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História Personal Soldier - Se você é o caos, eu sou confusão.


Escrita por: klangdon

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 10 - Se você é o caos, eu sou confusão.


Acordei com o barulho que vinha do jardim do Instituto. Alunos animados com a manhã de domingo. Eu não podia ver se o Sol brilhava forte devido às cortinhas fechadas que escureciam meu quarto. Mas a julgar pela exaltação das vozes, gritos e empolgação, o Sol devia estar iluminando o dia com intensidade. Nem sempre Tempestade interfere no clima. Na maioria das vezes ela consegue deixar as coisas seguirem seu curso natural. Relutei em levantar. Eu não tinha absolutamente nada pra fazer. Os domingos costumam ser extremamente tediosos. Por mais que as aulas cansem às vezes, pelo menos me ocupam. Só não me afogo em ócio pela companhia de Warren, mas claro que hoje não seria assim. Ainda não sei o que dizer a ele. Muito menos o que direi para Logan quando o encontrar. Nessa nossa relação complicada e indefinida as coisas costumam ser ditas pela metade. Sempre parece faltar algo. Juntei forças e me obriguei a ficar de pé.

(...)

 

Andei a passos lentos para o corredor que dava acesso ao refeitório. Assim que virei na dobra avistei uma cena que não esperava. Logan, Warren e Ororo caminhavam na direção oposta a mim. Ela estava no meio deles, uma forma inconsciente de mantê-los separados. Nenhum dos mutantes ali mantinha expressões leves. E ao encontrar meu olhar, Logan me pareceu completamente incomodado com o que estava por vir.

– Bom dia. – Murmurei para eles praticamente paralisada.

– Bom dia. – Ororo foi a única que me respondeu, mesmo assim num tom seco. Eles passaram por mim e me virei para olhá-los. Apenas Logan se virou também e me olhou brevemente antes de virar na dobra do corredor. O que será que Ororo pretende com esse encontro?! Muito certamente ela está brava e até mesmo magoada pelo fiasco do jantar da noite passada. Então talvez o objetivo ali fosse esclarecer as coisas entre Logan e Warren. Muito dificilmente ela fará com que o Anjo deixe de implicar com Wolverine, ou talvez, ela seja mais convincente que eu ao argumentar que não faz sentido esse pé atrás que ele tem em relação à Logan. Eu só podia esperar pra saber.

 

POV LOGAN

 

Fui o último a entrar na sala de Ororo. Séria, ela sentou-se atrás da mesa de escritório de madeira escura ligeiramente bagunçada e fez um sinal para que Warren e eu ocupássemos as duas cadeiras de frente para a mesa. Dei um passo para fazer o que ela pediu com o olhar, mas Warren limpou a garganta para falar me fazendo olhá-lo e interromper o movimento.

– Não precisamos disso, Ororo. – Afirmou o Anjo olhando para a mulher. – Tenho certeza de que Logan não quis me ofender com aquelas palavras. O que ele disse é um pouco verdade, eu sei. – O olhar dele finalmente se direcionou ao meu que revelava a surpresa que as palavras dele me causaram. – Está tudo bem.

– Eu realmente não queria ofender. – Fui breve em confirmar o pensamento dele.

Ororo se mantinha surpresa também. Entendendo que a conversa que ela achou que teríamos, e que provavelmente acabaria em briga, não aconteceria mais, Tempestade se levantou.

– Não quero ver vocês brigando... Se acusando... Ou qualquer coisa desse tipo. – O tom autoritário dela parecia quebrado. – Somos uma família. Nós só temos uns aos outros. – A emoção ficou evidente nas frases proferidas.

– Me desculpe por estragar o jantar Ororo. Eu não sei o que aconteceu comigo. Não queria te magoar, ou a qualquer um. – Me senti obrigado a pedir desculpas de uma forma mais clara para a mutante dos cabelos brancos. – Eu tenho certeza de que a sobremesa estava deliciosa. – Completei com um meio sorriso e os lábios cheios dela se curvaram também pelo meu tom divertido. Realmente não tivemos tempo de apreciar a sobremesa. O que, por lógica, fica para o final porque é o melhor.

