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História Pérolas e Safiras - A Cidade das Almas


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Oie, como vão? Aqui está, um pouquinho mais tarde que o comum, o novo capítulo! Espero que gostem!
Novamente tenho que agradecer aos comentários e ao apoio que estão me dando, sério gente, vocês são uns amorzinhos <3!
Por isso, tenham uma boa leitura! Bjus ;)

Capítulo 8 - A Cidade das Almas


O som de gritos, perfurações e passos apressados, sons típicos de uma guerra, foram o fator primordial para que Naruto e Hinata acordassem.

Os dois ninjas sentiam os corpos pesados, a movimentação de seus músculos estava erradica e mecânica, sendo que todo o seu organismo estava estranho. Eles se levantaram do chão batido de terra e se entreolharam na tentativa de entender o que acontecia ao redor deles. Quando finalmente olharam a frente, deram de cara com um campo de batalha.

Shinobis de todas as raças e clãs estavam batalhando entre si num vasto campo devastado. A terra estava rachada e manchada pelo sangue que muitos guerreiros derramavam. Corpos jaziam naquele chão, imóveis e cegos para a batalha que ocorria ao seu lado. Naruto e Hinata observaram que a diferença daquela guerra da que enfrentaram três anos antes, estava relacionada aos guerreiros, que não usavam ninjutsu ou genjutusu, apenas armas brancas ou o taijutsu.

Aquele lugar era perigoso para que ficassem parados tirando conclusões técnicas ou comparações inquietantes. Haviam ficado boquiabertos pelo que via. Aquele lugar era hostil e inseguro para novatos. Eles estavam no meio do fogo cruzado e não conseguia entender quem era do bem ou qual o propósito daquela guerra.

Fong, cadê você? – Naruto pensou enquanto, quase tardiamente, desviava de um ataque que não era dirigido a ele.

Ao finalmente perceber que estavam expostos parados, Naruto puxa Hinata pelo braço e imediatamente a arrasta para o mais longe possível do campo. Quanto mais corriam, mais da vegetação depredada desaparecia, dando lugar a edificações e casas destruídas, com mais corpos escondidos em escombros de madeira e concreto. A morena estava escandalizada com tanta violência, jamais imaginou que seria dessa maneira a Cidade das Almas. Tinha sido ingênua em pintar um cenário calmo, de campos verdejantes e que encontrariam seu primo rindo com Himiko ao lado dele.

Depois de se certificar que aquele lugar estava morto, o louro parou de correr em frente a uma casa destruída e olhou para a morena que encarava a cidade destruída com pesar e temor.

- Não foi o que imaginei... – Hinata murmurou para Naruto ao seu lado, que concordou com que havia dito.

O rapaz também havia imaginado outra cidade, não um campo de guerra. Não entendia o motivo para aquelas almas estarem batalhando tão arduamente. Já não bastava lutar quando vivos?

- Temos que procurar o Neji. – Naruto concluiu para Hinata que prontamente concordou.

- Então temos de voltar. – Disse pensativa. – Se conheço bem o nii-san, tenho certeza de que está ajudando aquelas pessoas.

- É muito perigoso voltarmos... Não me sinto muito forte, é como se tivesse sido drenado...

O louro admitiu envergonhado, não gostava de estar vulnerável como naquele momento e sorriu desengonçado. A morena tinha de concordar, também sentia a mesma coisa, como se estivesse exausta e sem o precioso chakra para fornecer-lhe força naquele momento perigoso.

- Olha Zabimaru. – Alguém fala próximo do casal, que imediatamente se viraram para a dupla mais a frente. – Veja se não é o garoto raposa...

O que se chamava Zabimaru olhou para o louro, que trincou os dentes em irritação ao notar o sorriso ameaçador da dupla à frente. Por impulsividade, se colocou mais a frente da morena que ofegou surpresa pela ação impensada do rapaz. Aquela não era uma boa hora para que a impedisse de lutar.

- Quem deve tê-lo matado, May? – Zabimaru perguntou zombeteiro para o homem encapuzado que havia atraído sua atenção antes.

- Não faço a menor ideia, mas quem quer que seja deve ser bem forte. - May riu perversamente e desviou seu olhar curioso para Hinata, que estremeceu por não gostar do tom malicioso que seus olhos continham. - Pelo menos ele trouxe sua namoradinha junto para nos divertimos depois de mata-lo...

