História Photograph - Uncover

Kim Namjoon

Arrependido. Arrependido é a palavra certa pra me descrever neste momento. Maldito dia em que eu resolvi cogitar a idéia de aceitar a proposta do meu pai.

Muitas pessoas pensam que ser de uma família rica é tudo maravilhoso, mas não é. Eu nunca tive a liberdade que quis, sempre fui obrigado a seguir a minha vida do jeito que meus pais queriam, e isso incluía de eles controlarem até mesmo as pessoas com quem me relaciono amorosamente.

Foi uma surpresa e tanto pra mim, quando eles aceitaram mais que bem o fato de eu gostar de garotos, mas isso não foi empecilho para eles, que logo trataram de arranjar um possível namorado rico pra mim, ainda tentei argumentar com eles e dizer que não iria namorar com alguém que não amasse, mas eles insistiram tanto, que acabei cedendo. O pior erro que eu podia ter cometido.

Não que eu não gostasse do Minhyuk, ele é um cara legal, mas não conseguia me imaginar casando com ele.

Minha família precisa de dinheiro? Não, isso é puro capricho de meus pais, que insistem em dizer que nós temos que manter a tradição da família e só nos casarmos com pessoas mais ricas que nós, o que resultou em minha irmã ter fugido de casa com 18 anos, e logo depois meus pais a deserdaram.

Levantei do sofá aborrecido, eu queria muito estar com Jin agora, mas depois da nossa pequena discussão atrás da quadra da escola, não estávamos nos falando. Eu sinto falta dele, dos carinhos, das piadas de tiozão que ele insiste em contar de vez em quando. Jin é uma criança no corpo de adulto, e é isso que eu mais gosto nele, essa espontaneidade.

Eu queria muito explicar essa situação a ele, e dizer o porquê de todo o mistério de nunca tê-lo trago aqui pra casa e o apresentado a meus pais, e logo depois poder dizer que oficialmente nós éramos namorados e que poderíamos ficarmos juntos sem ninguém nos atrapalhar, mas nada disso foi possível.

Meu celular começou a vibrar em meu bolso, indicando que eu havia recebido uma nova mensagem, era Minhyuk.

"Oi Nam! Estou com saudades meu docinho, quando vou poder te ver? :(" [16:27 P.M]

"Hyuk, por favor... eu não disse milhões de vezes pra você não me mandar mensagens e nem me procurar?" [16:28 P.M]

"Disse amorzinho, me desculpa, mas eu não consigo ficar longe de você, posso te ver hoje?" [16:29 P.M]

Eu ponderei na resposta, eu necessitava de esclarecer todas as coisas com ele, antes de fazer o que estava planejando, então apenas aceitei sua proposta.

"Pode Hyuk, me encontre na praça do centro às 17:30h hoje okay?"

"Tudo bem, obrigado amor! Te vejo lá. Beijinhos. :*"

O Minhyuk não é uma má pessoa, ele só chega a ser grudento demais, e se achava no direito de me perturbar todos os dias, só porque meus pais diziam que iríamos nos casar, o que obviamente não iria acontecer.

Como eu queria ter a liberdade que sempre quis, poder viver a minha vida sem ter que pedir permissão para tudo que fosse fazer, queria poder estar com meu Jinnie neste momento, ele é a única pessoa que consegue me acalmar.

Meus pais nunca aceitariam o fato de eu estar com ele, não por ele ser um menino, mas sim por ele vir de família humilde. Jin é um dos bolsistas da escola e com certeza meus pais não aprovariam meu namoro com ele, somente por ele não vir de família rica.

Apenas suspirei frustrado e segui para a cozinha, pegando um pedaço de torta que estava na geladeira e me servi, sentei à mesa comendo lentamente, esperando passar o tempo até eu poder ir para a o local marcado.

•『 ♡ 』•

Eu já estava pra lá de impaciente, Minhyuk estava mais de quinze minutos atrasado. Quanto mais rápido eu conversasse com ele, mais rápido eu conseguiria conversar com Jin e explicar toda essa situação chata. Eu já estou exausto de tudo que está acontecendo.

Depois de um bom tempo de espera ele chegou, com o clássico sorriso no rosto bonito.

— Oi amorzinho — cumprimentou-me e se inclinou para dar-me um beijo. Apenas desviei o rosto.

— Oi, Minhyuk — respondi rápido e curto, vendo seu pequeno sorrir sumir por um momento em seu rosto.

— Fico feliz de saber que você queria me ver — disse-me tímido.

— Na verdade eu não queria bem te ver, mas preciso conversar seriamente com você — hesitei por um momento, mas logo continuei o impedindo de falar — olha Min, você é um cara muito legal e tal, mas entenda, eu não gosto de você da mesma maneira que você gosta de mim.

