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História Pérola Negra - Capítulo IX


Escrita por: ohprince

Notas do Autor


Estava fora da cidade, por isso não consegui atualizar a fic na sexta-feira. Desculpem ;w;
Enfim, não vou me enrolar aqui. Boa leitura!

Capítulo 9 - Capítulo IX


Fanfic / Fanfiction Pérola Negra - Capítulo IX

O sol brilhava forte do lado de fora e feixes de luz atravessavam as cortinas finas, insistindo em incomodar-lhe os olhos e obrigando-o a virar o rosto para o lado oposto. Com um bocejo arrastado, Baekhyun se espreguiçou abaixo do lençol e olhou de relance para o seu companheiro de quarto, Yixing, que se mantinha ocupado lendo um livro.

– Tem sido um longo tempo desde que dormi tão bem assim. – comentou e afundou o rosto no travesseiro, aproveitando a sensação macia e o cheiro suave e floral que vinha da almofada.

– Pode apostar que sim. – Yixing riu abafado, deixando o livro cair sobre seu colo e virando o rosto para encarar o capitão. – Jongin apareceu mais cedo aqui e disse que iria ajudar Kyungsoo e o esposo da irmã de Chanyeol na pesca.

Baekhyun levantou o rosto, o cenho levemente franzido.

– Por quê?

– Para ajudar, é claro. – Yixing revirou os olhos, sorrindo. – Não escutou o que eu disse?

– Não isso. – sentou-se, colocando os pés para fora da cama. – Todos nós sabemos como Jongin é com estranhos... e agora ele está sempre com Kyungsoo. – manteve o cenho franzido e Yixing, embora não tivesse percebido, não discordou. – O que Do Kyungsoo fez?

A pergunta fez o mais velho rir.

– O que você está dizendo? Você também conseguiu se aproximar do Jonginnie facilmente quando o convenceu a fazer parte da tripulação Sol Nascente.

– Isso foi porque ele disse que eu lembrava o irmão mais velho dele. – colocou-se de pé, vestindo-se em seguida.

– Talvez algo em Kyungsoo seja familiar para ele, então. – Yixing deu de ombros, sendo imitado por Baekhyun que não discordou da sua suposição. O mais velho, então, retornou para a sua leitura, porém sendo interrompido logo em seguida ao ouvir batidas na porta. – Pode entrar.

– Como está se sentindo? – Junmyeon havia colocado a cabeça para dentro do quarto, sorrindo genuinamente na direção de Yixing. Este respondeu que estava bem, observando o médico entrar no quarto com Kris ao seu lado. – Trouxemos seu café da manhã e os remédios.

– Obrigado. – sorriu, agradecido.

– Chanyeol queria falar com você, Baekhyun. – Junmyeon virou-se para o ruivo que terminava de calçar suas botas. Este levantou as sobrancelhas em curiosidade. – É sobre o passeio pela cidade. A propósito... – olhou com pesar para Yixing que já degustava de seu café da manhã na bandeja. – Sinto muito, mas o melhor seria você ficar de repouso por mais alguns dias. 

– Está tudo bem, Junmyeon. Não se preocupe com isso.

– Kris te fará companhia hoje e qualquer coisa que precisar, não hesite em pedir. – tocou o ombro do pirata que balançou a cabeça e sorriu para Yixing. – Mas se cansar dele, é só me dizer. – concluiu com uma risada.

– Ele provavelmente se cansaria mais tendo você como companhia. – Kris rebateu com uma expressão de desgosto estampada no rosto. – Você é entediante.

Junmyeon revirou os olhos e, antes de deixar o quarto, fez questão de dar um soco ao lado esquerdo do abdômen de Kris, levando-o a gemer de dor. Com um sorriso nos lábios, ignorou os xingamentos do outro e acompanhou Baekhyun até o andar de baixo da pensão.

A voz alta de Jongdae rapidamente chamou a atenção dos dois que seguiram para o quintal da pensão.

– Pare de pegar leve com o Luhan só porque ele é seu amante! – Jongdae acusou Sehun, fazendo o mais novo gargalhar. – Eu estou falando sério!

– O que é um amante? – Sungwoo olhou curioso para Sehun, esperando que Jongdae fizesse o lançamento da bola para ele.

– Quando estiver alguns anos mais velho, te explico, combinado? – Sehun bagunçou o cabelo do garoto, ignorando quando Luhan disse em alto tom que não era seu amante. – Agora presta atenção ou então seu time irá perder o jogo! – e avançou na direção oposta a de Sungwoo, fazendo o garoto rir e correr atrás de si.