Zabimaru concordou abrindo um sorriso maldoso, mostrando os dentes pontiagudos e afiados. Para intimidar o louro, que mantinha a atenção sobre eles, May ergueu sua espada suja de sangue e lançou um olhar assassino sobre os jovens. Entretanto não obteve nenhum resultado esperado, já que Naruto ficou irado pelo comentário, fazendo-o sentir sede de sangue e morte, apenas por imaginá-los tocando um fio do cabelo da morena.

- Se você pensa que vai me matar está muito errado! – Naruto gritou com fúria contida.

E sem prolongar mais a conversa, Zabimaru empunha uma longa lança e parte para o ataque. Ao mesmo tempo, Hinata e Naruto saltam para o lado no exato instante em que a perigosa lâmina atravessou o espaço entre eles. Estando separados, se viram obrigados a lutar para sobreviverem naquele mundo hostil. O guerreiro da lança decide ficar com a Hyuuga, enquanto seu parceiro enfrentava o Uzumaki.

Com suas opções limitadas, os dois tiveram de aceita-los como oponentes. A morena se obrigou a respirar fundo para controlar o corpo, que parecia não querer cooperar em acalmar-se, pois necessitava de frieza e raciocínio rápido para enfrentar Zabimaru. Então, como de costume, tratou de ativar o Byakugan. Para sua surpresa os olhos permaneceram os mesmos. Tentou novamente e nada acontecia. Confusa com o ocorrido fez alguns selos de mão, mas percebeu que não sentia chakra fluir pelo corpo como normalmente acontecia. Nada vinha. Parecia completamente vazia. A repentina risada de seu oponente fez com que seu corpo todo se arrepiasse, reagindo instintivamente aquele som rouco e repugnante.

- Aqui não podemos utilizar chakra sua boba... O chakra permanece em nosso corpo depois que morrermos. – Zabimaru explicou ao sorrir sadicamente, mostrando-se satisfeito com a reação que provocou na garota. – Ah, essa luta vai ser tão fácil!

Novamente riu do rosto tenso e trêmulo de Hinata, tomando sua expressão vulnerável como fraqueza. Tinha extrema confiança. Quer dizer, a certeza de que aquela batalha seria vencida com apenas um golpe de sua lança, era praticamente absoluta. Entretanto seu sorriso começa a murchar, assim que encontra uma mudança drástica no semblante pálido da menina. Havia uma chama firme e determinada queimando por trás de seus olhos, mostrando a ele que não vacilaria ou desistiria tão fácil daquela luta.

- Tenho outra maneira de vencê-lo... Não seja convencido, Zabimaru-san. – Disse respeitosamente ao se posicionar melhor para entrar numa luta, com a voz transcorrendo tranquila e calma, como se não tivesse sido afetada em nada pela ferocidade do olhar do oponente.

- Que seja! – Ele protestou irritadamente pela impertinência da garotinha.

Não podendo mais segurar sua ansiedade, o oponente fez seu primeiro movimento, avançando perigosamente em direção a ela, na tentativa de cravar a lança em seu peito. Entretanto, delicadamente, teve seu golpe repelido por Hinata, que manteve a postura e a expressão imóvel. Decidida a terminar aquela luta o mais rápido possível para ajudar o Naruto, a morena prende o corpo da lança com a mão esquerda e empurra sua ponta para o chão, imobilizando momentaneamente as mãos do oponente. E antes que houvesse qualquer contra-ataque, chuta o queixo quadrado do homem, que apenas sente o pé esmagar sua mandíbula, lançando-o para trás. Zabimaru estava impressionado com a mulher, ela era ágil e flexível, não tendo tempo suficiente para ao menos pensar em revidar.

Com a luta culminando aos seus seis segundos de início, o corpo do homem é jogado contra o chão, obrigando-a a arremata-lo.

Irritado por ter sido machucado por uma garotinha, Zabimaru se levanta num pulo, pronto para recuperar a lança do chão, mas antes mesmo de mirar sua arma e pegá-la, sente algo chocar suas pernas com força. Quando menos espera estava, de novo, indo de encontro ao chão sem nenhum tipo de resistência. Hinata dera a rasteira no oponente e ao ver seu desequilíbrio, acerta outro golpe certeiro no rosto dele, que dessa vez caiu desacordado.

Ela olhou para o homem e teve a confirmação do nocaute. Aliviada por ter ganhado aquela luta com mais rapidez do que previra, se virou para Naruto e se deparou com May tentando a todo custo acertar um atordoado Uzumaki, que insistia inutilmente invocar Clones das Sombras.