Ele me lançou um olhar quebrado, e seus olhos marejaram logo em seguida.

— Co-como assim? Porque você está me dizendo isso, Namjoon? — suas palavras saíram arrastadas, seus olhos arregalados.

— Eu estou dizendo isso Hyuk, porque eu não consigo mais sustentar tanta mentiras. Eu já estou cansando de ter pessoas controlando minha vida, cansado de ter que ficar distante da pessoa que eu amo! — o respondi de imediato — Eu não consigo olhar para meus pais e ter que engolir toda essa baboseira de "você tem que se casar com alguém rico". Eu espero que entenda, Minhyuk.

Logo depois de ter falado tudo isso a ele, me senti leve, como se tivesse tirado um peso de minhas costas.

— E-eu... Eu sabia desde o começo dessa história que você não era a favor disso, mas mesmo assim me deixei levar e acabei me apaixonando por você, Nam — a voz dele saia baixa e o mesmo evitava olhar em meus olhos enquanto falava — Sinto muito por ter sido um peso na sua vida.

Desviei meu rosto, fitando a paisagem da pequena praça por alguns instantes e quando voltei a olhá-lo, o costumeiro sorriso não estava em seu rosto.

— Prometo não te importunar mais Namjoon. Mas eu só peço uma coisa — hesitou por um momento — Posso te beijar? Pelo menos uma vez... — levantou a cabeça e me lançou um sorriso amarelado.

Ponderei em aceitar o que ele estava pedindo, na minha mente a primeira coisa que vinha, é que eu estava traindo meu príncipe, mas antes que eu pudesse respondê-lo, seus lábios tomaram os meus eu um breve beijo.

Fechei meus olhos instintivamente, mas quando me dei conta de que não era Jin alí, os abri com o intuito de separá-lo de mim, mas vi a última pessoa que queria naquele momento. Jin hyung havia acabado de presenciar o beijo não intencional que o loiro havia me dado, empurrei o garoto que estava grudado em mim com uma rapidez descomunal.

— J-jin hy-hyung? — perguntei com uma voz trêmula e gaguejada, por conta do susto.

Seu olhar se encontrou com o meu, senti minhas pernas fraquejarem. Seus olhos estavam marejados e isso me quebrou por dentro, eu odiava quando ele chorava.

— Hy-hyung... me deixe explicar por favor — pedi ainda com receio de sua resposta.

Mas ele nem sequer me respondeu, apenas virou as costas pra mim e seguiu para onde estava indo, que com toda certeza é para casa.

Droga!

Idiota!

É isso que eu sou, um completo idiota!

Fechei os olhos em pura raiva e apertei o indicador e o polegar entre os olhos, numa tentativa falha de me acalmar.

— Caralho! Que droga! — gritei em pura frustração, assustando o garoto a minha frente.

Com certeza minha expressão irritada deve ter amedrontado o loiro, que fez uma leve mesura, murmurando um pedido de desculpas e saiu da praça, me deixando sozinho no local.

Ajeitei meu moletom, colocando o capuz sobre minha cabeça e rumei para a casa do Jin, hoje eu teria que esclarecer toda a situação é terminar isso de uma vez por todas.

•『 ♡ 』•

Assim que cheguei na casa do Jin, toquei a campainha e esperei alguém atender a porta. Cerca de segundos depois a porta foi aberta pela mãe de Jin, a Sra. Hani.

— Namjoon querido, o que aconteceu? Porque o Jin chegou em casa chorando e foi direto para o quarto? Vocês brigaram? — ela me encheu de perguntas repentinas assim que me viu e seu semblante estava marcado pela preocupação.

— Noona, será que eu posso entrar? Eu preciso conversar com o Jin, por favor — pedi a morena à minha frente.

— Claro, querido — deu licença para que eu passasse.

Adentrei na sala e me sentei no sofá, eu já sou de casa mesmo, então não tenho formalidades com a mãe de Jin.

— E então, o que aconteceu entre vocês? Eu nunca vi meu filho chegar tão aflito como hoje, ele chegou chorando muito, disse que ia pro quarto e não desceria mais hoje. É alguma coisa entre vocês? — Hani me encarava seriamente.

— Então noona, é algo complicado...

— Porque não me conta desde o início? — sugeriu-me, entrelaçando seus dedos e os apoiando sobre as pernas depois de sentar ao meu lado no pequeno sofá.

— Tudo bem, então — lhe lancei um sorriso amarelo e comecei a contar toda a história.

