximo do cozinheiro e ouviu o que disse, não perdeu a oportunidade de se pronunciar.

– Vocês não têm vergonha na cara? Deixem as afeições quando estiverem em um quarto sozinhos e poupem nossos olhos.

– Não me lembro de tê-lo chamado na conversa, loiro aguado. – Sehun rebateu e Jongdae, também próximo a eles, sorriu com satisfação ao ouvir o apelido, incentivando a briga. Kris fuzilou o moreno com os olhos, utilizando as mesmas palavras de Sehun para se dirigir a ele.

– Eles são sempre assim? – Minseok questionou a Baekhyun, descansando os braços no meio tempo em que ajudava no descarregamento do navio, com seu capitão e Zitao ao seu lado. – Kris e Jongdae.

– Estranhamente sim. – o ruivo assentiu.

– Parece até que são amigos há um bom tempo. – comentou Zitao, reprimindo uma risada ao ver Kris ameaçar Jongdae com o dedo indicador apontado em seu rosto enquanto o moreno o convidava para um confronto. – Como eles acabaram assim?

– Talvez porque sejam parecidos? – Baekhyun deu de ombros, rindo. – Eles me lembram um ao outro, se quer saber minha opinião.

– O que vocês estão esperando? – Chanyeol se juntou à roda, chamando a atenção dos piratas. – Essas caixas não vão se transportar sozinhas para as carruagens. Vamos!

– Alguém está sem paciência hoje. – Kyungsoo sibilou, fazendo Chanyeol encará-lo sério. Ignorando o olhar do amigo, o cozinheiro apenas se virou para Jongin, dessa vez levando as caixas para fora do navio.

– Ele só está com saudades da mamãe e quer vê-la logo. – Kris comentou, sorrindo.

– As carruagens estão prontas. – Junmyeon apareceu ao lado de Chanyeol, desviando do chute que tinha Kris como alvo quando o loiro passou próximo a eles. – Jongdae, pode me ajudar com Yixing? – questionou e o moreno assentiu, seguindo-o.

– É a primeira vez que venho para La Rochelle. – comentou Minseok, apreciando a vista do porto da cidade. Zitao concordou, respondendo ser também sua primeira vez ali.

– Vocês irão gostar. – disse Chanyeol, virando-se para dois homens e Baekhyun logo atrás.

– Chanyeol conhece essa cidade de olhos fechados. – Luhan comentou com um sorriso. – Aposto que ele se prontifica a levá-los para conhecer La Rochelle.

O capitão se virou para o amigo com o cenho franzido, e Luhan apenas retribuiu com um sorriso de canto.

– O Circo de La Rochelle, vocês definitivamente precisam conhecer! – Sehun iniciou uma conversa animada sobre os pontos turísticos da cidade com Minseok e Zitao, logo seguindo Kris e Luhan para fora do navio.

– Deve ser bom ter um lugar para chamar de casa e poder retornar... – comentou Baekhyun.

– Pode se dizer que sim. – Chanyeol encarou o perfil de Red, agora posto ao seu lado, seus olhos a apreciarem a paisagem que possuía dali do navio. E ciente de que Baekhyun não compartilhava da mesma sensação que ele possuía quando retornava à La Rochelle, viu-se observando o ruivo com pesar. – Você pode não ter um lugar para chamar de casa, mas você tem a eles. – olhou na direção onde Junmyeon e Jongdae estavam com Yixing que se apoiava nos dois para andar. – Você se sente em casa quando está com eles, não?

Baekhyun seguiu o olhar do capitão, encontrando Yixing sorrindo em sua direção, um sorriso que preencheu seu coração de forma calorosa. Então se virou para Chanyeol e este, ao perceber estar sendo observado, encarou-o de volta. Contudo, rapidamente desviou o olhar para a frente, dizendo que desceria primeiro do navio, e com isso, arrancando um sorriso discreto de Baekhyun.

– O que está esperando, Baek? Vamos. – ouviu o chamado de Jongdae.

