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História Pesadelo em Série - No meu limite


Escrita por: theweepingwillow , farofaye e _hollow

Capítulo 14 - No meu limite


Heloisa entrou no quarto e a porta foi fechada brutalmente não dando tempo de fugir. Todo o lugar era branco. Completamente branco. Sem janelas, nada. Com apenas a porta, uma cadeira no centro, e uma câmera no teto, também brancos. A claridade era forte e havia uma frase em vermelho na parede “Eu estou te vendo, vadia.” Que originalidade...

 “Por Favor, sente-se!” disse a voz irritantemente gentil.

   Foi até a maldita cadeira e percebeu que a mesma havia um tipo de “corda” que parecia mais um cinto, onde amarrava os pulsos da pessoa. Se arrepiou quando viu aquilo e foi dando passos para trás. E então a voz repetiu a frase. Mesmo morrendo de medo se sentou. Começou a tocar uma música antiga e irritantemente animada. Ficou naquilo por um bom tempo, apenas olhando para a porta esperando o seu fim, até que a música para de tocar e Heloisa começa a ouvir gritos vindo do corredor. Alguém gritava muito alto e parecia estar sofrendo. Devia ser apenas uma gravação, pensou revirando os olhos. “A” pensava que podia a enganar, mas ele não podia. Tentou ignorar os gritos, o que estava sendo difícil.

      Ela já estava naquele quarto a dois dias, a música alta não parava em momento algum e ela não conseguia dormir. A única coisa que ela comia era arroz. Sim, arroz. Três vezes por dia um prato branco, com talheres brancos com arroz aparecia na sua porta. Ela já estava cansada dessa cor. A noite quando a energia acabava, Mona não aparecia mais em seu quarto a chamando, nenhuma das meninas. Estava tudo silencioso.

    Heloisa ouviu passos vindo do corredor e logo a porta foi aberta. Era “A”. Sentiu um frio na barriga e medo percorrer por todo seu corpo. Logo a porta foi trancada e ele veio até ela amarrando os seus pulsos na cadeira. Heloisa estava cansada. Sem forças pra lutar. Por ela, ele poderia a matar ali mesmo, só ajudaria a acabar com o seu sofrimento. Nem teve a oportunidade de fugir, ele era muito mais forte que ela, e parecia estar furioso. Não havia saídas. Ele usava uma máscara preta que cobria todo o seu rosto e luvas também.

     “A” ligou alguma coisa que havia perto da cadeira e então começou a fazer um barulho estranho. Ela iria ser eletrocutada?!  A menina entrou em desespero e começou a se debater e gritar “não!” que nem uma louca. E então ouve um estalo. Heloisa sente uma lágrima rolar pela sua bochecha onde havia acabado de levar um tapa. E logo as suas lágrimas silenciosas foi virando um choro alto e com soluços. Chorou que nem uma criancinha, chorou o que eu não havia chorado a um bom tempo, chorou toda a dor que estava guardando dentro de si que tanto insistia em engolir. Uma voz gritava na sua mente “Não faça isso! Só fracos choram.”  “A” não se comoveu com isso, na verdade nem um pouco. Ele parecia estar se divertindo.

     E então Heloisa sente uma dor imensa, fazendo seu corpo se contorcer na cadeira. Gritou, gritou até não aguentar mais, até sua garganta arder. Os choques pararam. Mas a dor continuou ali. A escuridão a chamava… Ela já estava quase fechando os olhos quando recebe um soco. Seu nariz começou a sangrar e saia sangue pela sua boca também. O vestido branco que ela vestia já não era mais branco, e sim vermelho. Um vermelho que se misturava com a cor transparente das suas lágrimas.

   “A” deu as costas e saiu da sala logo trancando a porta. Heloisa ficou sozinha ali com toda sua dor e vergonha por ser tão fraca. Ela não conseguia pensar em nada. Apenas queria fugir dali e nunca mais voltar. Percebeu que toda vez que fechava os olhos por mais que 30 segundos a música que havia voltado a tocar aumentava mais e mais. E ela levava uma descarga elétrica fazendo com que acordasse novamente. Seus olhos ardiam, a garota não sabia se aguentaria mais um dia…  