— Eu nem sei o que dizer — a mulher a minha frente suspirou e levantou do sofá — Eu sabia que esse namoro não seria fácil Nam, eu lhe disse isso quando você veio aqui me pedir ele em namoro. Você é de família rica e nós somos humildes, eu só permiti que vocês ficassem juntos porque eu vi em seus olhos que você realmente gosta do meu filho — deu uma pequena pausa e logo depois continuou — Eu sabia que não seria algo fácil... Mas tudo bem, vá conversar com ele e vê se consegue resolver toda essa situação — ela saiu em direção a cozinha, tirou uma chave da gaveta do armário e me entregou — essa é a chave reserva do quarto do Jin, com certeza ele deve ter trancado a porta.

A mais velha fez um gesto com as mãos me incentivando a subir as escadas. Lancei-lhe um sorriso sincero e subi as escadas em direção ao quarto do meu pequeno, passando pelo corretor, um caminho familiar pra mim.

Antes de abrir a porta com tudo, decidi bater primeiro. Dei duas leves batidas e aguardei alguma resposta.

— Mãe, por favor, me deixe em paz. Já disse que não vou descer hoje, quero ficar sozinho — meu hyung respondeu com uma voz abafada pela porta, mas dava pra perceber que ela estava embargada, e que ele estava chorando.

Fechei os olhos, sentindo meu peito se apertar em angústia, porque eu sou o causador de seu choro. Bati novamente na porta.

— Mãe eu já pedi... Namjoon? O que você está fazendo aqui? — perguntou depois abrir e ver que eu estava atrás da porta. Seus olhos estavam vermelhos, e seu rosto levemente inchado por conta do choro recente, meu peito se apertou mais uma vez.

— Jin, vamos conversar, me deixa explicar o que você viu hoje — pedi com uma voz suplicante.

— Não tenho nada pra falar com você Namjoon, vá embora — disse seco.

Quando ele ia fechar, coloquei o pé no vão da porta o impedindo.

— Amor, por favor, me dê 10 minutos — pedi — se você achar muito, me dê apenas 5 minutos, eu só preciso explicar tudo. Por favor — pedi novamente olhando em seus olhos.

Tentei segurar sua mão, mas ele puxou o braço antes mesmo que eu sequer encostasse na ponta de seus dedos e abriu a porta pra mim.

Ele caminhou até perto de sua cama e ficou de costas pra mim.

Agradeço mentalmente por ele ter cedido a esse pedido e entrei no quarto que já é tão familiar pra mim.

Nobory sees, nobory knows

We are a secret, can't be exposed

That's how It is, that's how It goes

Far from the others, close to each other

 

Ninguém vê, ninguém sabe

Nós somos um segredo, não podemos ser expostos

É como isso é, é como isso será

Longe dos outros, perto um do outro

— Bom... você se lembra da minha irmã que fugiu de casa? — perguntei, mas ele não respondeu — eu te contei que ela havia fugido de casa, mas não disse o porquê. Minha irmã fugiu de casa porque meus pais estavam a forçando se casar com um cara qualquer que ela não amava, algumas semanas antes dela ir embora, eles fizeram um jantar para anunciar a notícia, que obviamente não foi bem recebida por ela, que já tinha um namorado escondido de meus pais. Ela tentou contestar e disse que não se casaria com um completo desconhecido, mas eles não quiseram nem a ouvir e disseram que a data já estava marcada. Isso foi o cúmulo, ela não ia fazer isso, então duas semanas depois ela fugiu com o namorado e eu nunca mais a vi — senti algumas lágrimas descendo por meu rosto, eu sempre fui muito apegado a minha irmã — e está acontecendo o mesmo comigo amor.

Suspirei frustrado e tentei limpar as lágrimas inutilmente.

In the daylight, in the daylight

We the sun is shining

On the late night, on the late night

On the moon is bliding

In the plain sight, plain sight

Like stars is hiding

You and I burn on, on

 

Na luz do dia, na luz do dia

Quando o sol está brilhando

Tarde da noite, tarde da noite

Quando a lua está cegando

Na vista de todos, a vista de todos

Como estrelas na clandestinidade

Você e eu queimando

— Meus pais estão fazendo a mesma coisa comigo, eles não estão nem aí com o fato de eu ser homossexual, eles só querem saber de status e me casar com alguém mais rico que nossa família nos deixaria mais famosos ainda. Por isso me arrumaram um noivo de uma família qualquer, e esse noivo é o garoto que você viu hoje na praça, o nome dele é Minhyuk. Eu deixei claro para meus pais que não iria me casar com ele, mas como eu já disse, eles não estão nem aí, só querem saber de status. Então pedi a Minhyuk me encontrar na praça hoje, para explicar toda a situação, mas ele havia dito que gostava de mim e acabou me beijando, foi quando você chegou e viu aquela cena.

Assim que terminei de falar, me senti ainda mais leve que mais cedo.