O percurso não foi demorado e logo as carruagens pararam. Baekhyun seguiu atrás de Jongdae para descer do veículo, mas foi impedido antes mesmo de colocar os pés para fora, sendo obrigado a dar um passo para trás. Encarou com curiosidade Chanyeol parado agora à sua frente.

– Vista isso. – entregou-lhe um chapéu. – Seu rosto é bastante famoso por aqui. – explicou após ver o ruivo franzir o cenho. – Você não quer receber uma visita inesperada da Marinha, quer?

Baekhyun não argumentou, apenas pegou o chapéu das mãos do capitão, colocando-o sobre sua cabeça e escondendo metade de seu rosto. Colocou-se ao lado de Jongdae quando pisou em terra firme e tomou o lugar do médico, servindo-se de apoio para Yixing enquanto se dirigiam para dentro da hospedagem da família Park.

Chanyeol seguiu na frente e deixou que alguns de seus homens ficassem encarregados de descarregarem seus pertences das carruagens. Os únicos que o seguiram foram Junmyeon, Baekhyun, Jongdae e Yixing.

– Quem é vivo sempre aparece. – alguém se pronunciou assim que Chanyeol atravessou a porta principal, obrigando-o a virar o rosto na direção da voz. Um sorriso largo atravessou seu rosto imediatamente. – Olá, irmãozinho.

– Yura. – o capitão se aproximou da irmã, passando os braços ao redor de seu corpo e abraçando-a. – É bom te ver. Onde estão Chohee e Sungwoo?

– Tio Channie!

O moreno levantou os olhos ao ouvir a voz suave e infantil de seus dois sobrinhos que desciam as escadas, indo ao seu encontro. Chanyeol se agachou no chão e abriu os braços, envolvendo-os em um abraço aconchegante.

– Meu Deus, como você cresceu! – analisou a sobrinha dos pés à cabeça. A pequena garota de quatro anos soltou uma risada abafada, alegando ter comido muitas verduras ao longo dos anos. – Muito bem, continue assim e ficará maior que seu irmão.

Sungwoo revirou os olhos diante do comentário.

– Ela terá que comer muito, mas muito antes de me alcançar. – respondeu o rapazinho, três anos mais velho que Chohee, ao cruzar os braços. 

Chanyeol sorriu e bagunçou os cabelos do pequeno, fazendo-o sorrir. Então se virou para a irmã novamente. 

– Onde está a mãe?

– Na cozinha. – informou-lhe, em seguida pedindo para que os filhos fossem chamar a avó. Então, olhou para as pessoas atrás de seu irmão, reconhecendo somente um rosto. – Olá, Junmyeon. – cumprimentou o médico com um sorriso simpático.

– Como vai, Yura? – Junmyeon retribuiu o sorriso. – Pode nos arranjar um quarto? Yixing precisa ficar deitado.

– É claro.

– Estamos com pessoas a mais hoje então precisaremos de mais lugares. – Chanyeol disse à irmã que assentiu, dizendo que logo providenciaria os quartos.

– Chanyeol! – a atenção dos seis foi desviada para a mulher que apareceu no hall da pensão, um sorriso estonteante estampado em seu rosto. Os lábios de Chanyeol se ergueram quando envolveu sua mãe nos braços, com esta beijando-lhe o rosto. – Como ousa ficar mais de dois anos sem me visitar? – substituiu o carinho por alguns tapas nos ombros do filho.

– Por que está me batendo? Pare de me bater. – o capitão protestou, fazendo Sunhi sorrir e novamente puxá-lo para um abraço.

– Senti sua falta, filho.

Chanyeol sorriu, respondendo “Eu também” em baixo tom. Então, franziu o cenho quando sentiu os movimentos das mãos de sua mãe em suas costas pararem e um silêncio prolongado preencher o local. Afastou-se para poder olhar o rosto de Sunhi, encontrando-a com o olhar preso na direção de Junmyeon e os demais.

– Mãe. O que foi? – questionou.

