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História Personal Soldier - Tão perto, tão longe.


Escrita por: klangdon

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 7 - Tão perto, tão longe.


(...)

– Logan? – Uma voz doce e aveludada penetrou nos meus ouvidos me despertando. Abri os olhos perturbados com a claridade e Marie me encarava confusa, sentada na cama. – Você dormiu aí? – Ela perguntou receosa observando o fato deu estar todo espalhado na poltrona de canto.

– Sim. – Pigarreei e me ajeitei ignorando o pequeno incômodo nas costas pela má posição durante toda a noite. – Como se sente?

– Mal. – A garota fechou os olhos com força e levou as mãos delicadas à cabeça. Ressaca. O presente que se tem no dia seguinte de uma bela bebedeira. Nunca tive problemas com isso, afinal, meu fator de cura me deixa sóbrio o pronto pra outra rapidamente. – Minha cabeça vai explodir. – Marie exagerou com um meio sorriso conformado.

– Não exagere garota. – Ela voltou a abrir os olhos cansados e sonolentos. – Sorte sua que hoje não tem aula. – Apontei com o olhar para o relógio em cima do criado mudo, ao lado da cama e seguindo meu olhar, Marie constatou que se tivesse aula já estaria muito atrasada.

– Me desculpe por te tirar da cama. – Se desculpou envergonhada. – Não devia ter bebido, sou fraca demais.

– Tudo bem. Já dormi em lugares piores. – Dei os ombros.

– Você cuidou de mim... Obrigada Logan. – Marie me olhou fixamente com um brilho diferente nos olhos. Será que ela se lembra de tudo que disse?! Do que EU disse?! Será que ainda consegue ler meus pensamentos? Em todo o caso, não serei o primeiro a tocar no assunto.

– Achei melhor te manter aqui, te vigiar para evitarmos problemas com Ororo. – Justifiquei minha atitude como se não tivesse sentimentos envolvidos ali e os lábios bem desenhados dela se partiram com a leve surpresa. Me levantei e peguei um remédio na minha mochila. – Tome isso. Vai ajudar com a dor de cabeça. – Entreguei o comprimido à Marie e ela não disse nada, apenas o engoliu sem água. – Vou descer para comer alguma coisa. Fique a vontade para se levantar quando estiver pronta. Não vamos comentar nada disso com Ororo ou qualquer pessoa, tudo bem?

Fui totalmente prático e ela se limitou a assentir com a cabeça. Eu teria que ser frio. Talvez mais frio do que sempre fora. Tratá-la com essa indiferença me atingia de modo ruim, mas era a melhor saída para a loucura da noite anterior. Se Marie, a garota que é sempre tão curiosa, não tocou em nenhuma das conversas que tivemos, provavelmente não se lembrava delas. Fui em direção a porta e a abri.

– Logan... – Marie sussurrou me fazendo parar. Virei minha cabeça e ela encarava as mãos, pensativa. Esperei que ela continuasse pacientemente já temendo e antecipando suas palavras. Ela entreabriu os lábios para falar novamente, porém pensou melhor e não falou. Hesitou. Talvez tivesse lido todo meu conflito mental.

– Fale. – A incentivei sem pensar.

– Nada. Só queria te agradecer novamente. Por tudo. – Disse enfim com um meio sorriso, mas algo dentro de mim gritava que não era aquilo que ela queria dizer. Entretanto não devia fazer nada a respeito disso. Quanto menos tocarmos no assunto da noite de ontem, e o evitarmos, melhor.

– Não precisa agradecer. Fiz o que era certo. – Mascarei a verdade mais uma vez, dizendo para Marie e para mim mesmo que aquilo foi uma atitude estritamente responsável e preventiva. Deitá-la ali na minha cama envolveu tantos sentimentos, coisas que eu nunca senti ou achei que fosse capaz de sentir. Deus! Pare com isso Logan! Você não pode ter sentimentos. Não pode. Marie ainda me encarava, acenei com a cabeça e saí do quarto. Tomara que quando eu voltar ela já tenha saído. Ficar perto dela me deixa... Sentimental.