— Jin... Amor... Eu só quero que saiba que eu nunca brinquei com seus sentimentos, nunca passou pela minha cabeça usar você de alguma maneira, eu só não tinha esclarecido essa história antes, por ter medo de você me deixar. Eu fui um covarde? Com certeza. Mas eu só não tinha explicado, por receio e agora percebi que se eu tivesse explicado antes, toda essa situação teria sido evitada e você não estaria magoado. Eu sinto muito, eu só quero que saiba que eu te amo. Te amo mais que tudo bebê, te amo demais.

Terminei de falar e esperei alguma reação dele, mas depois de alguns minutos eu só escutava seu choro contido e seus soluços reprimidos.

— Me desculpe por ter feito você passar por toda essa situação, prometo não te procurar novamente. Adeus, Jin — minha voz saiu quebrada e eu me segurava para não chorar de novo.

Me virei em direção a porta, a fim de sair de seu quarto e ir pra casa, chorar todo o sentimento guardado em meu peito, mas antes que eu saísse do ambiente, ouvi seus passos e senti seus braços passando em torno de minha cintura, me abraçando de costas.

— Jo-joonie... — ele soluçou — não vá...

Não aguentei, comecei a chorar aliviado.

Girei meu corpo, fazendo com que eu ficasse de frente de Jin, e passei meus braços por seus ombros o puxando para um abraço apertado. Seus braços se apertaram mais em volta de minha cintura e ele encostou a cabeça na curvatura de meu pescoço, chorando copiosamente.

— Amor, não chore, por favor — disse tentando cessar seu choro, enquanto passava minha mão direita por seus cabelos macios.

— E-eu pensei que vo-você sentia ver-vergonha de mim, por is-isso tinha me trocado por e-ele — suas palavras saíram entrecortadas por conta do choro.

— Hyung, eu nunca faria isso — comecei — eu seria a pessoa mais idiota do mundo se te trocasse por ele. Eu amo você hyung, e não ele. Amo cada pedacinho seu, amo seu sorriso, amo sua risada espalhafatosa, amo seu jeito tímido quando está envergonhado, amo seu jeito safado quando está querendo algo a mais, amo até sua ruguinha que aparece bem aqui, quando você está preocupado com alguma coisa — disse e coloquei meu polegar entre suas sobrancelhas, vendo ele me olhar e sorrir ternamente — amo você por inteiro bebê. Eu não tenho vergonha de namorar essa pessoa maravilhosa que você é, eu não me importo se você não é rico, não me importo se você não vem de uma família famosa e qualquer outra coisa do tipo — passei minha mão por seu rosto, secando suas lágrimas e depositei um selinho em seus lábios — eu só quero você amor. Eu amo você.

My asylum, my asylum is in your arms

When the world gives haevy burdens

I can be a thousand times

On your shoulder, on your shoulder

I can reach an andless sky

Feels like paradise

 

Meu refúgio, meu refúgio é em seus braços

Quando o mundo traz fardos pesados

Eu posso superar umas mil vezes

No seu ombro, no seu ombro

Eu posso alcançar o céu infinito

Sentir como num paraíso

— Desculpe ter desconfiado de você Joonie, eu pensei tanta coisa, cogitei tantas possibilidades, mas nunca deixei você explicar toda a verdade — abaixou a cabeça.

Segurei seu queixo e o ergui delicadamente, fazendo seu olhar se encontrar com o meu.

— Isso não importa agora amor, nada disso importa mais okay? Eu só quero que você fique bem, a única pessoa que deve pedir desculpas nesse momento sou eu e não você. Eu enfrentaria minha família, enfrentaria o mundo, só pra ficar com você meu amor — sorri para ele.

Jin passou os braços em torno de meu pescoço, e encostou seus lábios nos meus, os tomando em um beijo lento, que transmitia nossos sentimentos no mesmo.

Minha língua massageava a sua lentamente, enquanto ao mesmo suas mãos faziam um massagem carinhosa nos cabelos de minha nuca.

Finalizei o ósculo, dando vários selinhos em seus lábios.

— Eu amo você, Joonie — sua voz saiu manhosa e logo depois ele sorriu.

Esse sim é meu Jin, meu bebê, meu amor, agindo da maneira de sempre.

— Eu amo você ainda meu anjo, amo você — sussurrei e logo o puxei para mais um beijo.

We could build a universe right here

All the world cold disappear

Wouldn't notice, wouldn't care

We could build a universe right here

The world cold disappear

I just need you near

 

Nós poderíamos construir um universo aqui

O mundo todo poderia desaparecer

Eu não notaria, eu não me importaria

Nós poderíamos construir um universo aqui

O mundo poderia desaparecer

Eu preciso de você por perto

Uncover - Zara Larsson