História Photograph - The truth

Min Yoongi

Eu lutava contra minha própria vontade de dar meia volta e retornar até a casa de Jimin.

Ao mesmo tempo eu sei que tenho que estar presente em casa, não posso fugir para sempre. O problema é que eu já estou farto de ter que mentir e esconder as burradas do meu irmão. Só não queria que o pior acontecesse com nossa família e meus pais se decepcionasse com ele.

Quando minha mãe me ligou cedo, eu já imaginava que ele já devia estar em casa, ou chegando. Mas isso não me animava nem um pouco. A última coisa que eu queria no momento é ver aquele garoto. Não que eu não ame meu irmão, mas com o tempo eu acabei me decepcionando com suas atitudes egoístas e infantis e eu já estou farto de seus joguinhos e mentiras.

A única coisa que eu não quero que aconteça é minha mãe se decepcione com ele. Foi uma felicidade muito grande quando ele conseguiu a vaga, e estava a desperdiçando com bebidas, drogas e saídas à noite.

Não conseguia tirar essa sensação estranha em meu peito, estava com medo de Jimin poder fazer alguma coisa grave, mas eu acreditava que ele ficaria bem, pelo menos por um dia. Talvez pra quem olhe de fora, pense que ou possa ser uma pessoa obsessiva, mas é somente preocupação, preocupação com a pessoa que eu amo. Sim, descobri nesses dias que eu amo Park Jimin. Tenho certeza que é um sentimento unilateral, mas não deixava de ser amor. E com isso, eu sempre estaria ao lado dele, sempre tentaria estar por perto quando ele precisasse, mesmo que isso pudesse me jogar na famosa "friendzone", mas eu não me importo.

Eu sei que amar uma pessoa depressiva é muito difícil, não conseguia imaginar a confusão de sentimentos que se passa dentro dele. A angústia presa em seu peito é quase palpáveis quando está perto de mim, eu sinto isso. Se engana quem acha que eu não quero ajudá-lo, pelo contrário, o que eu mais quero é vê-lo bem. Mas e se ele não quiser ajuda? Ou rejeitar?

A cada vez que penso nisso me sinto ainda mais frustrado. Se que tenho que ajudá-lo, mas não sei o que fazer.

Assim que cheguei em casa, pude perceber o silêncio no local. Provavelmente meu pai ainda está dormindo, e pelo barulho vindo da cozinha, minha mãe deve estar lá, preparado algum doce. Ele sempre gostou de fazer doces.

— Bom dia, mãe — sorri, depois de a cumprimentar.

— Oi querido, bom dia — me respondeu e secou as mãos em um pano de prato, sorrindo.

— Hum... Que cheiro bom mãe — disse ao sentir um cheiro gostoso de bolo. Ela estava mexendo em algo no fogão.

— Estou fazendo um bolo meu amor, está quase pronto. Como foi na casa do Jimin? Ele está bem? — perguntou-me ainda concentrada no que fazia.

— Está sim mãe, ele estava passando mal ontem, por isso preferi ficar lá.

— E ele está melhor agora, querido? — assenti em resposta, depois que a morena olhou para mim — Que bom. Porque não sobe e toma um banho e desce para tomar café? Seu irmão está quase chegando — disse mexendo na cobertura do bolo que estava no fogão.

— Claro mãe, mas vou demorar um pouco — dei-lhe um beijo no rosto.

Subi as escadas em direção ao meu quarto, e logo coloquei minha mochila em cima da cama, tirando minha câmera da mesma.

Liguei meu computador e tirei meu cartão de memória da câmera e conectei ao gabinete, deixei as fotos carregarem enquanto ia até o guarda roupa e pegando uma muda de roupa para tomar um banho relaxante.

Entrei no box do banheiro e deixei a água em temperatura morna. Aos poucos deixei meus músculos tensos relaxarem pouco a pouco, foi uma sensação tão boa, me senti até mais desperto e renovado.

