História Photograph - Butterfly

Do not try to disappear

Will stay by my side? Will you promise me?

Jackson Wang

— Mark, amor, vamos logo, não quero atrasar — chamei meu namorado pela 5ª vez seguida, eu já estava perdendo minha paciência — Olha, se você demorar mais um minuto eu não vou mais com você no cinema hoje — bufei irritado.

— Tá bom, tá bom seu chato — se levantou da cadeira irritado e coçou seus pequenos olhinhos — Eu estou com sono Jackie, não estou a fim de ir no cinema hoje — disse manhoso e fez um bico adorável.

— Eu disse pra você não ficar até tarde jogando, mas você me escuta? Não. E agora dá nisso, fica aí dormindo na aula, depois não reclama quando não tira nota boa nas provas — o repreendi e ele ficou ainda mais emburradinho — Você é a coisa mais fofinha, Mark.

— Para Jack... — suas bochechas ficaram avermelhadas e ele sorriu levemente, completamente tímido perante meu elogio repentino.

Mas o que eu posso fazer? Não consigo resistir a esses olhos expressivos e esse rosto de bebê inocente?

Aproveitei da situação, onde a sala estava vazia, e o puxei para um beijo. Passei meus braços em volta da cintura dele, e seus braços foram parar ao redor do meu pescoço, nos beijamos calmamente, então finalizei o ósculo com alguns breves selinhos e sorri.

— Vamos baby, se você não quer ir ao cinema, pelo menos vamos almoçar e depois você vai pra minha casa okay? — sugeri e ele concordou com um aceno — Vamos então — entrelacei nossas mãos e fomos caminhando para a lanchonete mais próxima da escola.

Alguns minutos depois já estávamos sentados na mesa, esperando nossos pedidos chegarem. Eu estava distraído olhando o movimento alheio pela janela.

— Mark hyung, olha isso — chamei sua atenção — Aquele não é o Namjoon? Mas... o que ele está fazendo com aquele garoto?

Franzi o cenho e semicerrei os olhos, tentando ver quem era a pessoa que estava com ele.

— Estranho, amor... ele não estava com o Jin? — Mark questionou e lançou-me um olhar curioso.

— Eu achava que sim... estranho isso — eles pareciam estar discutindo algo, pois o garoto bateu no rosto do Nam — Você viu, amor? — olhei-o espantado.

— Vi sim Jackie... Mas prefiro fingir que não vi nada, não quero me intrometer nisso — disse para mim e eu apenas assenti em concordância.

•『 ♡ 』•

Min Yoongi

Eu não sei descrever o que senti naquele momento, acho que impotente seria a palavra certa.

Eu não sabia como agir, vê-lo ali, chorando, com o braço completamente mutilado não foi algo fácil, pois a cada minuto que se passava, meu coração apertava mais, e eu só queria trocar de lugar com ele, para que meu pequeno não sentisse tanta dor.

Depois de chamá-lo, o mesmo me lançou um olhar de espanto, talvez por medo de eu tê-lo visto assim. Mas eu sabia que não era só medo, pelo seu olhar eu pude ver quão perdido ele estava, o quão fragilizado meu menino estava e cada vez mais eu desejei trocar de lugar com ele, eu preferia mil vezes sentir sua dor do que vê-lo chorando.

Então eu caminhei até ele, me ajoelhei em sua frente, e com muito cuidado, o abracei fortemente, deixando ele chorar tudo o que precisava, seu choro era forte e seus soluços bastante altos, e faziam meu peito se apertar ainda mais.

Meu olhos marejaram de maneira automática, e eu me segurei para não chorar junto com ele.

— Chora pequeno, chora tudo o que você precisar, põe pra fora tudo o que você está sentindo — tentei confortá-lo.

Não que melhorasse muita coisa, mas é melhor vê-lo chorando do que machucando a si mesmo.

— D-desculpa, hyung... — ele gaguejou com a voz embargada perto do meu ouvido.

— Não precisa pedir desculpas Jiminie, eu não vou te julgar ou te repreender, jamais faria isso. Só fiquei chateado, você podia ter me chamado se quisesse desabafar, não precisava castigar a si mesmo por algo que não é sua culpa — disse a ele.

Ele meneou de leve a cabeça, assentindo em resposta.

Depois de um tempo, seu choro se tornou leve, até cessar bem devagar.