– Chohee também quer jogar! – a garotinha correu atrás do irmão e de Sehun. E Minseok ofereceu sua mão para a garotinha para que juntos fossem atrás da bola.

– É assim que quer jogar? – Luhan bateu seu ombro contra o de Jongdae ao se aproximar deste, ambos seguindo na direção onde Sehun e os demais estavam. – Amante do Junmyeon?

– Junmyeon e eu... – Jongdae não concluiu com o que dizia ao avistar o médico e seu capitão chegarem ao quintal da pensão. – Diferente de você e Sehun, nós... – diminuiu o tom de voz e retribuiu o aceno de Junmyeon que sorria em sua direção.

– Vocês o quê? 

– Por que não vai cuidar do que é problema seu... – apontou na direção de Sehun, onde este foi derrubado no gramado por Zitao e Sungwoo. – E deixa que eu cuido da minha relação com Junmyeon, huh?

Luhan crispou os lábios e deixou Jongdae revirando os olhos para trás. O loiro se aproximou dos demais que riam de Sehun e estendeu-lhe a mão, oferecendo ajuda para que se levantasse do gramado. 

– Perdendo para uma criança?

– Eu? Perdendo? – Sehun riu debochado e, ao invés de se levantar, puxou o mais velho, fazendo com que este perdesse o equilíbrio e caísse junto a ele. Mesmo com o outro protestando, Sehun passou os braços e as pernas ao redor de seu corpo, mantendo-o preso abaixo de si.

– Montinho! – Jongdae gritou de onde estava e Sungwoo foi o primeiro a se jogar por cima de Sehun e Luhan em meio às risadas dos mais velhos. – Cadê o seu capitão? – virou-se para Junmyeon ao se aproximar deste e de Baekhyun. – Sehun falou que ele queria falar com a gente.

– Na verdade ele queria saber se vocês estavam dispostos a saírem e conhecerem a cidade hoje. – Junmyeon respondeu, um sorriso largo estampado no rosto enquanto observava os demais; Luhan exigindo que Sehun o soltasse e as crianças rindo alto na companhia de Zitao e Minseok. – Ele saiu com a mãe dele, mas já deve estar voltando.

– Yixing ainda não pode sair… – Jongdae advertiu e encarou Baekhyun, mas este não parecia prestar atenção na conversa dos dois já que olhava e sorria na direção de seus amigos. – Ficarei com ele para fazer companhia. Baek e os outros podem ir.

Ao longe, Zitao chamou por Jongdae, questionando se este retornaria ou não ao jogo. Entretanto, ao perceber que o pirata se encontrava ocupado conversando com Junmyeon, convidou seu capitão para participar no lugar do moreno. E Baekhyun não se importou, juntando-se ao time logo após.

– Kris o fará companhia, não se preocupe. – Junmyeon respondeu, o que fez Jongdae franzir o nariz. Sorriu com a expressão do moreno e desviou os olhos para Sungwoo quando este exclamou alto em comemoração após ter marcado um gol com a ajuda de Zitao.

– Eu não vou deixar aquele loiro aguado com o Yixing sozinho.

– Não seja bobo. – o médico revirou os olhos, sorrindo. – Eu estarei aqui também.

– Mais uma razão para eu ficar, então.

Junmyeon encarou o pirata ao seu lado, mas este mantinha os olhos fixos em seus amigos. E reprimindo um sorriso, preferiu não contestá-lo e voltou a assistir os demais se divertindo com os dois sobrinhos de Chanyeol.

– Eu invejo por não ter tido uma relação assim com o meu irmão. – ouviu Jongdae comentar em algum momento, levando Junmyeon a desprender a atenção do jogo. Logo mais, retornou o olhar na direção onde estavam Sungwoo e Chohee, no qual o mais velho ajudava a garotinha a se levantar do gramado.

– Você tem irmão? – Junmyeon questionou, levemente surpreso.

– Jin. O que nos traiu.

A resposta fez o médico virar a cabeça para encarar Jongdae, observando um dos cantos de seus lábios se erguendo num sorriso sutil, mas que Junmyeon soube de imediato ser forçado.

– Como aconteceu?

– Recebi um recado dizendo que ele precisava da minha ajuda. – iniciou e se sentou no pequeno degrau da varanda, sendo imitado por Junmyeon. – Fazia muito tempo desde que eu o vi pela última vez e Baekhyun me convenceu de encontrá-lo em Bahamas. A princípio achei que ele realmente precisava de mim e que por um momento queria me ver.

