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História Photograph - Capítulo Único


Escrita por: Mayu-chu

Notas do Autor


Gente, estou para postar essa OS aqui a muito tempo e hoje é que eu tomei vergonha na cara e postei kkkk
espero que gostem :3

Capítulo 1 - Capítulo Único


Olhava para o copo de whisky sem muitas expectativas, já havia tomado metade do copo, e chegando a obvia conclusão de que não lhe ajudaria em nada. A garganta estava seca e queimava clamando por um copo de água. Suspirou dando-se por vencida, deixou o capo de whisky de lado. Levantou, caminhou até a cozinha, abriu a geladeira, pegou uma garrafa de vidro, cheia de água e despejou o líquido gelado em um copo.

Olhou para o relógio da cozinha que marcava exatas três horas da manhã. Não tinha sono e logo teria de sair para trabalhar. Escorou-se na pia e passou a mão pelo cabelo. Pensava em desistir de tudo. Mas então se perguntava: Para quê? Para não ter que lidar com a sua sina?

Havia deixado muitos de seus princípios de lado, por ela. Desrespeitou o matrimônio, por ela. Virou uma simples amante, por ela… E o que ganhava com isso? Uma noite de amor e satisfação, mas no dia seguinte só recebia desprezo, como se a noite anterior não tivesse significado nada. E talvez pra ela não houvesse significado. Os carinhos, os beijos, as suplicas… Será que para ela realmente não passava de pura luxuria?

Por fim decidiu deixar os pensamentos de lado e foi tentar dormir um pouco.

Um óculos escuro tapava as olheiras, não havia conseguido dormir por conta dos pensamentos que insistiam em lhe perturbar. Em uma das mãos segurava um copo de café, extraforte, e na outra uma pequena mala com seus equipamentos de trabalho.

– Bom dia! – Alguém havia lhe cumprimentado, mas não fez questão de responder. Estava sem humor para ser gentil ou educada com alguém.

Entrou no estúdio e reprimiu um suspiro ao vê-la, estava linda como sempre. Um maquiador e um cabeleireiro a arrumavam. Ela estava encantadora.

– Já está pronta Eunjung? – A diretora do ensaio perguntou, e a fotógrafa concordou. – Jiyeon está pronta?

– Sempre estou pronta! – Respondeu. Levantou graciosamente com um sorriso presunçoso nos lábios. Sempre tão cheia de si.
Eunjung a amaldiçoava por ser tão linda, envolvente, sexy e sedutora. E o pior disso tudo é que Jiyeon tinha ciência de suas qualidades e sabia como usá-las.

Park Jiyeon. Esse era o nome e sobre nome do carma na vida de Eunjung, ou melhor, seu maior pecado.

Jiyeon; simplesmente uma das melhores modelos da Coreia do Sul, conhecida por sua beleza, charme e personalidade forte. De fato Jiyeon era tudo isso, e também muito mais. As pessoas não imaginam quem Park Jiyeon realmente é.

– Não vai tirar os óculos? – Jiyeon perguntou enquanto Eunjung posicionava a câmera.

– Não!

– Pelo visto alguém acordou do lado esquerdo da cama… – Provocou. Eunjung queria ignorar, mas sabia que Jiyeon continuaria.

– Hoje eu não estou com humor para provocações Jiyeon! – A modelo franziu o cenho e se calou. A fotógrafa nunca havia sido tão rude.

A sessão prosseguiu com tranquilidade e silêncio. Eunjung agradecia a Deus por Jiyeon ter respeitado seu espaço.
Estavam no intervalo e Eunjung aproveitou o tempo para ajeitar o equipamento e a iluminação. Enquanto isso Jiyeon bebia um suco e observava a fotógrafa trabalhar, estava intrigada com a atitude dela.

De repente a porta do estúdio se abre e um homem alto e bonito aparece, com um buquê de rosas na mão. 

Clichê! Foi à primeira coisa que passou pela cabeça de Eunjung, mas quando ela o viu estender o buquê para Jiyeon e ela lhe abrir um largo sorriso, a fotógrafa apertou a câmera entre as mãos e trincou o maxilar. Queria muito sorrir agora e se vangloriar mentalmente por ter dormido com a mulher dele, por tê-la feito chegar ao ápice e pedir por mais, contudo só conseguia sentir raiva e frustração. Jiyeon ao perceber a reação da fotógrafa sorriu ainda mais para o marido, o abraçou para logo depois beijá-lo. Bem ali, na frente de todo mundo e principalmente de Eunjung.

Eunjung sentia o sangue ferver ao ver a cena do casal feliz. Era uma idiota por achar que Jiyeon pudesse sentir algo por si. Lembrava-se muito bem da primeira vez que a viu. Admitia que se encantou a primeira vista, mas a paixão… a paixão veio depois…
Jiyeon era jovem, determinada e cheia de sonhos. Sempre lhe provocava e respondia, sempre como uma criança mimada. Apenas depois de se casar que ela mudou completamente. Essa mudança no começo a excitava. As provocações, o jogo de sedução… Era tudo tão, envolvente e deliciosamente errado.

O maior erro da fotógrafa foi ter se apaixonado pela modelo.

Sorriu em amargura. Foi tão idiota por ter se deixado levar, por ter se enganado e ter deixado ela a enganar. Mas já era tarde, não se via mais sem Park Jiyeon. Sua vida seria incompleta sem ela.

– Vamos voltar ao trabalho! - Não aguentava mais ver aqueles dois juntos. Logo voltaram ao ensaio, e a cada click que dava Eunjung se lembrava de tudo o que viveu com a modelo.
 

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Era uma tarde quente de verão e Eunjung organizava os equipamentos para o dia seguinte, já que o seu expediente havia terminado.

– Eunjung! – Nem se preocupou em ver quem era, nunca confundiria aquela voz.

– Seja breve Jiyeon. Eu já estou de saída.

– Você não me parabenizou pelo meu casamento. – Eunjung olhou para a mulher com curiosidade.