– Nada. – sorriu-lhe, então se afastou do filho e caminhou até Junmyeon, cumprimentando-o com um abraço, o qual o médico retribuiu da mesma forma. – Sejam bem-vindos. – dirigiu-se aos demais com um sorriso simpático.

Os piratas sorriram em resposta para Sunhi, e Jongdae não deixou de notar o olhar da mulher ficar preso a Baekhyun por mais tempo. Logo mais, Sunhi anunciou que prepararia o banho para a tripulação, o que levou Chanyeol a agradecer entusiasmado, alegando estar realmente precisando de uma boa ducha de água.

– Yura, mostre primeiro o quarto para o paciente de Junmyeon. – solicitou à filha que balançou a cabeça em concordância, pedindo que Junmyeon e os outros a seguissem.

– Sunhi! – Kris anunciou sua chegada logo em seguida, com os demais piratas ao seu encalço. A mulher recebeu o loiro com um abraço e um olá carinhoso.

– Já sabem. Fiquem à vontade. – Sunhi sorriu para todos antes de se retirar junto com os dois netos para preparar o banho e também o almoço para a tripulação.

– Espera, mãe. – Chanyeol a impediu de ir e a segurou pelo cotovelo, olhando-a sério por um momento. – Essas pessoas...

– Eu sei, Chanyeol. – respondeu em baixo tom, mas alto o suficiente para que o filho ouvisse. – Eu pude reconhecer o capitão deles mesmo com aquele chapéu. Eu só me pergunto... Por que eles estão aqui?

– É uma longa história. – massageou o pescoço, suspirando fundo. – A propósito, eu preciso conversar com você sobre uma coisa. E eu preciso que seja honesta comigo.

– Tudo bem. – assentiu. – Mas nós temos todo o tempo do mundo agora, certo? Vá tomar seu banho, coma e então podemos conversar. – sugeriu e Chanyeol balançou a cabeça em concordância, sendo deixado para trás com seus homens.

– É um bom lugar. – Minseok comentou ao percorrer os olhos pelo local. – Está tudo bem mesmo ficarmos aqui? – direcionou a pergunta ao capitão Chanyeol que se virou para encará-lo.

– Não se preocupe com isso. Além do mais, Yixing ainda precisa ficar em observação e Junmyeon se prontificou a cuidar dele.

Minseok assentiu e sorriu agradecido.

– Vai ser legal. Banho, comida e cama de verdade. Há coisa melhor que isso? – Sehun sorriu e tapeou seu ombro antes de abraçar Luhan pelo pescoço e juntos seguirem Chanyeol para outro aposento da pensão. – Vem, Jongin! Zitao!


 


 

– O que foi, querido? – Sunhi parou atrás de Sehun, enquanto recolhia alguns pratos e talheres da mesa, a expressão preocupada ao ver o rapaz tombar a cabeça para trás no encosto e grunhir.

– Sinto que minha barriga vai explodir. – disse em meio às conversas e risadas altas que preenchiam os aposentos da pensão Park. Sunhi riu e, antes de se afastar, alegou que o rapaz nem tinha comido tanto assim. – Você sempre me entope de comida, Sra. Park!

– Eu não achava que fosse possível, mas encontramos pessoas que comem mais do que você, Sehun. – Kyungsoo comentou e o moreno virou o rosto na direção onde Zitao e Jongin sentavam, juntos ainda degustando o almoço de Sunhi.

– Isso é insano. – respondeu e franziu o cenho observando os dois rapazes, os únicos na mesa que continuavam comendo. – Só de vê-los comer me dá um embrulho no estômago. Eu acho qu–.... – e se levantou da cadeira em um pulo, correndo em direção a algum banheiro. Alguns dos marujos, que viram a cena, riram alto. 

– Ele ficará bem? – Baekhyun questionou, preocupado.

– Sim, apenas exagerou de novo. – Luhan sorriu e se levantou, seguindo na mesma direção onde Sehun havia corrido.

– É sempre a mesma coisa. – Chanyeol disse, levantando-se da mesa e sendo imitado por aqueles que já haviam terminado suas refeições. – Daqui um tempo ele volta como se nada tivesse acontecido.