Assim que saí do banheiro, enrolei uma toalha na cintura e fui para o quarto me vestir. Porém antes de chegar até a cama, onde está as roupas parei para olhar o pequeno mural que tenho de fotos e algumas anotações na parede ao lado da minha escrivaninha. Alí há as fotos mais especiais escolhidas por mim, fotos da minha família e amigos mais próximos, e algumas principalmente com Jimin, são fotos tão especiais que guardam recordações e sentimentos tão bons, que eu gostaria de reviver cada um deles. Lembro-me do dia em que minha mãe levou a mim, Jimin e Jin a um parque de diversões que tinha chegado na cidade. Eramos bem novos ainda, mesmo o hyung sendo o mais velho entre nós três. Jin sempre fora meu amigo, desde que nasci, praticamente. Nossas mães são bem próximas e de vez em quando elas saem juntas. Mas o ruivinho veio para ocupar um lugar especial na minha vida. Nesse dia nos divertimos muito, e foi a primeira vez em que vi Jimim interagir e rir tanto.

Havia impresso as fotos que havíamos tirado na sorveteria na semana passada. Haviam ficado tão lindas, e Jimin bem melhor depois da nossa conversa. Por um momento eu pensei que fossemos nos beijar, devido a brincadeira que estávamos fazendo. Isso me fez arrancar boas risadas mais tarde, risadas de nervoso, pois eu queria mas ao mesmo tempo tenho medo de beijá-lo.

— Ainda admirando esse garoto maninho? Quando você vai deixar de ser idiota e pegar ele? — meu querido irmão passou seu braço direito por meus ombros e disse a frase ironicamente. Infelizmente havia chegado cedo demais em casa.

— Isso não é da sua conta Min Joon — o respondi a contra gosto, e segui para o centro do quarto, sentando na beirada da cama.

— Ah, qual é irmãozinho! — gargalhou alto e ironicamente, enquanto eu mordia a língua para não lhe dizer umas boas verdades — Está praticamente escrito na sua testa o quanto você está afim desse tal ruivinho.

Apoiou sua mão na mesa, enquanto eu secava meus cabelos com outra toalha.

— Mesmo que eu esteja, não é da sua conta Joon, e por favor, dê licença do meu quarto, eu tenho mais o que fazer — o respondi enquanto colocava a pequena toalha  em cima da cama. Massageei as têmporas, já sentindo um leve dor de cabeça chegar.

— Tá bem, tá bem — levantou as mãos em forma de rendição e se afastou — mas nem boas vindas você vai dar ao seu hyung? — sorriu irônico.

— Boas vindas? É brincadeira né? — perguntei-lhe incrédulo — Porque eu te daria as boas vindas, Min Joon? Pra inicio de conversa não era nem para você estar aqui. Então porque não volta para o seu mundinho perfeito? Com certeza eu, a mãe e o pai ficaremos bem melhor sem você, suas confusões e suas drogas — disse tentando não gritar e chamar a atenção de minha mãe.

— Ui, ele está nervosinho — riu sarcasticamente — Mas tudo bem, vou dar licença do seu precioso quarto, mas saiba que você ainda vai precisar de mim maninho, guarde minhas palavras — me respondeu e saiu.

Bati a porta assim que ele deu licença do ambiente. Me joguei na cama molhado e de toalha mesmo, bufando logo em seguida.

Urgh! Como esse garoto consegue me tirar do sério!

Levantei e logo procurei colocar minha calça de moletom cinza, camisa branca lisa e meias nos pés, pois o tempo está meio chuvoso.

Liguei a tela do meu computador, abrindo a pasta onde estavam as fotos da câmera. Descarreguei todas elas para a memória interna e comecei a editá-las uma a uma, todas as fotos recentes eram do dia do teste de basquete, o me fez lembrar da crise que Jimin teve, pensei em mandar uma mensagem perguntando se estava tudo bem, mas decidi por fim deixá-lo sozinho e se a preocupação batesse mais forte eu ligaria.