- Naruto-kun! – Gritou chamando a atenção do rapaz, no exato momento em que desviou de um golpe, evitando um ferimento sério em seu rosto. – Pega!

Falando isso pegou a lança ainda cravada no solo e jogou para o rapaz, que com seus ótimos reflexos, agarrou a arma no ar e com a ponta não pontuda do cabo bateu com força no estômago do oponente, que ofegou de dor e surpresa. Com o cessar dos ataques, a morena viu uma brecha e correu na direção de May que tinha a mão na barriga. Havendo o inimigo distraído, conseguiu chegar perto par golpeá-lo, afastando-o do amado.

- Não podemos executar nenhum jutsu por aqui... – Hinata alertou Naruto, que rosnou palavras incompreensíveis com evidente irritação.

- Então vou ter de fazer a moda antiga! – Ele seriamente falou, enquanto estralava os dedos, e devolveu a lança para a morena, sabendo que lutaria melhor sem qualquer tipo de arma para ocupar os punhos.

Quando viu May se levantar, Naruto avançou no inimigo sem possuir qualquer estratégia e o atacou seguindo a própria intuição de guerreiro. Por consequência do ato impensado, o homem encapuzado conseguiu desviar de todos os socos e chutes, coisa que deixou o louro ainda mais irritado, cobrando mais do corpo ao aumentar as sequências de seus golpes. Para surpreendê-lo, justo quando acreditou que acertaria seu oponente, viu-o parou um de seus socos com a espada utilizando a parte não cortante. Com dificuldade escapou da lâmina quando o inimigo tentou descê-la em direção ao peito, que ficou aberto a qualquer ataque.

Graças a essa reação, o louro por pouco não se desequilibrou, tendo que saltitar para longe do inimigo que sorria divertido, provocando ainda mais o flama do orgulho.

Maldito! – Naruto pensou furiosamente perdendo o controle dos pensamentos.

 Estava ofegante devido ao esforço sem resultados e sentia uma leve ardência em no braço por causa de um pequeno corte, que seu inimigo infligiu num momento de distração. Deveria se concentrar e não perder o foco, porém sua cabeça não conseguia se manter leve e muito menos focada, ficando disperso importunamente.

- Vou ajuda-lo... – Hinata falou parando ao seu lado, preocupada com sua expressão raivosa e repentina falta de controle.

- Não! – Naruto rosnou orgulhoso. – Agora é questão de honra!

Dizendo isso, obrigou-se a encarar firmemente seu oponente, que devolvia o olhar arrogantemente, parecendo sair vitorioso em provoca-lo. Naruto tinha de ganhar aquela luta ou então jamais poderia olhar novamente para Hinata. Desde quando era tão dependente de seus poderes? Tinha se esquecido de como batalhar sem eles ou somente havia se deixado convencer disso? Precisava começar do zero. Então com essa convicção e força, apertou seus punhos, se preparando para atacar mais uma vez.

- Ataque o lado esquerdo dele... – Hinata sussurrou para o rapaz, que a olhou meio aturdido. – Ele depende muito da espada, então se você desarmá-lo poderá vencer essa luta sem problemas. Eles não são bons em taijutsu.

- Certo! – Exclamou confiante, agradecendo a observação inteligente da morena, e voltou sua atenção para o convencido May.

Devidamente pronto para derrotar seu oponente, Naruto correu para o ataque. E como já esperado, viu-o empunhar a espada mais a frente do corpo, se tornando essa a brecha para o golpe. Ao invés do Uzumaki soca-lo diretamente no rosto, o punho foi totalmente desviado para o braço esquerdo que havia ficado desprotegido. Sentindo a dor do golpe diretamente em seus músculos, o homem soltou uma exclamação de dor, perdendo por frações de segundos, a firmeza do aperto de suas mãos na bainha da espada. Focando-se nisso, o louro chutou a espada para longe de suas mãos mortíferas.

Não pode ser! – May pensou com os olhos arregalados, surpreendido com a mudança drástica ocorrida no combate.

Desarmado e sem chance de ter sucesso em uma luta corporal, o inimigo apenas pode esperar o golpe final que não tardou a acontecer. Ao menos fechou seus olhos antes de sentir o impacto no rosto, sentindo o punho direito do Uzumaki lança-lo para longe.