– Tudo bem. Teremos outras oportunidades. – Ela se conformou.

– Claro. Afinal, Logan já deu sinais de que não vai embora. Então poderemos planejar outros jantares. – Warren chamou nossa atenção e lançou um sorriso reto diretamente para mim.

Ororo ficou ainda mais feliz com a confirmação de paz entre nós. Mas eu consegui detectar a pontada de raiva atrás do que Warren disse. Um leve toque de ironia, também. Ele ainda acredita que eu posso ir embora a qualquer momento, mas não gosta de mim o bastante para achar que eu farei o que ele quer. Faz todo sentido, porque eu realmente não pretendo ir embora. Ainda mais depois do que aconteceu entre mim e Marie naquela árvore...

– Podemos ir certo? – Cortei meus próprios pensamentos.

Pensar claramente sobre Marie é algo que poderia me levar à beira da loucura, sem contar que reviver a memória dos nossos momentos na arvore causaria reações em meu corpo que Warren e Ororo não poderiam presenciar.

– Sim. – Ororo me deixou aliviado. – Hoje nós não temos treinamento, então se sinta livre para fazer o que quiser Logan. – Eu já sabia desses fatos, e sinceramente, não entendi o motivo dela para me lembrar.

– Ok. – Assenti não rendendo conversa e saí da sala. Percebi que Warren não se moveu e deduzi que ele conversaria mais com ela. Fiquei levemente desconfiado e curioso pelo teor que essa conversa poderia ter, mas fechei a porta deixando essas coisas de lado. A atitude de Warren foi bastante esperta. Mesmo que ele realmente não tivesse ficado bem com o que eu disse, o melhor era fingir mesmo. Assim Ororo não pegaria no nosso pé e nem nos obrigaria a protagonizar um cena de reconciliação mais profunda. Agradeci mentalmente por ser um domingo ensolarado. Depois de todos os acontecimentos desde que voltei, eu precisava sair para beber algo que não fosse suco de frutas, refrigerante, ou cerveja roubada de um estoque feminino. Eu merecia.

Cheguei ao meu quarto, coloquei minha jaqueta de couro, enfiei algumas notas nos bolsos do meu jeans e saí rapidamente. Os longos corredores estavam vazios pelos estudantes estarem se divertindo no andar de baixo da casa, no jardim, ou até mesmo fora do Instituto. Domingo era o dia da liberdade. O pensamento quase me fez rir discretamente. Peguei a moto e saí à procura do bar mais próximo. Ficar longe por algumas horas me faria bem e me deixaria pensar com mais clareza em tudo que estou, estranhamente, sentindo.

 

POV MARIE

 

Comi meu cereal com leite quieta, até que Melanie, minha amiga, se aproximou de mim colocando a sua bandeja sobre a mesa e sentando. O refeitório não estava nem perto de cheio, pelo contrario, alguns poucos alunos espelhados pelo ambiente. Também, eu estava tomando café perto da hora do almoço.

– E aí Marie?! Como foi o jantar de ontem? – A garota loira perguntou curiosa antes mesmo de me cumprimentar. Cerimônias costumam ser dispensadas entre amigos. Apensar de eu ser um pouco solitária, Warren não é meu único amigo. Melanie e outros 2 ou 3 estão na minha singela lista de afinidades. – O que vocês conversaram?! Alguém te elogiou?! – As outras perguntas saltaram na minha direção revelando ainda mais a ansiedade dela por detalhes. Afinal, minha arrumação exagerada se devia a ela. Melanie vivia dizendo pra mim que eu devia ampliar meu olhar fashion e experimentar estilos novos, mas entrava e um ouvido e saia no outro. A intenção dela era ótima, eu sabia, porém eu simplesmente não via motivo ou necessidade de variar. Gosto de cores básicas e roupas confortáveis.

