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História Peter Pan - VIII. Sininho Cintila


Escrita por: Wyphea

Notas do Autor


ATUALIZAÇÃO 16/07/2019
A fanfic está em hiatus por quase três anos, porém eu irei retorná-la em breve quando finalizar seu rascunho, dessa forma, não haverá mais problemas como esse. Minhas explicações para que tenha ocorrido esses imprevistos tem como base minha escola de antigamente, eu tive MUITAS situações que me deixaram ainda com marcas (por mais que tenha passado quase cinco anos) como crises intensas de ansiedade e uma profunda depressão; ainda assim, por mais que eu tenha melhorado bastante, reviver memórias que me trouxeram muita tristeza com essa história machuca e muito. Pode parecer bobagem para muitas pessoas, mas voltar a escrevê-la será um desafio totalmente pessoal para recobrar minha confiança na escrita e em mim mesma.
Peço minhas sinceras desculpas por ter decepcionado alguns com o visível abandono dela, mas eu a finalizarei um dia e tenham a minha palavra. Por enquanto, estou trabalhando com muito esforço nela.
E quero agradecer a você, leitor, que chegou até aqui! Muito obrigada de coração! <3
Não desista dela, pois eu não desisti!

Capítulo 9 - VIII. Sininho Cintila


Fanfic / Fanfiction Peter Pan - VIII. Sininho Cintila

Havia se passado exatamente uma semana desde que Luhan e Ye Eun conversaram sobre o farol e, com o passar dos dias, ambos tinham fortificado a relação inextricável que criaram quando eram menores. Luhan era uma pessoa diáfana, todos os seus sentimentos transpareciam em sua expressão; contudo, ao mesmo tempo, Ye Eun nunca pôde perceber se ele apresentava algum medo, tudo nele parecia impávido.

Não havia um único dia em que a psicóloga sentia o pesar da perda que sofreria quando Luhan descobrisse quem era. No entanto, estava em um estado de espírito cônscio o suficiente para entender que ele precisava ir, pois o mundo adulto nunca fora seu lar.

O que destoava de tudo aquilo era que Luhan parecia amadurecer: nunca mais escutara uma pergunta sua que cobrisse de curiosidade sobre absurdos ínfimos, apenas soltava algo quando tinha a certeza de que não soaria infantil. Porém, seus sorrisos galhofeiros ainda caracterizavam uma criança e Ye Eun apenas o acompanhava quando ele deixava que seu verdadeiro lado viesse à tona.

E, secretamente, ela sentia o fogo queimar sob seu peito, o café fervente correndo pelas suas veias quando passava seu tempo com Luhan ao comentar sobre banalidades ou explicar os fatos da vida. Seu sentimento sobre o rapaz era magnânimo e somente tinha experimentado aquela sensação quando era mais nova e ao voar pela Terra do Nunca com Peter às suas costas, observando-a meticulosamente para não cair.

Depois de tanto tempo sem se imaginar naquele lugar mágico, Ye Eun finalmente pôde sentir as primeiras pontadas em seu interior reverberando por conta da saudade, da falta que fazia estar na Terra do Nunca enquanto se aventurava pela densa floresta que cobria a ilha. Quando lhe restava alguma energia à noite, ela costumava se dirigir até a janela para admirar a estrela que a levaria para o lugar, no entanto, desde que Luhan chegara à sua casa, passava as noites observando o jovem ressonando de forma serena.

Luhan pudera aos poucos se acomodar com a rotina monótona que a capital sul coreana poderia lhe oferecer. Era um desagrado, contudo, quando Ye Eun chegava de seu trabalho sorrindo de forma complacente, o rapaz somente se deixava ficar encantando.

E assim suas manhãs se resumiam em: acordar, tomar o café da manhã com a psicóloga e esperar.

— Luhan, eu estou indo então — Ye Eun disse quando ajustou sua bolsa no ombro.

O ruivo estava sentado no sofá enquanto mexia de forma meticulosa a costura da almofada. A jovem se aproximou dele e sentou-se ao seu lado, puxando cuidadosamente a touca verde da cabeça de Luhan.

— Sabe que não precisa usar isso em casa — ela bagunçou os fios afogueado.

— Eu sei, apenas esqueci...

Ye Eun arqueou o sobrolho ao se levantar.

— Entendo que você esteja cansado, por que amanhã não podemos fazer algo que você goste?

O semblante do rapaz se transfigurou, houve um brilho momentâneo nos olhos azeviches e ele sobressaltou do sofá, eufórico.