— Está tudo bem agora? —perguntei passando a mão por seu rosto, limpando o caminho de suas lágrimas e olhei dentro dos seus olhos, o mais novo balançou a cabeça em resposta — Okay, então vamos ao banheiro e depois até a enfermaria -—disse-lhe, me levantando em seguida.

Com cuidado, ajudei-o a levantar, e peguei sua mochila do chão, colocando-a em meu ombro direito.

— Ei, você consegue andar? —perguntei com uma certa preocupação, já que ele estava bastante pálido — Jimin?

— S-sim hyung, eu só estou um pouco tonto — sorriu torto — Mas posso andar sim.

— Tudo bem, mas vamos bem devagar.

Segurei em sua mão direita e o puxei delicadamente até as escadas com seu pulso esquerdo ainda ensanguentado.

No meio do caminho eu percebi que ambos estávamos sujos, manchados de sangue fresco.

Depois descermos os quatro andares da escola, passei no banheiro para que Jimin pudesse lavar seu braço enquanto passava no meu armário, por sorte eu tinha algumas camisas sobrando. Peguei-as e peguei também um moletom largo que deixava de reserva e segui em direção ao banheiro.

Depois fomos a enfermaria e logicamente que a Sra. Suk não estava lá por ser depois do horário de aula, então apenas adentramos no local.

Observei Jimin sentar-se em uma das várias camas que há no local, enquanto eu revirava o armário em busca de remédios, ataduras e esparadrapo para limpar e fazer um curativo em seu braço.

— Hyung, você sabe o que está fazendo? — questionou-me.

Assinto de costas para o ruivo, e logo depois de achar tudo que eu precisava, fui em sua direção e me coloquei em sua frente.

— Me dê seu braço, vou limpar ele pra você — pedi com calma.

Ele me estendeu seu braço meio trêmulo, então comecei a limpar seus ferimentos, um a um, me surpreendi bastante, por ele não reclamar de dor uma só vez sequer.

— Jimin, está tudo bem? Sério, eu estou muito preocupado — perguntei a ele, pois seu olhar parecia bem distante.

— Uh? Você disse alguma coisa hyung?

— Sim Jimin, eu acabei de te fazer uma pergunta baixinho, tem certeza de que não quer me contar o que está acontecendo? — perguntei mais uma vez, realmente preocupado com ele.

— Não hyung, eu estou bem, foi só... uma recaída, nada demais — respondeu-me.

Tentei olhar dentro dos seus olhos, mas sua cabeça estava baixa, impossibilitando minha ação.

— Pelo visto você anda tendo muitas "recaídas" essa semana não é? Ou pensa que eu não percebi a sua palidez e se andar diferente desde ontem? — ele me lançou um olhar surpreso — Eu sei que você fez de novo Minnie, não precisa tentar esconder isso de mim... Te conheço mais do que você pensa — suspirei, terminando de enfaixar seu braço para cobrir seus cortes recentes — Prontinho.

Ele desceu do colchão devagar e me olhou. Pude ver dentro dos seus olhos, o quanto ele estava desesperado, seu olhar não tinha o brilho usual que sempre teve, pois mesmo com todos os problemas, Park Jimin sempre teve um certo brilho no olhar, sempre sorria, mesmo estando mal ou num dia mais ruim, e esse sorriso sempre chegava em seus olhos, o que não vem acontecendo nos últimos tempos.

— Você precisa comer um pouco — comentei — E precisa trocar de roupa também, essas estão sujas.

O mais novo olhou para si mesmo, finalmente reparando nas suas roupas manchadas de sangue.

— Eu... Não tenho roupas reserva aqui — fitou-me, sua voz baixa e rouca.

— Eu trouxe umas camisas que tinha no meu armário, e tenho esse moletom também, acho que deve servir em você — lhe entreguei duas camisas e o moletom — Vou deixar você se trocar.

Fui para o fundo da sala, dando-lhe privacidade para trocar de roupa, enquanto eu também trocava minha camisa manchada.

— Já terminei, hyung — disse um pouquinho alto, e eu fui ao seu encontro.

Reprimi uma risada, o moletom havia ficado bem maior do que eu esperava. Eu não sou muito alto, eu e Jimin somos praticamente da mesma altura, mas eu tenho o costume de usar roupas largas e por ele ser magro, ficou grande até demais.

— Vem, vou pegar alguma coisa pra você comer.