– E por que eu o faria? Você convidou a todos, menos a mim. – Deu de ombros.

– Não imaginei que ficaria ressentida com isso. – O tom de Jiyeon era calmo, não havia sinal de deboche em sua voz, e a fotógrafa estranhou esse fato.

– Não estou ressentida. De qualquer forma eu não iria, mas seria no mínimo educado de sua parte me mandar um convite.

– Bem… Não vim falar disso. – Deu de ombros. Eunjung cruzou os braços e sem encostou na mesa, curiosa com essa situação. – Vim aqui para lhe dar algo. – Sorriu.

– Me dar o que? – Perguntou desconfiada.

– Isso. – Estendeu um pendrive para Eunjung, que o pegou achando tudo isso muito estranho. – Mas só veja o conteúdo quando estiver sozinha em casa. – A fotógrafa desviou o olhar do objeto para a modelo. Ergueu a sobrancelha para Jiyeon.

– Tem algum tipo de vírus nele?

– Não! – Jiyeon revirou os olhos pela desconfiança. – Acredite em mim, você vai gostar do que tem nele. – Sorriu com malícia.
E de fato a Eunjung gostou do que viu naquele pendrive, na verdade, ela amou… O conteúdo do pendrive era um foto bem provocante de Jiyeon, se assustou com a foto, mas depois apreciou muito bem a imagem.

E no dia seguinte, apreciou muito bem a modelo da foto. E foi assim que tudo começou. Bem louco e intenso.

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– Pronto! Perfeito Jiyeon! – Elogiou vendo o resultado do trabalho na câmera.

– Eu sempre sou perfeita! – Respondeu. A fotógrafa apenas revirou os olhos.

Depois de um dia cheio de trabalho Eunjung queria apenas chegar em casa, se jogar na cama e dormir.

Destrancou a porta do apartamento e espreguiçou-se, estalando um pouco as costas. Respirou fundo sentindo-se um pouco mais leve e relaxa.

– Mas o que? – Assustou-se ao ver Park Jiyeon sentada em seu sofá, usando apenas uma lingerie. Eunjung engoliu a própria saliva.

– Você estava tão mal humorada hoje. – Jiyeon descruzou as pernas, levantou e caminhou graciosamente até a fotógrafa. Eunjung se encontrava completamente congelada devido a surpresa. A modelo sorriu e passou a mão pelos ombros de Eunjung, que estremeceu com o toque. – Então eu decidi lhe fazer uma surpresa. Gostou? – Sussurrou provocante rente ao ouvido da mais alta. Mordeu o lóbulo da orelha da fotógrafa.

Eunjung puxou Jiyeon com força pela cintura ao senti-la beijar seu pescoço, e dar leves mordidas naquela região. Então, uma luz se acendeu no cérebro da fotógrafa. Ela estava se deixando levar novamente, e não poderia deixar isso acontecer outra vez, tinha de ser forte, tinha que rejeitar Jiyeon.

Antes que modelo pudesse capturar os lábios de Eunjung, para um beijo lascivo, a fotógrafa a empurrou com força. Fazendo a jovem modelo cair sentada no sofá.

– Eu não quero Jiyeon! – Disse com firmeza.

– Como assim? – A jovem parecia confusa e ao mesmo tempo surpresa. Eunjung estava mesmo lhe rejeitando?

– Eu não quero mais nada com você Jiyeon! – Jiyeon arregalou os olhos – Simplesmente cansei desse nosso joguinho. Não tenho vocação para ser amante de ninguém.

– Depois de tudo o que fizemos você vem pensar nisso agora? Não acha que está meio tarde para isso? – Questionou um pouco atordoada com a situação. – Acho que depois de tudo, isso não importa mais.

– Importa sim! – Eunjung a impediu de se aproximar. – Sempre importou. Você parece tão feliz em seu casamento. Por que precisa de um amante? – Jiyeon desviou o olhar, sem saber o que dizer. – Saia da minha casa. – Pediu.

– Só por que estou feliz com o meu casamento, não quer dizer que eu não precise procurar satisfação sexual fora dele. – Respondeu.

– Então vá procurar satisfação sexual em outro lugar. – Apontou para a porta.

– Por favor, Eunjung… Não é para tanto.

– Eu estou falando sério Jiyeon! – Alterou o tom de voz.

– Posso ao menos por uma roupa?

– Eu vou ao banheiro, tomar um banho e quando eu sair, espero que não esteja mais aqui. – Eunjung passou por Jiyeon, sem sequer olhar para ela.

Jiyeon riu sem acreditar no que acabou de acontecer. Por que Eunjung havia lhe rejeitado tão repentinamente? Por um momento sentiu o chão abaixo de seus pés sumir. Respirou fundo e olhou para o teto, reprimindo a vontade de chorar. Por que havia ficado tão triste de repente?

Eunjung trancou a porta do banheiro, para garantir que Jiyeon não fosse segui-la, encostou-se a porta deslizando lentamente pela mesma, até sentar-se no chão frio. Seu peito doía. Batia no peito repetidas vezes, enquanto as lágrimas escorriam livres pelo seu rosto. Queria tanto que aquele sentimento se fosse. Não aguentava mais sofrer por alguém que a enxergava apena como um objeto sexual.
Respirou fundo, engoliu o choro e decidiu tomar um longo e relaxante banho.

Ao sair do banheiro Eunjung respirou aliviada por Jiyeon não estar em seu apartamento. Esperava que a modelo não lhe perturbasse mais. A única coisa que desejava naquele momento era esquecer Park Jiyeon.

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Fazia alguns dias que Jiyeon e Eunjung não se viam, e isso era quase como um inferno para a fotógrafa. Sentia muita falta da mais nova. Sentia falta das conversas, das brigas, das carícias, do cheiro, dos beijos, resumindo; sentia falta de tudo, sentia falta dela por inteiro.
Abriu a torneira do banheiro e lavou o rosto, respirou fundo. Precisava manter a calma. Ouviu a porta do banheiro se abrir, mas não deu muita importância a isso. Fitava a pia, refletia sobre tudo o que estava acontecendo em sua vida. Sentiu uma presença ao seu lado, subiu o olhar para a pessoa e espantou-se logo em seguida ao ver Jiyeon.