Naruto vê seu oponente cair desacordado no chão com o nariz sangrando. Agradecendo a sorte que teve de ter Hinata ao lado, para poder entregar-lhe aquela dica crucial para a batalha, fazendo-o repreender-se por ter sido tão ingênuo e descuidado para não cuidar de tudo sozinho, e da maneira mais efetiva possível.

Sorrindo aliviado, Naruto virou para Hinata apenas para arregalar os olhos em desespero, ao ver que ela estava em perigo. Uma longa sombra repentinamente se sobressaiu sobre a morena, que o olhava distraída, erguendo acima de sua cabeça uma espada. Não podendo conter o impulso e desejo em salvá-la, com muito esforço, correu na direção da garota. Por pouco não conseguiu protegê-la, somente teve um vislumbre da lâmina descendo, rasgando seu peito, abrindo um imenso corte sangrento.

A Hyuuga não pode deixar de ofegar assustada coma cena. Apenas teve o reflexo de segurá-lo antes que caísse no chão sujo, ajudando-o a manter o equilíbrio com seu corpo.

- Naruto-kun! – Hinata grita em desespero.

Naruto deixa ser ajudado pela morena, trincando os dentes para impedir o resmungo de dor provocado pela ferida. Hinata ergueu o olhar para o inimigo e notando que o enorme sorriso que ele tinha aberto no rosto, era completamente insano. Sua mente implorava para que corresse para longe, entretanto o louro era pesado demais para que corresse, a única opção que tinha era de enfrenta-lo.

Mas não sabia como ganhar aquela luta, pelo golpe que aquele homem havia dado no louro, dava para perceber que tinha habilidade. O inimigo era veloz e silencioso, já que não conseguiu ser captado por seus sentidos aguçados. Com temor desviou o olhar para a katana do inimigo, onde pingava o sangue do amado e enfurecendo seu coração dolorido. Indiretamente havia provocado sua desgraça e isso era inaceitável, justo quando acreditava estar agindo tão bem, algo do tipo acontecia.

Como consequência em sua demora a decidir o que faria a seguir, o inimigo, que nunca perdia seu sorriso alucinado, partiu novamente para o ataque e dessa vez teria matado não apenas Hinata, como também Naruto, que a abraçou para protegê-la com seu corpo.

Na espera pelo golpe, os dois fecham seus olhos e aguardando o som da perfuração e de sua derrota. Entretanto ao invés de escutar sua carne sendo rasgada, ocorreu o som de metais se chocando furiosamente.

E qual grande não foi à surpresa dos ninjas, ao ver que tinham sido salvos no último momento. Hinata ofegou de maneira estrangulada, não conseguindo manter o choque recluso, ao reconhecer seu salvador. Ela não sabia como conseguiu distingui-lo, talvez fosse pela cor do longo cabelo ou por causa kimono branco, ou simplesmente, quem sabe, algo em seu coração o reconhecia de imediato.

- Nii-san... – Suspirou não podendo conter as lágrimas e a esmagadora saudade dominar o seu peito, esmagando tudo por dentro. E mais uma vez Neji a salvava, como se eternamente aquele fosse o destino dos dois.

Naruto arregalou os olhos, não podendo conter sua imobilidade. Sinceramente não sabia o que fazer quando finalmente o encontrasse. Sobre quais palavras diria a ele, dirigindo-lhe desculpas ou agradecimentos... Contudo a situação cortou seus pensamentos, de maneira imediata, fazendo-o acordar para a cena que se desenrolou a sua frente.

Neji, que chocara sua espada contra a do inimigo, utilizou-se da força para empurra-lo para longe, sem jamais perder um movimento se quer da vista. Claramente sentia-se aliviado, por ter conseguido chegar a tempo de salvar sua prima e amigo. Mas, com frieza, ignorou os dois ninjas parados a suas costas e prosseguiu com a luta. Habilidosamente, mostrando destreza nos movimentos, em um único golpe fez um corte profundo no braço do inimigo, que ganiu de dor. Acovardado pela resistência apresentada, fugiu antes que tivesse sido morto pelo Hyuuga.

Satisfeito com a atitude covarde de seu inimigo, Neji bufou e guardou sua katana na decorada capa preta, voltou-se para o casal que ainda permaneciam abraçados, encarando-o em choque. Ao ver tal reação incomum, sorriu minimamente, não conseguindo conter a alegria em vê-los por ali.

