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História Pérolas e Safiras - Outro Lado da Moeda Parte I


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Hey, aqui está outro capítulo e sim, dividido, mas prometo que postarei o próximo mais rápido possível, até porque chegamos a contagem regressiva para terminar a fic.
Sendo assim, tenho dois capítulos + epílogo para editar, então vou me despedir de vocês e até breve! Boa leitura e bjus! :)

Capítulo 15 - Outro Lado da Moeda Parte I


Vim lhe encontrar, dizer que sinto muito, você não sabe o quão amável é. Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você e te dizer que eu escolhi você.” – Coldplay, The Scientist.

 

O frio não conseguia penetrar as paredes de madeira nobre da qual a mansão foi erguida, mantendo seus alicerces como um verdadeiro feito arquitetônico. Hinata se aquecia na sala de estar, tomando um chá verde com bolinhos, ao passo que a sua frente Toshida a sondava, preocupado com a desanimação e letargia presente nas feições delicadas da morena.

Fazia dois dias que haviam desembarcado em Sutäruna e nada da garota se pronunciar sobre a aceitação da oferta. Ren queria muito ajuda-la, se sentia na obrigação de fazê-lo, entretanto não iria força-la a nada. Devido a isso, depois que pisaram em terra firme, a levou diretamente a mansão dos Otsutsuki, construída por Hamura. A Hyuuga primeiramente ficou encantada com a beleza da construção provincial, que mais parecia um palácio cravado nas pedras de uma montanha. Ela era enorme, espaçosa e bem ventilada, fora o fato de possuir um belo jardim nos fundos, onde sabia que ali ocorreram treinamentos no passado.

O velho Toshida queria que a morena se sentisse em casa, por isso lhe deu a melhor suíte da mansão, que era terrivelmente espaçosa para comportar uma única pessoa. O quarto era um verdadeiro projeto decorativo no estilo imperial, com os moveis antigos e luxuosos demonstrando durabilidade mesmo depois de tantos anos sem uso. Talvez isso demonstrasse o esmero que o velho tinha por aquele lugar. No final das contas, somente restava a ele para cuidar daquele sítio povoado de memórias e fantasmas do passado.

Voltando ao presente, o silêncio instalado no ambiente era assustador, podendo congelar a tudo se pudesse. Apenas o barulho do vento enregelante do inverno batendo na porta, o som da porcelana delicadamente enfeitada chocando com a madeira da mesa e os estalidos da madeira flamejante da lareira, quebravam a harmonia da calmaria. Impaciente com aquela atitude estática e pétrea, Ren decide iniciar uma conversa descontraída.

- A senhorita está se sentindo bem? – A questionou com candura, evitando parecer ansioso pela resposta. Ela o encarou firmemente com o rosto neutro e passivo de emoções.

- Não estou acostumada a viver em grandes altitudes... – Murmurou voltando a tomar mais um gole do seu delicioso chá.

- Você se acostuma.

- De quem era essa casa? – Perguntou na tentativa de mudar drasticamente o assunto, acreditando quem quanto mais informação conseguisse, melhor para ela.

- Do seu avô materno, é claro. – Ele respondeu animado por finalmente quebrar a tensão do cômodo. – Um legítimo Otsutsuki... Foi aqui que sua mãe nasceu e cresceu.

- Como eles podem ter continuado com o nome, sendo que a nossa ancestral era uma mulher? – Ela estava com essa pulga atrás da orelha desde que descobriu a verdade. Porém, mesmo que soubesse da existência de exceções em que a força do clã pudesse ser dominante ao nome de outro, o nome Otsutsuki havia sido praticamente extinto, embora eles fossem os precursores das artes ninjas.

- Tay, - disse calmamente o velho, que acabou perdido nas próprias memórias. – foi uma grande feminista em sua época. Ela não queria casar e ceder seu nome para um homem. Ela simplesmente escolheu um parceiro e teve seus filhos, sem jamais ter algo muito sério que a fizesse perder o sobrenome.

- Ela me parece ter sido bem determinada... – Hinata murmurou pensativa, tentando montar a imagem de sua ancestral. Ren sorriu e apontou para uma tapeçaria acima da lareira, da qual seguiu com o olhar e viu que haviam bordado o retrato dela.

