História Perseguindo Estrelas - Capítulo 34

Eu estava tão ansiosa que me arrumei em menos tempo do que imaginava. Já eram seis e trinta e quatro e na minha cabeça ele não viria mais. Liguei e Harry não me atendeu. Liguei. Liguei. Liguei. E não aconteceu nada. Fui duas vezes espiar na porta da frente para ver se ele aparecia, e nada. Às seis e cinquenta e oito, continuo esperando mais um pouquinho. E às sete e quinze chego a conclusão de que ele não vem mais.

E num impulso totalmente louco vou até a casa dele e tocou a campainha. A porta é aberta e sou recebida pela Sra. Styles que sorri de orelha a orelha assim que me vê.

— Izza! — disse ela, segurando-me pelos ombros.— Seus pais precisam de alguma coisa, querida?

— Não. Pra falar a verdade, eu estou procurando o Harry. Ele tá em casa?

— Ah, não. Ele ainda não chegou— ela apertou afetuosamente minha bochecha.— Vocês vão sair juntos?

— Sim— eu disse. Internamente eu estava começando a me preocupar por Harry não ter aparecido ainda, e também a ficar irritada por ele ter esquecido de mim.— Sabe que horas ele volta?

—  Não sei, Izza. Ele as vezes passa na casa da Emma quando volta do trabalho cedo. Mas ele não foi trabalhar hoje.

Nossa.

— Talvez ele tenha esquecido.

— Não acho, Izza. O Harry não é assim, ele sempre cumpri o que promete.

— Tá. Eu vou esperar mais um pouco.

— Tudo bem, querida. Quando ele chegar eu o aviso que você está procurando por ele.

Eram sete e vinte e nove, e eu ainda estava esperando. Eu tinha pego minha bolsa e estava sentada no banco de madeira na varanda da minha casa. Meus pensamentos deram a honra de me martirizar e eu faria qualquer coisa para os dissiparem. E então eu me lembro da carta de Enrique que deixei dentro da bolsa. Pego a bolsa no colo e vasculho dentro dela, o envelope estava amassado no fundo.

Desamasso-o e leio o bilhete.

Na noite passada busquei nas estrelas

respostas para os meus sentimentos, e

qual não foi a minha surpresa ao ligar 

os pontinhos e imaginar seu rosto, ali?

Cheguei até a pensar que nossas almas

já se  encontraram em algum passado

distante.

Eu acredito em destino, Isabella.

E você acredita?

P.E

Eu não sei com precisão quantos minutos se passaram quando Harry enfim chegou, mas só bastou uma olhada em sua direção para o meu pulso se alterar. As pontas de seu cabelo quase tocavam a mandíbula, e eu odiava a forma de como olhar para aqueles olhos verdes me davam nós no estômago. Vestindo camisa marrom com gola V e calça jeans desbotada rasgada nos joelhos, Harry veio em minha direção.

"Desculpa".

Harry não falou alto, mas eu vi seus lábios formarem a palavra. Ele deu mais um passo em minha direção e sentou-se na borda do banco.

Lancei um olhar sinistro para ele exigindo explicações, sem fazer questão alguma de disfarçar que eu o esperava até agora.

— Como você está?— Ele perguntou.

Eu poderia ter dito qualquer outra coisa, mas eu não conseguia desgrudar os olhos do sorriso que ele me brindava.

— Bem. E você?

O sorriso dele se contraiu.

— Eu estava na casa da Alice.— Foi difícil para mim imaginar os dois conversando provavelmente sozinhos no sofá dela. Mas Alice não oferecia nenhuma ameaça. Eu sabia disso, pois ele está aqui comigo e não com ela.— O pai dela me convidou para almoçar. E adivinha?

— Uma dica?

— Não.

— Então não faço ideia.

—  Ele me ofereceu uma vaga de estágio no consultório dele, assim que eu entrar pra faculdade de medicina.

Nossa.

— Fico contente por você— digo à ele.

Uma sensação de desespero se elevou dentro de mim e pesou mais do que qualquer outro sentimento. O destino está se encarregando de aproximar Alice e Harry. Eu não vou mentir, isso está me abalando cada vez mais.

Harry tamborilava os dedos no acento do banco, estávamos  próximos o suficiente para que (se ele quisesse, claro) Harry tocasse minha coxa. E ele fez isso. Deu três tapinhas.

