História Photograph - Broken Mirror

Min Yoongi

Faziam-se três dias desde o dia em que eu havia falado com Jimin. Três longos dias torturantes, já não conseguia dormir com tamanha culpa pesando em meu peito.

Já não conseguia me alimentar direito e dormir estava fora de cogitação. Toda vez que eu me permitia deitar para descansar eu sonhava, ou melhor, eu tinha pesadelos com Jimin. Era sempre o mesmo, eu sonhava com ele caído no chão do banheiro banhado em sangue, em seu próprio sangue escarlate, mas dessa vez ele não estava vivo e logo depois vinham vozes em minha cabeça dizendo que a culpa é minha por tê-lo deixado sozinho.

As olheiras sob meus olhos estavam mais do que evidentes e eu ia de mal a pior em menos de duas semanas.

Ir para a escola era uma tortura, ter que encarar os olhares de pena lançados a minha era terrível e me fazia sentir pior do antes. Muitos viam até mim, davam-me abraços e me diziam palavras reconfortantes, mas nada me tirava esse sentimento pesado do meu peito.

Porém todos os dias eu falava com Jin, ele me dava notícias sobre o meu ruivinho.

Eu ficava feliz em saber que ele estava bem, se recuperando aos poucos e logo ficaria melhor.

Suspirei pesado antes de passar pelos portões pesados da escola, sentindo os olhares queimando minha costas. Ajeitei a máscara em meu rosto, os fones de ouvido e segui direto para a sala de músicas, já havia virado um hábito matar as primeiras aulas do dia.

Sentei-me em frente ao piano quase inutilizado. Desliguei a música que tocava em meu celular e engoli em seco, até mesmo estar de frente ao instrumento me trazia memórias dele. Seu sorriso meigo ao me pedir que tocasse para si era estonteante.

Eu sentia falta de seu abraço, falta das suas risadas e de seus olhos amendoados, dos sorrisos quando seus olhos quase sumiam formando uma meia lua. Sentia falta de estar ao seu lado, dormir e acordar perto de si e até mesmo sentia falta de quando ele deitava sua cabeça em meu colo e eu fazia carinho em seus cabelos macios enquanto nós conversávamos sobre assuntos banais e coisas sem sentido.

Eu sentia falta de sua presença e sentia falta dele ao meu lado.

Lá fora estava nevando e a neve me lembrava tristeza, a tristeza que eu estou sentindo ao lembrar que tudo isso poderia ter sido evitado se eu não tivesse discutido com ele naquele dia.

Toquei as teclas do piano de maneira suave, dedilhando uma melodia melancólica e morta. As lágrimas pareciam querer transbordar de meus olhos e eu não as impedi. Deixei os sentimentos guardados em meu peito saírem em forma de choro e quando vi ja estava soluçando alto, talvez até mesmo chamando atenção de quem passasse no corredor.

Enterrei o rosto entre as mãos ao perceber que não estava sozinho no ambiente, um certo loiro de ombros largos também estava alí e eu senti seus braços me envolvendo em um abraço quente e reconfortante, quase como um abraço de mãe.

Sua mão começou a fazer carinho em meus cabelos quando eu enterrei meu rosto no vão de seu pescoço. Eu tinha noção que estava manchando a camisa de Jin com minhas lágrimas mas o mesmo não parecia estar se importando no momento.

- Shh... Já passou, já passou... Vai tudo ficar bem agora okay?

Assenti ao ouvir sua voz suave e calma. Funguei mais uma vez antes de soltar-me dele e secar meu rosto.

- Eu queria poder voltar no tempo sabe hyung? Mudar o que eu disse, não ter ido embora daquele jeito entende? - disse ao loiro com a voz rouca pela falta de uso. - Parece que foi ontem que eu o vi pela última vez, sorrindo sabe? Lembro que ele havia me pedido para tocar uma música para ele uns dias antes do que aconteceu, e por causa da minha atitude precipitada e egoísta ele está no hospital - soltei um suspiro pesado antes de me afastar do loiro, entrelaçando meus dedos os apoiando na perna direita.

- Sabe Yoongi... Eu acredito que as coisas tem um curso certo para seguir e tudo isso aconteceu porque tinha que acontecer. Eu sei que parece louco isso, mas o final vai dar tudo certo, tenho certeza. Ele vai sair dessa, vai melhorar e vocês vão ficar juntos seu azedo - soltei uma risada ao ouvir meu antigo apelido que Jin havia me dado quando éramos crianças.