- Aquele quadro ali... – O velho apontou para um caríssimo quadro onde um casal e uma menininha, sorriam para uma câmera que eternizaria os sorrisos alegres. Hinata seguiu o dedo do homem e observou as pessoas no retrato. – Aqueles são seus avós e sua mãe quando era pequena...

Ele falou de maneira afetuosa, tom que deixou a morena curiosa para entender o motivo que o fez desejar ajuda-la. Era mais do que óbvio haver uma história mais profunda por trás de seu sorriso polido e olhar caloroso.

- O que vocês tiveram? – Ela questionou repentinamente.

A pergunta aparentemente pareceu chocá-lo, porém a dúvida nublou o choque, deixando-o com um ar inocente.

- Do que está falando? – Ren estava confuso com o rumo da conversa e buscou uma resposta rápida em seu olhar franco e claro. A menina não parecia em nada satisfeita com isso.

- Mamãe e você... Dá pra perceber em seus olhos que vocês eram próximos.

Toshida parou para ponderar, por um instante a resposta, sabendo o tamanho da complicação que tinha em mãos. Se contasse, poderia provocar mais desconfiança e findar por afastá-la de vez, e isso também aconteceria se lhe negasse uma resposta. Questionou-se se a Hyuuga nunca sentiu raiva ou perdeu o controle de suas emoções, na vida. A morena era tão calma e doce que aquilo o deixava intranquilo, nem mesmo quando tentava ser ameaçador o tom melodioso de sua voz não transmitia o real perigo. Ela não era muito diferente de Himiko se tratando da aparência, mas em contradição, as duas tinham personalidades opostas.

Essa calma deve ter herdado do pai... – pensou ainda em silencio.

- Eu e a Hiko-chan iríamos nos casar, se não fosse pelo seu pai. – Admitiu suspirante, desviando seu olhar para as chamas tremeluzentes da lareira.

- Certo.

Hinata resmungou meio chocada com a revelação, aceitando que aquilo não estava em seus planos. Isso significava que sua mãe poderia nunca ter amado Hiashi. Entretanto não conseguia aceitar essa teoria conspiratória que criou na mente. Desde criança via o amor estampado no rosto da senhora Hyuuga, uma expressão muito semelhante a sua quando próxima à Naruto.

- Você vai aceitar minha ajuda? - Ren voltou à conversa depois de muitos minutos em silêncio.

- O que você tem contra Kaguya? Por que quer me ajudar? – Hinata parecia frenética. Andava sobre pressão esses dias.

- Nossa família foi designada a servir lealmente ao clã Otsutsuki. – Explicou enquanto seu rosto, que continha algumas rugas, ficou franzido. – A sorte dos ancestrais dos meus pais, foi que ficamos responsáveis pela casa do Hamura. Ele era um homem muito bom e gentil.

Voltou a olhar diretamente para a morena e a encontrou o observando atentamente, escutando todos os detalhes da história.

- A antiga mansão de Hagoromo e Kaguya fica mais ao leste da montanha. Elas estão definitivamente destruídas e inabitáveis. Por isso te trouxe aqui. – Falou enquanto retirava seus cabelos grisalhos dos olhos, dando abertura para que a morena fizesse o mesmo nos seus. – Eu não tenho motivos para gostar de Kaguya... Tanto por ter feito a minha família de escrava, quanto por praticamente provocar sua extinção. Eu sou o único Toshida vivo.

- Sinto muito.

- Não precisa. – Esnobou bufando alto em desdenho, balançando as mãos a sua frente. – Meu ódio por aquela vadia apenas aumentou por causa do assassinato de sua mãe...

- Então você sabe. – Afirmou meio hesitante em prosseguir, com medo das reações do homem, que embora parecesse ser racional, poderia se exaltar com a simples menção de seu amor antigo.

- Sim, eu sei de tudo. – Ele falou suspirando pesadamente ao desviar o olhar para as mãos caídas no colo, que seguravam com certa força a xícara. – Não culpo seu pai por aquele desfecho trágico... A situação exigiu isso. Ele deve estar se sentindo um miserável.