Jongdae percebeu que tudo não passava de um plano para atrair Baekhyun e ele, e que Jin visava nada mais do que a recompensa em ajudar o Governo a capturar um dos mais procurados piratas da história.

Diferente de Jongdae, desde muito novo, Jin era ganancioso e calculista. Julgava-se ser mais astuto do que o irmão mais novo, alegando que pessoas de bom coração nunca tinham a recompensa que mereciam. Sempre esteve ausente na vida do moreno, visando antes de tudo o próprio interesse e recusando o posto de irmão mais velho desde que saiu de casa para se aventurar no mundo.

– Eu deveria tê-lo matado, mas eu... – apoiou os antebraços no joelho enquanto encarava o gramado. – Eu não consegui.

– Porque você não é um assassino. – Junmyeon estendeu a mão para lhe segurar o pulso em um gesto carinhoso. – E certamente iria se arrepender depois.

Jongdae levantou os olhos para o rosto do médico, um sorriso fraco se formando em seus lábios finos. Encarou os dedos alheios ao redor de seu pulso e, ao se desvencilhar destes, tomou a mão de Junmyeon na sua.

– E diferente de você, eu posso dizer que tive um que fazia questão de me lembrar a todo o momento que era meu irmão mais velho e que eu deveria seguir seus passos. – Junmyeon comentou, fazendo o outro rir sutilmente. – Éramos só nós dois. Junyoung praticamente me criou, então acho que dá pra entender por quê.

– E você seguiu os passos dele? – Jongdae pousou os olhos nas duas mãos entrelaçadas, seus dedos brincando com os do médico.

– Em partes, sim. Eu me tornei médico como ele queria.

– Ele deve estar orgulhoso do irmãozinho e se gabando para os outros como um pai faria. – soltou uma leve risada, mas tudo que recebeu foi um sorriso torto de Junmyeon. Isso o levou a franzir a testa, perguntando qual era o problema.

– Junyoung faleceu antes de eu levar a medicina a sério. – e dito isso, sentiu os dedos alheios se apertarem ao redor da sua mão, percebendo o olhar de Jongdae no qual dizia sentir muito. – Era inverno... – continuou, relembrando o passado em que ainda podia ver o sorriso de Junyoung. – Havíamos discutido como das outras vezes e no meio da briga, corri para fora de casa. Ele me seguiu e continuamos discutindo ao longo do caminho, até eu perceber que estávamos atravessando o lago em gelo do bosque.

A discussão daquele dia se deu pelos mesmos motivos que sempre levavam Junmyeon a dar as costas para o irmão: seu futuro. E saber que Junyoung, de alguma forma, tentava controlar e planejar sua vida, o deixava furioso. Seu interesse não era a medicina. Nunca foi. Contudo, isso mudou quando seu irmão adoeceu.

– O gelo se quebrou abaixo dos meus pés e eu caí na água porque, teimosamente, me recusei a ouví-lo. Ele conseguiu me salvar a tempo, mas por algum tempo não voltamos a nos falar... Eu o ignorei por dias e não voltei para casa. – então soltou a mão de Jongdae, escondendo-a no bolso da calça como se, de alguma forma, pudesse também esconder a decepção e vergonha que sentia de si mesmo. – Mas então Junyoung adoeceu. Eu não sabia na época, mas ele já tinha uma doença pulmonar e... não resistiu quando a pneumonia atacou.

Se ele tivesse deixado sua teimosia de lado, se ele tivesse permanecido ao lado de Junyoung e o ajudado com o pouco conhecimento que possuía da medicina, talvez seu irmão pudesse estar vivo agora. Porém, tudo que pôde fazer foi segurar-lhe a mão e esperar que a agonia e o sofrimento de Junyoung o deixassem e, em paz, ele pudesse finalmente entrar em seu sono profundo.

– Não foi sua culpa, sabe disso, certo? – Jongdae tentou confortá-lo com um toque sutil em suas costas. O gesto fez com que o outro o encarasse e sorrisse fracamente, balançando a cabeça em afirmação. – Ótimo. Porque tenho certeza de que Junyoung não iria querer isso.