   De  repente a música começa a ficar distante. Alguém baixou o volume? Começou a escutar gritos agonizantes de novo. Mas estes pareciam que estavam vindo de dentro do quarto. Olhou em volta e tudo o que eu via era branco. Franziu a testa. E então tudo apagou, todo o branco que ela via estava negro agora. Pequenas velas indicavam um caminho. Os gritos começaram a virar sussurros. “CORRA!” gritou uma voz distante. Heloisa fez o que ela mandou e começou a seguir o caminho de velas que havia em sua frente. O chão que pisava parecia a de uma floresta, tinha folhas e galhos. No fim do que parecia um corredor tinha uma porta entreaberta, uma luz muito forte vinha dela. Começou a correr em sua direção mas a cada passo que ela dava, mais longe parecia ficar e sangue se formava em volta dos seus pés que doíam demais. E então o corredor onde Heloisa estava se transformou em um penhasco que estava desmoronando, e a porta de saída estava do outro lado. Tomou impulso e sem pensar duas vezes, pulou. E então tudo ficou branco de novo…

  Sua respiração estava ofegante, e suor pingava de sua testa. Heloisa estava recebendo mais uma descarga elétrica. Seu grito era rouco, ela nem tinha mais forças para isso. A dor era imensa… Quando isso vai parar?

   Os choques já haviam parado e “A” já havia ido embora também, mas Heloisa continuava chorando. Ela só queria morrer… Porque ele não a matava logo?

  Começou a ouvir um choro, um choro familiar… Olhou para os lados à procura da pessoa e não acreditou quando viu… Era sua mãe e seu pai! Os reconheceu imediatamente mesmo estando de costas.

– MÃE?! PAI?! EI! EU ESTOU AQUI! – Gritou desesperada. Eles pareciam não a escutar. Heloisa começou a se remexer na cadeira na tentativa falha de ir até eles.

– MÃE?! NÃO ESTÁ ME OUVINDO? EU ESTOU AQUI! SOU EU, A SUA FILHA! POR QUE NÃO VENHAM AQUI ME AJUDAR?! Por favor…

  Eles continuavam chorando baixinho de costas para ela. Heloisa se inclinou tentando enxergar o que estava na frente deles e foi então que viu. Uma lápide. "Heloisa Lobos, 2000-2016." E então eles simplesmente desapareceram como uma névoa.


 Heloisa se perguntava o que estava acontecendo com si mesma, se era algum tipo de alucinação causada pela falta de sono.

                                 💡📽🎬

   Cinco dias. Já se faziam cinco dias que ela estava ali, cinco dias sem dormir levando descargas elétricas ou tapas na cara a cada vez que tentava fazer o mesmo. Heloisa estava no seu limite. Cinco dias sofrendo, com dores e sangue seco no rosto, comendo arroz que “A” fazia questão de a dar na boca. E escutando uma música chata e terrivelmente alta.

– Cara, não tem como escolher outra música não? Sério, cadê o bom gosto?! Tipo… O Justin Bieber! Ah, ele é tão lindo!

  “A” tinha até parado de a tratar como um bebê e ficou a encarando por alguns segundos. E depois se levantou indo embora, se recusando a acreditar.

                                💡📽🎬

    A porta é destrancada e uma fresta é aberta, mas ninguém entra por ela. As cordas que prendiam Heloisa na cadeira não existiam mais, se levantou indo hesitante até a porta a abrindo totalmente. Não existia mais o corredor escuro e assustador de antes, agora era uma floresta. Havia folhas esverdeadas por todo o chão e várias árvores altas por todo lado. Começou a ouvir risos de crianças ao longe. Elas pareciam estar felizes e brincando. “Mais um sonho?” pensou.

– Venha! Vamos brincar! Já estão todos te esperando…  - Disse a voz infantil e alegre um pouco distante. Heloisa correu em direção a voz.

– Onde você está? Não consigo te achar!  

– Você sabe onde estou! Venha…

    E então avistou uma cachoeira, correu até lá, mas não havia ninguém, nenhuma criança. As vozes tinham cessado. Escutou passos, virando rapidamente se deparou com Carl.

– Carl! – Gritou ela correndo em sua direção e abraçando o mesmo.

– Vamos embora daqui! Podemos ir para algum lugar e depois… – Ele disse animado, e então pegou na sua mão e começou a puxá-la para algum lugar.

– Carl… Tem um problema – Heloisa disse, seus olhos começaram a lacrimejar.

– O que foi?

– Você não é real. Isso não é real, nada disso é. E eu queria, nossa, como eu queria que isso fosse real! Mas não é…

 Heloisa começou a chorar descontroladamente e então Carl a abraçou, e ela sabia, sabia que aquele era o último abraço. Mesmo nada sendo real era reconfortante.

– Adeus, Carl. Eu só quero que saiba que eu nunca vou te esquecer, vou sempre me lembrar de você. Mas agora eu preciso ir. – E então Heloisa sorriu pela primeira vez de verdade depois de muito tempo. Ele retribuiu o sorriso. E então ela observou o garoto indo embora, até desaparecer.

