História Pesadelos e Sensações - Dia perfeito

         Era tudo completamente diferente dos meus pesadelos.

         Em vez de estar em um quarto escuro, era um quarto com iluminação suficiente;

         Em vez de estar presa na parede por correntes, eu estava presa contra ela por um corpo;

         Em vez de estar com o corpo e sentidos apagados, estava com o corpo ativo e os sentidos completamente ligados;

         Em vez de marcas de cortes que me causavam dor, logo iriam ficar marcas que representavam prazer;

         Em vez de dor, medo, agonia, sentia amor, prazer, desejo.

         Já deitada na cama e seu corpo por cima do meu, uma trilha de beijos era deixada entre meus seios, pescoço e boca. Isso estava me matando. Havia apenas a barreira dos finos tecidos de nossas peças intimas nos impedindo, mas foi questão de segundos para ela deixar existir...

         Sentia nossas intimidades roçando uma na outra, o que fazia eu ficar cada vez mais excitada. Logo senti sua boca em meu ouvido:

         - Você tem certeza disso?

         Não tive como falar, apenas assentir.

         Senti ele me invadindo. Logo que ficou completamente dentro de mim, uma dor me possuiu. Parecia estar me rasgando ao meio, parecia que estavam puxando cada metade minha para um lado diferente. Mas com seus movimentos, como se fosse mágica, ela foi se encerrando e dando lugar a um prazer inexplicável.

         Cada movimento me fazia querer mais, eu estava completamente molhada e extasiada. Logo meu corpo me deu um sinal de que uma sensação completamente diferente de tudo ia tomar conta de mim.

         Meu corpo desligou da terra por um momento. Gozei. A única coisa que consegui fazer foi gemer:

         - AH... Daniel...

         O seu corpo desabou sobre o meu, sua mão estava indo em direção a minha. Uma escuridão foi tomando conta do lugar até que ela se fez presente por completo.

.  .  .

         Os raios de sol logo bateram em meu rosto me fazendo despertar. Estava meio molenga por conta do sono, mas assim que lembrei do meu sonho a preguiça foi embora, dando lugar a um sorriso bobo e bochechas coradas. Comecei a me sentir completamente disposta.

         Fui no banheiro, fiz xixi e em seguida comecei a escovar os dentes, enquanto escovava me olhava no reflexo do espelho, eu parecia estar enxergando outra pessoa. Bem mais alegre e sorridente.

         Vi Lia encostada na porta enquanto me olhava fixamente. Fiz o ultimo bochecho e falei com ela:

         - Bom dia Lia!

         - Então, sua noite com o Daniel foi boa?

         - O QUÊ?

         Só pude ficar espantada. Como ela estava sabendo daquilo? Eu queria guardar segredo, queria que fosse algo só meu:

         - Como você sabe?

         - Eu acordei no meio da madrugada para tomar água, e quando voltei para o quarto eu ouvi você gemendo. Você sabe que eu sou curiosa, então fiquei acordada te observando até você ficar quieta.

         Fiquei completamente envergonhada. Ela queria saber tudo o que aconteceu, como não havia chances de eu ficar quieta, acabei contando. Lia me lançava olhares maliciosos a cada 2 palavras e eu ia ficando de branca para vermelha.

         Um pensamento me veio a cabeça e começou a me incomodar mas não tinha acordado com nenhuma dor. Será que realmente aconteceu? :

         - Lia.

         - Diga.

         - Você acha que com esse sonho... Eu realmente perdi a virgindade?

         Esse era um fato importante na nossa amizade. Eu, Lia e Rick fizemos uma promessa. Um pacto. Quando beijássemos pela primeira vez, era para contar, e quando tivéssemos a nossa primeira vez, também era para contar. Lia foi a primeira a falar do beijo, logo fui eu e depois o Rick. Rick foi o único que tinha perdido a virgindade entre nós três. Aconteceu, de acordo com ele, no meio do ano passado:

         - Acho que não. Quando você se machuca, fica apenas com cortes superficiais, então acho que você não perdeu. Até porque se você perdesse, teria que contar que perdeu em um sonho. Já pensou o Rick ouvindo isso?

         Foi impossível não gargalhar, realmente ia ser estranho. Eu sabia que ele ia ficar com raiva e "contente", mas logo sua mente daria um nó. Uma ideia me passou pela cabeça:

         - O quê acha de irmos na casa do Rick hoje a tarde?

         - Vamos sim! Aquele nojento não mandou nada no whats.

.  .  .

         - Lia, é melhor a gente não contar nada para ele. Você sabe o show que ele ia fazer.

         - Não se preocupe, pensei nisso também.

         Logo chegamos na casa dele, tocamos a campainha e a mãe dele atendeu:

         - Oi tia Clara!

         - Meninas! Que saudade de vocês. Venham entrem.

         Cumprimentamos ela e entramos, fazia um tempinho que não íamos ali:

         - Ele esta lá em cima no quarto.

         Subimos as escadas silenciosamente, resolvemos dar um susto nele, com sorte iriamos conseguir. A porta estava aberta, o que facilitou muito. Estava de costas, sem camisa, mexendo no computador. Chegamos mais perto, fazíamos o sinal de contagem regressiva com os dedos. 1... 2... 3:

         - BUUU!!

         - AH, caralho!

         Começamos a rir feito duas loucas, a cara dele foi impagável:

         - Precisavam fazer isso?

         - Ai, desculpa!

         Dei um abraço nele e espalhei seus cabelos pretos, Lia fez a mesma coisa e logo já estávamos acomodadas em sua cama conversando:

         - E então. O quê vieram fazer aqui?

         - Você é um amigo desnaturado que nem sequer mandou uma mensagem que fosse para a gente. O quê diz em sua defesa?

         - Não fala nada. Eu te mandei uma mensagem sexta de manhã avisando que eu não ia.

         - Mas depois disso sumiu.

         - É que sexta eu tinha ficado podre da gripe, ontem eu melhorei um pouco e hoje só me sobrou um resfriado e um pouco de dor de cabeça. Não tive tempo de mandar mensagem nenhuma.

         - Ok, me convenceu. Mas não 100%

         Ficamos lá até tarde e por fim acabamos jantando junto com eles. Minha mãe nos buscou, Lia ainda precisava arrumar suas coisas que estavam lá em casa.

         Hoje o dia tinha sido mais que perfeito.