Junmyeon notou os olhos gentis do moreno percorrerem pelo seu rosto e devagar descerem para os seus lábios. E sem que percebesse, ele próprio imitou o gesto alheio e partiu os lábios, a distância entre ambos os rostos diminuindo. Contudo, a risada alta de Sungwoo lhe causou um discreto pulo, levando-o a se afastar e se dar conta do que estava prestes a fazer na presença dos demais.

– Desculpe. – Jongdae pigarreou sem graça. E antes mesmo que pudesse questionar ao médico a possibilidade de finalmente poderem conversar sobre o que aconteceu no navio, Jongdae ouviu a voz de Chanyeol atrás dos dois.

– Sungwoo, Chohee! A mãe de vocês está chamando!

– Já estava achando que não ia voltar. – comentou Luhan, aproximando-se após notar a presença do capitão e acenando gentilmente para Sungwoo e Chohee que se despediram dos mais velhos.

Chanyeol revirou os olhos, preferindo não rebater.

– Podemos ir pra cidade agora, então? – Sehun ajeitou os fios do cabelo, jogando-os para trás ao mesmo tempo em que abanava a vestimenta para retirar a grama que persistiu em fixar no tecido. Aproveitou e fez o mesmo em Luhan, retirando também a grama de seus cabelos claros e fazendo-o sorrir, agradecido.

Chanyeol, que viu a cena, novamente revirou os olhos. E seu ato não passou despercebido por Baekhyun que reprimiu um sorriso.

– Se estão prontos, podemos ir. – o capitão respondeu e acompanhou Sehun e Luhan para dentro da pensão, sendo seguido pelos demais. Exceto por Jongdae que hesitou por um momento, observando Junmyeon entrar na casa primeiro. – Você vai também, Jun? – olhou para o amigo por cima do próprio ombro.

– Acho melhor eu ficar caso Yixing precise. – justificou-se.

– E você, Chen, vai também? – Chanyeol franziu o cenho quando não obteve resposta e virou o corpo à procura do pirata que, juntamente com Junmyeon, de repente havia sumido de vista. – Cadê eles? – questionou, fazendo com que todos olhassem para trás e encontrassem o nada. – Eles estavam aqui até agora pouco.

E Chanyeol estava certo, mas Jongdae havia sido rápido o bastante para puxar Junmyeon pelo pulso sem que ninguém percebesse, arrastando-o pelos corredores da pensão às pressas. O pirata não estava muito interessado em conhecer a cidade, honestamente. 

– Jongdae? – Junmyeon chamou pelo pirata, olhando visivelmente curioso para este que havia parado em um canto de uma parede dos corredores, a mão ainda firme ao redor do pulso do médico.

O moreno então virou o rosto para Junmyeon.

– Acha que agora é um bom momento? – questionou e a pergunta fez o mais velho franzir a testa, confuso. Contudo, Jongdae queria poupar tempo e explicações. Sendo assim, sem deixar que Junmyeon o respondesse, apenas deslizou a mão livre pela cintura alheia e o puxou para perto até que seus corpos se tocassem para, então, colar sua boca na dele.

É claro que, a princípio, havia decidido afastar Junmyeon dos demais para que pudessem ter um tempo a sós e conversarem. Entretanto, ao se deparar com aqueles olhos inocentemente confusos do médico, seus corpos próximos e o desejo de sentir o calor de sua pele na sua, a única certeza que Jongdae teve quanto ao o que aconteceu e acontecia entre eles, todos aqueles sentimentos embaralhados que sentia peito adentro, era que queria tê-lo em seus braços e beijá-lo.

Junmyeon foi induzido a partir os lábios quando a língua de Jongdae pediu por passagem e suas mãos a apoiarem sobre os ombros alheios, os dedos agarrando-se no tecido da roupa como apoio para suas pernas agora bambas. Soltou um suspiro baixo quando sentiu as línguas se tocarem, deliciando-se com a forma com que Jongdae explorava sua boca e mordiscava o lábio inferior, beijando-o como se não houvesse o amanhã.

Um gemido escapou dos lábios do médico após Jongdae tê-lo empurrado contra a parede oposta do corredor, não poupando na força quando seu corpo se prensou ao dele, pedindo por mais contato além daquele que tinham através dos tecidos das roupas. Enquanto as mãos alheias exploravam suas costas por baixo da camisa, as de Junmyeon puxavam os fios castanhos.

Jongdae se viu obrigado a interromper o beijo quando viu que, assim como Junmyeon, sua respiração estava ofegante e que seus pulmões pediam por uma pequena pausa. Distanciou os lábios, mas somente o suficiente para poder sussurrar contra estes, ambos os hálitos ainda se misturando.