– E ainda perguntando se tem sobremesa. – concluiu Kyungsoo, rindo.

Baekhyun sorriu e se colocou de pé quando Sunhi parou ao seu lado, recolhendo os pratos à sua frente.

– Deixe-me ajudá-la. – ofereceu, recebendo um sorriso como resposta.

A mesa foi retirada e a maioria dos homens já havia deixado a área da cozinha, retornando aos seus aposentos para descansar ou aproveitar o dia bonito ao lado de fora. Os que restaram ficaram para ajudar Sunhi na limpeza.

– Você está me envergonhando, mãe. – Chanyeol olhou de soslaio para a mulher quando esta passou ao seu lado rindo. – Aposto que eles não querem saber nada disso.

Baekhyun e Minseok, que ouviam a mulher contar histórias de quando Chanyeol era mais novo, sorriram.

– Quem não gosta de ouvir as travessuras de uma criança peste como você que costumava aprontar a todo o momento? – Sunhi sorriu e deu leves tapas nas costas do filho, fazendo-o revirar os olhos. – Sua tripulação, pelo menos, se diverte quando eu conto suas histórias.

– Pode apostar que sim, Sra. Park. – Kyungsoo concordou com um sorriso.

– Assim você tira toda a minha autoridade. – o capitão retrucou, descontente.

– Lembra-se daquela vez que você acabou caindo sobre o esterco do cavalo e–…?

– Mãe! – Chanyeol a repreendeu antes que concluísse com o que dizia, causando risadas por parte de Sunhi e os demais.

Baekhyun apoiou a mão no ombro de Minseok enquanto tentava cessar a risada e, quando desviou os olhos de Chanyeol, percebeu que Sunhi olhava em sua direção. A mulher sorria e, curiosamente, Baekhyun se viu perguntando o motivo de estar sempre sendo observado pela mulher.

– Você se parece muito com Haewon. – ouviu-a dizer de repente. E as palavras morreram na garganta de Baekhyun que franziu o cenho, surpreso ao ouvir o nome de sua falecida mãe.

O silêncio fez com que Sunhi percebesse o que havia dito. E um pouco constrangida, ela sorriu e virou as costas, guardando os últimos pratos, evitando assim a atenção dos jovens sobre ela.

– Será que... podemos conversar agora, mãe? – Chanyeol foi o primeiro a se pronunciar e, então, sorriu na direção de Kyungsoo que, ao entender, puxou Minseok consigo para fora da cozinha a fim de deixá-los a sós.

– Claro. – Sunhi abraçou o próprio corpo e sorriu gentilmente antes de afastar uma cadeira e se sentar, sendo imitada por Chanyeol e Baekhyun logo em seguida. – Desculpe por ter dito aquilo de repente, Baekhyun. – encarou o ruivo que apenas se manteve em silêncio, esperando por uma explicação.

– Baekhyun disse que foi salvo pelo meu pai quando pequeno. Por quê? – Chanyeol iniciou a conversa, ansiando por respostas para suas perguntas desde o momento em que descobriu sobre o que seu pai fez pelo filho do Barba Negra. – Meu pai realmente conhecia a mãe dele?

– Não só Haewon, mas como o próprio Barba Negra, Jungho. Este é o verdadeiro nome dele. – respondeu e tornou a dizer após algum tempo em silêncio. – Seu pai era melhor amigo do Barba Negra. Ele costumava ser o braço direito dele.

Os lábios de Chanyeol se partiram, mas foi incapaz de emitir uma palavra sequer, e Baekhyun abaixou os olhos para encarar as próprias mãos que descansavam no colo.

– Como... – Chanyeol iniciou. – Por que eu nunca soube disso?

– Porque não era necessário. E além de ser perigoso... – Sunhi alcançou a mão do filho sobre a mesa, mas este se desvencilhou do toque, cruzando os braços frente ao peito. – Ele não queria ver esse mesmo olhar com que você está agora neste momento.

