História Pesadelos e Sensações - Colega

Essa noite eu não tive pesadelos, mas os sussurros tomaram conta da minha cabeça, tinha perdido a conta de quantas vezes eu tinha acordado naquela noite.

         Ali sentada no cantinho da arquibancada (meu segundo ligar favorito), com os olhos fechados, a música wath's up ecoava pelos meus ouvidos através do fone, me ajudando a esquecer dos meus problemas.

         Sinto cutucadas em meu ombro, abro os olhos e vejo uma pessoa completamente inesperada:

         - Meredith, né?

         - Por favor, não me chame pelo meu nome. É Med.

         - Prazer Med...

         Ele estende sua mão e eu a aperto:

         - Meu nome é Daniel, mas acho que você já sabe...

         Dei apenas uma risadinha. Alunos novos eram muito comentados, tanto entre a escola com entre a turma:

         - Então, como eu sou novo aqui, não conheço nada da escola, e como você é a única da turma que eu vi, achei que poderia me mostrar.

         Pensei por um instante, ia ser ótimo me distrair com algo que não fosse música:

         - Claro, vamos lá.

         Pelo menos minha mania de chegar cedo serviu para alguma coisa. Mostrei o principal pare ele e depois fomos caminhar em volta da quadra.

         Era legal conversar com ele, a maioria de seus comentários eram muito engraçados. Estava me divertindo.

         Parei. Não. Aquilo não podia ser verdade, como é possível? Eu só posso estar louca, só pode... hey... hey...

         - Hey... Med!

         - Hã?... ah, desculpa.

         - Tudo bem?

         - Tudo sim, vamos.

         Por sorte estava com Daniel, olhei para o outro lado da quadra novamente, ele não estava mais lá. Como e possível o mesmo homem dos meus pesadelos estar lá? Parado do outro lado da quadra? O medo, por um segundo, tomou conta de mim, e se não fosse pela companhia de Daniel eu estaria ali, paralisada, olhando fixo para aquela figura.

.  .  .

         As palavras do professor durante a aula serviram como distração, apenas para a minha mente, meu corpo não acompanhava.

         Estava de cabeça baixa.

         Tinha medo de olhar para o lado e ver aquele homem parado no vidro da porta, ou virar a cabeça para a janela e ver o mesmo no outro lado do campo.

.  .  .

         - Preciso contar uma coisa para vocês.

         - O quê foi Med? Conta.

         Rick já me puxava pelo braço fazendo eu me sentar entre eles. Respirei fundo e comecei a contar.

         Contei sobre os sussurros durante a noite, sobre a figura no outro lado da quadra. O medo transpareceu mais do que eu queria em minha voz, e algumas palavras eram quase inaudíveis.

         Lia, sem perceber, apertava minha mão com força e Rick apenas segurava a outra:

         - Meu deus que horror. Como você aguenta isso? Eu já estaria em um hospício se fosse comigo.

         Vi sua tentativa de piada, ri pelo nariz. Dei de ombros, eu realmente não sabia como aguentava:

         - Olha para te ajudar a esquecer isso, que tal você dormir lá em casa esse final de semana?

         Apenas concordei com a cabeça:

         - Obrigada por lembrar de mim!

O tom que Rick usou, fingindo indignação, me fez rir levemente. Lia fez uma bolinha com o guardanapo e jogou nele. Adoro ver os dois brigando:

- Agora vamos falar de coisas boas, vai conta.

         Achei que ela estava falando com Rick, mas sua cara estava concentrada em mim trazendo em seu rosto uma carinha maliciosa:

         - O quê foi? Não tenho nada para contar.

         - Aham, nada, sei!

         Fiquei meio confusa, eu realmente não sabia do que estava falando, ela se endireitou na cadeira e veio falando:

         - Quando ia contar para a gente que antes da aula começar, você estava andando para lá e para cá com o Daniel?

         Ah, agora está explicado, era isso que ela queria saber:

         - Eu só mostrei a escola para ele, nada demais.

         - Eu não gostei desse Daniel.

         Outra bolinha de guardanapo voou nele:

         - Você não gosta que nenhum garoto chegue perto da gente, Rick!

 Peguei um suco que estava em cima da mesa, não queria saber de era, apenas fiquei tomando e observando a briga dos dois, isso sempre me divertia e fazia com que eu soltasse varias risadas, algumas chamavam a atenção das pessoas, mas eu não ligava.