– Eu disse que poderíamos conversar, mas a verdade é que eu não sei o que dizer. – confessou, as testas se tocando enquanto mantinha os olhos fechados e desfrutava ainda da sensação que foi ter provado novamente os lábios de Junmyeon. – Eu sei que gosto de mulheres e me sinto atraído por elas, mas também me sinto atraído por você.

O médico abriu os olhos lentamente e deixou uma risada baixa escapar pelos lábios, apertando os dedos nos fios de cabelo de Jongdae enquanto este brincava com a sua pele por debaixo da roupa, causando-lhe arrepios pelo corpo.

– Eu também me sinto atraído por você. – foi o que respondeu, ainda sorrindo, antes de juntar suas bocas e novamente levar seu coração a palpitar de alegria contra o peito.


 


 

– Esta é a Fonte Velux. – Chanyeol apontou com a cabeça para o seu lado direito, onde uma fonte ocupava o centro do cruzamento de três ruas da cidade La Rochelle, com uma imponente escultura do Deus Poseidon ao meio, lutando com um golfinho e cercado por quatro tritões. A água cristalina refletia a quantidade imensa de moedas douradas ao fundo da fonte.

– Em troca de uma moeda, muitas pessoas fazem seus pedidos nela. É uma fonte mágica que realiza desejos. – concluiu Sehun, retirando uma moeda do bolso da calça e entregando o objeto para Baekhyun. – Faça o seu pedido.

Baekhyun observou Minseok e Zitao ao seu lado, prontos para fazerem seus pedidos após cada um ganhar uma moeda de Luhan. Então, seus olhos caíram de volta na moeda em sua mão, incerto quanto à superstição que ia contra a sua crença.

– É só uma estúpida fonte. – ouviu Chanyeol dizer ao seu lado, fazendo-o levantar a cabeça para encará-lo. – Apenas fique com a moeda que você ganha mais. – aconselhou e ignorou quando Sehun protestou, alegando estar arruinando o passeio toda vez que o contrariava.

Baekhyun sorriu com a cena e, longe da vista de Sehun, seguiu o conselho do capitão e decidiu que guardaria a moeda para uma outra ocasião.

– Não se esqueça de que fui eu quem te deixou essa cicatriz na boca. – Sehun disse em um tom ameaçador enquanto olhava Chanyeol por cima dos ombros, logo depois que decidiram seguir seus caminhos.  – E posso fazer outra se quiser.

– Eu deveria temer? – o capitão revirou os olhos enquanto sorria e acompanhava os passos de Baekhyun ao seu lado. – Assim como na vez em que me deu essa cicatriz, suas ameaças não me assustam, Sehun.

O mais novo crispou os lábios e fez cara feia na direção do capitão que, em resposta, balançou a mão no ar para que o deixasse em paz e continuasse o caminho para o próximo ponto turístico.

– Foi Sehun quem realmente te deixou essa cicatriz? – Baekhyun perguntou, deixando seus olhos percorrem a cicatriz nos lábios fartos de Chanyeol. Este levou as pontas dos dedos até onde o ruivo encarava, assentindo em seguida.

– Surpreso?

– Sehun não parece do tipo violento. – respondeu e o comentário fez com que Chanyeol risse um pouco alto, ignorando quando seus dois homens e os de Baekhyun olharam para trás, curiosos.

– Oh, acredite ou não, ele nem sempre foi dócil e tranquilo assim. – disse em meio ao sorriso. – Foi antes de ele entrar para a tripulação. – continuou após ver o olhar ainda curioso de Baekhyun. – Sehun era um ladrão esperto e bastante ágil, devo admitir. E em meio a toda confusão, de tentar recuperar o que ele havia roubado de mim, ele me deu essa cicatriz de presente.

Então, olhou para as costas de Sehun – que conversava entusiasmado com Luhan, Minseok e Zitao – levando-o a pensar em como o mais novo havia mudado no decorrer desses anos. O rapaz antes hostil, violento e quieto agora era gentil e sorridente.

– Sehun teve uma vida complicada. – tornou a dizer, não deixando de sorrir ao ver o mais novo abraçar Luhan e sussurrar algo em seu ouvido. – Abandonado pelos pais desde criança, viveu boa parte da sua vida na rua sozinho, por conta própria. 

