História Pesadelos e Sensações - Eu não consigo

         Era escuro, frio e triste. O chão gelado encostando em minha pele causava arrepios, não tinha nem se quer forças para me mexer. Mas isso tudo mudou quando eu escutei barulhos do lado de fora, foi ai que eu comecei a reparar. Não estava presa, não havia instrumentos, não tinha dor, apenas o escuro preenchendo a sala.

         A curiosidade estava me motivando, foi ela que me fez criar coragem de levantar e caminhar até a porta para, quem sabe, descobrir o que estava acontecendo. Os barulhos, a cada passo, ficavam mais nítidos. Eram risadas.

         Segurava o trinco da porta um tanto apreensiva, naquele lugar tudo me dava medo, era sempre uma incerteza a cada passo dado. Abrindo a porta me deparo com um corredor, era completamente branco, chegava a doer os olhos, havia apenas duas portas naquele lugar, a minha e outra logo a frente. Os risos ficaram pouco mais nítidos.

         Segui os risos para onde quer que eles me levassem, virei a esquerda no corredor e me deparo com respingos vermelhos pela parede, mais a frente percebo que tem algo pintado nela... ‘...não importa...’. Sai correndo em toda velocidade que adquiri, não aguentaria ficar lendo aquilo.

         Segui em frente desesperada, só queria não olhar mais para aquilo. Paro. Fabiana e Rodrigo estão parados lado a lado, estão vestidos de branco e seguravam lâminas em suas mãos, estavam com sorrisos diabólicos:

         -... Não importa...

         Só tive tempo de soltar um grito. Suas gargantas espirravam sangue para tudo quanto era lado, o branco ia sumindo e o vermelho ganhava cor. Já estava correndo novamente, virei mais uma vez à esquerda e no final dei de cara com meus pais.

         Também estavam de branco, segurando lâminas e sorrindo. Por que estavam ali?:

-... Não importa...

 Mais uma vez, sangue. Mais uma vez, correria. Virei a direta, e ao final do corredor estavam Lia e Rick. Igual aos outros:

-... Não importa...

Não, era muito para minha cabeça, não aguentava mais. Sentei no canto do corredor e desabei em lágrimas, o peito doía e já não conseguia ver mais nada, minha vista estava embaçada. Como pude perder todos que eu amava em apenas um sonho?

Uma luz me bateu quando percebi uma coisa... Onde está o Daniel? Estava desesperada com a ideia de que ele pudesse estar por ali, talvez sendo torturado por aquela sombra. Andei desnorteada por corredores e mais corredores, até ver algo que eu nunca esperaria. A sombra e Daniel estavam parados um ao lado do outro, sorrindo.

Daniel tinha outro olhar, não era doce e sensível, era amargo e debochado, a sombra o acompanhava. Mas tinha uma coisa diferente. Daniel estava como todos os outros, mas a sombra continuava a mesma, por que ela não mudou? Por que ela ainda está como sempre? E por que esse interesse em ficar ao lado de Dnaiel?:

-... Não importa...

O corredor novamente se banhou em sague, tanto de Daniel quanto o da sombra. Era horrível, minha cabeça não aguentava precisava sair, precisava ir embora:

- Eu não consigo, preciso ir, eu não consigo...

.  .  .

         -... Preciso ir...

         - Med.

         -... Eu não consigo...

         - MEDDIE!

         Me agarrei a primeira coisa que vi quando acordei, claro que foi Daniel. Apertei ele muito forte, e o mesmo retribuiu na mesma intensidade. Agora eu estava segura, agora eu sabia que aquilo não passava de apenas um pesadelo, agora eu sabia que podia seguir em frente.

         Depois de ficarmos ali, olhei para seu pescoço. E não tinha marca alguma. Obviamente fiquei aliviada, mas ao mesmo tempo era muito estranho. Por que ele não era afetado?