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História Pétalas de Azaléia - Suas cores no meu branco.


Escrita por: conquerflowers

Notas do Autor


Olha só, eu consegui ser pontual e trazer a fanfic no dia do seu aniversário, meu bolinho.
Pensei que não conseguiria escrever algo que não fosse triste, mas queria escrever algo bem melosinho pra você. Eu te amo muito e espero realmente que você goste, pois você merece as palavras mais bonitas que eu conseguiria tirar de dentro de mim, e acredite, eu realmente tentei. Você é o Jongdae do meu Junmyeon e muito obrigada por trazer cores pra minha vida.
Obrigada por existir e feliz aniversário.

Capítulo 1 - Suas cores no meu branco.


Em meio a muitas bolinhas de  papel amassadas, meus dedos incessantes trilhavam as letras da máquina velha. Totalmente sem rumo, meus dedos e minha mente estavam. Sobre o que escreveria? Um fim mórbido de um escritor fracassado que definhava entre cores brancas e observava seu futuro se atrofiar. Sempre preferi manter os olhos fechados e evitar a imensidão branca daquele encarceramento. Tão repentinamente eles se abriam com o ranger da porta.

Odiava o branco, mas ele ficava tão bonito em contraste com seus cabelos negros.

Você não sabia, que havia um mundo mágico apenas nosso em todas as bolinhas espalhadas naquele piso, junto com o barulho irritante que meus dedos faziam em contato com as letras. Mas você gostava de me ver escrever, não é? Empenhado em pelo menos algo na vida. Eu não queria me salvar ou ser um grande escritor um dia, eu queria salvar nossa história fictícia na qual você nunca soube da existência. Pelo menos, era o que eu imaginava.

As manhãs eram os únicos momentos satisfatórios, aqueles em que eu tinha sua total atenção. Era o que chamavam de "banho de sol", e você me levava. Meus olhos enchiam-se de cores. Você era um grande apreciador delas, as flores. Eu gostava especificamente das Azaléias por conta da lenda sobre elas que havia me contado, sobre um imperador que vencia diversas guerras, mas era infeliz, pois amava uma pessoa  que só podia ser vislumbrada em seus sonhos. Meus dedos me assombravam para que jorasse aos montes, histórias sobre azaléias e amores impossíveis, tambem havia Junmyeon e Jongdae no meio delas. Era tudo tão mais fácil quando me lembrava da tua espontanidade ao contar tais lendas. Era como se abrisse a portinha da minha gaiola, e eu pudesse respirar fundo depois de muito tempo prendendo a respiração.

Eu te sugava junto com os raios de sol, e despejava tudo na minha pequena máquina de escrever.

O sol era moderadamente fraco pela manhã, fazia frio naquela época do ano. Você fazia questão de juntar minhas mãos nas suas como uma concha, dizia que elas eram semelhantes a pedras de gelo, enquanto as suas eram sempre especialmente mornas. Sempre sufocava-me para não perguntar se você também esquentava as mãos dos outros pacientes.

Quando passamos a frequentar o jardim a noite, eu percebi que aquilo passou a ser mais do que um banho de sol, era um banho de estrelas também. A noite também trazia cores bonitas, traziam olhos brilhantes e sorrisos - não tão - contidos. Houve um dia em especial que as flores estavam ainda mais chamativas para mim, parecia menos frio e mais aconchegante com você. Meus dedos dormentes tanto pelo frio quanto pelas letras proferidas, te segredei o desejo de ser vislumbrado em sonhos por um imperador destemido, você riu de mim e fazia tempo que não escutava um som tão agradável. Mas o melhor de tudo foi poder absorver seu riso na minha boca, com gosto de chá de pétalas de azaléias e eu nem sabia se tal coisa existia ou você havia inventado, mas era especialmente bom. Acabei me dando conta que com certeza você não dava banho de estrelas em seus outros pacientes e talvez tudo que eu havia criado no papel se tornasse cada vez menos fictício e mais palpável. Talvez - se eu pudesse arriscar - até um pouco mais recíproco.

