História Pesadelos e Sensações - Refúgio

         Sabe a sensação de ansiedade quando você vai experimentar algo novo? Eu to exatamente assim. Nunca achei que ficaria tão ansiosa para ir para a aula como hoje.

         Os machucados do meu corpo já haviam sumido pouca coisa, tentei esconder o da minha testa, mas ele ainda continuava visível. Tentei não ligar para isso, desci as escadas correndo e tomei meu café na pressa. Maldita/ bendita felicidade.

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         Fui para de baixo da minha árvore, precisava de sombra e paz para tentar apagar toda a euforia que estava em mim, para mim ainda é meio surreal essa de namoro, nunca achei que o começo pudesse ser baseado na pura ansiedade.

         Olhando para frente, vi ele se aproximando, aposto todas as minhas fichas de que eu estava com cara de retardada. Ele chegou bem perto beijou minha bochecha e ficou me encarando:

         - Bom dia!

         - Bom dia.

         - O que foi?

         - Só para constar, não quero esconder nosso namoro, ok?

         - Ótimo.

         Selinho. Até parece que eu ia deixar de aproveitar o meu namorado por que não queria que os outros soubessem, meninas que fazem isso devem ter algum problema mental:

         - O que é isso na sua testa?

         Seu tom de preocupação é óbvio, eu poderia mentir e inventar mil desculpas, mas isso seria ridículo entre a gente:

         - Pesadelo.

         - Só na testa?

         Neguei com a cabeça deixando uma lágrima solitária escorrer pelo lado direito de meu rosto. Daniel cruzou uma mão com a minha e a outra envolveu meu ombro. Ali, agora, era um de meus refúgios. Antes achava que tinha somente um refúgio, agora vejo o quanto estava enganada esse tempo inteiro:

         - Desculpa interromper o casal, mas nós estamos aqui agora.

         - Nossa que ciumento esse menino.

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         A aula estava um saco, eu só conseguia pensar no que conquistei nesse tempo e nos refúgios que consegui criar. Antes eu achava que o único que existia era a solidão, me isolar de tudo e de todos para me calmar. Já hoje em dia, eu possuo 5 refúgios.

         A música me ajuda a relaxar, as letras e melodias me fazem obter uma calma. Ela me leva para outro mundo, onde meus problemas são apenas rabiscos em um papel rascunho que logo vão ser descartados, e apenas a música é minha vida, minha história, meu mundo só meu.

         A família até a pouco tempo eu não considerava, justo por ser algo que já era meu. Pois ai que eu me enganei. Quando você tem confiança nas pessoas que você convive, pode se contar tudo para elas que elas vão te apoiar. Apesar da minha ser bem brincalhona, ela sabe levar algo a sério quando é para ser, e ela sabe ajudar.

         Amigos. Não tem nem o que falar. Eles são a nossa segunda família, eles sabem os seus segredos mais profundos, eles tem o poder de com apenas um abraço jogar todos seus problemas para longe por um dia, apesar dos desentendimentos de vez em quando, é isso que fortalece a amizade, as diferenças, as coisas novas que você vai aprender com a outra pessoa. Isso cria a base da confiança em sua vida.

         Um objeto pode significar muita coisa. O meu pingente é proteção. Quando não tenho Daniel por perto, é isso que traz a paz de volta ao meu corpo, é isso que me lembra de que tenho alguém especial do meu lado, é isso que me faz relaxar depois de uma noite tenebrosa e sofrida, é isso que me traz a luz na escuridão.

         Daniel. Um refúgio importante. Acho que o mais importante de todos. Ele é a pessoa com quem tenho e vou passar a ter maior intimidade do que com qualquer outra. É para ele que eu posso contar os detalhes mais toscos da minha vida e fazer isso se tornar importante. É para ele que meus medos vão ser direcionados, e é ele que vai defender e me ajudar a superar eles. É para ele que meus beijos são dedicados. Só não sei ao certo dizer... se meu amor também é dele.

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         Lia e Rick pegavam o lanche enquanto eu ficava abraçada ao Daniel na mesa. Naquele momento eu precisava disso, os traumas da noite passada tinham sido grandes. Cutucava meu pingente quando ele fala bem baixinho próximo de mim:

         - Ah, tenho que te falar uma coisa.

         - O que?

         - Vamos dizer que eu falei do nosso namoro para meus pais... E eles querem te conhecer.

         Rapidamente me ajeitei na cadeira e olhei fundo em seus olhos. Ele já conhecia meus pais por conta do meu aniversário, apesar de eles mal terem conversado, e lá foi o nosso primeiro dia de namoro, acho que com apenas uma semana ou talvez até menos não iria ter problema nenhum:

         - Olha eu sei que não temos nem uma semana de namoro, mas é que minha mãe se empolga um pouco e...

         - Claro que eu quero conhecer seus pais, afinal você conheceu os meus no primeiro dia.

         - Verdade. Bom o que você acha desse sábado? Minha mãe vai me encher muito se demorar demais.

         - Acho ótimo.

         Lhe dei um beijinho rápido:

         - Por favor evitem fazer isso na minha frente.

         - Rick, quieto! Você não vai controlar o namoro dos dois.

         Ele a imitou fazendo careta, me fazendo dar uma risada:

         - Então Med, vamos ao shopping esse sábado?

         - Desculpa Lia, mas não vai dar. Tenho compromisso.

         - Ué, que compromisso?

         Daniel passou seu braço por meus ombros e olhou pra ela:

         - A minha Med vai conhecer os seus sogros.

         Minha? Eu ouvi bem? Nossa, devo ter ficado cor de sangue, Daniel nunca tinha me chamado assim. Minha Med. Acho que vou começar a ficar mal acostumada com esse carinho todo aparecendo aos poucos.

         Óbvio que isso gerou gritos de Lia e ciúmes de Rick, mas nada que não pudesse ser controlado. O dia não poderia ter sido melhor.

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                   ‘Pena que você não vai poder ir

                   no shopping comigo :(

                   mas já chamei o Rick, kkk, boa

                   sorte amanhã, bjs’

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                   ‘Aff, ainda não acredito que você

                   não vai no shopping com ela. Vou ter

                   que segurar as sacolas e ouvir ela

                   reclamando. Ta me devendo uma!’

.  .  .

                  ‘ O Rick já veio reclamar comigo da

                   minha brilhante ideia, não para de

                   me mandar mensagem, kkk.

                   Ele que se vire agora.’

                   ‘Ah, vou te passar o endereço.’