- Como ele está hyung? - perguntei ao mais velho. Uma pergunta habitual para Seokjin, já que eu sempre ia falar com ele, para saber sobre meu pequeno.

- Melhor, suas costelas estão quase cicatrizadas e sua perna está ótima, ele já consegue andar normalmente. E os cortes... Bem estão quase fechados, falta pouco para ele tirar os pontos dos braços e todos os hematomas em seu corpo sumiram. Mas ele ainda tem que ficar mais alguns dias no hospital tratando da anemia e bulimia. E o Dr. Kim o visita todos os dias, ele está sorrindo mais também.

Um sorriso surgiu espontaneamente em meus lábios, saber que ele estava melhorando é um dos meus incentivos para viver melhor.

- Nós... nos falamos há alguns dias - segredei ao loiro.

- Eu sei, Joonie me contou. Me contou também que você não disse nada na ligação e desligou antes que Jimin pudesse falar alguma coisa - seu tom de voz era de repreensão, e no fundo eu sabia que estava errado por ter tomado aquela atitude.

Respirei fundo mas não respondi coisa alguma, não sabia o que dizer. Porque eu desliguei antes mesmo de ouvi-lo? Talvez eu seja covarde demais para encará-lo mesmo não tendo feito nada demais ou eu esteja apenas com medo de encarar minha próprias inseguranças.

- Você comeu alguma coisa hoje Yoongi? Dormiu um pouco?

Outras perguntas não respondidas, mas não precisei dizer nada para Jin saber que eu não havia feito nada daquilo.

- Yoongi, você não vai ficar bem desse jeito. Vai acabar num hospital assim como Jimin, você acha que ele ficaria feliz de saber que você não está se alimentando ou se cuidando como deve? - sua voz saía calma e eu odiei isso.

Eu preferia mil vezes que ele gritasse comigo e me desse a maior bronca do mundo. Seria mais fácil e eu me sentiria menos culpado. Odiava ser motivo de preocupação para alguém, principalmente se esse alguém fosse um de meus amigos mais próximos.

- Você quer que eu conte ao Jimin que você está tentando se matar também? Pode ter certeza que vai daquele hospital somente pra te dar uma surra muito bem merecida! - exclamou o mais alto. - Só estamos preocupados com você Yoon, todos nós. Está quase na hora do intervalo, vamos para o refeitório e você come alguma coisa tudo bem?

Assenti de leve, me levantando do banco e fechei o tampo do piano. Após isso saí da sala. Fui para o banheiro somente para lavar o rosto, o reflexo no espelho revelava a feição de uma pessoa cansada, o rosto inchado e olhos avermelhados de tanto chorar e meus cabelos já não tinham o mesmo tom esverdeado de antes, mas sim um loiro platinado completamente desbotado e mal cuidado. Eu estava definhando.

Fiz tudo o que tinha que fazer com o loiro em meu encalço, tenho certeza que de ele não sairia de perto de mim tão cedo.

Seguimos para o refeitório devagar e o mais alto ao meu lado disse-me para escolher uma mesa que o mesmo pegaria a comida, não tentei contestar, Seokjin é um teimoso.

Escolhi um local no fundo, mais afastado de todas as pessoas. Jin chegou com uma bandeja lotada de alimentos quando o sinal tocou. Aos poucos o local começou a encher de gente e nossa mesa fora ocupada por rostos conhecidos.

Todos conversavam animadamente e não pareciam ligar para meu estado meio catatônico.

A bandeja foi posta na minha frente, contendo os mais variados tipos de alimentos, desde frutas, kimchi e até bibimbap. Senti minha boca salivar no mesmo momento e meu estômago roncou alto, fazendo com que os meninos na mesa rirem levemente.

Senti meu rosto esquentar de vergonha e com certeza eu estaria vermelho. Mas ninguém me fez perguntas constrangedoras ou comentários impróprios e eu agradeci por isso.

Havia acabado de comer uma tigela de bibimbap e iria afastar a bandeja de mim quando Jin me lançou um olhar mortal.

- Você não vai querer que eu ligue para o Jimin, né? - seu tom de voz saiu grosso, fora do normal e até eu me assustei com isso.

- Coma pelo menos o kimchi e uma fruta.

Queria contestar e dizer que por causa dos dias que eu não comia nada não aguentaria comer muita coisa, mas preferi não arriscar e comi todo o alimento.

- Nossa, não sabia que Jin hyung era tão mandão. Cuidado Namjoonie. - brincou Jackson, arrancando mais risadas do grupo.