De repente Heloisa sente alguém a puxando. Tentou se soltar, mas aquela coisa era forte demais. Todos sempre eram fortes demais, ela sempre era a fraca.

  Tarde demais, a menina é jogada na cachoeira. Heloisa sente a água chocando contra as suas costas, tentou se debater, mas em vão... Viu uma sombra parada na margem do rio, assistindo tudo de braços cruzados. Ela estava tão fraca, seus braços já estavam doendo. Logo foi afundando com a água entrando em seus pulmões. Socorro. Era o que ela pedia silenciosamente. Mas não havia ninguém ali para a salvar. Em um momento de desespero começou a implorar pela vida. Ela não merecia morrer daquela forma, ela não queria. Heloisa nem sabia porque estava fazendo aquilo, se nem mesmo queria viver, não se viver significasse voltar para a casa de bonecas.


 “Por favor, por favor, me acorde deste pesadelo! Eu só quero ir embora para casa… apenas me tire daqui…”

 “-Tem certeza? Quer mesmo fazer isso?” - Perguntou distante a mesma voz infantil que ela ouviu a chamar para brincar.

“Sim! Por favor…”


 De repente tudo fica preto, toda a dor some.


I’m a phoenix in the water, a fish that’s learnt to fly, but feathers are meant for the sky./ Eu sou uma fênix na água, um peixe que aprendeu a voar, mas penas foram feitas para o céu.

So I’m wishing, wishing further for the excitement to arrive. It’s just I’d rather be causing the chaos. Than laying at the sharp end of this knife./ Eu estou desejando, desejando além pela empolgação de chegar. É só que eu prefiro estar causando o caos do que deitar na ponta afiada desta faca.

With every small disaster, I’ll let the waters still take me away to some place real./ Com cada pequeno desastre, eu vou deixar as águas paradas me levar para algum lugar real.

‘Cause they say home is where your heart is set in stone, is where you go when you’re alone, is where you go to rest your bones./ Porque eles dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra, é onde você vai quando está sozinho, é onde você vai para descansar seus ossos.

It’s not just where you lay your head, it’s not just where you make your bed. As long as we’re together, does it matter where we go?Home, home… / Não é apenas onde você deita sua cabeça, não é apenas onde você faz sua cama. Contanto que estejamos juntos, importa pra onde vamos? Lar, lar…

So when I’m ready to be bolder and my cuts have healed with time. Comfort will rest on my shoulder... and I’ll bury my future behind./ Eu sempre irei lhe guardar comigo, você sempre estará em minha mente. Mas há um brilho nas sombras... E Eu nunca saberei se não tentar…

                 💡📽🎬


– Me tire daqui, por favor – Sussurrou Marcelly dando socos com as forças que a restavam.

Ela sabia que ninguém viria, que estava sozinha, precisou tentar por mais que fosse em vão. Olhou para o seu lado e encontrou o caderno, ela tinha feito desenhos e chegou a comer algumas folhas, era hora de repetir o ato, se esticou até alcançar o caderno, o colocou no colo e arrancou as folhas restantes, colocando-as na boca e engolindo, mas aquilo não adiantou, apenas a deixou com mais fome. Pegou a capa e escreveu um “vai se ferrar”, o deixando ao seu lado. Ela poderia morrer ali, mas não iria deixar “A” ganhar mais uma vez, já chega de perder, agora era sua vez de ganhar.

                                💡📽🎬

  O  tempo passou, Marcelly estava sem comer a 5 dias, mas aquilo iria acabar.

– Por favor, me tire daqui. Não aguento mais, por favor, por favor – Sussurrou e então ficou olhando para o quarto por alguns segundos, engatinhou até a mesa e pegou uma tesoura sem ponta que estava dentro do porta-lápis, era arriscado, mas ela precisava tentar – Tudo bem, você venceu, te espero no inferno.

     Ficou de frente para a câmera, posicionou a tesoura no seu pulso esquerdo e então perfurou sua pele, fazendo um corte horizontal, logo o sangue começou a escorrer pelo braço, mordeu os lábios para reprimir o gemido de dor e repetiu o ato no outro pulso. Pegou os desenhos que tinha feito de Laura e caiu no chão. As lembranças em sua mente vieram acompanhadas de lágrimas amargas de dor, olhou uma última vez para o desenho e sorriu.