Chanyeol até hoje não conseguia imaginar o quão solitário Sehun deve ter se sentido quando foi para as ruas. Em que seus dias se resumiam em tentar conseguir algum dinheiro para, pelo menos, uma refeição – isso quando não passava dias seguidos com a barriga vazia; em que suas noites eram encontrar um lugar bom e seguro para dormir, ainda que muitas vezes fosse obrigado a ficar em um canto qualquer de uma rua escura; em que, sozinho, aprendeu a viver sem confiar nas pessoas, a sujar suas mãos desde muito cedo e a não acreditar no lado bom e belo da vida.

E sua inocência, seus sorrisos, sua infância, tudo aquilo havia sido jogado fora no momento em que Sehun se viu obrigado a apertar os dedos contra um punhal enferrujado, enterrando-o no desconhecido que ameaçou roubar-lhe o pouco de moedas que tanto demorou a conseguir. A partir daquele dia, Sehun concluiu que as pessoas não eram confiáveis e nem dignas de sua confiança.

– Mesmo com a proposta que eu sugeri a Sehun, para se juntar à nossa tripulação, foi demorado nos aproximarmos dele. Foi difícil conquistar sua confiança no início e fazê-lo acreditar que ele tinha uma família, que ele não seria abandonado novamente.

– Sehun deve se sentir uma pessoa de sorte fazendo parte do Pérola Negra. – Baekhyun comentou enquanto, assim como Chanyeol, observava o mais novo de longe.

– Acho que se não fosse pela insistência de Luhan em não desistir dele, as coisas não teriam chegado como estão hoje. É por isso que eles são tão próximos. Luhan fez Sehun enxergar o mundo com novos olhos e novas perspectivas. Novos sonhos.

As palavras de Chanyeol fizeram Baekhyun sorrir genuinamente na direção dos dois e presenciar mais um de vários momentos em que Sehun sorria com tamanha felicidade para Luhan, como se nada além de estar ao lado do mais velho realmente importasse.

– Poderíamos comer alguma coisa agora, não? – Sehun se virou para Baekhyun e Chanyeol quando estes o alcançaram. A pergunta fez o capitão revirar os olhos com um sorriso e rebater que não fazia muito tempo que o mais novo havia comido. Entretanto, não discordou da ideia, deixando que a decisão ficasse para os demais.

– Mas antes disso… por que não aproveitamos e passamos na loja do Kibum? É logo ali e ele provavelmente vai gostar de te ver, Chanyeol. – Luhan sugeriu, apontando na direção oposta que Sehun ameaçou seguir.

Chanyeol assentiu, seguindo-os. Olhou por cima dos ombros quando viu que Baekhyun não estava ao seu lado, encontrando-o a poucos metros atrás de si. No momento em que pousou os olhos sobre o ruivo, viu o pirata colidir com um habitante da cidade, levando o chapéu que usava a cair ao chão.

Percebendo que o desconhecido encarava Baekhyun com demasiada irritação e ao mesmo tempo curiosidade, Chanyeol rapidamente se colocou entre os dois, encaixando o chapéu – que havia recolhido do chão assim que se aproximou – de volta na cabeça do ruivo.

– Desculpe, meu amigo aqui é um pouco distraído. – dirigiu-lhe a palavra com um sorriso forçado, logo mais, pousando uma das mãos nas costas de Baekhyun e conduzindo-o para que continuassem o caminho. – Será um problema se as pessoas te denunciarem para a Marinha. Então, tome cuidado.

Por um momento Baekhyun cogitou em se desculpar, mas logo foi puxado pelo pulso até uma loja, a qual ele insinuou ser de Kibum, e sentiu Chanyeol soltá-lo assim que os demais olharam para os dois.

– Oh, hoje estamos com muitos rostos novos. – o rapaz de cabelo enrolado, atrás do balcão, sorriu. Seu olhar demorou um pouco mais em Baekhyun antes de direcioná-los a Chanyeol. – Achei que não ia voltar nunca para La Rochelle. Não estava com saudades do seu amigo de infância? – então se dirigiu até o capitão para recebê-lo com um abraço. Chanyeol revirou os olhos, mas não deixou de sorrir. – Aliás, chegou no dia certo!

– O que é agora? – Chanyeol franziu o cenho, descontente com o tom de voz animado do amigo. – Se você estiver pensando em me arrastar para mais um daqu–....

– Jonghyun estará dando esse baile em alguns dias. – não se importou ao interromper o amigo, virando-se para os demais. – Baile de máscaras. E claro que eu não poderia deixar de convidar a tripulação Pérola Negra. Vocês também estão convidados. – apontou para Baekhyun e seus dois homens. – A propósito... – inclinou-se para o ruivo, os olhos semicerrados. – Seu rosto...