Assim se passou todo o intervalo, sobre os olhares de Jin. Eu comi toda a comida presente na bandeja e segui para a sala de aula dessa vez.

•『 ♡ 』•

No finalzinho da última aula eu recebi uma mensagem no kakao do celular.

Seokjin estava dizendo que Jeongguk queria nos encontrar no jardim dos fundos da escola por quê precisava falar com a gente. Com todos nós para ser específico e era urgente.

Levei minhas mãos até o rosto massageando suavemente minhas têmporas, sentindo um leve dorzinha de cabeça. Não estava com saco para falar com mais ninguém no momento, porém deveria ser algo de extrema importância se todos tinham de estar lá.

Assim que o sinal tocou, juntei minha coisas na mochila e segui para o local indicado. Fui andando a passos lentos sem a mínima vontade de ir, mas a minha curiosidade era maior; porém ter que encarar face de Jeon Jeongguk não é uma das minhas coisas preferidas no mundo.

Fui o último a chegar no local e logo percebi o clima tenso que estava no ar. Jeon apresentava um comportamento estranho, parecia nervoso e até ansioso e eu tinha um mau pressentimento a respeito do que viria a seguir.

- Então... - começou assim que cheguei. - O que eu tenho que falar é muito importante, então peço que ouçam tudo antes de falar alguma coisa.

Respirei fundo e ajeitei a mochila em meu ombro esperando ele começar a falar.

- Há três semanas atrás eu estava em casa jogando sozinho quando minha prima veio até minha casa encher minha cabeça com besteiras. Me encheu o saco até que decidi sair com ela e um grupinho de garotos que ela dizia ser amiga. Fomos para um bar qualquer e todos começaram a beber muito e em uma hora já estava todo mundo bêbado e depois de mais um tempo foi decidido que iriamos andar na rua. Eu não havia bebido mas concordei em sair com eles - o olhei intrigado, não sabendo onde ele chegaria com essa conversa. - Só que... Isso aconteceu no mesmo dia em que o Jimin hyung machucou.

Observei todos o olhares de maneira estranha e o moreno abaixou a cabeça.

- E-eu... acho que o hyung não contou como conseguiu aqueles machucados e hematomas não é?

Seokjin hyung franziu o cenho mas respondeu a pergunta do outro:

- Não Jeongguk-ah , não contou o motivo... Mas como você sabe sobre isso? Que eu saiba Jimin não comentou que você foi visitá-lo - o respondeu com um tom desconfiado.

- Eu sei porque eu estava lá hyung... - murmurou baixinho.

- Como assim? - perguntei sem entender absolutamente nada.

- Na noite em que saímos do bar encontramos o Jimin na rua e a Yang-Mi fez os meninos espancarem o Jimin. Me desculpem... E-eu fiquei só olhando ele apanhar... E-eu não consegui fazer nada.

Levei meio segundo para entender o que ele havia dito e quando dei por mim já havia jogado minha mochila no chão e meu punho direito foi encontro ao lado esquerdo do seu rosto.

Jeongguk caiu no chão e eu parti para cima do moreno, soquei seu rosto inúmeras vezes até ser segurado pelos meninos.

- Me solta! Vou quebrar a cara desse filho da puta! - gritei em plenos pulmões com a respiração acelerada.

- Calma hyung! Nós estamos com tanta raiva quanto você, mas bater nele agora não vai adiantar nada! - A voz de Jackson soou próxima ao meu ouvido e eu respirei fundo me acalmando. Meus braços foram soltos de maneira lenta e eu pude ver pelo canto do olhar que quem havia me segurado era Namjoon e Taehyung além do próprio chinês.

Observei o mais novo no chão respirando com dificuldade, seu rosto inchado e com um corte acima da sobrancelha e outro no lábio inferior. Ambos sangravam, pintando o rosto do garoto de vermelho.

Seu olhar se encontrou com o meu e pude ver o arrependimento dentro dos seus olhos, mas não me deixei levar pela sua carinha de cachorro sem dono.

- M-me desculpe hyungs... Eu queria ajudar ele! Queria! Juro que queria! - disse entre soluços entrecortados pelo choro.

- E porque não o ajudou?! - praticamente gritei para ele.

- Por quê ela me ameaçou! Eu fiquei com medo... Ela disse que eu não fizesse as coisas que ela queria, iria contar para os meus pais que eu gosto de garotos - mais um soluço. - E... Aquele namoro também era fachada, na verdade eu nunca gostei de Jimin hyung romanticamente, só fiquei com ele porque ela pediu.