- Achei que estivesse a minha procura. – Brincou com os dois que apenas permaneceram calados.

De repente o moreno é pego de surpresa pela prima, que inconscientemente corre para abraça-lo com força. Com o rosto escondido em seu peito soluçou, duramente, chorando para libertar toda a mágoa e tristeza, que tinha dentro de si, por tê-lo perdido. Essa demonstração afetuosa revelou toda a saudade e amor que tinha pelo seu irmão de coração. Neji ainda não estava habituado a atos afetivos, porém, envergonhado e hesitante, atravessou seus braços ao redor da moça e a estreitou mais a si. Era um abraço tão reconfortante que Hinata se sentia mais feliz. Era impossível não sentir-se protegida

- Eu também sinto sua falta, Hinata-sama, mas temos que sair daqui. É perigoso.

Ele disse serenamente, delicadamente levantando o rosto da morena, que mesmo a contragosto aceitou suas palavras. Ela limpou as lágrimas e segurou todos seus desenfreados sentimentos.

- Neji... – Naruto resmungou, andando na direção dos Hyuuga, vendo-se obrigado a parar no caminho ao reabrir a ferida.

- Naruto-kun, precisamos cuidar disso. – A morena respirou com preocupação transbordando na voz.

Foi em direção ao rapaz, que mantinha uma careta de dor ao tentar andar, mantendo o corpo curvado sobre a mão que estancou o ferimento.

- Droga! Por que a Kurama não está me curando? – O louro resmungou para si.

- Porque apenas seu espirito foi mandado, a Kyuubi está presa em seu corpo. – Neji respondeu sua pergunta, fazendo-o piscar os olhos.

 - Isso explica muita coisa... – Resmungou gemendo de dor, fazia muito tempo que não se sentia tão indefeso.

- Me sigam!

O Hyuuga pediu para os ninjas, que prontamente concordaram. Devido ao seu estado debilitado, Neji e Hinata apoiaram Naruto em seus ombros e o carregaram até uma entrada subterrânea não muito longe do confronto. Mesmo desconfiada por entrar em um lugar desconhecido e com um ferido em seus braços, a morena seguiu seu primo – um dos motivos que a incentivou a continuar em sua decisão – e olhou com curiosidade o novo ambiente, que parecia um quartel general improvisado. Homens e mulheres andavam apressadamente pelo lugar, todos carregando armas brancas, com fitas bordas presas em um de seus braços.

A Hyuuga percebeu que seu primo também usava uma dessas fitas, entretanto o que diferenciava ele dos outros, era sua cor. Enquanto o da maioria era preta, a do moreno era amarela.

Com cuidado, os dois depositaram Naruto em uma maca dentro de um quarto de paredes esverdeadas. De acordo com Neji essa era a enfermaria e que devido à guerra, o número de enfermeiras no local era reduzido. Eles precisavam de todas as mãos para se manter vivos naquele ambiente hostil. Por causa disso, Hinata teve de tratar de seus ferimentos e corou bastante ao ter de ajuda-lo a retirar sua camiseta.

Calma, você não vai enfartar! Preste atenção no que está fazendo. – sua mente ordenou, entretanto seus olhos continuaram a focar insistentemente o peitoral malhado do rapaz. – Ai, que corpo é esse!

- Algum problema, Hinata-sama? – Neji chamou sua atenção ao perceber que estava distraída.

Para se concentrar melhor, a morena pigarreia alto, confirmando estar bem e tenta privar-se de pensamentos nada próprios a situação. Focou sua atenção em limpar e enfaixar os ferimentos do Naruto, que ofegava de dor cada vez que colocava o algodão bebido em álcool na ferida. Poderia até agir de maneira cautelosa, mas a dor ultrapassava os sensos de razoabilidade.

- Que marca é essa? – Hinata questionou o louro ao perceber a marca estranha em seu peito na parte esquerda, exatamente em cima do coração.

- Ué, eu nunca vi isso... – Naruto resmungou distraidamente, estranhando as correntes de ferro desenhadas em sua pele, que nunca estiveram ali antes.

- Tomem cuidado. – Neji alertou com severidade, sabia do que se tratava. – Essas marcas são as únicas coisas que ligam suas almas aos seus corpos. Jamais deixem que alguém as veja.

Intrigada com a marca, a morena afastou um pouco da gola de sua camisa e viu a mesma marca em seu peito, exatamente na mesma posição que a do louro. Ela achou estranho ter aquilo, pois nunca tivera seu corpo marcado, nada além de cicatrizes de batalha.