– O que faz aqui? – Perguntou dando um passo para trás.

– Vim usar o banheiro. – Olhou para o próprio reflexo no espelho, pegou um batom na pequena bolsa e começou a passar nos lábios. Eunjung viu isso como uma ótima oportunidade para sair dali. Foi até a porta, tentou abri-la, contudo, estava trancada.

– Você estava tão perdida em seu próprio mundo, que nem notou quando eu tranquei a porta. – Terminou de passar o batom o colocou novamente na bolsa.

– Abra essa porta! – Exigiu.

– Pergunto-me o que tanto estava pensando. – Disse fingindo desinteresse.

– Eu não estou brincando Jiyeon! – Alterou a voz.

– Eu também não estou brincando Eunjung. – Aproximou-se com um sorriso, Eunjung olhava para os lados, procurando uma maneira de fugir, mas estava encurralada, não tinha para onde correr, mesmo que fosse para uma das cabines, teria de passar por Jiyeon. – Eu sinto tanto a sua falta. – Prensou seu corpo contra o de Eunjung. Acariciou o rosto da mais velha roçando o nariz em sua bochecha.

Eunjung fechou os olhos apreciando aquele toque que tanto sentiu falta, que tanto ansiava. – Vamos voltar a ficar juntas. – Sussurrou, depositando um beijo na bochecha da fotógrafa logo em seguida.

Com essas palavras Eunjung voltou a realidade, lembrando do motivo pelo qual se afastou de Jiyeon.

– Eu já disse que não quero nada com você Jiyeon!

– Por quê? Eu sei que você quer, você está cedendo. – Eunjung bufou.

– Abra essa porta! Você não pode se esquecer de que estamos em nosso local de trabalho.

– Você está saindo com outra? – Questionou ignorando a mais velha. Eunjung passou a mão pelo cabelo em frustração.

– Sim! Eu estou com outra. – Respondeu olhando nos olhos de Jiyeon.

– Quem é? – Inquiriu ríspida.

– Não é da sua conta! Agora me dê à chave! – Exigiu estendendo a mão para Jiyeon.

– Só vou lhe dar a chave quando me disser quem é! – Alterou a voz.

– Você não a conhece!

– Está mentindo! – Quase gritou. – Você não está com alguém… – Disse como se quisesse convencer a si mesma.

– Estou começando a perder a paciência Jiyeon… – As duas olharam para a porta ao ouvirem o barulho da maçaneta.

– Tem alguém ai? – Uma mulher perguntou batendo na porta em seguida.

– Tem sim Soyeon! – Eunjung respondeu sem pensar e Jiyeon arregalou os olhos.

– Por que a porta está trancada?

– Eu acho que ela emperrou. – Jiyeon respondeu rapidamente.

– Jiyeon? Você e a Eunjung estão presas ai? – A voz de Soyeon parecia preocupada.

– Sim! – Respondeu olhando para Eunjung.

– Eu vou chamar alguém para abrir a porta…

– Não precisa! – Eunjung rapidamente a interrompeu. – Vou dar um jeito. – Estendeu a mão para Jiyeon, esperando que ela lhe entregasse a chave. A modelo revirou os olhos e entregou o objeto a fotógrafa.
A princípio Eunjung fingiu ter dificuldade em abrir a portar, para logo depois forçá-la a abrir.

– Você está bem? – Soyeon perguntou aproximando-se de Eunjung. A fotógrafa sorriu achando adorável a preocupação de Soyeon.

– Estou sim. – Jiyeon revirou os olhos e bufou.

– Eu também estou bem. Obrigada por perguntar! – Disse irônica e se afastou das duas.

– O que deu nela? – Indagou confusa.

– Vai saber. – Eunjung deu de ombros. Sorriu para a mais baixa. – Está linda hoje, Soyeon.

– Não me bajule por eu ser sua chefe.

– Eu nunca faria isso. – Se fingiu de ofendida e Soyeon riu.
 

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– Você anda tão triste. – Eunjung olhou para a amiga. Estava no apartamento dela, sempre tinha medo de ir para cada e dar de cara com Jiyeon. – E não é como se eu não gostasse da sua companhia, mas é que nos últimos meses você não anda vindo muito aqui. – Comentou. Suspirou ao perceber que Eunjung não lhe diria nada. – Diga-me o que está acontecendo Eunjung. – Segurou as pernas da amiga para sentar-se, colocou-as em seu colo em seguida.

Olhou para a loira, sentia-se culpada ao ver o olhar preocupado estampado no rosto da amiga.

– Não aconteceu nada. – Desviou o olhar, não podia simplesmente contar tudo a ela. Sabia que a amiga iria se decepcionar.

– Então você está triste assim por nada? – Perguntou incrédula. – Você é inacreditável! – Empurrou as pernas de Eunjung, que quase caiu no chão, e foi para a cozinha. Apesar de estar chateada com a atitude silenciosa de Eunjung não iria pressioná-la a falar nada. Apoiou uma das mãos na pia, passou a outra pelo rosto em frustração.

– Jihyun… – Sussurrou no ouvido da mais velha, que arrepiou-se ao sentir o hálito quente da mais alta bater contra seu pescoço, como se fosse uma carícia. – Me desculpa? – Abraçou Jihyun por trás. – Só não estou pronta para lhe dizer. Eu tenho medo…

– Medo? – Virou-se de frente para Eunjung. Estava cada vez mais confusa com a amiga.

– Medo de que você me julgue mal pelo que eu fiz.

– Eu nunca vou julgá-la por nada Eunjung. – Acariciou o rosto de Eunjung para lhe passar segurança.