Mordi o lábio inferior com tanta força que pude sentir o gosto de sangue na boca, eu queria quebrar a cara dele! Foi por causa desse garoto e aquela louca que Jimin está no hospital!

Fechei os olhos e respirei fundo para não fazer merda e virei de costas para o garoto jogado no chão. Pude ver Jin abraçado a Hoseok com os olhos cheios de lágrimas e um olhar de decepção.

- Me desculpem hyungs, eu sei que o que fiz não tem perdão. Tentei não decepcionar meus pais e acabei decepcionando todo mundo... - murmurou baixinho depois de sentar-se.

- Eu só queria dizer eu sinto muito mesmo. Sei que vocês sabem que minha família está enfrentando um processo na justiça, está em todos os lugares essa notícia. Eu denunciei minha prima e ela foi julgada ontem mesmo, tudo foi rápido e escondido; somente a mãe do Jimin hyung soube do julgamento. Yang-Mi foi condenada e vai pagar pelos crimes que cometeu. E devido a isso meus pais decidiram me mandar para fora do país, vou para a Inglaterra estudar lá. Eu só queria falar tudo antes de ir embora, não sei quanto tempo vou ficar lá e nem sei se vou voltar um dia... Mas eu queria pedir desculpas mais uma vez.

Ninguém se deu ao trabalho de dizer-lhe um tchau sequer quando o moreno se levantou e foi embora, estávamos chocados demais e decepcionados para falar alguma coisa.

Simplesmente peguei minha mochila do chão e saí da escola, iria para casa esfriar a cabeça.

•『 ♡ 』•

Já faziam-se horas que eu estava em casa, mas não conseguia tirar da cabeça toda a história que Jeongguk havia contado, simplesmente não dava para esquecer.

Só de imaginar o que Jimin passou com aquelas pessoas meu estômago começa a embrulhar.

É incrível como as pessoas conseguem ser cruéis a tal ponto e isso me enoja. Depois de tanto tempo ajudando meu pequeno para um bando de covardes chegarem e o machucarem da pior maneira possível.

Suspirei resignado e levantei-me da cama onde estava sentado em seguida. Peguei uma muda de roupas qualquer no guarda-roupa e fui para o banheiro. Me despi e liguei o chuveiro no quente, tomando um banho para me acalmar. O que foi totalmente em vão, pois a culpa me assola e me assombra, por mais que eu tente, não consigo deixar de me sentir culpado pelo o que aconteceu.

Parei em frente ao espelho do banheiro depois de me vestir. Observei a mim mesmo no reflexo e não me reconheci, pois o espelho refletia um fantasma do Yoongi que eu era a algumas semanas atrás, vívido.

De repente as imagens de Jimin sendo machucado surgiram em meu cérebro e meu coração começou a bater rápido demais e quando dei por mim o espelho estava quebrado e minha mão direita sangrando muito. Eu havia quebrado o espelho com um soco.

- Yoongi! Filho! - pude escutar o grito desesperado de minha mãe vindo do andar de baixo e logo meus pais estavam em meu quarto parados na porta do banheiro com os olhos arregalados.

- Meu deus, Yoongi! O que aconteceu aqui? - meu pai perguntou desesperado.

- Me desculpe pai... - murmurei de cabeça baixa, tentando ignorar a dor latejante que vinha de minha mão.

- Não é hora para isso, vem, precisamos te levar no hospital para ver isso - disse minha mãe ao ver o estado de minha mão. Ela pegou um pano e enrolou minha mão com cuidado para não ferir ainda mais, pois eu sentia alguns cacos do espelho entre os nós dos meus dedos.

Fomos para o hospital e rapidamente fui atendido, retiraram os pedaços do vidro ainda restantes em minha mão e deram alguns pontos. Enfaixaram-na e depois fomos para casa. Mesmo tendo socado o espelho, minha raiva e frustração não haviam se dissipado; ao contrário, parecia que eu estava ainda mais irritado com a situação atual.

Quando chegamos na residência pedi desculpas novamente aos meus pais e disse que iria para o quarto. Minutos depois de eu estar deitado na cama alguém bateu na porta:

- Posso entrar filhote? - a voz doce de minha progenitora pode ser ouvida do outro lado da porta.

- Claro mãe... - respondi-lhe com uma voz cansada.

- O que aconteceu querido? O que ocorreu pra deixar meu bebê assim? Você nunca teve esse tipo de comportamento querido - questionou-me após sentar ao meu lado na cama.