Chanyeol desfez o franzir ao meio de sua testa, abaixando o olhar para a mesa.

– E por que seria perigoso? – tornou a perguntar.

– Porque qualquer pessoa que tivesse alguma relação próxima com Barba Negra seria considerada traidora pelo Governo. E consequentemente seria presa ou morta... E sabendo disso, Barba Negra ordenou que seu pai deixasse a tripulação. Afinal, sua irmã estava a caminho. – sorriu fracamente. – Logo iríamos ser uma família.

Baekhyun prendeu o lábio inferior entre os dentes, os olhos ainda abaixados, imersos e confusos.

– Honjung fez o que Barba Negra lhe disse para fazer e nós nos mudamos para La Rochelle para começar uma vida nova. – continuou Sunhi, fazendo com que os dois piratas finalmente levantassem os olhos para ela. – Mas algum tempo depois, Barba Negra apareceu em nossa casa com uma mulher grávida. O nome dela era Byun Haewon. E ele nos pediu que ficássemos com ela por um tempo, até que o filho deles nascesse. – então direcionou os olhos para Baekhyun.

E este permaneceu em silêncio.

– Ele veio buscá-los após alguns meses. Barba Negra garantiu que aquele era o último favor que pedia a Honjung. Mas após dez anos seu pai recebeu uma mensagem dele, pedindo que fosse até a Espanha para ajudá-lo.

– Então foi por isso que meu pai o salvou, a pedido do Barba Negra. – Chanyeol olhou Baekhyun pelos cantos de seus olhos, à espera de alguma resposta, reação, qualquer coisa por parte de Baekhyun após aquela revelação sobre seu passado. – Mas por que ele próprio não foi salvar sua família?

– Eu não tenho certeza, Chanyeol. Seu pai nunca falou sobre esse dia. É um segredo que ele carregou consigo até o túmulo.

– Por acaso... – Chanyeol hesitou por um momento. – Por acaso, o pai foi morto por causa do Barba Negra?

– Tudo que sei é que aqueles piratas estavam atrás do seu pai, provavelmente por causa de alguma vingança. Não posso de fato afirmar que foi culpa do Barba Negra... – Sunhi soltou um suspiro baixo e esticou a mão sobre a mesa, para que esta segurasse a de seu filho. – Nós mantivemos esse segredo porque era mais seguro, Chanyeol. Por isso, por favor, não fique bravo. Eu sei que ainda sente raiva pelo o que houve, mas tente entender que ele fez isso por você. Ele só queria te proteger. Como qualquer pai faria. Como Barba Negra também fez.

E, dessa vez, Chanyeol não se desvencilhou do toque. Do contrário, ele retribuiu o aperto dos dedos de sua mãe ao redor da sua mão e certificou-se em lhe dizer, em silêncio, que ele compreendia. 

– Mãe, Sr. Lee está querendo falar com você. – Yura apareceu na cozinha. A mulher assentiu e, ao se soltar de Chanyeol, levantou-se de sua cadeira.

– Se ainda quiser falar sobre isso, podemos continuar mais tarde, Baekhyun. Eu posso tentar responder suas perguntas, do que eu sei sobre seu pai e sua mãe.

– Obrigado, Sra. Park. – o ruivo tentou retribuir o sorriso, entretanto, falhando com o ato. E após acompanhar a saída da mulher, voltou a encarar a mesa que separava ele e Chanyeol.

Chanyeol pousou seus olhos sobre Baekhyun à sua frente, mais uma vez, esperando que algo fosse dito pelo ruivo. Entretanto, o silêncio foi tudo que ele recebeu. Sabia que não era preciso palavras para entender o que o ruivo estava pensando ou sentindo, mas ainda assim ele esperava que Baekhyun fosse dizer algo, o quão surpreso estava, o quão enganado e frustrado se sentia. Qualquer coisa.

– Você está bem? – finalmente decidiu se pronunciar, fazendo o outro levantar a cabeça e encará-lo.