Cheguei ao refeitório quase cheio e o olhar de Ororo encontrou com o meu. Merda! A mulher dos cabelos brancos caminhou na minha direção com a expressão fechada, as botas de salto fizeram um alto som que ecoou pelo lugar. Os alunos curiosos notaram o clima e nos olharam atentos.

– Bom dia. – Me antecipei quando ela chegou perto de mim.

– Vá ao meu escritório assim que fizer o que veio fazer aqui. – Mandou e saiu pisando forte fazendo o mesmo barulho com as botas. Caralho! Ororo vai me encher a paciência logo pela manhã. Fiquei tão envolvido com Marie e seu sono sereno, que me esqueci de destruir a evidências da farra dela. Realmente Logan, perto daquela garota você perde o jeito das coisas. A paixão deixa as pessoas burras, e me recuso a pensar que esse seja o motivo do meu descuido. Peguei uma rosquinha confeitada da bandeja de um garoto qualquer e saí do refeitório. Comi enquanto caminhava para a sala de Ororo já sentindo a bomba de açucar naquela porcaria se espalhando pelas minhas veias. Quando cheguei, respirei fundo me preparando para enfrentá-la. Não que eu tenha medo dela, os alunos têm, mas eu não. Só não quero mais problemas do que já tenho. Bati na porta.

– Entre. – Ororo murmurou. Abri e a porta e a encontrei sentada à mesa lotada de papeis e um rosto tenso.

– O que quer comigo?

– Você sabe muito bem porque está aqui. – Ela começou num tom duro. – Pode me explicar a bagunça da cozinha?!

– Posso. Bebi e esqueci de jogar as evidências fora. – Menti sendo breve afim de não me complicar. Não sei exatamente a situação que Marie deixou a cozinha e Ororo precisava me dar essa informação, assim eu elaboraria a mentira melhor.

– O problema é você ter deixado a geladeira aberta. Algum aluno poderia ter pegado uma cerveja. – Então Marie não bebeu todas exatamente.

– Eu quebrei o cadeado, e não consegui encontrar outro para colocar no lugar. Desculpe.

– Tudo bem Logan, mas que não se repita. Não facilito para que os alunos se comportem mal.

– Ororo, de quem são aquelas bebidas? – Mudei um pouco o assunto, curioso e ela se surpreendeu com a indagação repentina.

– Ora Logan, também sou filha de Deus. – Respondeu enfim.

– Está certo. Depois reabasteço o seu estoque Ororo. – Me virei para sair entendendo que o assunto já estava resolvido.

– Logan... – Ela me chamou rapidamente. – Chame todos os X-men aqui na minha sala. Agora. – Ororo ordenou. A olhei em desaprovação. Não sou menino de recado dela. – Por favor. – Completou com um belo sorriso. Agora sim, ela pode até colocar medo nos outros e ser mandona com eles, mas comigo não.

– Ok. – Respondi seco enquanto passava pela porta de madeira bem trabalhada.