 "O imperador encontrou a amada de seus sonhos, sabia? Todo dia eles tomavam chá com pétalas de azaléia. Estavam perdidamente apaixonados e foram felizes para sempre"

 O sorriso que te mostrei naquele dia não era totalmente confiante, mas eu também queria ser feliz para sempre com o tão inalcançável e renomado médico de jaleco branco que preferia flores e regadores a agulhas e seringas.

Você começou a aparecer cada vez menos, os momentos eram raros e você nunca podia ficar por muito tempo, seu sorriso me acalentava enquanto me empurrava um copo d'agua e pedia para que eu parasse de ser tão difícil com os outros enfermeiros. Me desculpe, mas eu permaneci irredutível. O que você me disse naquele dia no nosso último banho de estrelas, eu guardei por anos.

 "Você me causa sentimentos errados, Junmyeon."

Sentimentos errados. Um pobre escritor que só queria escrever sobre o amor tão puro que sentia, mas era errado. Errado era definhar em uma cama de hospital sem qualquer perspectiva para o futuro. Esse sentimento era a única coisa que me mantinha vivo. Como poderia considera-lo errado? Eu me recusava a sair do meu quarto com qualquer que fosse a enfermeira que viesse me buscar. Não deixei que ninguém mais me desse banhos de sol, muito menos de estrelas. Você era o único que possuia a chave da minha gaiola, Jongdae. Os comprimidos ficavam no vão entre a cama e o colchão. Recusava-me a ser controlado por algo tão excessivamente pequeno quanto aquilo, só podia ser controlado por seus olhos pidões que me pediam para engolir aquelas porcarias rapidinho para que eu pudesse ficar curado e assim nós nos inundariamos em cor. Caia como um patinho todas as vezes.

E eu ficava cada vez mais melancólico. Não havia mais um mar de bolinhas, as palavras se mantinham quietinhas em meu âmago. Apenas olhos vazios que te esperavam encarando a porta que a muito não se abria pelo corpo esguio de jaleco branco, apenas sorrisos forçadamente simpáticos e cabelos exageradamente longos. Você era minha única esperança, Jongdae. Que se esvaiu dos meus dedos depois de tantos anos que passei esperando. Esforcei-me a te escrever por uma última vez, ignorando o bolo que se formava em minha garganta, como se as palavras saissem por lá e não através dos meus dedos. Dessa vez não tinha cores e nem azaléias, não tinha nada, apenas a tinta no papel branco. Você me trouxe cor, me fez experimentar um sentimento tão bom para depois estragá-lo com um monte de mágoa. Agora eu me encontrava vazio de palavras, de sentimentos e de alma. 

Eles me mantinham ali para que eu não pudesse dar um fim na minha vida, mas não percebiam que aquilo tudo me incitava cada vez mais e todo dia ficava cada vez mais propício e torturante.

A porta rangeu de um jeito familiar, agarrei-me nos lençóis com tanto afinco, em tamanha expectativa, mas claro, eu estava lúcido o suficiente para saber que não era você, mas a pontinha de esperança continuava lá. Os olhos da enfermeira sorriram penosos para mim, a imagem a sua frente não era das melhores. Ela se aproximou bem devagar, medindo minhas reações. Em seguida, puxou um pequeno envelope mal dobrado do bolso e deixou sobre meu colo.

  "O que é isso?" Minha voz soava estranha e rouca para meus próprios ouvidos, como se a muito não a ouvisse. Era uma verdade.

Mas ela apenas deu meia volta.


 "Todo esse tempo estive afogado em suas palavras. Eu quero que me espere, então prometo buscá-lo para tomarmos chá com pétalas de azaléias."
                         
                             

 Nada no mundo nunca tinha feito meu coração bater tão descompassado, os dedos apertavam teclas invisiveis como se a simples menção de Jongdae já causasse um reboliço em meu inteiror. Não importa como e nem quando, eu vou te esperar, Jongdae. E tenho certeza que você virá.

 



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