História Pertenço a você - A Seleção

Sentei na cama depressa, minha cabeça doía a um ponto que antes de buscar qualquer visão precisei apertar meus olhos com força até finalmente as coisas ganharem nitidez, infelizmente, a nitidez do que eu não queria. Ruby estava de pé, com uma xicara na mão, fora a cena mais linda que já vi em toda minha vida, confesso. A morena trajava nada além de um biquíni marrom pequeno, seu corpo era incrivelmente uniforme, sem nenhum controle desci meus olhos até subi-los novamente fazendo uma avaliação completa de tudo que via, senti um calor adormecido há muito tempo, um calor incontrolável que vinha dentre minhas pernas.

Belle: O que eu tô fazendo no seu... no seu quarto? PORQUE ESTOU AQUI? – aumentei o tom de voz levantando como um furacão, uma forte pontada na cabeça me arremessara de volta à cama. – VOCÊ FICOU MALUCA? – gritei com as mãos na testa buscando acreditar que aquilo tudo era um pesadelo, só podia ser. –

Ruby largou a xicara com pressa na mesinha e veio em minha direção tentar algo parecido com...ajudar? Meu Deus ela estava quase nua, ali, me tocando como se tivesse medo que algo me acontecesse. Aquele corpo que por tantas noites sonhei em ter mesmo sem fazer ideia de como faria, todos os meus primeiros pensamentos íntimos tinham aquela mulher como dona, esperei paciente o dia que seria primeiramente de Ruby.  A frustração misturada à dor de cabeça absurda e ao medo do que teria acontecido àquela noite me deixou ainda mais desestruturada, a ponto de só então perceber que estava apenas de roupa intima e me cobrir como se aquilo fosse vergonhoso.

Belle: Minha nossa, onde estão as minhas roupas? – fitei todo o quarto buscando indícios de meu vestido que apenas desaparecera, busquei um lençol e me cobri de imediato. –

Ruby: Tome um café Belle, precisa tirar essa ressaca. – a morena me olhou com um sorriso tranquilo, como quem tentasse me acalmar. – Depois você se veste e vai, apenas tome uma xicara de café, pro seu bem! – Ruby sabia bem o amor que eu tinha por uma boa xicara de café, sempre me tranquiliza e tranquilidade era algo que não queria naquele instante. –

Belle: Vai colocar uma roupa Ruby, porque tá vestindo isso? –  continuei a me cobrir com o lençol na tentativa de disfarçar as sensações que me vinham vendo-a assim.  – Onde estão minhas roupas?

Ruby: Você parece tão doce enquanto dorme. – A mulher ignorou totalmente o que eu disse caminhando ate a mesa e buscando novamente seu café, observei  seu corpo a ponto de deixar que a morena percebesse. –

Belle: Não te autorizei a me olhar dormindo. – falei quase em um sussurro tentando esconder o rosto corado de vergonha, Ruby gargalhou, com certeza havia notado meus olhos presos ao seu corpo. –

Ruby: Okay, primeiro, nós vamos à praia, por isso estou DE BIQUINE. Estava terminando de me vestir quando você acordou, então quis me certificar que ficaria bem. E segundo, não é nada que não tenha visto antes, nem eu nem você. – sua voz soou firme e sexy, seus olhos encararam os meus apagando qualquer pensamento que tinha, ao menos qualquer pensamento decente. –

Belle: E nem metade dos garotos de Storybrooke. – sussurrei recorrendo ao único argumento que sempre a afastava de mim, e como pensei, deu certo. Ruby fora até uma poltrona atrás da mesinha e buscou meu vestido arremessando-o contra mim com força sem dizer mais nem uma palavra. –

Vesti-me depressa, cada segundo perto daquela mulher só me deixava mais angustiada, e para me deixar mal já bastava os malditos efeitos da bebida na noite anterior. Estava cansada de guerrear com Ruby, isso era claro; Mas a desconfiança e o medo estavam sempre me acompanhando mentalmente e isso me fizera querer uma boa explicação antes de sair daquele ninho, onde estava quase por ser devorada por meus próprios instintos.

