- Talvez ele tenha ganhado a bolsa assim como você e não quer que ninguém saiba... assim como você. - Disse a minha irmã Dayana rindo com a ironia exalando no tom de voz.
- Nossa você realmente é uma mestra em humor, poderia fazer parte do grupo de teatro da escola. Pense nisso.
O que se passava com Rafael era meu menor problema no momento, embora eu sentia um sentimento de curiosidade e pena mesmo sem saber do que se trata. Passei a noite toda acordado e dessa vez não era assistindo desenhos e sim estudando adjacentes, cossenos e hipotenusas. Agora me dei conta o quanto matemática é extremamente chato. Eu juro que se numa entrevista de emprego me pedirem pra resolver uma equação eu vou me considerar ferrado.
A primeira aula era de matemática, o professor Leôncio era totalmente notável; alto, ranzinza, olhos azuis esbugalhados e bigode maior que o rosto. Mas era simpático, embora tinha a mania de nós pregar peças do tipo..
- Atividade surpresa meus caros, e espero que tenham estudado - Disse Leôncio.
Atividades surpresa era a sua peça preferida, tanto que já não era mais nenhuma surpresa desde que começou a aplicar isso à 5 aulas seguidas.
Logo me dei conta que Rafael não estava na sala, seu lugar estava vazio e até cogitei questionar o professor sobre o porque da sua ausência, mas acabei deixando pra lá. O dia passou rápido e eu ainda me perguntará o que será que acontecia com Rafael.
Talvez por eu ser uma pessoa sem muitos amigos me questionei isso por várias vezes. Afinal o modo que Rafael desaparecia no meio de todo mundo e respondia a todas perguntas com duas palavras ao máximo me fez se identificar com o seu jeito atípico.
Meu sono chegou no meio dos meus questionamentos, a minha respiração ficou mais rápida e quando me dei conta ouvi alguém me chamar - Peter aqui. O som ecoava enquanto eu me esforçava pra me livrar de um quarto escuro e sem forma.
O som se tornou mais próximo e continuava a soar - Peter me ajuda, eu estou em suas mãos, me ajuda. O meu esforço agora era reconhecer o rosto de quem me chamava. A escuridão ficou tão clara que os meus olhos se perderam no meio do brilho repentino e então a voz que ecoava dizia - Peter acorda, tem alguém na porta querendo falar com você...
- Mãe? Co..comigo?
A última pessoa que foi me procurar em casa era o coordenador da escola querendo falar sobre as minhas notas escolar. Desci então as escadas enquanto colocava o meu capuz. Afinal quem quer que fosse não era obrigado a ver o estado dos meus cabelos sem um creme de pentear.
- Rafael? Como você... O que faz aqui? - Ele parecia assustado. Vestia um casaco preto que fazia contraste na sua cor branca e pálida hoje. Seus olhos estavam cansados, parecia que estava dias sem dormir.
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