      All alone in an empty room. Nothing left but the memories of when I had my best friend. I don't know how we ended up here… I don't know but it's never been so clear. We made a mistake, dear. And I see the broken glass in front of me. I see your shadow hanging over me. And your face, I can see… / Só em meu quarto vazio. Nada mais sobrou além das memórias de quando eu tinha minha melhor amiga. Eu não sei como terminamos aqui… Eu não sei mas isso nunca pareceu muito claro. Nós cometemos um erro, querida. E eu vejo o vidro quebrado a minha frente. Eu vejo sua sombra pairando sobre mim. E seu rosto, eu posso ver…

Through the trees, I will find you. I will heal the ruins left inside you. Cuz I'm still here breathing now… I'm still here breathing now… I'm still here breathing now. UntIl I'm set free. Go quiet through the trees. / Por entre as árvores, eu te encontrarei. Eu curarei as ruínas deixadas dentro de você. Porque eu ainda estou aqui, respirando agora… Eu ainda estou aqui, respirando agora. Eu ainda estou aqui, respirando agora… Até eu me libertar.
Vá calmo por entre as árvores.


   Fechou seus olhos, apenas para aguardar seu fim, de repente aquele chão já não parecia tão desconfortável. Olhou para a porta uma última vez, ela estava aberta, “A” estava se aproximando. Desistir, a palavra que soava docemente em sua cabeça, seria tão fácil desistir agora, seria bom desistir. Lutar, o oposto do que seu corpo pedia, o que a faria sofrer mais. Ela não tinha mais forças. Isso não era ela, isso era covarde demais para Marcelly. Reagir, era o que ela precisava fazer naquele momento, e quanto mais rápido, melhor.

I remember how we used to talk about the places we would go when we were off, and all that we were gonna find. And I remember watching our seeds grow and how you cried when you saw the first leaves show. The love was pouring from your eyes. / Eu me lembro como costumávamos conversar sobre os lugares que iríamos quando estivessemos fora, e tudo que íamos encontrar. E eu me lembro de como nossas sementes crescerem e como você chorou quando viu as primeiras folhas se mostrarem. O amor estava derramando dos seus olhos.

So can you see the branches hanging over me? Can you see the love you left inside of me? In my face, can you see?/ Então você pode ver os ramos suspendendo a minha volta? Pode ver o  amor que você deixou dentro de mim? No meu rosto, você pode ver?

   “A” havia cometido o pior erro de sua vida, mexer com suas amigas. Charles observava seu rosto, Marcelly abriu os olhos, acertando seu cotovelo no estômago de “A”.  Ele se afastou de imediato, mas aquilo não seria suficiente, então ela deu uma cabeçada nele.

   – Ai! Isso dói demais! – exclamou ela, colocando a mão em sua testa, Marcelly teria enxaqueca depois, mas aquilo não a preocupava.

    “A” logo a agarrou, a jogando na cama, ela continuou lutando, ele apertou seus pulsos, o que a fez soltar gritos de dor e a deu um pouco de tontura, enquanto ele tentava imobilizar suas pernas, Marcelly mordeu seu braço, soltando sua mão, ele tentou prende-la novamente mas ela conseguiu pegar o abajur e acertar em sua cabeça, “A” caiu em cima de Marcelly, batendo a testa na sua.

    – Seu cretino! – Acertou o abajur mais algumas vezes para garantir que ele não acordasse. Olhou para o chão e avistou a tesoura, abaixou rapidamente a pegando, transferido golpes em seu abdômen. Ela ia se vingar, por tudo o que ele tinha feito. Ele pagaria com a vida miserável que tinha.

Cuz you're not coming back? And you're not coming back. No-oo... No-oo... No...You're not coming back… You're not coming back… / Porque você não está voltando? Você não está voltando. Não… Não… Não...Você não está voltando...Você não está voltando…

Take my breath as your own, take my eyes to guide you home. / Tome meu fôlego como seu, tome meus olhos para guiar você para casa.

But you're not coming back and you're not coming back. Cuz you're not coming back? Until I'm set free. Go quiet through the trees./ Mas você não está voltando e você não está voltando. Porque você não está voltando? Até eu me libertar. Vá calma através das árvores.

   – Marcelly! – Sentiu uma mão tocar o seu ombro, se virou para trás e viu Hanna, ela a olhava assustada.

– Você matou...”A”?

– Ainda não terminei o trabalho.

– Você está pálida e suando. Vamos sair daqui!

– Não – Falou e viu Hanna se estremecer.

– Ele já está bem mal e... precisamos salvar as outras.

– Tudo bem… – Caminharam até a porta, Marcelly sentiu suas pernas falharem e sua visão ficou turva, Hanna a segurou, impedindo que ela caísse no chão.

– Seus pulsos… – ela disse observando os cortes.

– Precisamos salvar as garotas, lembra?

– Certo, você consegue ficar em pé? – Assentiu e Hanna a soltou, Marcelly se escorou na parede, esperando a tontura passar.



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