E então a fotógrafa a abraçou, segurou a vontade de chorar e decidiu contar tudo a Jihyun. Dizia tudo o que havia acontecido entre ela e Jiyeon. A loira ouvia tudo com extrema atenção, e no fim de tudo, apenas aconchegou a mais nova entre os braços e a deixou chorar todas as magoas.

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Não queria ter que ir ao trabalho e se deparar com a modelo, que tanto lhe perturbava. Entretanto, não poderia se dar ao luxo de faltar um ensaio fotográfico da empresa que possui o contrato mais rentável da agência que trabalha. Não poderia fazer algo assim com Soyeon que sempre lhe ajudou em tudo.

Mais uma vez foi trabalhar de óculos escuros. Havia passado a noite em claro, chorando nos braços de Jihyun.

Ao chegar em sua sala, trincou o maxilar, deixando-o mais marcado.

– Não faça isso… – Disse maliciosamente. – Seu maxilar fica mais sexy estando tão destacado. – Levantou da cadeira.

– Saia daqui Jiyeon! – Praticamente ordenou. Inflou as narinas ao ver o sorriso cínico de Jiyeon. Isso não passava de uma brincadeira para ela.

– Eunjung… Eu sei que você quer. – Jiyeon se aproximava e Eunjung se afastava. E mais uma vez a mais velha não tinha para onde correr. – A adrenalina, a excitação e o medo de sermos pegas… Eu sei que você sente falta dessa sensação tanto quanto eu… Que tal uma rapidinha? – Roçou o nariz no de Eunjung.

Olhou bem para os lábios da modelo. Realmente sentia falta daquilo. Da delicadeza daqueles lábios contra os dela. Passou a mão pelo rosto de Jiyeon, se deliciando com a suavidade da pele dela. Acariciou a boca da modelo com o polegar. A mais nova fechou os olhos apreciando a delicadeza daquela carícia.

Era a primeira vez que Eunjung lhe tocava dessa forma. Elas sempre tiveram uma relação intensa, cheia de desejo, sem tempo para delicadezas. Mas naquele momento, aquela carícia era melhor do que qualquer outra que elas já haviam trocado.

A respiração quente da fotógrafa batia contra os lábios de Jiyeon, que ofegava em expectativa. Esperava tanto por aquele beijo.

Eunjung sorriu, a modelo estava tão entregue a si. Em um movimento rápido, jogou Jiyeon contra a parede ao lado da porta. A modelo abriu os olhos assustada com a agressividade do ato.

– Eu já lhe disse Jiyeon… Eu não quero mais nada com você! – Abriu a porta e empurrou-a para fora, fechando a porta em seguida. Respirava irregularmente, por um momento cederia. Colocou a mão no coração sentindo o órgão bater intensamente. Bateu no próprio peito querendo em vão afastar aquele sentimento.

Jiyeon olhava atônita para aquela porta. Recusava-se acreditar naquilo. As pessoas a sua volta olhavam e cochichavam sobre o fato de Park Jiyeon ter sido expulsa da sala de Ham Eunjung. Todavia, pouco se importava com fofocas. A única coisa que passava em sua mente, era o fato de ter sido a terceira vez que Eunjung lhe rejeitava.

Será que ela realmente tinha outra? Respirou fundo e fechou os punhos. Por ora iria deixá-la, mas não desistiria tão fácil.

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Terminava de organizar o material de trabalho, a cabeça latejava, apoiou-se na mesa. Trabalhar com Jiyeon era complicado, por sorte não trabalhou com a modelo. Porém, o simples fato de saber que estavam no mesmo prédio, lhe causava arrepios de medo. Afinal elas poderiam se cruzar a qualquer momento.

– Eunjung. – Assustou-se e olhou para trás. Por um momento achou que pudesse ser Jiyeon. – Nossa, pra que o susto? Está fazendo algo errado? – Soyeon indagou brincando.

– Eu estava apenas distraída – Sorriu sem graça. – Mas a que devo a honra de sua visita?

– Eu fiquei sabendo que você expulsou a Jiyeon de sua sala. – Eunjung respirou fundo e desviou o olhar. – Vocês brigaram de novo?

– Não! Apenas não estava com humor para aturar as provocações dela.

– Eu já pedi tanto para que as duas parassem com isso... – Respirou fundo. – Ultimamente você anda dispersa e muito estressada. Talvez você devesse tirar umas férias.

Eunjung olhou para a chefe. Férias… Ela precisava de férias de Park Jiyeon. Um tempo sozinha para pensar sobre tudo, e talvez, quem sabe pensar menos na modelo. Nunca gostou muito de férias, mas naquele momento era o que mais precisava.

– Uma semana…

– O que? – Soyeon perguntou confusa.

– Me dê uma semana de folga. Tenho certeza de que uma semana será mais que o suficiente.

– Tudo bem. – Assentiu. – Eunjung. – Aproximou-se incerta. – Está acontecendo alguma coisa para você estar assim?

– Eu… – Se perguntava se deveria dizer algo a Soyeon, não poderia mentir para ela. – Eu estou amando. – Respondeu fitando-a.
Soyeon se espantou com a revelação.

– Quem? – Perguntou sem pensar, se arrependendo logo em seguida. Eunjung ficou confusa pela maneira com que Soyeon havia lhe perguntado. – Desculpe. – Disse sem graça.

– Tudo bem. – Sorriu de lado. – Na verdade eu meio que não posso dizer quem é. Só posso lhe dizer que estou de coração partido.

– Eunjung. – Ah! Como amava dizer o nome dela. Colocou uma das mãos no ombro da mais alta e com a outra acariciou lhe o rosto. – Saiba que pode contar comigo para qualquer coisa. – A fotógrafa sorriu e segurou a mão da chefe em seu rosto, com delicadeza.

– Eu agradeço a gentileza Soyeon. Você é um anjo. – Inclinou-se e depositou um beijo na bochecha de Soyeon, que apenas fechou os olhos para aproveitar o momento.