– Eu não sei... – Baekhyun soltou uma risada fraca, meio irônica. – Eu só... – passou os olhos pela face de Chanyeol, procurando ao certo o que dizer, como se, de alguma forma, fosse encontrar ali a resposta que queria. – Eu nunca fui atrás para saber realmente sobre Barba Negra. Eu estava bem com o fato de... – molhou os lábios, ficando em silêncio por alguns segundos. – Era mais fácil acreditar que ele era um monstro, um assassino. Que foi por culpa dele que minha mãe morreu.

– Se é mais fácil para você, não vejo problema algum continuar pensando dessa forma. – Chanyeol respondeu, dando de ombros. – Sim, parece que ele realmente se importava com você e sua mãe, mas ele não estava lá com vocês. Por vocês. Então... eu acho que está tudo bem se você quiser continuar a odiá-lo. É a sua escolha.

Chanyeol viu os cantos dos lábios do ruivo se erguerem em um sorriso singelo, fazendo-o inconscientemente imitá-lo.

– Nossa família é bem complicada. – Chanyeol comentou após um curto tempo em silêncio e segurou as mãos atrás da nuca, sentando-se de forma desleixada na cadeira. – E é meio engraçado, sendo que fui eu dessa vez a salvar o filho do Barba Negra.

– Deve ser de família.

– Provavelmente. – concordou Chanyeol, limitando-se a sorrir assim como Baekhyun. – Aposto que meu pai gostaria de ver que você está bem e vivo, se ele estivesse aqui.

O ruivo sorriu gentilmente.

– Seria ótimo se ele estivesse realmente aqui...

E novamente um pequeno silêncio se formou, mas não durou muito tempo já que Baekhyun aproveitou o momento que falavam de Honjung – e que ainda queria entender o que houve – para perguntar a Chanyeol o que exatamente aconteceu quando seu pai faleceu.

O capitão pareceu hesitar por um momento.

– Nós estávamos nessa viagem para Portugal... – iniciou Chanyeol, deixando os cotovelos descansarem sobre a mesa e encarando a própria mão. – E fomos atacados por piratas. Eles começaram a exigir coisas que eu não fazia ideia do que estavam falando. Me lembro de ter ouvido o nome do Barba Negra, mas na época não fazia o menor sentido então não dei muita importância. Eu só queria salvar meu pai, mas no final... – mordeu o lábio inferior, observando as próprias unhas fincadas na palma de suas mãos. – Ele morreu por mim.

– Ele queria te proteger.

Chanyeol levantou os olhos e estes se encontraram com os de Baekhyun.

– Eu sei... Eu só... – voltou com os olhos novamente para as suas mãos. – Às vezes eu só queria que ele não tivesse feito isso. Que ele tivesse confiado mais em mim e... Eu poderia tê-lo salvo. E eu poderia tê-lo aqui comigo. Vivo.

Ainda que fosse teimoso, Chanyeol compreendia o que Baekhyun queria dizer e o que sua mãe e seus amigos passaram anos tentando convencê-lo. Seu pai se sacrificou porque ele o amava, Chanyeol sabia disso. Mesmo que as pessoas precisassem estar lembrando-o disso a todo o momento, ele sabia. Mas saber disso não diminuía a dor do seu luto, nem a saudade. 

– Eu só... sinto falta dele.

– Sei que sente. – Baekhyun se pronunciou, o que fez o capitão levantar a cabeça e lembrá-lo de que ambos compartilhavam do mesmo sentimento. Assim como ele, Red também havia perdido alguém importante.

Um sorriso sutil se formou nos lábios de Baekhyun em seguida e Chanyeol não pensou duas vezes antes de retribuir, agradecido.






 


Notas Finais


Capítulo-revelação. Acho que não dava mais pra segurar os segredos xD
Sei que foi um capítulo meio parado, mas essa conversa foi necessária. Sei também que (alguns irão querer me bater) não houve momento Suchen, mas prometo que compensarei no próximo, ok? ;w;

Obrigada pelos comentários adoráveis! Beijos e até lá!


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