– Só Warren me elogiou, mas acho que todos ficaram surpresos de me verem arrumada. – Sorri.

– Eu sabia! Meu trabalho foi perfeito. – Ela sorriu também. Confiante e convencida.

Ao contrario de mim, Melanie erradia alegria. O ar melancólico passa longe dela. Talvez os cabelos e olhos claros ajudem, mas de toda forma, a personalidade dela é entusiasmada. Nem sei como nós conseguimos nos aproximar. Tanto que partiu dela a iniciativa da nossa primeira conversa.

– Tudo estava bem até que Logan insinuou algumas coisas para Warren. Eles meio que brigaram e assim Warren ficou bravo e saiu da mesa.

– O que Logan falou? – Os olhos cor de mel se arregalaram um pouco.

– Sobre a cura. – Optei por não detalhar as falas. – Você sabe que Warren não gosta desse assunto.

– Sim...

– Eu fui atrás dele, mas não o encontrei. E ainda não nos falamos... Você falou com ele hoje?

– Não. Mas você sabe que quando ele fica chateado é melhor dar um tempo Marie.

– Sim. Eu sei.

– E o que Ororo achou disso tudo? – A empolgação voltou à voz dela.

– Provavelmente ficou decepcionada. E brava com certeza.

– Por isso choveu um pouco ontem. – Melanie associou os fatos e riu pelo nariz. Após isso mordeu um dos biscoitos com lascas de chocolate que ela havia colocado em sua bandeja.

– É... – As lembranças me acertaram em cheio. O beijo de Logan. As sensações... Tudo tão claro em mim.

Uma aluna passou por nós segurando um pirulito em formato de coração. Melanie fez um barulho com a boca que revelou o interesse dela no doce.

– Ei garota! – Chamou um pouco alto, pelo fato da menina já estar se afastando de nossa mesa. – Venha aqui. – Pediu simpática assim que a adolescente se virou.

– Onde você comprou esse pirulito? – Minha amiga perguntou interessada.

– Eu ganhei. – A outra garota respondeu.

– Eu fiquei com muita vontade... Eu acho que você devia me dar seu pirulito. Me dê seu pirulito. – Melanie falou sem rodeios depois de tocar o braço da garota. Entreabri meus lábios, surpresa. A menina apenas estendeu o doce e ela pegou com a outra mão. – Obrigada e pode ir. – Falou sorrindo e deixou de tocar o braço da menina.

O poder de Melanie é a tato-hipnose. Ela pode influenciar as pessoas a fazerem o que ela quer desde que as toque. Um poder muito útil, e que felizmente, caiu nas mãos certas. O caráter dela sempre a impediu de usar esses poderes para conseguir coisas muito grandes ou que fossem moralmente erradas.

– Você é ridícula. – A xinguei por brincadeira e nós rimos.

– É só um pirulito. Ela ganhará outros. – Justificou com um sorriso sapeca. – Tempestade me disse que meu poder pode evoluir. Daqui a um tempo eu não precisarei tocar exatamente na pele das pessoas, eu poderei ultrapassar a barreira das roupas. – Me contou ela, animada.

– Através das roupas?! Nossa. Se isso acontecer será ótimo. Você vai poder roubar muitos outros pirulitos de garotinhas inocentes. – Zombei e ela gargalhou.

– Eu não roubei. Sugeri que ela deveria me dar o pirulito e ela me deu. Nada demais. – Fingiu casualidade. – Seria legal se meu poder evoluísse. Talvez se transforme em algo além de tato-hipnose. Imagina se eu não precisasse nem tocar mais nas pessoas pra influenciá-las? Mas estou bem assim.

– Que perigo pro mundo! Segurem seus doces. – Brinquei e rimos.

Apesar das minhas muitas preocupações, conversar com Melanie me deixava mais leve.