Nesse instante a porta da sala se abre, as duas se afastaram no mesmo instante, assustadas. Mas Jiyeon as viu e isso fez seu sangue ferver.

– Que lindo… – Comentou irônica. Apenas não bateu palmas para não chamar a atenção.

– O que faz aqui Jiyeon? – Eunjung decidiu ignorar o comentário.

– Tem uma loira esquisita lá fora esperando por você. – Disse emburrada. A loira esquisita era bonita. Será que era com ela que Eunjung estava saindo? Sentia vontade de socar alguém só de pensar nisso. Bufou ao ver um sorriso no rosto de Eunjung, que saiu apressada logo depois. Dizendo apenas um tchau.

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Uma semana, sete dias, sento e sessenta e oito horas, dez mil e oitenta minutos, seiscentos e quatro mil e oitocentos segundos, sem Ham Eunjung. Jiyeon sentia tanta falta dela. Agora estava em frente à sala da fotógrafa, olhando para aquela porta, como se pudesse vê-la sair sorrindo. Olhou para o elevador, estava ansiosa, afinal hoje ela voltaria.

Estancou no lugar ao ouvir a porta do elevador se abrir. Sorriu. Linda, essa palavra era eufemismo para descrever Ham Eunjung. Jiyeon queria correr até ela, abraçá-la e dizer o quanto sentiu falta dela, porém suas pernas não se mexiam.
Piscou uns instantes ao sentir um vento ao seu lado, e quando se deu conta, Soyeon estava abraçando Eunjung e dizendo o quanto havia sentido falta dela. Jiyeon bufou, nunca odiou ou, invejou tanto uma pessoa como naquele instante. Soyeon era sua amiga, Jiyeon a amava e sentia-se mal por querer matá-la.

– Você está linda. – Trincou os dentes ao ouvir Soyeon elogiar a fotógrafa.

– Obrigada! – Eunjung sorria amplamente. – Você também está linda! – O olhar da fotógrafa fugiu do da mulher a sua frente e se encontrou com o de Jiyeon.

A modelo sorriu e a fotógrafa lhe devolveu o gesto, fazendo o coração de Jiyeon disparar. Ver aqueles lábios carnudos se curvando em um sorriso tímido, foi como perder o chão e o ar que lhe restava. Tão doce e cheio de ternura. Era disse que sentia falta, da ternura dela.
Por fim decidiu sair dali, se ficasse mais um minuto naquele lugar perderia a razão e agarraria Eunjung, bem ali, na frente de todo mundo.

Depois de ver Jiyeon, quando voltou, Eunjung não a viu mais. Ao mesmo tempo em que agradecia por isso, desejava poder vê-la mais uma vez. Aquele sorriso meigo não saia de sua mente, foi a primeira vez que Jiyeon lhe dirigiu um sorriso assim. E por mais que não quisesse, aquele gesto aqueceu seu coração.

Passou a mão pelo cabelo suspirando. Essa semana longe serviu para esfriar a cabeça e organizar os pensamentos. Entretanto, também serviu para sentir ainda mais falta de Jiyeon. Quando a viu, quando ela sorriu para si, sentiu como se o tempo tivesse parado, como se existisse apenas as duas naquele momento. Essa cena teimava em se repetir em sua cabeça.
As mãos formigavam e os lábios desejavam tocar os de Jiyeon.

Como podia amar e desejar tanto alguém? E por que com tantas pessoas na coreia, no mundo, tinha que amar logo ela? Era tudo tão injusto…
 

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Havia terminado de tomar banho, vestia apenas um roupão. Jiyeon sentou-se na cama, não conseguia parar de pensar em Eunjung. Passou a mão pela cama sentindo a maciez do edredom, puro algodão. Fechou os olhos, por um instante imaginou o toque de Eunjung contra a sua pele.

O marido não estava em casa e ansiava pelos toques da fotógrafa, e aquilo tornou-se quase uma necessidade para si.

Deitou-se na cama, e ainda de olhos fechados dedilhou o próprio corpo, imaginando que aqueles toques eram de Eunjung. Aquilo era tão errado… Tão errado quanto as noites que passaram juntas.

Massageou um dos seios, suspirando logo em seguida. Desceu a outra mão até sua intimidade, conteu um gemido. O desejo era tanto que apenas o toque suave de seus dedos contra seu órgão lhe causava um prazer indescritível.

“Isso… Geme pra mim!” Grunhiu ao lembrar de Eunjung surrando em seu ouvido antes de penetrá-la. Deslizou o dedo pela própria entrada, abriu as pernas e introduziu um dos dedos dentro de si.

– Jiyeon! – Abriu os olhos assustada ao ouvir a voz do marido vindo da sala. O que diabos estava fazendo? Nunca... Nunca havia se tocado antes... O que Eunjung havia feito com ela?

Jiyeon passou praticamente a noite toda em claro, lembrando-se do que praticamente havia feito. Será que se marido não tivesse aparecido, teria continuado? Teria chegado ao clímax pensando em Eunjung?

Fechou os olhos com força e passou a mão pelo rosto em frustração. Tinha que afastar aqueles pensamentos, ou cometeria alguma loucura. Chegou a sala da sessão de fotos e não se surpreendeu ao ver Eunjung.

O ambiente ficou silencioso com sua chegada. Todos esperavam que ela dissesse algo para provocar a fotógrafa, para a surpresa de todos, a modelo apenas se sentou, esperando se maquiada. Eunjung sorriu de lado, um ato quase imperceptível. Estava feliz por Jiyeon tê-la deixado em paz. Mesmo que em seu interior desejasse que a modele fizesse algum tipo de provocação, que a irritasse e gritasse para ter sua atenção. Contudo, essa situação era o melhor, assim não haveria nenhum tipo de tensão entre as duas.