— Você promete?

A psicóloga concordou com a cabeça e Luhan estendeu seu dedo mindinho para ela. Ye Eun soltou uma risada e entrelaçou seu dedo com o dele.

— Volto mais tarde.

O ruivo escutou o barulho da porta se fechando e se afundou no sofá, suspirando longamente. Não havia o que fazer naquele apartamento e esperar, para ele, estava ficando entediante demais. Encostou-se no sofá e deixou um bico modelar seus lábios, enquanto cruzava os dedos de ambas as mãos sobre a barriga.

Ele fechou os olhos e, mergulhando em suas memórias escuras, tentou juntar cada pedaço da Terra do Nunca. As árvores de longos galhos e de troncos grossos desenhavam a ilha; o ar gélido e abafado devido à água salgada rodeava as florestas. Luhan comprimiu ainda mais os olhos, como se tentasse segurar as últimas lembranças que escorregavam entre seus dedos.

O céu era feito de porcelana cor de pastel, tons de azul se diluindo em chumaços de nuvens brancas, ligeiramente rosadas. Um pequeno ponto amarelado estava sempre ao seu lado, imitando sinos em um tom baixo, quase inaudível. Ele sempre puxava seu cabelo avermelhado ou sua camisa verde.

Então tudo pareceu se diluir na água. As memórias se saturaram e se anuviaram: não havia mais nada o que buscar. Tudo pareceu um breu incompreensível e ininteligível.

Luhan abriu os olhos.

Não havia mais nada.

Inspirou intensamente, inchando o peito e, depois, soltou o ar pela boca em um longo suspiro. A cabeça tombou no sofá e tentou se xingar, mas não havia nenhuma palavra de baixo calão presa entre seus dentes.

Absorto em suas meditações, somente foi acordado quando escutou pequenos sinos preenchendo a sala. Luhan se sentou e aprumou as costas largas. Seus olhos vagaram pela sala a procura da fonte do barulho, porém não tinha nada escondido. Ele se levantou e se dirigiu à janela.

Uma ínfima luz amarela repousava inerte no ar próxima à varanda. Luhan se adiantou para alcança-la e lentamente ela se afastava; então, ele correu até a janela e, no chão de concreto do estacionamento no térreo ao ar livre, via-se a luz perto de um garoto sujo, os olhos afiados e um sorriso galhofeiro pintado no rosto. Ambos levantaram a cabeça e observaram de forma escrutinada Luhan e, logo depois, correram para longe.

***

Ye Eun estava rodeada de silêncio, nem mesmo Ki Wook apareceu mais em sua sala perguntando sobre Peter Pan e isso a preocupou: o menino era fissurado em sua história. No entanto, Ye Eun estava ocupada demais preenchendo seu tempo em pensamentos longínquos e todos centrados em Luhan.

Encostada na janela, ela via o movimento da escola na hora do lanche. Crianças corriam e riam, o resto dos sanduíches eram deixados no canto enquanto tiravam o tempo para brincar. E, entre aquele mar de alunos, Ye Eun procurava Ki Wook e em nenhum lugar estava. Ela levou o dedo indicador à boca, passando-o levemente sobre os lábios pintados de rosa.

Minutos se passaram enquanto a psicóloga se afundava cada vez mais em seus pensamentos, quando, em um susto, escutou três batidas seguidas em sua porta. Sobressaltou e se virou, ajustando sua saia de cor clara.

— Entre — a voz saiu rouca, como se estivesse calada há anos.

JongDae apareceu na soleira da porta, cabisbaixo e levemente tímido. Um sorriso benevolente permanecia pintado em seus lábios finos e pequenos. Fechou a porta atrás de suas costas e continuou a observar o chão de madeira da sala.

— Precisa de alguma coisa, professor JongDae? — Ye Eun perguntou, aproximando-se do professor.

O jovem balançou a cabeça e soltou uma risada, sem graça.

— Queria saber se você tem algo para fazer hoje à noite — a voz saiu baixa e JongDae evitava fazer contato visual.

Ye Eun sorriu, divertida, e colocou uma mecha de seu cabelo negro atrás da orelha.

— Adoraria sair com você — em um olhar cúmplice, a psicóloga girou os calcanhares para voltar à janela.

JongDae ficou por alguns minutos parado diante da porta, o sorriso desenhado de forma conspícua e, silenciosamente, saiu da sala de Ye Eun, deixando-a em estupor eterno, em que estava dividida pelo fato de Luhan ainda necessitar de sua presença e a sua realidade.