- O que vocês querem saber de mim? – Neji foi direto ao assunto assim que viu o peito do Uzumaki enfaixado pela prima.

- Como você sabia que estávamos te procurando? – Naruto questionou curioso, enquanto voltava a vestir sua camisa com a ajuda da morena, para não reabrir a ferida.

- Eu sempre estou de olho na Hinata-sama...

- Todos os dias? – Questionou ao engolir em seco. Seus pensamentos rapidamente se voltaram para o momento em que a beijou, fazendo-o se perguntar se ele tinha ciência daquilo.

- Não todos os dias, apenas quando ela necessita de mim. – Ele respondeu sem entender o incomodo que atravessou a expressão do louro, pois estava preocupado demais com a prima, que repentinamente ficara vermelha, voltou a ficar aliviada. Hinata também pensara o mesmo e vendo que o moreno não agia de modo estranho ou diferente, poderia ficar aliviada por manter seu segredo a salvo.

Pensando em outras coisas, Neji embora percebesse o quanto a morena havia melhorado, notou que a felicidade plena não havia a dominado por completo, deixando um tipo estranho de brilho em seu olhar fugaz. Ele se preocupava muito com o bem-estar de sua prima e queria poder cuidar dela de maneira mais efetiva. Infelizmente não poderia ajudar mais do que agora, pois morrer não estava em seus planos.

- Onde estamos Neji-nii-san? – Ela perguntou terminando de limpar suas mãos em uma bacia com água, tomando o cuidado para mudar a atmosfera ao redor deles.

- No subterrâneo da Cidade das Almas.

- E por que todos estão guerreando? – Naruto questionou saindo da maca com cuidado para não reabrir os ferimentos.

- Os demônios conseguiram atravessar o portal que separa a cidade do inferno. – Explicou seriamente, seu semblante estava cansado, mas possuía determinação suficiente para esquecer-se disso e lutar ainda mais. – Temos que proteger nossa cidade, mesmo que muitas vidas sejam perdidas...

A conversa é interrompida por um homem que entra na sala de supetão, com o semblante sério e preocupado. Ele primeiramente encontra Neji e com seriedade começa a repreendê-lo por encontrar seu capitão naquele lugar, sem aparente necessidade. Entretanto ao olhar para o lado do rapaz, desiste por completo do que estava fazendo para encarar os visitantes, ficando assustado com que via.

- Hinata, por que seu pai está aqui? – Naruto pergunta baixinho para a morena, sem conseguir entender o que Hiashi fazia parado na porta da enfermaria.

- Esse não é meu pai... – A Hyuuga murmurou emocionada.

- Princesa! – Hizashi exclamou apressadamente, não acreditando em que seus olhos viam. – Como você cresceu!

Ao escutar aquele apelido, Hinata foi transportada para sua infância. Fazia muitos anos que não escutava aquele apelido e a única pessoa que lhe chamava dessa maneira era seu tio. O velho Hyuuga se aproximou da garota que o olhava com olhos chorosos. Ela não possuía muitas lembranças daquele homem, mas se lembrava do quanto gostava dele. Ele a observou com precisão, tentando guardar a imagem da sobrinha querida.

- Neji, o que minha princesa está fazendo aqui? – Hizashi questionou o filho, que logo tratou de explicar o ocorrido. O velho ficou abismado com o relato, nunca imaginou que a doce garotinha, que nunca acompanhou seu crescimento, iria se tornar numa ninja tão valente. – Então você tem minha permissão para se ausentar do exercito, mas não demore em ajuda-los...

Neji concordou com os termos do pai e agradeceu a gentileza de seu comandante. Hizashi voltou a olhar sua sobrinha e com muita suavidade tocou o rosto da morena. Nunca se arrependeria de ter dado sua vida para um futuro brilhante a ela e consequentemente a família, que agora tinha o destino em suas frágeis mãos.

Antes de sair da sala, ele desejou boa sorte aos visitantes e pediu para que a morena se cuidasse. Hinata nada falou, estava sem palavras, elas haviam sido roubadas. Nunca poderia esperar encontrar o tio e seu coração ficava tão aliviado em saber que o homem não guardava rancor de si ou do seu pai. Era libertador. Aquela viagem estava se saindo muito melhor do que imaginava. Naruto apenas observava com curiosidade aquele reencontro, tinha tantas perguntas e poucas respostas, mas estava feliz em saber que a morena parecia bem. Para ele era o suficiente.