Enquanto caminhava pelos corredores movimentados, fui avisando aos interessados da tal reunião. Primeiro Colossus que parecia ter acabado de chegar de viagem, pois segurava uma bolsa grande, depois Bobby e Kitty que namoravam com a porta aberta no quarto dele. A curiosidade referente ao fato de se a porta aberta era exigência de Ororo me percorreu. Será que ela entende que não dá para controlar os hormônios desses adolescentes?! Se eles desejarem levar a relação para algo mais profundo, sem duplos sentidos, vão conseguir de qualquer jeito. Será que Bobby tocou em Marie desse jeito no período em que permaneceram juntos depois que ela tomou a cura?! Droga! Marie sempre povoando os meus pensamentos. Faz diferença se eles transaram?! Talvez. Pensando nisso não dá pra encará-la como uma garota e adolescente, realmente já era uma mulher. E pensando no jeito que nos beijamos na cozinha provavelmente ela já tinha conhecimentos naquele campo, ou talvez estivesse apenas satisfazendo meus desejos por conseguir ouvi-los... Caralho Logan! Se concentre em não pensar nessas coisas. Cheguei ao pátio do Instituto e olhei para o céu procurando Warren, tive sucesso e o avistei. Fiz um sinal para que ele descesse e ele o fez. Pousou a alguns passos e mim e caminhou diminuindo ainda mais a distância. Dei o recado e ele assentiu sério sem dizer uma única palavra. Lancei meu olhar desconfiado e ameaçador de sempre e ele virou as costas. Qual o problema desse cara?! Mal o conheço. O tempo que fiquei aqui no Instituto após os acontecimentos com Magneto, Jean e Scott não fora o suficiente para que tivéssemos a oportunidade de conversar. Até porque eu não sou de conversa e naquela época estava pior. Estranho. Voltei para a casa, agora só faltava avisar Marie. Desejei que ela não estivesse no meu quarto e ao mesmo tempo quis o contrário. Bati na porta. Era estranho, afinal, aquele quarto era meu, mas achei melhor assim. Bati novamente e por alguns míseros segundos tive receio de obter apenas silêncio.

– Entre. – A voz suave e calma me deu permissão para adentrar o quarto fazendo meu estúpido coração bater ligeiramente mais forte. Eu não sei que porra é essa que está acontecendo comigo. Me deixa bravo e também não. Tudo tão contraditório. Ao abrir a porta encontrei Marie de cabeça baixa, sentada na cama já devidamente arrumada, encarando as mãos. – Eu... Eu já estava saindo. Desculpe.

– Não se preocupe. Ororo quer falar conosco. – Avisei e ela me olhou apreensiva, provavelmente pensando que a conversa seria sobre os acontecimentos de ontem.

– Ela...

– Não. – Interrompi já tranquilizando a garota. – Eu assumi a culpa por ter bebido as cervejas e me acertei com ela. O motivo da conversa é outro. – Completei explicando. Marie se acalmou e mudou para um olhar triste e pensativo abaixando a cabeça novamente. Estaria ela... Triste?! Tinha motivos: Eu e minha frieza.

– Vou comer alguma coisa antes.

– Sua cabeça ainda dói? – As palavras carregadas de preocupação pularam da minha boca antes mesmo que eu me desse conta. A garota voltou a me encarar.

– Um pouco, mas vou ficar bem. – Respondeu mexendo um pouco o canto da boca numa tentativa completamente falha de sorrir. Aquilo não chegava a ser nem 1% do belo sorriso que aquela boca bem desenhada podia desempenhar. Marie estava triste.

– Beba bastante líquido e coma alguma coisa leve. Assim a noite de ontem vai embora junto com a dor de cabeça. – Usei meu melhor tom de voz formal e sem emoção. Não posso deixar que ela pense que me preocupo tanto com ela. Só piora as coisas. – Não demore. Ororo não gosta de esperar.

