História Pesadelos e Sensações - Parabéns

         O relógio estava ao meu favor, marcava 2h da manhã. Com um pouco de esforço que fiz consegui entrar no mundo dos sonhos novamente, porém o clima já não era de conforto.

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         Zumbidos um tanto incômodos invadiam meus ouvidos atrapalhando meu sono que pareceu ter apenas 5 minutos, mas o incomodo logo sumiu assim que os barulhos ficaram audíveis:

         -... Nessa data querida,...

         Estavam me acordando com parabéns. Tinha alguns anos que eles não faziam isso, mas quando faziam eu simplesmente adorava. Já estava completamente acordada e com um sorriso bobo na cara esperando o parabéns acabar. Como de costume, minha mãe segurava um cupcake e meu pai o embrulho. Me sentia de volta com meus 8 anos:

         -... Muitos anos de vida. Uhulll!!

         Assovios e gritos preenchiam o quarto que a pouco tempo estava silenciosos e sombrio, dando um clima alegre e descontraído. Minha mãe já havia apoiado o cupcake na mesinha de cabeceira e aberto os braços para me receber:

         - Parabéns, filha!

         - Obrigada, mãe!

         Desvencilhei-me de seus braços e fui para meu pai, ignorei completamente o pacote em sua mão e o apertei:

         - Parabéns minha Dith!

         - Obrigada, pai!

         Esse era seu apelido, exclusivamente seu. Med era usado para todos, mas ele sempre quis um só para ele e ‘Dith’ foi a solução:

         - Espero que goste do presente.

         Rapidamente já estava rasgando o embrulho que estava um pouco amassado, provavelmente por já estar guardado a um bom tempo. Me deparei com um livro que estava querendo faz muito tempo ‘Felizes para sempre – Kiera Cass’. Quem me conhecia muito bem sabia que ler era uma das minhas muitas paixões. Me agarrei aos dois agradecendo pelo presente. Peguei meu cupcake, prestes a dar uma mordida minha mãe pergunta:

         - Dormiu bem filha?

         - Mais ou menos.

         - Você teve um pesadelo?

         - Sim... Mas eu não vou deixar isso me atrapalhar, esse é e vai ser um dos dias mais felizes da minha vida.

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         Foi bom meus pais terem me acordado, apesar de ter sido uma manhã extremamente feliz, se eles não me chamassem eu iria dormir até tarde e meus convidados já estariam todos aqui.

         Não demorou muito e a campainha tocou, minha tia junto do meu tio e primos chegaram animados como sempre. Me deram parabéns e entregaram um pequeno envelope, isso significava uma coisa. Dinheiro. Iria ser bom para adicionar mais conteúdo a minha biblioteca.

         Aos poucos todos os convidados foram chegando, todos me dando os parabéns e se dirigindo para a área de festas, Lia me vendo já me sufocou como todo o ano e Rick não deixou de fazer o mesmo, todos já haviam chegado, menos Daniel. Será que ele não iria vir? Mas ele me disse que compareceria. A campainha toca e me apresso a atender. Abrindo, me dou de cara com um Daniel muito lindo e muito bem arrumado:

         - Achei que não fosse vir.

         - Eu disse que viria. Parabéns!

         O abracei como gesto para demonstrar minha felicidade ao ver ele ali. Não queria o soltar tão cedo, mas era preciso. Ele me estendeu uma sacolinha e dentro dela tinha uma caixinha de tamanho medio:

         - Espero que goste.

         Sorri timidamente. Abrindo a caixinha me deparo com uma linda correntinha prata com um pingente de lua, era discreto, porém simples e muito lindo. Peguei na mão e admirei mais de perto, uma sensação gostosa me arrepiou, era a mesma da sala:

         - É muito lindo.

         - Quando eu vi esse pingente precisei comprar. Achei que ele pudesse te passar segurança quando eu não estiver por perto para te dar a mão.

         - Obrigado! Você pode colocar para mim?

         Coloquei a correntinha em sua mão e ergui o cabelo, seus dedos encostaram na minha nuca me provocando um arrepiozinho gostoso.