Hinata não sabia responder, mas tinha a certeza de que seu pai estava arrependido pelos pecados do passado. Ele nunca havia tentado sair dele e muito menos se redimir, amargurando-se na própria culpa e tristeza. Então, sem permissão, novamente o manto do silêncio cobriu a sala, permitindo que ambos tomassem o momento para descansar. A morena estava imersa em pensamentos e Toshida aguardava ansiosamente uma resposta, sabia que não podia pressioná-la mais do que fazia.

- Eu não consigo confiar plenamente em você, mas se tem Kaguya como inimigo, então é meu aliado. – Hinata respondeu baixinho, quase que num sopro, ficando impressionada com a repentina mudança de estado do homem. Que antes estava melancólico e ansioso, migrando para eufórico e aliviado em frações de segundos.

- Me siga, - pediu tranquilamente enquanto se levantava da almofada. – tenho que te mostrar uma coisa.

A Hyuuga o obedeceu e seguiu Ren, que a levou mais fundo pela casa, até que pararam em frente a uma porta corrediça de madeira, firmemente trancada. Ele pegou um enorme argola arrodeada por chaves de dentro do quimono e escolheu uma chave prateada. A porta se abriu num audível e enferrujado “click”, e – como um cavalheiro – a deixou passar primeiro.

A morena observou cada detalhe daquele grandioso lugar, que estava coberto por enormes estantes que iam do chão ao teto, todo feito da mesma madeira clara. Suas prateleiras estavam lotadas de pergaminhos e manuscritos amarelados, empoeirados e lacrados com selos de cera azul. O lugar cheirava a poeira e mofo, mas Hinata não ligava para isso, estava encantada com a perfeição da biblioteca. Ren se aproximou da estante mais próxima e começou a vasculhar as pilhas de documentos que ali tinha.

- Eu acho que tem um pergaminho onde podemos descobrir uma maneira de interromper o progresso da Kaguya, até que achemos uma versão definitiva de derrota-la. – Sua voz saiu abafada devido a sua cara estar enfiada nas prateleiras que alcançava, se perdendo dentro daquela bagunça, que ergueu uma nuvem perigosa de poeira.

- Progresso? – A morena o questionou confusa, enquanto explorava anda mais o cômodo que era iluminado por lampiões.

- Não adianta esconder de mim. – Ele resmungou ao retirar a cabeça das prateleiras e a observou com seriedade agravando o olhar. – Sei que Kaguya está tentando retornar. Os espasmos frequentes em suas mãos evidenciam isso...

Hinata olhou para suas mãos inconscientemente, lembrando quanto estava se tornando complicado manter a Deusa sobre controle. Na viagem de barco até Sutäruna, ficou apavorada quando sentiu os primeiros espasmos incontroláveis de sua mão direita, que tentou ataca-la, enforcando-a. Era terrível imaginar ser assassinada pelo próprio corpo, que só de lembrar sentia a pele arrepiar-se.

Ren a deixou quieta por um longo período de tempo, queria que se acalmasse e confiasse em seus instintos, ficando confortável com sua presença. Ela necessitava repensar em melhor suas estratégias. Sendo assim, continuou sua procura a um pergaminho raro e muito útil para aquela situação.

Entendendo que não podia ajuda-lo na procura, Hinata começou a vagar ainda mais entre as estantes, aprofundando-se na exploração da biblioteca. Seguindo entre um longínquo corredor largo, encontrou um altar mais a frente onde sobre um suporte de madeira, estava uma bela katana tendo ao lado uma armadura perfeitamente montada, velha e gasta pelo tempo e fata de uso. A morena ficou encantada com a espada. E como num transe seu corpo seguiu diretamente a ela. Chegando mais próximo, conseguiu observar com precisão cada detalhe da arma.

A capa protetora da espada tinha desenhos em alto-relevo de dentes-de-leão, e entre dois conjuntos das flores, havia dois leões se encarando. A cor preta evidenciava ainda mais sua sensível beleza. O punho era da cor branca, contrastando com o resto, do qual gravaram desenhos de luas minguantes. A bainha era enrolada por uma fita preta de seda, sendo que na ponta havia dois penduricalhos de dentes-de-leão que se moviam suavemente com o vento. A espada era tão magnífica e atrativa que Hinata não conseguiu conter sua vontade, e pegou na arma para olhá-la mais de perto. No mesmo instante em que sua mão tocou no objeto, Ren, que achara o pergaminho, encontrou-a próxima do altar e não pode conter o desespero ao vê-la tocar a katana. Sem pensar duas vezes correu até ela e exigiu que soltasse a espada de imediato.