Pouco tempo depois começaram o trabalho, agindo sempre de maneira profissional. Vez ou outra a fotógrafa ia até a modelo, arrumava o cabelo, ajeitava posição ou outra. Tudo muito profissional, como se fossem completas estranhas. Isso causava estranhamento. Em nenhum momento se falaram. Sem falar do clima completamente estranho e ao mesmo tempo calmo naquela sala.

Algumas pessoas cochichavam especulações sobre o que poderia ter acontecido. A estranha folga de uma semana de Eunjung, a falta de concentração de Jiyeon nesse meio tempo, e agora as duas agindo como se fossem completas estranhas. Outros ignoravam isso, e até preferiam assim, já que o trabalho ocorria tranquilamente.

– Vamos fazer uns minutos de intervalo. – Disse enquanto analisava algumas fotos na câmera.

O pessoal se dispersou, uns saíram, outros ficaram em algum canto, completamente dispersos do que acontecia a sua volta. Jiyeon viu isso como a oportunidade perfeita para se aproximar de Eunjung, já que ela estava sozinha, vendo as fotos pelo computador. A modelo sorriu de lado. Todas as vezes que esteve com Eunjung a mesma sempre esteve trabalhando. Jiyeon não a julgava, e também nem poderia. Compreendia Eunjung melhor do que quaisquer uns, afinal, ambas faziam o que amavam e eram completamente obcecadas por isso.

Tanto que foi com uma foto que havia conquistado a cama da mais velha. Nunca entendeu isso muito bem, mas algo naquela mulher sempre lhe atraiu. Era um desejo carnal indescritível, e sempre negou esse desejo, contudo, depois de ter se casado e tido sua primeira experiência sexual, percebeu o tempo que havia perdido, por puro medo e autonegação. Ela é uma mulher que tem desejo sexual por outra. Simples assim, sem complicações. Cansou-se de fugir disso e tomou uma iniciativa que mudou sua vida.

O que era apenas diversão, prazer, satisfação sexual, ressentimento, sexo sem compromisso, virou algo maior. Estava viciada pelos toques de Eunjung e havia entrado em uma grande crise de abstinência. Sua única salvação, seu único remédio, possuía nome e sobrenome. Ham Eunjung, era o nome que circulava sua mente.

Afastou os pensamentos observando melhor o que a mais velha fazia. Já havia começado a editar algumas fotos. Não descansava nem no intervalo.

– Não deveria comer? – Sua voz soou mais preocupada do que pretendia.

– Não deveria fazer o mesmo? – Rebateu sem tirar os olhos do monitor.

– Touché! – Sorriu, certas coisas nunca mudam. – De qualquer forma, não deveria descansar? Isso meio que é trabalho para o departamento de designer.

Então Eunjung finalmente desgrudou os olhos do monitor para fitar Jiyeon. O que ela pretendia com isso? Era o que a fotógrafa tentava entender com aquela troca de olhar intensa. Nenhuma das duas sabia quanto tempo estavam nisso, e nem se interessavam em saber. O mundo em volta delas desapareceu. Ham Eunjung e Park Jiyeon criaram um mundo só delas através daquela troca de olhar.

– Eunjung! – Ambas quebraram o contato visual para olhar a dona da voz.

Jiyeon não gostou nada de ver a loira do outro dia, e gostou menos ainda de ver o sorriso que Eunjung direcionava a ela. A fotógrafa levantou-se e foi até a amiga, lhe abraçando com carinho.

– Ela é mais bonita nas fotos. – Jihyun sussurrou pra Eunjung, que apenas riu do comentário.

– Não seja maldosa Jihyun.

– Não estou sendo maldosa. Estou apenas constatando a verdade. – Deu de ombros e Eunjung revirou os olhos.

– Quem é a sua amiga? – A modelo perguntou ficando entre as duas.

– Eu lhe trouxe cupcakes! – Jihyun ignorou a mais nova. A modelo bufou com tamanho desrespeito. Eunjung sorriu sem graça, sem saber o que fazer. Apenas pegou a embalagem com os cupcakes.

Jiyeon almejava cravar as unhas naquela loira de farmácia. No fim das contas as duas ignoravam a sua presença. Ficaram trocando risadinhas e até toques. A modelo poderia matá-las a qualquer instante, tamanha era raiva que sentia. E o que mais a irritou foi a loira ter contornado toda a extensão do maxilar de Eunjung com as pontas dos dedos. Aquela é a parte do corpo de Eunjung que Jiyeon mais gostava. Se pudesse fazer a mão da loira cair com o olhar, já teria o feito.

Já estava farta de toda essa situação. Tomaria uma atitude ou não se chamava, Park Jiyeon!
 

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Finalmente, finalmente havia chegado em casa. A única coisa que precisava naquele momento era um bom banho para lavar o corpo e a alma.

Abriu a porta de seu apartamento, fechando-a em seguida e jogou as chaves em qualquer lugar.

Gostaria de dizer que havia se assustado ao ver Jiyeon ali sentada em seu sofá. De certo modo já esperava por isso. Por que não trocou a fechadura mesmo? Passou pela modelo e foi ate a cozinha.

– Não adianta me ignorar. Não irei embora! – Ouviu aquela voz firme, vindo da sala e sentiu o corpo estremecer. – Ficarei aqui a noite inteira se for preciso. – Sorriu de lado ao ver Eunjung parecer na sala, com um copo na mão.

– Espero que o sofá seja confortável para se dormir, Jiyeon. – Bebeu um gole de água, A modelo observava cada movimento de Eunjung e tudo se passava em câmera lenta.

– Você não pode continuar me ignorando. – Levantou-se – Temos que conversar!

– Seu marido não vai ficar preocupado? – Jiyeon revirou os olhos.

– Ele está em Nova York resolvendo um assunto de trabalho! Por favor, vamos conversar. – Tentou se aproximar, mas Eunjung se afastou.

– Não temos nada para conversar! – Dissera com firmeza.

– Por favor! – A súplica na voz de Jiyeon e o olhar perdido fez Eunjung amolecer. – Não aguento mais essa situação. – Aproximou-se e pegou a mão livre da fotógrafa. – Eu realmente sinto a sua falta.