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         O ambiente estava aconchegante, o almoço delicioso e o papo fluindo muito bem, apresentei Daniel para minha família, todos gostaram dele e o que não faltou foi olhares maliciosos para cima de mim.

         Com tudo indo muito bem o tempo passou rápido e logo estávamos indo cantar parabéns, eu sabia o que vinha pela frente e já estava preparada psicologicamente:

        - Parabéns para você, hey, nessa...

E assim foi indo, eu estava muito contente com tudo, o parabéns estava perfeito, todos ali presentes pareciam se divertir, mas um dos meus pesadelos estava chegando:

- Com quem será? Com quem será?...

Não pude deixar de corar e ficar nervosa, eu sabia com quem eles iam cantar, mais um motivo para ficar envergonhada:

-... Vai depender se o Daniel vai querer!!!

Aplausos, assovios e gritos ecoavam pelo local me deixando cada vez mas vermelha, porém aconteceu uma coisa que eu nunca esperaria. Daniel vinha se aproximando por trás de mim e envolveu seus braços por cima de meus ombros. Mais gritos, mais assovios, mais aplausos. Aos poucos todos foram se afastando e ele ainda não tinha me soltado, um arrepio veio pelo meu corpo quando ele sussurrou em meu ouvido:

- Olha, para casar é muito cedo, mas a gente pode namorar.

- Você ta brincando né?

- Por que eu iria brincar com uma coisa dessas?

Me espantei com isso, tentei manter a calma. Ele me soltou e voltamos para a mesa, porém antes de sentar puxei a Lia até a piscina, precisava conversar:

- O que foi?

Falei para ela que só me olhava com alegria e um brilho nos olhos sem igual, ela realmente acreditava que isso não era brincadeira. Voltando para a mesa, essa ideia ficou batendo forte na cabeça. Precisava saber se era verdade.

Decidi esperar mais um pouco da festa para poder conversar, acho que estava meio insegura de perguntar. Tinha medo de pagar algum mico por ter entendido uma brincadeira como algo sério:

- Daniel, preciso falar com você, vem!

Já um pouco afastado de tudo retirei coragem da onde não tinha e falei:

- Você realmente estava falando sério?

- Digo e repito, por que eu brincaria com uma coisa dessas?

- Então... se eu falar não?

- A gente toca a amizade em frente.

- E se eu  falar sim?

- Te beijo agora mesmo e logo depois tiro você do chão e te rodo.

Era algo importante para processar. Procurei em seu olhar qualquer resquício de brincadeira ou palhaçada, mas tudo que vi foi brilho e expectativa. Eu só tinha uma resposta:

- Sim.

Não deu tempo de raciocinar, eu já estava o beijando com vontade, sentimos falta do ar e logo estava sendo rodada ao meio de risadas e felicidade. Foi nesse momento que percebi. A sensação que eu insistia dizer que tomou conta da sala, na verdade, era minha, mas ela era forte demais para caber em mim. Ali eu tive certeza disso.

Voltamos para a mesa recebendo um, FINALMETE!

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         Aos poucos o assunto se espalhou pela festa toda, todos já estavam muito bem informados. Eu pegava um refrigerante quando mãos encontraram a minha cintura:

         - Será que a gente podia ficar um pouco sozinhos.

         - Podemos sim.

         Fomos para dentro de casa e nos jogamos no sofá, apenas curtindo essa nova sensação. Era meio estranho tudo isso, mas eu estava adorando a ideia:

         - Meio estranho tudo isso né?

         - O que?

         - Nós. A gente se conhece a pouco mais de um mês e já estamos aqui.

         - Pra você isso é um problema?

         - Não, só é meio loucura, mas uma boa loucura.

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         A festa praticamente já estava acabada, estava apenas eu, Daniel e um casal de tios meu.

         Nesse momento eu apenas curtia o inicio do namoro, não queria saber dos 4 convidados que ainda restavam, queria penas saber de seus beijos e suas palavras. Nesse momento era o que mais me interessava.

         Mas não demorou muito para que todos fossem embora, inclusive ele:

         - Queria que essa tarde tivesse durado mais.

         - Eu também, porém tenho que ir para casa.

         - Então... Tchau.

         - Tchau.

         E com um beijo a festa mais maravilhosa de todas se encerrou.