E antes que pudesse se aproximar ainda mais de Baekhyun, Chanyeol colocou-se a sua frente, obrigando-o a se afastar.

– Eu só ia dizer que ele tem um rosto bonito. – Kibum sorriu de lado e piscou na direção de Baekhyun antes de dar as costas. – Se Chanyeol não quiser ir, deixem-no e venham para o baile. – deu leves palmadas nas costas de Sehun antes de voltar para trás do balcão. – Ele não fará falta mesmo.

– Yah. – Chanyeol o repreendeu, arrancando um riso de Kibum.

– Deixe de ser um velho chato e rabugento. – protestou Sehun, fazendo os demais rirem quando Chanyeol o fuzilou com os olhos. Kibum levantou o polegar, aprovando a atitude do mais novo.

– Eu sou um velho chato e rabugento. – Chanyeol rebateu e, ignorando as provações do amigo, preferiu encerrar a conversa ao comunicar que era uma visita rápida. 

– Nesta quinta-feira, às dezessete horas, no Palácio Vincennes. – Kibum informou-lhes. – Nos vemos lá. Sem falta, Park Chanyeol! – exclamou antes de o amigo fechar a porta e revirar os olhos, sorrindo.

– Não sei se é uma boa ideia irmos. – comentou Minseok, trocando olhares com seu capitão após deixarem a joalheria e seguirem para a taverna onde iriam almoçar. – Se alguém reconhecer Baek, isso trará problemas para sua família e amigos, Chanyeol.

Chanyeol se viu pensativo, incapaz de discordar do pirata.

– É um baile de máscara. – Sehun disse. – É só Baekhyun se certificar de não retirar a máscara na frente das pessoas, certo? – olhou para Luhan como quem buscava apoio, fazendo-o sorrir e concordar.

– De certa forma, Sehun tem razão.

– Nós nem temos o que vestir para esse baile. – comentou Zitao. – E não vamos parecer intrusos? Quero dizer, nem conhecemos o tal Jonghyun.

– Ora, não se preocupe com isso. – Sehun passou o braço pelo ombro do pirata, sorrindo. – Garanto que a roupa não será o problema. E quanto a Jonghyun, ele também é amigo do Chanyeol. Tenho certeza de que ele não se importará. Não é mesmo? – virou o rosto para encarar o capitão logo atrás de si. Este apenas balançou os ombros. – Vai ser divertido. – sorriu para os três piratas. – Comida e bebida de todos os tipos e, o melhor, à vontade!

– Dizendo isso até parece que você passa fome. – Luhan revirou os olhos, levando os demais a rirem. – Mas não vou negar que a comid–... – Luhan cortou sua sentença quando algo, logo mais à frente de onde andavam, chamou sua atenção. Chanyeol, percebendo isso, parou de andar e olhou na direção indicada pelo amigo, encontrando um grupo de marinheiros franceses virando a esquina do bloco onde estavam. Com a pouca distância, a presença dos piratas não passou despercebida pelos marujos de fardas azul-marinho que logo olharam para eles. – Vamos distraí-los. Pegue Baekhyun e saia daqui.

Chanyeol assentiu e rapidamente envolveu os dedos no pulso de Baekhyun quando viu um dos marinheiros acenar para Luhan. O ruivo ouviu Minseok dizer que os daria cobertura antes de ser puxado e conduzido para a rua à sua esquerda, até que seus amigos não estivessem mais à vista. Acompanhou sem muita dificuldade os passos apressados de Chanyeol que, vez ou outra, olhava por cima dos ombros, certificando-se de que não estavam sendo seguidos.

– Se ficássemos, eles iriam fazer perguntas e consequentemente te reconhecer. – Chanyeol se pronunciou após terem atravessado outro bloco, virando à sua direita em seguida. Não foi surpresa ver que a Marinha os havia reconhecido logo de cara e fez questão de puxá-los para uma conversa, afinal, eles eram caçadores de recompensa. E, ainda que Chanyeol não gostasse, trabalhavam em conjunto para o Governo.

– Há quanto tempo tem sido caçador de recompensa? – Baekhyun questionou de repente e abaixou os olhos para o seu pulso, o qual Chanyeol ainda segurava firmemente.