Apertou a alça de sua blusa, mordendo o lábio inferior.

 

O céu tinha estendido um tênue véu branco sobre o Sol, que se deixava cair entre as nuvens e desaparecer aos poucos. Ye Eun subia os degraus do prédio podendo visualizar aquele telão de mármore inerte na paisagem, escorregou a chave entre os dedos e colocou na fechadura, entrando em seu apartamento.

Estava silencioso, mais do que o normal. Havia virando um costume Luhan recebe-la com seu sorriso aberto e os olhos fechados, estendendo os braços para um abraço; contudo, ele não estava lá. A jovem adentrou e fechou a porta às suas costas, procurando com o olhar o menino de cabelos avermelhados e com o coração descompassado.

— Luhan? — esperou alguns segundos e, como não obteve resposta, Ye Eun franziu o sobrolho.

Depois de longos segundos pôde escutar uma resposta exaurida: — Eu estou bem aqui.

Ela deixou sua bolsa repousada ao lado do sofá e seguiu a voz, revelou-se o jovem inclinado sobre a varanda, escrutinando o estacionamento. Ye Eun se aproximou dele e se deixou encostar no parapeito, o vento rebatendo sua face.

— Eu me lembrei — ele sussurrou, seus olhos estavam fixos no retrato de concreto. A psicóloga arqueou uma das sobrancelhas, indagando silenciosamente — Eu me lembrei da Sininho.

As mãos dela começaram a tremer e segurou a barra de sua saia, disfarçando seu repentino nervosismo. Aquilo caiu como um balde d’água gelada e as palavras de Luhan começaram a reverberar em seu interior.

— Como ela era? — Ye Eun perguntou com um frêmito de medo na voz.

— Ela não é um ponto amarelo — ele respondeu, os lábios tremiam. — Ela é uma fada. Uma linda fada.

— O que mais?

— Ela gostava de mim e costumava puxar meu cabelo — Luhan fez uma pausa, a mente estava em um mundo onírico. Lembrar-se de Sininho o levou para seus sonhos — Eu me lembro de um pedaço da Terra do Nunca, isso não é incrível, Yennie?

Alguns segundos de silêncio.

— Yennie? — a psicóloga arregalou os olhos: havia anos que ninguém a chamava pelo seu apelido.

Luhan ficou agitado, gesticulava cada palavra que falava e seus olhos pareciam ter adquirido o brilho infantil de volta. O sorriso cobria grande parte de seu rosto. Ele segurava a jovem pelo ombros, apertando-os levemente e repetia a todo instante: eu me lembrei, eu me lembrei, a Sininho era incrível!. No entanto, instantes depois, o semblante alegre do rapaz transfigurou-se. Tornou-se pétreo, sombrio, suas mãos começaram a tremer cada vez mais e ele soltou Ye Eun, deixando seus braços balançarem no vazio.

Lentamente, ele escorregou no chão e seu olhar se anuviou.

— Mas eu só me lembro disso — disse em um tom baixo, Ye Eun agachou para poder escutá-lo. — E isso não me levará de volta para a Terra do Nunca.

— Luhan...

— E se eu ficar preso aqui, Ye Eun? — ele perguntou de forma inescrutável.

Ela se sentou ao lado do rapaz e continuou a encará-lo, queria manter a calma, porém Luhan a deixava nervosa e, acima de tudo, com medo. Medo de perdê-lo e medo de ele esquecê-la, como fizera antes.

As palavras entalaram em sua garganta e parecia ser impossível de pronunciar qualquer monossílaba. Ye Eun respirou profundamente e passou o braço por cima do ombro de Luhan, trazendo sua cabeça para perto de seu pescoço. Ambos fecharam os olhos e se permitiram sorver o perfume de cada um. Nenhuma palavra foi declarada durante longos minutos, enquanto o céu se derrubava no véu escuro.

Em seus pensamentos, Ye Eun poderia sentir seu corpo flutuar e ser capaz de fazer qualquer coisa. Queria voar através de Seoul enquanto gargalhava por saber que todas aquelas pessoas nunca poderiam sentir a incrível sensação de ter seus pés fora da terra. Entretanto, aquilo estava somente em pensamentos, adultos não voavam e ela já era uma.

O silêncio foi quebrado quando a campainha soou, despertando-a de um profundo sonho. Ye Eun piscou algumas vezes, recuperando-se da realidade e levantou, porém Luhan ainda se mantinha de olhos fechados, absorto em sua mente.