– Deveria ter pensado nisso antes! – Disse entre dentes.

– Você fala e age como se a culpa fosse só minha, mas nós duas sabemos que não sou a única culpada! Eu não te forcei a nada. – Acusou.

– Eu sei. – Olhou nos olhos de Jiyeon. – Estou com mais raiva de mim mesma do que de você. Eu me submeti a algo que sempre repudiei. Então eu pensei: “Se é apenas sexo, o que há de mal nisso?” – Colocou o copo na mesa de centro e sentou-se no sofá. A modelo sentou logo em seguida.

– Então o que aconteceu? – Eunjung sorriu sem vontade com a inocência da pergunta.

– Eu percebi que era muito mais que sexo. – Olhou para Jiyeon. – Era amor.
Jiyeon ficou sem palavras, não esperava tal declaração da fotógrafa.

– Por que… Por que você não me disse antes?

– Faria diferença? – Questionou com esperança. Jiyeon olhou para o lado, não tinha coragem de encarar Eunjung.
Eunjung assentiu e levantou-se, pegou o copo na mesa de centro e foi para o quarto. A modelo apenas ficou ali na sala, perdida em pensamentos e nas palavras de Eunjung. Olhou para o corredor em que ela desapareceu. E agora? O que faria?

Depois de alguns minutos Eunjung voltou para a sala. Jiyeon já não estava mais ali. Não se surpreendeu e nem ficou chateada, já esperava por isso. Foi para a cozinha e deixou o copo em cima da pia. Era melhor assim.
 

--

 

Jiyeon caminhava graciosamente pelo prédio da empresa, estava com um copo de café em mãos. Não estava em seu melhor dia. Não conseguia tirar as palavras de Eunjung de sua cabeça. A fotógrafa a ama. E agora?

– Não acredito que a Eunjung se demitiu. – Parou de andar ao ouvir duas pessoas conversando.

– É, e parece que foi sério já que a Soyeon é quem está esvaziando a sala dela.

– Como assim a Eunjung se demitiu? – Os dois homens que estavam conversando se assustaram com a aparição repentina de Jiyeon. – Por que ela se demitiria?

– Nós não sabemos. É apenas um boato que está rolando na empresa. – Um deles respondeu.

– Onde está a Soyeon? – Eles deram de ombros e Jiyeon bufou. Foi até o elevador. Iria até a sala de Eunjung tirar essa história a limpo.

Soyeon guardava tudo o que pertencia a fotógrafa em uma caixa. Fazia tudo com calma, queria se lembrar de cada momento em que esteve com ela e agora… Agora, talvez, nunca mais a visse de novo.

– O que está fazendo Soyeon? – Virou-se e viu Jiyeon. O olhar da modelo era de puro desespero.

– Guardando as coisas da Eunjung, ela me ligou ontem e pediu demissão. Conversamos bastante, mas… Não consegui convencê-la a ficar. Ela quer viajar o mundo, e fazer um book com as fotos que vai tirar. Ela não irá nem cumprir aviso prévio e disse que uma amiga dela virá buscar suas coisas. Portanto cá estou eu, juntando as coisas dela. – Explicou.

– Mas… Ela de disse por que ela pediu demissão? – Soyeon parou o que estava fazendo e olhou para Jiyeon.

– Por que quer saber? Achei que talvez ficasse feliz com isso. Afinal você nunca gostou dela.

– Soyeon, você não pode deixá-la ir assim. Você gosta dela, você tem que dizer isso a ela. Talvez, assim ela fique. – Disse esperançosa.

– Você realmente me conhece bem Jiyeon. – Sorriu de lado. – Nunca lhe disse que gostava dela, mas, mesmo assim, você sabe. Mas se é assim então por que não diz você? – Jiyeon se calou e desviou o olhar. É claro que Soyeon sabia.

– Nós duas sabemos o motivo. E… Ela me odeia.

– Não quero que ela fique comigo por pena, não quero ser um step. Todas nós vamos sofrer se ela ficar. Talvez assim seja melhor.

– Talvez, mas… Eu vou sofrer mais se não tiver ela ao meu lado. Não me importa se ela for ficar por mim ou por você, só quero que ela fique. – Jiyeon sentia a visão ficar turva, com as lágrimas se acumulado em seus olhos.

– Eu sinto muito Jiyeon. – A modelo abraçou a amiga. Ambas partilhavam a mesma dor, e choravam pela mesma pessoa.
 

--

 

Jiyeon caminhava quase sem vida até o carro. Já fazia quase uma semana que Eunjung tinha se demitido, e a essa hora ela poderia estar do outro lado do mundo conhecendo novas pessoas e culturas. Jiyeon já não via mais graça em nada do que fazia, agia como um robô. Tamanha era a falta que sentia de Eunjung. Mas não havia mais nada que pudesse fazer agora. Deveria seguir em frente, afinal a vida continua. Abriu a porta do carro.

– Jiyeon! – Virou, para se deparar com a loira esquisita, amiga de Eunjung.

– O que você quer? – Perguntou de forma ríspida.

– A Eunjung vai embora hoje. – Ignorou a grosseria da modelo.

– E por que está me dizendo isso? – Perguntou desconfiada. Mas por dentro sentia o famoso friozinho na barriga.

– Vou ser bem direta! Eu não gosto de você Jiyeon, mas acho essa viagem que a Eunjung quer fazer, um erro. Principalmente por estar tão fragilizada. Jiyeon se você a ama ou, se o que vocês tiveram significou algo para você, impeça que ela vá. Estou aqui te pedindo isso, por que você é a única que pode impedi-la. – Jiyeon olhou para o chão, e se voltou para o carro. Jihyun respirou fundo, abaixou a cabeça e fechou os olhos com força. Estava decepcionada, mas o que poderia esperar da modelo? Ouviu a porta do carro de Jiyeon se fechar. Virou-se para ir embora, não havia mais nada que pudesse fazer.