Assustada com o grito do velho, a Hyuuga soltou de vez a espada e virou-se abruptamente para encarar um Toshida frenético.

- Você está bem? – Ele a questionou com o semblante pálido e preocupado.

- Sim, o que houve? - Respondeu intrigada e duvidosa com o desespero do homem, que sem pedir permissão pegou na mão da garota e avaliou sua palma. Ele franziu as sobrancelhas ao ver que nada havia acontecido e que reagiu exageradamente.

- Ela não te machucou... – Ele falou mais para si, entretanto, devido à proximidade, Hinata escutou tudo.

- Claro que não! – Disse com o coração acelerado por causa do susto. – Aconteceu alguma coisa, Toshida-san?

O homem permaneceu quieto por um bom tempo avaliando seus conhecimentos, mas decidiu que não havia com o que se preocupar. Suspirando em alívio, soltou a mão da morena com delicadeza e abriu um sorriso fraco.

- Parece que a Tsuki no raion te escolheu.

- O que? – Hinata perguntou perdida naquela conversa confusa. Ren apenas sorriu e aproximou-se da espada.

- Tsuki no raion é o nome da espada. – Toshida olhou para a morena que tinha o semblante coberto de perguntas. – Foi uma criação do Hamura. Ele queria que alguém de sua família a empunhasse promovendo justiça e paz no mundo shinobi. Claro que era um sonho utópico, já que isso não garantiria que quem a empunhasse tivesse boa índole e efetivamente cumprisse o seu desejo. – Falou revirando seus olhos brilhantes, Hinata soltou uma risadinha baixa devido a careta. – Entretanto, o poder da espada era tanta que acabou por criar um espirito, uma vida, e por isso apenas os seus escolhidos podem tocá-la ou ergue-la sem se machucar ou quase morrer eletrocutado.

Falou enquanto pegava a mão alva da garota e a aproximou da katana.

- Meu pai costumava a me dizer que, o escolhido podia sentir a vibração do espirito selvagem preso na lâmina... – Por incrível que pareça, a morena sentia a vibração poderosa da espada. Ela era tão atraente e envolvente que a retirou da base para segurá-la com as duas mãos. – Ás vezes me dizia que o escolhido poderia até escutar a voz da espada.

Ele riu das bobagens e contos que havia escutado quando criança, tomando noção do quão verdadeiro era. Observou a garota examinar o objeto na mão, com extremo cuidado, parecendo temer até mesmo de se mover.

- E quantas pessoas podem tocar nela? – Ela perguntou curiosa com o relato magnífico.

- Hamura e agora você.

A morena arregalou os olhos, não conseguia acreditar no que havia escutado. Aquilo não podia ser sério, mas o rosto calmo e brilhante do velho indicava a verdade ouvida. A espada a escolhera.

- Encontrei o que procurava. – Toshida alertou com seriedade entregando o pergaminho para morena, que o aceitou com hesitação.

Ela desenrolou o documento e leu o que estava transcritos, era uma linguagem bastante arcaica, mas haviam coisas que tinha estudado antes. Não entendia muito bem o significado por trás de certos símbolos, contudo não existia dúvida sobre o que se tratava. Era uma saída perigosa e imprudente, entretanto era a única coisa que poderiam fazer no momento.

- Quando vamos começar? – Ela questionou encarando o homem com frieza.

- Amanhã de manhã. – Respondeu igualmente sério, aquela não era o momento propício para brincadeiras e historinhas infantis. O ar começava a ficar mais tenso que antes.

Hinata confirmou balançando a cabeça, voltando a prender-se nos pensamentos e foi devolver a espada para o seu suporte. Entretanto, Ren a impediu alegando que agora a espada pertencia a ela e não necessitava devolvê-la quando a dona a tinha em mãos. A morena sorriu amavelmente e dando um educado “boa noite” seguiu para o quarto com sua espada. Ela precisava descansar e se preparar para o dia da amanhã.

O dia que poderia significar um final feliz ou trágico.


Notas Finais


Capítulo cutinho, não acham? Deu nem pra matar a vontade HAUHAUHAUHAU. Comentários? Até a próxima! ^^


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