•『 ♡ 』•

Já se passavam das quatro da tarde quando meu irmão saiu de casa, disse que ia dar 'uma volta' na vizinhança'. Sei bem a saída que ele vai dar, direto para a boca de fumo mais próxima. Mas mesmo assim procurei não me importar com isso e ofereci ajuda a minha mãe que estava cozinhando algo que eu não sabia.

Meu celular apitou, indicando que uma nova mensagem havia chegado. Era o chinês.

"Amanhã, festa na casa do Chung-So. Você vai?" [16:13 P.M]

"Hum... Acho que não Wang, acho que vou ficar em casa mesmo. Preciso me adiantar com alguns trabalhos e tenho minhas aulas de piano para preparar." [16:13 P.M]

"Ah, qual é Yoongi! É só uma festa, nada demais. O Chung vai dar ela em uma comemoração antecipada pelos resultados do teste do time." [16:15 P.M]

"Mas o resultado só vai sair daqui a duas semanas!" [16:16 P.M]

"Eu sei, mas você sabe que o Chung não perde a oportunidade de fazer alguma festa." [16:18 P.M]

Pensei por alguns instantes antes de respondê-lo.

"Tudo bem então, eu vou. Depois me manda o endereço e o horário da festa, vou avisar o Jimin que vamos, ele já havia me falado sobre isso há um tempinho." [16:21 P.M]

"Okay, vou avisar os meninos, até mais, Min" [16:21 P.M]

"Até, Wang" [16:22 P.M]

Bloqueei meu celular novamente e o deixei em cima do balcão da cozinha.

Eu desejava a todo custo poder contar para minha mãe sobre meu irmão, mas no fundo não tinha coragem.

— Filho, eu te conheço, tem algo que você está me escondendo. Pode me contar, não vou brigar com você — a morena disse e tirou o avental que estava usando e se sentou de frente para mim na bancada.

— Não é nada mãe, só estou preocupado com algumas coisas aí — tentei desviar da conversa.

— Como assim nada, Yoongi? Eu te conheço a 18 anos, pode me dizer o que está acontecendo — insistiu.

— Mãe... — comecei — Por favor... — a repreendi, com a intenção de encerrar aquela conversa antes mesmo dela começar.

— Bom, já que você não quer falar, eu começo — deu uma breve pausa antes de continuar — Não precisa me esconder mais nada meu amor, eu sei bem que seu irmão está fazendo, e sei muito bem que ela não está frequentando as aulas da faculdade.

Arregalei meus olhos em surpresa, pois eu nunca imaginaria que minha mãe pudesse sequer desconfiar dessa história.

— Eu sei que você só estava querendo proteger seu irmão de uma encrenca ou até mesmo de um sermão meu o de seu pai — segurou minhas mãos entre as suas — Mas você sabe que seu irmão já tem 24 anos, e que já é bem grandinho pra saber dos lugares onde está se metendo — seus olhos marejaram e ela desviou o olhar para um ponto qualquer no chão — Mesmo que me doa e me decepcione saber que ele pode fazer uma besteira grande a qualquer minuto, eu me preocupo com seu irmão assim como me importo com você, mas acima de tudo sempre me conte a verdade, por mais dolorosa que ela possa ser.

Assenti em resposta a sua fala e levantei da cadeira, dei a volta na bancada e abracei minha mãe. Foi um abraço apertado e reconfortante, eu sabia que ela precisava mais do que eu no momento.

— Me desculpe, mãe — sussurrei baixinho, somente para ela ouvir.

— Não precisa se desculpar meu anjo, eu fico feliz de você estar protegendo seu irmão, apesar dos erros dele — desfez o abraço devagar, depositando um beijo em minha testa logo depois.

Passou a mão entre meus cabelos quase secos e ajeitou minha franja, que caia sobre meus olhos.

— Te amo mãe — sorri leve.

— Eu te amo mais ainda, meu filho — ela sorriu abertamente, então a abracei novamente.