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História Pétala - Capítulo Único - Late.


Escrita por: snowdaysz

Notas do Autor


Olá!
Ah, finalmente estou postando Pétala~
Espero que gostem, boa leitura!
Obs: recomendo que ouçam "Evanescence - My Immortal (No Guitars)" durante a leitura.

Capítulo 1 - Capítulo Único - Late.


Surpreendentemente, Namjoon despertara cedo naquele domingo fatídico. Era Jimin ligando para o que tinha os fios rosados, e o celular o acordou, uma raridade para quem tinha o sono pesado como o rapaz. Assim que atendeu, o mais novo riu de sua voz grogue de sono, e tal som fez o mais velho da chamada despertar de vez. Bocejou, suspirando em seguida.

- Oi, Jimin. São oito da manhã de um domingo, o que diabos quer me ligando agora?

- Obrigado pela parte que me toca, hyung! E quero ir ao cinema. Jungkookie não pode hoje, o que faço? – indagou o mais novo, manhoso.

- O que já fez, né? Chamar seu pobre amigo que só queria descansar um pouco num domingo depois de um sábado de maratona de séries o dia todo...

- Vai ou não? – insistiu o Park.

- Tenho escolha? – brincou Namjoon. – Já sabe o filme e horário?

- Sei sim, estou com o site do cinema aberto no computador – informou o dongsaeng do rosado. – Vejamos... Legendado, certo...? Tá, há uma sessão às... 16h45 pode ser? É de um filme de suspense novo... Aceita? – pediu.

- Tá bem. Mas podia ter me ligado mais tarde e não oito da manhã... – reclamou o mais velho. Jimin riu.

- Para de ser um velho reclamão e vem pra minha casa agora – solicitou. – Mamãe tá te chamando pra almoçar aqui.

- Continuam sendo oito da manhã, Jimin...

- Vem logo! – exigiu.

Namjoon sequer respondeu, apenas desligou e deitou de novo na cama. Iria levantar por volta de onze da manhã e chegar à casa daquele baixinho perto de meio-dia, o suficiente para almoçar, dar um tempo com o amigo e ir para o cinema. E, depois de pelo menos quinze minutos se revirando nos lençóis, não obteve o desejado sono, e sim uma cama totalmente bagunçada.

Bufou, levantando-se de uma vez. Enquanto amaldiçoava Jimin e as dez gerações seguintes da família Park, arrumou a cama, para evitar mais uma discussão corriqueira com sua mãe. Agarrou a toalha que se encontrava estendida em cima da cadeira de sua escrivaninha e entrou no banheiro, tomando uma ducha rápida. Ao sair do banheiro, vestiu uma boxer e uma calça jeans preta com os joelhos rasgados, completando a vestimenta com uma camiseta azul-petróleo e seus tênis preferidos. Os fios cor de rosa ainda pingavam, então a toalha branca com detalhes verde-exército foi pega novamente para ajudar na secagem do cabelo. Segundos depois, as mechas estavam organizadamente bagunçadas, então o rapaz se sentiu seguro para sair. Pegou uma maçã e saiu da casa, avisando a mãe aos gritos que estava saindo. A senhora mandou apenas que ele se cuidasse, e ao confirmar, Namjoon fechou a porta da frente e se dirigiu à casa do amigo mais novo.

Ao chegar ao prédio em que Jimin morava, Namjoon cumprimentou o porteiro e observou no relógio da portaria que eram quase dez horas. Pressionou o botão do elevador e esperou a caixa metálica chegar, fato que aconteceu em cerca de trinta segundos. O prédio de seu amigo era muito alto, então o elevador deveria se encontrar além do décimo andar.

O aparelho chegou, e Namjoon entrou, pressionando o botão do décimo sétimo andar. Pegou o celular e abriu o aplicativo de mensagens. Abriu as conversas em grupo – fechando-as sem realmente ler nenhuma mensagem – e viu que Seokjin tinha alterado sua foto de perfil. Era apenas uma flor, uma delicada flor cercada por algumas pétalas, na palma de uma mão que parecia a dele próprio. Namjoon não se lembrava de ocasião alguma em que Seokjin tivesse citado um gosto por plantas, mas deixou aquilo para lá, devia ser algum tipo de referência a filme ou algo do tipo.

As portas se abriram e o rosado saiu do elevador, tocando a campainha do apartamento do amigo em seguida. Jimin logo abriu a porta, apresentando um eye-smile ao colega.