– Pouco mais de seis anos, depois que meu pai faleceu. – não se deu o trabalho de olhar para o ruivo, sua atenção voltada ao redor deles enquanto andavam às pressas. – Eu estava enraivecido após a morte dele e... Eu odiava piratas na época.

– Foi por isso que se tornou um caçador?

– Eu pensava que todos eles mereciam apodrecer nas celas. – respondeu sincero. – Foi por isso que comecei a roubar piratas, caçá-los e entregá-los ao Governo. Foi assim que conseg–... – calou-se quando um grupo menor de marinheiros surgiu a sua frente, obrigando-o a empurrar o ruivo para um beco mais próximo de onde estavam.

Baekhyun foi espremido contra a parede, surpreso; as mãos apoiadas contra o peito de Chanyeol. Levantou o olhar, percorrendo-o pelo rosto do capitão e então para os seus olhos, os quais estavam fixos na rua onde haviam acabado de sair. Notou quando um dos marujos de farda azul-marinho olhou de soslaio na direção deles, obrigando-o rapidamente a desviar os olhos e abaixar a cabeça enquanto sentia o calor do corpo de Chanyeol próximo ao seu.

Pelos cantos dos olhos, aos poucos, Chanyeol observou os marinheiros desaparecem de vista, sem se incomodarem com a presença dos dois naquele beco. O que foi um alívio para o capitão que, após um tempo, finalmente soltou o ar que segurava nos pulmões. Foi quando notou que duas mãos calorosas pressionavam contra seu peito, levando-o a olhar para baixo.

Baekhyun não olhava para si, mas percebeu o desconforto do ruivo que se mantinha completamente imóvel e os lábios presos entre os dentes. Em um rápido movimento e com os olhos levemente arregalados, Chanyeol se afastou. Cravou as unhas na própria palma da mão e partiu os lábios para se desculpar, mas preferiu manter-se em silêncio com receio de que sua voz falhasse.

A alguns passos longe do ruivo, Chanyeol o viu levantar os olhos na sua direção. E se antes não percebeu os batimentos acelerados do seu coração, agora claramente podia ouví-los e sentí-los peito adentro. Principalmente quando se viu encarando os lábios levemente rosados de Baekhyun e a pensar que, com a proximidade que antes ambos os rostos se encontravam, não levariam segundos e esforço algum para tê-los contra os seus.

Chanyeol se esforçou para não balançar a cabeça para espantar os próprios pensamentos e se moveu para o canto da parede, olhando de espreita e se certificando de que era seguro saíram dali. E após acalmar a si próprio – e se recusando a encarar Baekhyun – informou ao ruivo que já poderiam ir. O tempo em que ficaram em completo silêncio enquanto procuravam pelos amigos, para o alívio de Chanyeol, não durou muito já que no terceiro bloco avistaram Luhan e os demais.

– Está tudo bem? – sentiu a mão de Luhan sobre seu ombro, fazendo-o virar o rosto para encará-lo. A pergunta pegou Chanyeol de surpresa, inconscientemente movendo os olhos até que estes caíssem sobre Baekhyun. E odiou a si mesmo quando sentiu seu coração responder com um salto quando viu que o ruivo também olhava em sua direção.

– Está. – sua resposta foi curta. E ignorando o olhar curioso do amigo, deu as costas para seguir seu caminho, deixando-os para trás. Reprimiu a súbita vontade de resmungar alto diante do misto de sentimentos que surgiram dentro de si.

Isso é insano, pensou. Muito, muito insano.





 


Notas Finais


Finalmente consegui incluir o passado de Seho que ainda faltava ;w; E mais (um grande passo) momento Baekyeol.
Queria aproveitar e esclarecer uma coisinha: Eu não disse no começo da fic, mas vocês devem ter percebido que a relação, a aproximação de Baekyeol não acontece tão rápido. É claro que haverá romance entre os dois, mas é algo que leva tempo, há todo um desenrolar... Um passo de cada vez. (porque, pelo menos pra mim, um inimigo não se torna amigo e se apaixona pelo outro assim do nada). Sendo assim, peço paciência e agradeço àqueles que não deixaram de gostar de PN por isso ;w; <3

PS: Os nomes que apareceram neste capítulo (Fonte Velux e Palácio Vincennes) são nomes fictícios. Mas a Fonte foi inspirada na verdadeira “Fontana del Moro” localizada em Roma, caso tenham interesse e queiram saber como é.

Enfim, desculpem o tamanho das Notas Finais. Beijos e até a próxima!


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