- Me sigam, - Neji pediu para o casal que o olhou com curiosidade pelo repentino pedido. – vamos conversar num lugar melhor.

Disse saindo da sala e os guiou pelo grandioso quartel. No final de um corredor estreito, feito de pedras frias, subiram para uma grandiosa escada, dando de cara com uma saída. Entretanto não era realmente uma saída, era uma plataforma elevada que saía de dentro de uma montanha. À frente se depararam com uma visão de retirar o fôlego. A paisagem de uma cidade grande e desenvolvida dentro da depressão de um vale era incrível e arrepiante.

Neji começou a falar sobre a sociedade ali em baixo, que estava sendo desenvolvida aos poucos. A Cidade das Almas era como um enorme país dividido em vários distritos. Havia muitas pessoas de origens e raças misturadas. Como na sociedade viva, ali também possuía divisões sociais, exércitos, trabalhadores e um sistema harmônico a ser seguido. Tudo muito parecido à vida que tiveram. Famílias eram formadas, crianças órfãs recebiam novos pais, familiares se reencontravam e formavam uma nova família. Era um sistema de amizade infinito, onde ninguém que vivia ali envelhecia. E cada vez que aparecia uma nova alma, ela é acolhida com muito afeto. Mostrando-se uma sociedade pacífica e bem estruturada, como realmente deveria ser na superfície.

- Aqui formamos uma nova vida, novas perspectivas, novos sonhos... – Ele falou pensativamente, ainda olhando o horizonte, vendo o sol se por atrás do vale.

- Você não mudou. – Hinata afirmou ao seu lado, olhando o semblante conhecido do primo.

- Um guerreiro jamais deixará de ser um guerreiro. – Neji disse com um sorriso lateral crescendo no rosto pálido.

- Meus pais estão aqui? – Naruto questionou o rapaz com temor, atrapalhando sua explicação, devidamente ansioso pela resposta.

Hinata voltou a encará-lo, conhecendo aquele tipo de olhar trêmulo e agitado. O Uzumaki estava preparado para uma resposta negativa, entretanto tinha de perguntar e desejar a resposta positiva, pois se não a fizesse sentir-se-ia um covarde ou um bobo por não saber da verdade. Neji o olhou com seriedade e pensou se deveria ser sincero na resposta.

- Estão... – O semblante do louro ficou repentinamente iluminado por esperanças antes jamais pensadas. – Infelizmente você não pode vê-los... Ainda não está no tempo certo.

- O que você quis dizer com isso? – Naruto ficou cabisbaixo por ter seu encontro negado. Ele merecia a chance de realmente conhecer seus pais e sabia que não poderia ser como aqueles encontros esporádicos e rápidos, que somente fazia crescer a vontade de conhecê-los, em seu interior machucado e saudoso.

- Há um motivo para que você e Hinata-sama não vejam seus pais. Imagine, - pediu com calma, queria fazer com que eles entendessem a posição delicada em que estavam inseridos. – se ela encontrasse sua mãe ou você aos seus pais, teriam o incontrolável desejo em continuar nesse mundo. Tudo aqui foi feito para que seus desejos o prendam e o impeçam de voltar. Vocês não podem ficar aqui, não agora.

- Mas e a guerra? – Hinata falou agitada. Agora que sabia do paradeiro de sua mãe, e estando tão perto da outra, fez com que sua vontade em encontra-la repentinamente aparecesse.

- Podemos ajuda-los! – Naruto completou também agitado, queria convencê-lo a poder ajudar e talvez assim pudesse reencontrar com seus pais.

- Se vocês querem ajudar, concentrem-se na sua missão! – Neji falou com dureza, precisava acabar com todos aqueles pedidos. Eram desejos que não poderiam ser realizados naquele momento decisivo. – O que vocês querem saber de mim?

Frustrados por não conseguirem impor seus desejos ao moreno, Naruto e Hinata explicam sua vinda a Cidade das Almas. Poderiam ter sido mais detalhistas, mas a impaciência e frustração eram grandes demais, atrapalhando a conversa entre eles. Tinham perdido completamente sua vontade em executar o verdadeiro objetivo. Ao final do relato, a morena ficou impressionada com a repentina explosão de raiva do primo.