- Você veio! Achei que ia me deixar esperando pra sempre – brincou. – Mamãe já estava enlouquecida perguntando sobre o terceiro filho dela – completou, saindo da frente da porta e dando espaço para seu hyung passar.

- Eu ainda tentei dormir depois que você me ligou – informou Namjoon, entrando na casa que já conhecia tão bem. - Por isso demorei.

Continuaram conversando bobagens até a hora do almoço, quando a Sra. Park chamou os dois rapazes para almoçar. As refeições preparadas por ela eram excepcionalmente boas, só não tão boas quanto as de Seokjin – a comida preparada pelo Kim era mais do que deliciosa. Deus, como Namjoon amava os pratos preparados por ele!

[...]

Horas depois, o róseo saía de uma lanchonete rapidamente, desacompanhado de Jimin, que ficaria lá esperando seu irmão Hoseok ir busca-lo. Durante a sessão, Jin tinha enviado uma mensagem de “mayday” para Namjoon, o que com certeza significava uma emergência na qual o amigo precisava estar presente. Mensagens como aquela já tinham designado emergências médicas com os pais de Namjoon viajando, falta de luz na casa de um deles e até mesmo quando Namjoon quebrou o vidro do perfume mais caro de sua mãe e Seokjin apareceu lá com um frasco novo em folha da mesma fragrância. Até o presente, a mãe do mais novo nunca suspeitara de nada – ou pelo menos nunca dissera isso.

A lanchonete ficava a aproximadamente meia hora de carro da casa de Seokjin, então Namjoon optou por chamar um táxi, que demoraria menos que um metrô ou ônibus, os dois últimos podendo chegar a uma hora de locomoção. Apenas ao entrar no carro que o rapaz pensou em olhar as horas, e sentiu a preocupação como um soco no estômago. A mensagem tinha sido enviada quase três horas antes – o filme tinha pouco mais de duas horas, terminara quase sete da noite tendo começado antes das cinco da tarde, e ainda por cima Namjoon só lembrara-se de seu telefone quando já estava comendo com Jimin. Ele sabia que estava errado, Jin nunca demorara mais de trinta minutos para ir à casa do amigo em episódios de “mayday”. Só lhe restava pedir desculpas, e foi o que o rapaz fez por mensagem. Pediria um perdão mais apropriado depois de checar a urgência que obrigara Jin a usar um código tão importante como aquele.

Certo tempo depois, Namjoon estava apreensivo no elevador do edifício em que o melhor amigo morava. Seokjin não atendera suas ligações, e nem respondera ou sequer visualizara suas mensagens – o rosado estava mais do que preocupado. Passara todo o caminho do táxi tentando completar a chamada, e pensando em algo que tinha conversado com Jimin. O baixinho começara a falar de sua paixão, Jeon Jungkook, que era também amigo dos dois. O Park narrara pela milésima vez a maneira que descobriu que estava apaixonado pelo garoto mais novo de sua aula de canto, e Namjoon se identificou com alguns dos sinais citados por Jimin. Hesitante, comentou isso com o amigo, que apenas sorriu e disse que “sempre soube”. Namjoon não sabia se gostava de Seokjin, mas ao imaginá-lo como namorado, se pegou sorrindo – sorriso este que esmaeceu assim que seus pensamentos voltaram para o que poderia ter acontecido com o moreno.

Jin não atendeu à campainha, que Namjoon fez questão de tocar quatro vezes com intervalos de pelo menos dez segundos entre cada vez que pressionava o botão que liberava um som agradável. Imaginou que o rapaz pudesse estar dormindo, possibilidade que estranhou – Jin, ao contrário dele próprio, tinha um sono levíssimo, uma pena caindo no chão o acordaria, e, além disso, estava cedo demais para o moreno ter ido dormir.

Olhou para os lados para ver se tinha alguém no corredor e, ao constatar que estava vazio, levantou o tapete com os dizeres “Bem-vindo Seja Quem For” e pegou a cópia reserva da chave da porta da frente. Ao destrancá-la, encontrou a sala do apartamento totalmente bagunçada, e algumas pétalas de flor – as mesmas pétalas que tinham na foto de perfil de Jin – jogadas no chão, como se alguém tivesse pegado um enorme buquê e o despedaçado na sala de Seokjin. O mais esquisito era que não estava arrumado – Jin era um garoto muito organizado, dificilmente deixava algo desarrumado. Curiosamente, eram as pétalas da espécie de flor favorita de Namjoon.