— Obrigado— um pequeno sorriso se formou em sua boca.— Sei já tá ficando tarde, mas você ainda quer ir no cinema comigo?— Ele perguntou em voz baixa, examinando meu rosto.

— Quero.

Estico o braço para pegar minha bolsa, que estava descansando no banco. E antes que eu me desse conta levantei minha mão para tirar uma mecha de cabelo da testa de Harry, e ele não me impediu. Depois disso ele pegou minha mão no ar e levantou-se me puxando consigo.

O filme favorito de Harry estava passando em uma seção de reprises no Landmark, e embora ter vindo para Waterloo as oito e meia da noite ter deixado meu pai contrariado, já valia a pena só em ver o sorriso de Harry.

— Duas entradas para Star Wars: O despertar da força, por favor.

Eu fiquei aliviada ao perceber que não precisaria assistir os outros filmes antigos, para entender a história deste. Eu gostei muito do Poe Dameron. E eu deveria inspirar minha vida amorosa no Finn: Um dia acordar, e descobrir que não preciso me conformar com a vida que tenho. É quase como uma injeção de coragem para mim.

O caminho que fiz da poltrona até a saída do cinema foi a pior parte da noite, muito melhor foi ter visto o filme. The Boardwalk nunca esteve tão bem iluminada, e para mim até às estrelas estavam mais brilhantes, até que um Cabriolet vermelho estacionou na nossa frente e estragou meu humor.

Eu nem me surpreendi ao ver que quem dirigia era Alice Miller.

— Que coincidência te encontrar de novo, Harry. — Alice sorriu falsamente para ele.

Fingida.

— É bom ver você também.— Ele disse.

— Quer uma carona?— Ela perguntou.

Eu continuo olhando para Harry, anciosa por sua resposta, enquanto me odiava cada vez mais por ser reduzida a nada na frente dela.

Harry suspirou.

— Estou com a Isabella.— Harry anunciou decidido. Depois apontou para mim e balançou a cabeça.

Alice pela primeira vez naquela noite notou minha presença ali. Ela me encarou com os olhos faiscando de raiva.

— Fica longe do meu namorado— ela disse pra mim, com ar de importante.

— Eu não sou seu namorado, Alice.

— Tem certeza de que quer discutir isso na frente dessa ai?— Alice contorceu o rosto numa careta de nojo, discretamente.

Não ligo. Eu estava repetindo para mim mesma que Alice não valia o meu precioso tempo. E iria repetir isso quantas vezes fosse necessário.

— Essa ai, tem nome. E você sabe muito bem disso.— Harry esticou o braço sobre meus ombros.

Sorri para Alice.

— Harry não terminamos de verdade, foi só uma brincadeirinha.

Harry suspirou pesadamente.

— Você brinca bastante com os meus sentimentos.

No final das contas eu já sabia onde aquela conversa iria parar. Alice é inteligente e se arma com seu charme para conseguir o que quer. E ela conseguiu induzir Harry a me entregar as chaves do Ford vermelho, e a entrar no carro com ela e sumir noite a dentro.

Estaciono o carro em frente a casa de Harry e corro para dentro da minha casa, indo em direção ao conforto do meu quarto; onde liguei para Kim e contei tudo. Até mesmo sobre o olhar cínico que Alice me lançou quando Harry me trocou por mais um dos caprichos dela.

— Escuta, Izza— disse Kim no telefone.— Se ficar de mimimi por causa dele, eu vou bater em você. Ficou bem claro que ele gosta da sombra da tarântula de saia. Ela é uma garota como as outras.

— Mas Kim...

— Shiiiii— ela me interrompe.— Mas nada, Izza. Não atrapalhe a minha linha de pensamento. Como eu dizia, ela gosta dele, e ele gosta dela. Eu acho que você deveria esqueçer o Harry-Gostoso-Styles e ponto. Izza, não fica construindo castelo em nuvens, e nem pense em se torturar pensando que algum dia você pode estar no lugar dela. Claro, você pode até conseguir ficar com ele algum dia, quem sabe, não é?— pausa.— Já sei!— ela exclamou derrepente.— Izza, me escuta. Fala com seu vizinho gostoso. Esclarece tudo de uma vez com o Harry. Ele precisa saber disso.

Talvez Kim esteja certa.

Eu adorei a ideia de contar tudo o que eu sinto para Harry Styles.