– Não vai me levar até a Eunjung? – Levantou a cabeça e virou o corpo. Jiyeon sorria de lado. – Fui covarde uma vez e achei que havia a perdido para sempre. Não desperdiçarei essa segunda chance.

– Sabe… Agora estou começando a gostar de você. – Sorriu de lado.

– Chega de papo e vamos logo.

Jihyun dirigia um tanto quanto rápido e Jiyeon se segurava a porta do carro.

– Será que você poderia dirigir mais devagar?

– Não dá! Temos que chegar a tempo.

– Como assim? – Indagou ainda com medo.

– A Eunjung já está no aeroporto.

– O QUE? PORQUE NÃO VEIO ATRÁS DE MIM ANTES? – Gritou com raiva. – ORA, POIS COLOQUE O PÉ NO ACELERADOR MULHER!

– EU TENTEI FALAR COM VOCÊ ANTES, MAS VOCÊ ESTAVA NO JAPÃO PARA UMA SESSÃO DE FOTOS. E ESTOU INDO O MAIS RÁPIDO QUE POSSO. – Rebateu.

– ENTÃO POR QUE NÃO ME PROCUROU HOJE MAIS CEDO? TINHA QUE SER AOS 45 DO SEGUNDO TEMPO?

– EU TENHO MAIS O QUE FAZER DO QUE FICAR CORRENDO ATRÁS DE VOCÊ! – Gritou olhando para Jiyeon.

– O SINAL TA VERMELHO! – Jihyun olhou para frente e rapidamente pisou no freio. Por pouco ela não atropela as pessoas que estão atravessando a faixa. – É melhor deixarmos para discutir isso depois. – Comentou assustada.

– Concordo. – Disse ofegante.

Jiyeon nem deu tempo de Jihyun estacionar o carro direito e já saiu do veículo, correndo até o portão de embarque.

– PRA ONDE VOCÊ ACHA QUE ELA ESTÁ INDO SUA LOUCA? É PARA O OUTRO LADO! – Jihyun gritou para Jiyeon que logo correu para a direção em que a outra havia lhe apontado.

Jihyun até que queria correr junto a Jiyeon, mas ela não nasceu para exercer qualquer atividade física.

Jiyeon parou de correr ao ver Eunjung entregar o passaporte à comissária no portão de embarque.

– EUNJUNG! – Gritou, a fotógrafa logo olhou para ela. Estava surpresa ao vê-la. Mas logo se recuperou, pegou a passagem e o passaporte. – POR FAVOR, NÃO VÁ. FIQUE! FAREI UM ESCÂNDALO AQUI SE FOR PRECISO EUNJUNG! – A fotógrafa olhou para os lados e viu algumas pessoas cochicharem, obviamente haviam reconhecido Jiyeon. Abaixou a cabeça e colocou a mão no rosto envergonhada. Deu meia volta e foi até Jiyeon.

– O que você quer Jiyeon? Será que já não foi o suficiente pra você?

– Eunjung, eu não quero que você vá, eu não posso deixar que você vá.

– Jiyeon, não seja egoísta, eu preciso ir, eu preciso ficar longe de você e te esquecer. Será que você não entendeu ainda que eu te amo? Não posso continuar perto de você.

– Eu estou sendo egoísta sim, mas é por que eu… – Jiyeon se aproximou e segurou o rosto de Eunjung com as duas mãos. A fotógrafa sentiu o quão frias estavam as mãos da modelo. – Também te amo. – Jiyeon ameaçou se aproximar, mas Eunjung a impediu, se afastando.

– Estamos chamando muita atenção aqui.

– Ai… enfim alcancei vocês… – Jihyun se apoiou em Eunjung, estava ofegante. – Escolhi um péssimo dia para usar salto.

– Jihyun? – Olhou para a amiga e logo depois para Jiyeon. – Você a trouxe aqui?

– Não poderia deixar você cometer essa loucura.

– Podemos conversar agora Eunjung?

– Você realmente me ama?

– É claro que sim!

– Saber que você também me ama é o suficiente para mim. – As duas sorriram.

– Então eu posso… – Jiyeon ia se aproximar, mas Eunjung puxou Jihyun para ficar entre as duas.

– Só depois que você se divorciar.

– Mas isso pode levar meses…

– É isso ou, eu vou embora. – Jiyeon bufou.

– Ta bom… – Concordou a contragosto.

Já havia se passado três meses que Jiyeon começou o processo de divórcio e Eunjung se via cada dia mais feliz. Era como se ela Jiyeon fossem duas adolescentes apaixonadas. Jihyun costumava dizer que elas eram tão doces quanto os bolos que fazia em sua confeitaria. A fotógrafa não podia discordar da amiga, ela e Jiyeon estavam vivendo a fase que haviam pulado quando eram amantes, antes era apenas luxuria, agora havia amor, carinho e cuidado.

Entrou no apartamento e ascendeu a luz da sala.

– Meu Jesus Cristinho! – Assustou-se ao ver Jiyeon, sentada, seminua em seu sofá. Fechou rapidamente os olhos e os cobriu com a mão. – O que eu te falei sobre isso Jiyeon? Só depois do divórcio.

– Pois eu estou com os papéis do divórcio bem aqui… – Agitou um envelope a4 para Eunjung, que olhou para o envelope por entre os dedos da própria mão. – Agora sou uma mulher livre. – Jogou o envelope em algum canto da sala e empurrou Eunjung contra a parede. – Agora você não me escapa Ham Eunjung.

Eunjung rapidamente inverteu as posições passando a mão pela cintura de Jiyeon.

– E quem disse que eu quero escapar? – Sorriu de maliciosamente.

– Eu te amo.

– E eu te amo mais Jiyeon.

Aproximou lentamente o rosto, até que finalmente seus lábios tocaram os de Jiyeon, em um beijo calmo e apaixonado.
 


Notas Finais


espero que tenham gostado ^^


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