- Jinnie? – chamou Namjoon, sem obter resposta. O silêncio no recinto era aterrador, só se ouvia o som do ar-condicionado do quarto de Seokjin.

O rosado entrou na cozinha, pensando que talvez Jin estivesse cozinhando com fones de ouvido em volume altíssimo, ele fazia bastante aquilo. Mas, na cozinha, sua geladeira estava escancarada, e tinham dois copos quebrados no chão, e água entre os cacos de vidro que se espalhavam pelo chão – e mais algumas das pétalas. Namjoon sentiu o coração apertar: que raios teria acontecido ali? Será que Jin estaria no hospital? Sentiu seu peito contrair-se em desespero apenas em pensar no que poderia ter ocorrido.

Resolveu entrar no quarto de Seokjin. Em passos apressados, andou até o fim do corredor enfeitado de quadros da família Kim. As pétalas formavam uma trilha, algumas manchadas com algo de coloração avermelhada que o róseo não conseguiu prestar atenção o suficiente para tentar identificar. Sua mente gritava para ele correr para o quarto do moreno, e ele, tremendo, obedecia-a.

E ao abrir a porta do quarto de Seokjin, sentiu o chão desabar abaixo de si.

No chão, em meio a manchas de sangue e um mar de pétalas de flores, estava Seokjin. Atônito, Namjoon foi em direção a ele rapidamente, choroso, e tocou seu rosto ainda corado. Tentou ouvir seu coração, colocar uma das mãos a uma distância de um centímetro do nariz e boca de Jin e checar seu pulso, mas só encontrara o frio e o vazio, que combinava com sua alma e coração naquele instante.

O aperto em seu peito era sufocante, e ele abraçou o corpo inerte de Seokjin com o rosto já encharcado de lágrimas. Não conseguia raciocinar, não conseguia pensar, ou falar, mesmo respirar estava sendo o maior esforço que jamais fizera. Simplesmente chorava, enquanto dava o abraço mais apertado de sua vida em Seokjin.

Ao levantar os olhos do abraço, perguntando a Deus e ao mundo o motivo de tal tragédia, viu na cama do rapaz um papel, e esticou o braço para lê-lo.

“Meu caro Namjoon,

Se você está lendo esta carta, eu já não estou mais neste plano.

Oh, é tão difícil de explicar, mas vou começar com uma pergunta: você sabe o que é hanahaki? Se souber, pule o próximo parágrafo, se não conhecer, pode continuar.

Hanahaki é uma doença grave, muito grave. Causada por um amor unilateral, a vítima passa a vomitar pétalas da flor preferida do amado da pessoa, cada vez mais pétalas, à medida que o amor não correspondido torna-se mais forte, até que um dia é atingido o estágio de buquê, no qual a pessoa com hanahaki pode falecer. E existem três soluções: fazer uma cirurgia para tirar as flores, ter o amor correspondido ou morrer sufocado pela paixão e pelas flores. Mas, caso a operação seja feita, todas as memórias daquele amor e da pessoa vão embora.

Nammie, como você já deve ter percebido, eu tinha hanahaki, sim. E cogitei fazer a cirurgia, sim, mas não queria perder as memórias daquele que é tão especial para mim, então eu me deixei levar pelas flores.

Namjoon, eu amo você. Eu amo você. Eu sou apaixonado por você, eu simplesmente te amo. Sabe há quanto tempo eu te amo? Pois é, nem eu. Eu só te amo, e fico enormemente feliz de saber que se morri foi por você, foi por consequência de eu ter te amado.

Espero que nunca se esqueça de mim.

Já com saudades,

Jin.”

Sem reação, Namjoon colocou de volta o papel no chão e observou novamente a face delicada de Seokjin, percebendo naquele momento o quanto amava aquele garoto, mas já era tarde. Ele tinha chegado tarde, não havia mais tempo. Era irreversível, não havia o que fazer. Apenas uma coisa.

Acariciando a bochecha de Seokjin, deu-lhe um primeiro e último beijo.

E o rosto de Seokjin pareceu ganhar um ar de paz.


Notas Finais


E aí, o que me dizem? Favoritem e me façam feliz dizendo nos comentários o que acharam de Pétala!
Gente, eu sou totalmente fascinada por Hanahaki, "doença" que descobri acho que há uns dois meses - e só agora tive tempo e paciência para escrever sobre ela. Espero que quem não conhecia tenha gostado também!
Um beijo pra vocês tudim <3
falem comigo no twitter: @bangtanreasons


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