Voltei minha atenção para a tigela de cereais pela metade e repassei o assunto mentalmente. Poderes relacionados a toque são complicados. Posso afirmar com propriedade. De repente, meu cérebro chegou a uma ideia ligeiramente ousada, mas que poderia dar muito certo. Sorri de canto.

– O que foi Marie?! Sorrir para o cereal matinal não é normal amiga. O que está pensando?

– Preciso de você pra uma coisa... – Avisei a encarando.

Melanie certamente me ajudaria a colocar essa ideia em prática, assim que eu a aperfeiçoasse.

 

POV LOGAN

Voltei para o instituto ao pôr do Sol. Coloquei a moto na garagem e segui para a casa normalmente. Pela quantidade de álcool que ingeri deveria estar bêbado, mas meu organismo é diferente e elimina facilmente os efeitos que a bebida poderia me causar. Subi as escadas e ao virar para o corredor do meu quarto, tomei um pequeno susto ao quase trombar com tudo em alguém. Marie. Ela também se assustou um pouco, mas sorriu ao constatar que era eu.

– Oi garota. – O cumprimento pulou dos meus lábios.

A distancia entre nós não era grande, e nem comprometedora. Era segura.

– Oi Logan. – O tom de voz dela sempre fora doce, mas só agora eu conseguia definir assim, com exatidão. – Eu vi mais cedo que Ororo chamou você e Warren para conversar... – Ela se interrompeu, mas já havia revelado toda sua curiosidade habitual através dos olhos.

– Nos entendemos. – Contei sucinto.

– Vocês brigaram? Discutiram? – Uma pontada de aflição aliada à curiosidade.

– Não.

A respiração de Marie demonstrou alívio. A garota realmente não gostaria de ver dois amigos brigando, principalmente, se chegasse ao ponto de luta física e não apenas verbal. Ela sabe que eu o machucaria. O olhar dela encarou o chão como se fosse a coisa mais interessante do mundo. A conversa não tinha acabado. Entretanto Marie não sabia como continuá-la ou se devia.

– Sobre o que aconteceu ontem... – Comecei a falar não tendo certeza se era bom tocar no assunto.

– Está tudo bem. – Ela me cortou. Os olhos pousaram nos meus, tranquilizadores. – Eu entendendo perfeitamente o que aconteceu e que não irá se repetir. – O sorriso que Marie esboçou não era nem um pouco falso e me confundiu totalmente. Eu esperava irritação, raiva e até mesmo mágoa. Por mais que fosse bom estar com ela daquele jeito, não me parecia certo. Então esquecer era a saída mais racional. Ela entender isso de uma hora para outra não foi recebido com casualidade por mim. Será que ela finalmente desistiu da ideia de ficar comigo? Estranhamente, algo parecido com frustração tomou conta de mim. Marie ira... desistir? Minha mente insistia que isso resolveria meus problemas, mas meu coração não se confortou e nem ficou satisfeito. Tudo entre nós estava começando a ficar interessante e a ideia de que isso acabaria não me agradou.

– Você não está brava?! – Tentei entender melhor.

– Não. – A testa dela se franziu como se minha pergunta fosse totalmente fora de contexto. – Eu estou bem. – Sorriu novamente com toda a capacidade.

Sem aviso, ela me abraçou envolvendo os braços no meu pescoço. Depois do choque inicial, a abracei também. – Eu gosto muito de você e estou feliz por saber que você não vai embora. – A voz dela estava muito próxima do meu ouvido e o choque do hálito quente da garota causou uma pequena alteração em mim. Marie soltou um pouco o abraço e passou os dedos delicados pelo meu rosto traçando o contorno lateral dele. – Te vejo depois? – Levantou as sobrancelhas demonstrando animação com a ideia de me encontrar depois.

– Sim...

Respondi automático ainda tentando assimilar as atitudes e palavras dela. Com um sorriso ela seguiu pelo corredor me deixando ainda totalmente confuso.


Notas Finais


Nada muito importante, mas espero que tenham gostado. COMENTEM!


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