Belle: O que aconteceu ontem? – sussurrei levantando a cabeça e encarando-a de frente a porta. –

Ruby: Você bebeu demais, te trouxe pra cá porque temi que passasse mal à noite, vomitou no seu vestido por isso o tirei... me xingou de vadia até que finalmente dormiu. Precisei cuidar de você Bel, eu mesma! – seu rosto estava triste, Ruby parecia desconcertada. –

Belle: Você... você não me...

Ruby: Jamais faria algo com você bêbada, jamais te tocaria sem seu consentimento. – A morena me interrompeu de imediato, sua voz soou assustada, como quem tivesse medo do que eu pudesse acusa-la. Ruby poderia ter um zilhão de defeitos, mas jamais seria capaz de qualquer coisa desse tipo, sabia disso, o que me fez questionar o porquê perguntei. – 

Belle: Eu sei. – sorri de forma sutil, cansada. – Você jamais irá me tocar! E da próxima me deixe jogada no chão, mas não tente cuidar de mim, preciso de muitas coisas nessa vida, mas não preciso de você!

Foram palavras duras talvez, mas as mais honestas que havia dito desde que Ruby voltou para a cidade. Aprendi a viver sem sua presença e a correr atrás sem seu sorriso para me dar forças, talvez deva confessar que os sentimentos ainda estão vivos, bem vivos, mas não posso me permitir senti-los outra vez, até porque no fundo sabemos que a única coisa que a morena deseja é ter sua consciência limpa, nada além disso, então... não darei esse gosto a Ruby.

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Enquanto todos foram à praia decidi caminhar pelas docas, estava calmo e até mesmo o barulho dos barcos era relaxante. Estava com vergonha de todos, devo ter passado uma imagem desnecessária na noite anterior e servido Graham de mais motivos para agir como um otário.

XxXx: Posso acompanhar você? – ouvir aquela voz era um alivio, ao menos comparada a outras, era. –

Belle: Oi Zelena, achei que estava na praia com os outros. – A mulher passou a caminhar do meu lado, fitava o chão pensativa. –

Zelena: Você disse que viria pra cá e honestamente, achei muito mais tentador. Todos querem curtir a viajem, é bom, mas... Às vezes descansar é ainda melhor.

Belle: Tem toda razão! – A encarei de lado, não queria conversar com Zelena, queria apenas a sua presença. Sua atitude na reunião em que perdi as provas havia me deixado magoada.  –

Continuamos a caminhar em total silêncio até o fim de uma ponte de madeira onde muitas lanchas e pequenos barcos estacionavam nas laterais, sentamos com os pés na água, não me sentia calma assim desde o reencontro com aquela mulher.

Zelena: Acha que pode me responder uma pergunta? – “manda” sussurrei. – Você ficou muito estranha desde a chegada da reitora...  – a mulher olhou alguns segundos para o nada e puxou ar antes de prosseguir fazendo todo meu corpo tremer. – Porque tratou ela daquele jeito ontem à noite e ainda sim ela insistiu em te levar pro hotel?

Belle: Acho que a pergunta aqui é, porque desde a chegada dela você ficou tão dura comigo? Digo... Nunca pensei que você agiria daquele jeito na reunião.

Zelena: Isso não tem nada haver Bel, meu trabalho não tem nada haver com a gente, só quis ser justa, apenas isso. Se pareceu outra coisa, me desculpe! – Zelena apertou minha mão e sorriu, só havia uma pessoa nessa vida no qual eu reparava o sorriso, mas ali percebi que o de Zel era lindo. – Mas não entendo porque não responde a minha pergunta.

Belle: Sabe Zelena... Tem um livro que gostei bastante de ler, desses de adolescente sei lá, chama-se a seleção e havia um trecho que dizia o seguinte: “Quanto ao que tinha ficado para trás, decidi que era melhor assim: deixar para trás.” –

Zelena: Isso não responde a minha pergunta.

Belle: Nem as que têm feito a mim mesma.

Antes que qualquer coisa pudesse ser dita, todo o resto chegou para acompanhar o pôr do sol na ponte, os olhares de Ruby estavam estranhos, a mulher encarava Zelena constantemente, enquanto o sol nos deixava, David falava coisas que me deixara ainda mais triste. Encarei os olhos de Ruby algumas vezes, queria dizer algo, entretanto nenhuma palavra saia da minha boca e quando finalmente decidi puxar qualquer assunto, seus braços laçaram o corpo de Graham me deixando novamente sem nenhuma...palavra.