– Obrigada mais uma vez. – Respondeu alto e se levantou rapidamente deixando transparecer uma pontada de raiva na voz e expressão. – O professor Logan realmente sabe cuidar dos seus alunos bêbados. Até porque tem experiência em bebedeiras. – Completou me lançando um olhar totalmente furioso. Sarcasmo. A alternativa mais fácil para demonstrar tais sentimentos. Além de triste, estava brava. Não pude esconder a surpresa em vê-la falando comigo assim. A Marie que eu conheci antes sempre foi tão passiva, contida e conformada com as situações. Meu cérebro não pensou numa resposta, ainda ponderando o peso daquelas palavras e diante do meu silêncio a garota se lançou para fora do quarto batendo a porta com força. Não posso negar que uma corrente elétrica se espalhou por todo meu corpo com o impacto daquilo e uma vontade enorme de ir atrás dela e impedi-la de ir me invadiu. Mas não me mexi. Simplesmente fiquei ali parado, me controlando para não fazer nada. Seria melhor assim, antes com raiva, triste e magoada agora, com as esperanças podadas, do que coisas concretas esmagadas posteriormente. Quanto antes eu acabasse com qualquer chance de envolvimento entre nós, melhor. Por mais que me doa rejeitá-la e vê-la assim, é o melhor para nós dois. Não sou o tipo de cara que se deva gostar. Se ela conseguiu se apaixonar por Bobby, conseguirá encontrar outro garoto. E de preferência um que realmente valha a pena dessa vez.

Voltei para a sala de Ororo e todos estavam lá, com exceção de Marie, claro. A esperamos pacientemente mais calados do que deveríamos. De certa forma foi constrangedor. Ororo se mantinha concentrada no computador, ainda trabalhando, enquanto nós, espalhados pelo ambiente fingíamos que aquele silêncio era normal.

– Desculpe pelo atraso. – Marie falou entrando na sala e todos a encaramos. Ela sorria normalmente, muito diferente da garota que tinha saído do meu quarto há minutos atrás.

– Tudo bem querida. – Ororo deixou o computador. – Bom, já que estamos todos aqui vou falar logo. Chamei vocês para contar que hoje teremos um jantar especial. Logan voltou e tudo está bem... – Ela me lançou um sorriso animado. – Acho que isso merece uma comemoração. Um momento para relembrarmos e confraternizarmos. Estejam na cozinha da casa devidamente arrumados às 20 hrs. – Explicou feliz. Ótimo! Tudo que eu mais queria na vida! Um momento com pessoas onde teremos que conversar e conhecer mais um do outro! E ela ainda me usa como pretexto para tal atividade sem nexo! Será que aquela falta de interação ali na sala já não era um ótimo indicio de quem não nos relacionamos tão bem? Ororo queria realmente não percebia isso ou queria reverter este fato? Claro que no campo de batalha nós morreríamos uns pelos outros, pois partilhamos do mesmo ideal de luta e visão de mundo, mas relações interpessoais não são nosso forte. A animação quase geral me deixou surpreso. São todos assim tão falsos? Ou eu sou o único vendo a verdade aqui? Além de mim, só Marie não parecia à vontade com aquilo. – Fico feliz que tenham gostado da ideia. Era só isso, podem ir.

– E que roupa temos que usar? – Kitty perguntou entusiasmada. Grudada com o namorado idiota num canto da sala. Nossos olhares se cruzaram rapidamente e uma vontade de rir me percorreu ao pensar na bronca que Ororo deve ter aplicado nele. Eu gostaria de ter outro tipo de poder mutante para ter visto essa conversa, ou pelo menos tê-la ouvido.

– Algo para festa. Nada muito chamativo, mas de bom gosto. – Ororo explicou sem jeito. Moda realmente não era algo que ela entendesse. Sempre com roupas do mesmo estilo, o máximo de mudança nela foi o corte de cabelo, que agora, fazia tempo que era o mesmo.

– Entendo... – Kitty respondeu pensativa. A verdade é que não tinha entendido direito.

Marie se mantinha com o olhar baixo e parecia estar numa dimensão diferente da nossa. Perdida nos próprios pensamentos. Warren a observava tão atento quanto eu.

– Só se preocupe em estar lá querida. – Tempestade se livrou da dificuldade e deu seu melhor sorriso para nós.

Saímos da sala de Ororo e cada um tomou seu rumo. Eu teria um dia todo para me preparar psicologicamente para a droga de jantar. E provavelmente ainda não conseguiria. Perfeito!


Notas Finais


Comentem! Quero saber se estão curtindo a historia. Beijokas.


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