Me ajeitei de maneira confortável sobre o colchão e deitei minha cabeça em seu colo. Suas mãos foram direto para meus cabelos, fazendo um carinho ali.

- Foi o que aconteceu com o Jimin? - assenti em resposta - Quer me contar o que houve?

- Eu estou com medo mãe...

- Medo de que querido? - indagou-me a mais velha.

- Estou com medo de encarar a situação. Eu... Me sinto culpado pelo o que aconteceu com ele mãe - murmurei sentindo um bolo se formar em minha garganta, não queria que minha mãe me visse chorando.

- E porque seria sua culpa? Não foi você que causou isso nele; ao contrário querido, você esteve o ajudado todo esse tempo. Esteve presente quando ninguém mais estava. - sua voz doce me acalmava e seus carinhos estavam me trazendo um conforto gigantesco, era tudo o que eu precisava no momento.

- Mas eu deveria ter feito mais, entende? No dia que isso aconteceu eu confessei meus sentimentos mamãe... Simplesmente joguei isso em cima dele depois de falar sobre o Jeon, eu estava com ciúmes e ele precisando de um ombro amigo. Foi uma atitude ridícula, se eu tivesse me controlado nada disso teria acontecido -  eu me sentia cansado e não conseguia mais lidar com a situação, minha voz saia baixa e eu senti as velhas lágrimas banharem meu rosto e descerem até as pernas de minha mãe.

- Querido, o que aconteceu foi algo fora do seu controle. Você disse antes que ele já estava ruim a dias... Iria acontecer de uma maneira ou de outra, não foi sua culpa, disso você pode ter mais do que certeza - suspirou e desceu os dedos para meu rosto, secando minhas lágrimas. - Mas você não pode se entregar assim meu amor; o que aconteceu já passou, você não pode deixar de comer e de viver por causa disso, você tem que ficar forte para poder ajudá-lo. Você acha que eu não percebi o quanto você emagreceu esses dias? Querido, eu não quero ver meu filho numa cama de hospital e saiba que Jimin vai precisar de você quando sair de lá. Aliás, como ele está? Você não disse ainda e já faz duas semanas desde o ocorrido - comentou.

Engoli em seco, eu estava tão acuado e amedrontado que não havia ido visitar meu pequeno nenhuma vez no hospital, estava sabendo das noticias por meio de Seokjin.

- Eu não fui visitá-lo nenhuma vez.

- Como assim não foi? Porque não?

- Eu tive medo mãe; eu sou um covarde, não tive coragem de ir lá e olhar em seus olhos. Não queria ver a decepção dentro deles - soltei uma risada irônica, estava rindo da minha própria desgraça.

- Filho, o que eu vou falar agora é sério. Olha para mim. Você acha que depois de tudo o que ele passou, depois de tudo que aconteceu ele não estaria sentindo sua falta? Você é a pessoa mais próxima aquele garoto, aquele que sempre esteve presente, dando o apoio que ele precisava e que ainda vai precisar, então você precisa ir vê-lo. Como você acha que ele estar se sentido? No momento em que ele mais precisa de você, você não está lá para ajudá-lo... Não precisa ser agora ou amanhã, mais você não pode passar a vida inteira fugindo disso okay? Visite ele, converse e diga o que está sentido sim? Vai ser melhor pra vocês dois meu amor, disso sua velha mãe tem certeza - garantiu e sorriu de leve em seguida - Durma, porque você está precisando; sua carinha de sono te entrega.

Abaixei meu olhar e juntei as mãos.

- Não estou conseguindo dormir mãe, tenho pesadelos - murmurei envergonhado, me sentindo como uma criança de cinco anos.

- Não precisa ter vergonha de mim bebê. Vou ficar aqui até que você durma pode ser?

Meneei a cabeça em afirmação e deitei-me na cama confortavelmente. Minha mãe de cobriu com o edredom quentinho e deu-me um beijo na testa. Não me importava de ter dezoito anos e estar recebendo o carinho de minha mãe, estar com ela e ouvir seus conselhos era tudo o que eu precisava no momento.

Não demorou muito tempo para eu sentir sono, devido ao cansaço e aos muitos dias sem dormir eu fechei os olhos levemente. Antes de me entregar ao mundo dos sonhos completamente pude ouvir um "eu tem amo muito, querido" vindo dos lábios da minha progenitora.

Assim pude me entregar de vez ao sono e dessa vez eu dormi a noite inteira, dessa vez sem ter nenhum pesadelo.