Apalpou sua saia, tirando a sujeira que se fixou conforme o tempo e mexeu no cabelo, tentando ajeitá-lo sem sucesso. Abriu a porta e se deparou com JongDae vestido com seu traje mais elegante e com o melhor sorriso que tinha.

— Oi — ele sussurrou com uma réstia de esperança no olhar.

— Oi — Ye Eun respondeu de volta, sorvendo o perfume masculino mais caro que o homem tinha.

— Então, está pronta?

A pergunta a derrubou novamente: havia se esquecido do compromisso que havia marcado com o professor. Ela bateu em sua cabeça e fez uma careta, completamente alheia ao que acontecia ao seu redor. Seus olhos caíram sobre o rapaz e sentiu o remorso atingi-la ao ter aceitado o convite dele.

Segurando-se na maçaneta da porta, Ye Eun inclinou seu corpo para trás e viu Luhan sentado no chão esquálido enquanto a encarava. Desejou ter mordido a língua horas atrás.

— Meu primo não está se sentindo muito — disse em uma voz de lamúria. — Eu sinto muito.

JongDae pareceu murchar, os ombros caíram sobre o corpo e sua expressão se transfigurou. Ye Eun apertou fortemente a maçaneta, xingando-se com cada palavra de baixo calão que conhecia e franziu as sobrancelhas, em um ato de compreensão.

— Por que não marcamos um outro dia? — a jovem sugeriu em uma falsa entonação de animação. — Hoje foi tão confuso, JongDae. Eu queria ir, mas...

— Eu entendo, Ye Eun — o professor a interrompeu com um sorriso magnânimo e, logo, sua sombra se confundiu com a noite.

Ela fechou a porta vagarosamente e se encostou nela. Pensamentos turbulentos vieram à tona e pareciam querer sufocar Ye Eun, não sabia o que dizer a Luhan e, novamente, encontrou-se em seu conflito interior, no qual ainda andava na corda bamba.

Andou até a varanda e a encontrou vazia, totalmente coberta por um véu negro. Seus olhos vagaram preguiçosamente pelo cômodo a procura de seu antigo amigo, que, com o tempo, tornou-se centímetros mais altos. No entanto, não era uma novidade: Ye Eun sempre teve uma estatura mediana quase próxima à baixa.

Percorreu pelo corredor silencioso do apartamento e o quadro de Jung Ha ainda estava pendurado na parede branca, brincando com as cores escuras que dançavam no espaço sem iluminação, contudo, Ye Eun poderia ver a cor amarela do sol brilhando no breu. Ela parou por alguns instantes, analisando a obra sem traços e perguntou-se diversas vezes o que a ex-esposa de Chanyeol fazia no farol.

Ao desistir de procurar pistas inexistentes, ela chegou em seu quarto e Luhan estava deitado em sua cama, ressonando calmamente. Seu semblante estava mais calmo e Ye Eun suspirou profundamente ao constatar que conseguiria dormir bem nessa noite.

Sentou-se em uma cadeira de madeira que estava em frente à cama e segurou a mão de Luhan entre as suas. Elas estavam incrivelmente frias, como se pudesse tocar em gelo, porém a psicóloga já havia se acostumado: o jovem era gélido. Seus olhos percorriam o corpo dele e não havia um detalhe que deixava escapar.

Sua mente, assim como a noite, tornou-se um véu de breu inexpugnável e a sua vida parecia escorrer entre seus dedos como pequenos fios. Distante, apenas percebeu que caíra no sono quando a imagem de sua mãe desenhou na penumbra, um brilho inextricável e uma dor que jamais ousou se afastar de Ye Eun. 


Notas Finais


Ei!
E eu volto com PP depois de um ano e vários meses! Nem preciso dizer a saudade que eu tinha de vê-la e de ler cada comentário?
Queria me desculpar pelo longo hiatus que ela ficou, porém, eu não conseguia mais escrevê-la e depois de trabalhar bastante nela, consegui finalmente completar um capítulo (que talvez não tenha sido um dos melhores, mas eu tentei hahahahaha).
Para quem quer saber o que aconteceu ano passado comigo, só dar uma passadinha no meu perfil e ler (já que não consigo explicar com poucas palavras oq aconteceu). Além disso, ainda responderei os comentários do capítulo passado (um pouco atrasada, não?)
E me desculpem por não ter tido a cena da Terra do nunca, ainda não consegui escrever, mas próx capítulo com certeza terá <3
Espero que tenham gostado e obrigada por lerem <3


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