- Vocês não deveriam ter trazido a Hinata-sama! – Neji exclamou firmemente, obrigando o louro a tomar um passo a frente da garota, que permaneceu petrificada em seu lugar.

- Qual o problema? Quem é esse Ghost? – O louro questionou repentinamente sério. Se Neji ficava assim, então era motivo suficiente para ficar alerta.

- Desculpem... – O Hyuuga pediu envergonhado por sua explosão. – Eu apenas não gosto de saber que ela está atrás do Ghost.

- Qual o problema em ajuda-los? – Hinata perguntou triste, começando a cogitar que seu primo não confiava em suas habilidades. Ela tinha potencial para se manter viva naquela missão, sabia que conseguiria cumpri-la.

- Você não entende... – Neji resmungou irritadiço, com suas mãos fortemente cerradas devido lembranças agitadas que dominaram a mente. – Ghost não está atrás de vingança como Tsunade-sama pensa. Quando me deparei com ele, tive muita dificuldade em vencê-lo, já que parecia conhecer o estilo de luta da nossa família. Fora que tem um tipo névoa mortal que o protege de tudo. Mas... – Hesitou olhando novamente para o horizonte parcialmente escurecido. Ele pensava se contava ou não o que estava incomodando. Por fim, decidiu que o melhor seria revelar. – Ghost deixou escapar algo que me incomoda até hoje. – Voltou seu olhar sobre o casal que estava parado, atentos para a futura revelação. – Ele demostrou interesse na futura herdeira do clã. Parecia querer descobrir sobre você, Hinata-sama.

- O que? – Naruto gritou irritado, não podendo controlar seu lado protetor.

  O louro demonstrava sinais de arrependimento amargo em não ter impedido a moça de participar daquela missão. Mas estava decidido a continuar, mesmo que tivesse de mandar o Sasuke leva-la de volta em segurança a Konoha. Ele possuía um grande motivo para acabar com o Ghost. Se for uma ameaça a moça, então teria de vencê-lo.

- Como o encontramos? – Questionou raivosamente, motivado a sair dali para encontrar-se com o inimigo.

- Se ele realmente estiver atrás dela, acredite quando eu digo que ele virá até vocês...

Neji relatou sombriamente, odiando por não poder proteger de maneira mais efetiva a morena, aquele era o seu dever desde criança e agora tinha de contar com outras pessoas para cumpri-lo. Ao menos confiava no Uzumaki para confiar-lhe tudo.

Tendo sua missão cumprida, Hinata e Naruto decidiram que era hora de voltar e avisar aos companheiros que o inimigo se aproximava. Como se os tivesse observando por todo aquele tempo, Fong dá um aviso mental ao casal de que os retiraria dali em pouco tempo.

Com seu tempo de permanência reduzido, a morena se despede do primo com um longo e demorado abraço. Neji, antes de soltá-la, pede um singelo favor. Favor que deixou-a impressionada.

- Diga para a Tenten que ela deve ser forte e... E que sinto a falta dela... – Pediu envergonhado por admitir tal coisa, porém sentiu-se terrivelmente aliviado por fazê-lo, sabendo que deveria ajudar sua companheira de equipe.

Hinata apenas sorriu amavelmente e afirmou que cumpriria aquele simples trabalho com louvor. Quando se afastou do Hyuuga, Naruto tomou seu lugar e se despediu do amigo com um forte aperto de mão. Contudo, para surpresa da morena e do Uzumaki, Neji puxa o rapaz para um rápido abraço de despedida.

- Cuide dela. Nunca se esqueça de que a vida da Hinata-sama está em suas mãos... – Sussurrou para que apenas o garoto escutasse, era o que poderia fazer para proteger a prima, que para o seu coração seria sempre sua irmã.

Entendendo o motivo do abraço, o louro aceita aquela missão da qual sabia que teria de cumpri-la pela eternidade. Ao se separarem, os rapazes sorriem para o outro e se despedem verbalmente, bem a tempo que um portal aparecesse às costas do casal. Era hora de ir para casa com mais uma missão cumprida.

Naruto e Hinata se viram para o portal, que mais parecia um buraco negro, e por um segundo hesitam em entrar. Sentiam-se temeroso com o futuro que lhes aguardava do lado de fora. Entretanto, da mesma maneira que entraram, saíram.

E de mãos dadas voltaram para seus corpos e para a vida.


Notas Finais


Sdds Neji :')
Comentários? Até a próxima! ^^


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