Seguimos em passos lentos até o refeitório do colégio. Mesmo não estando em horário de aula, o refeitório costuma ficar aberto, então fomos até umas máquinas onde tem biscoitos. Não era exatamente o que eu queria, mas era o que tinha no momento.

Peguei um pacotinho de cookies de chocolate e entreguei-lhe.

— Coma um pouco, você está fraco e eu não quero que desmaie.

Meu dongsaeng assentiu e pegou o biscoito e comeu em silêncio. Isso me deixou apreensivo, mas eu queria fazer algo para ele.

— Vem, quero te levar a um lugar — disse e segurei em uma de suas mãos gordinhas.

O incrível é que mesmo estando magro, as mãos de Jimin conseguem ser fofas e quentinhas. Minhas bochechas coraram pelo contato.

— O que? Agora, Yoongi? M-mas você não tem aula de piano? — sua voz saiu um pouco trêmula e o mesmo olhou-me assustado.

— Bom, já está tarde, não vou conseguir chegar a tempo mesmo, e faz dias que eu estou querendo te levar a esse lugar — lancei-lhe um pequeno sorriso — Vamos Minnie, você vai gostar — o puxei delicadamente, indicando que deveríamos andar.

— Tudo bem hyung, vamos — disse se rendendo por fim.

Pegamos nossas mochilas e seguimos para fora da escola. No ponto de ônibus, pudemos ver Yugyeom, Bambam, Taehyung e Jeongguk na pista de skate que fica em frente ao ponto, mas ambos estavam distraídos demais para nos ver. Minutos depois já estávamos dentro do ônibus, sentados lado a lado, em direção a uma área mais afastada da cidade.

— Onde vamos, Yoongi? — Jimin questionou-me.

— Você vai ver pequeno, você vai gostar, eu garanto — segurei sua mão e entrelacei nossos dedos, acariciando sua mão pequena com meu dedão.

•『 ♡ 』•

— Uau... É lindo hyung!

Abri um sorriso automaticamente. Eu podia ver o brilho nos seus olhos, e por um momento me senti feliz, ao ver seu sorriso doce.

— Eu disse que você ia gostar, pequeno — afirmei para o mesmo.

Ele observava atentamente o local. Estamos numa área mais afastada de Seul. É uma área aberta, como um descampado, repleto de flores. Um ótimo local para se fazer um piquenique ou até mesmo para descansar e conversar.

— Vamos sentar, Jiminie.

Tirei minha mochila do ombro e a coloquei na grama, tirei meus tênis em seguida e fiquei descalço, sentindo o solo morno sob meus pés antes de sentar na grama.

Jimin fez o mesmo, mas ao invés de sentar, deitou-se e apoiou sua cabeça em meu colo. Direcionei minhas mãos para seus cabelos, fazendo um carinho alí.

— Como você achou esse lugar, hyung? — perguntou-me após ficar alguns minutos em silêncio.

— Não foi bem eu que achei, na verdade eu achei esse lugar na internet por acaso. Eu estava procurando alguns lugares na cidade por causa de um trabalho da escola e achei esse lugar — observei o mesmo fechar os olhos por um instante, sentindo a brisa fresca passar por nós — Vim aqui algumas vezes, é um bom lugar para compor, calmo e silencioso.

O mais novo assentiu ainda de olhos fechados.

— E quando você vai tocar piano para mim, hyung?

— Assim que eu terminar de compor uma música que estou querendo, eu mostro ela 'pra você, sim?

— Tá bom...

Estávamos no fim do verão, já era perceptível o clima mudando. O ar já não estava mais tão quente como de costume, e a temperatura também já estava mais amena, logo logo o outono chegará.

É uma época que eu gosto muito. Ver a cidade pintada de tons laranjas e marrons; as cerejeiras carregadas de folhas. É uma ótima época para tirar muitas fotos.

— Jiminie... Você quer me contar o que está acontecendo? — perguntei-lhe com receio — Estou preocupado com você.

Mordi o lábio inferior ao vê-lo mudar de posição e sentar ao meu lado esquerdo, levando os joelhos de encontro ao peito e abraçando a si mesmo.

— São as mesmas coisas de sempre hyung... Eu tento, juro que tenho, mas não consigo deixar me sentir culpado pelas coisas que aconteceram comigo — por um momento seu olhar se tornou vago e ele desviou seu rosto para a direção oposta à minha.

— Mas você sabe que tudo o que aconteceu não foi sua culpa, pequeno... — cruzei minhas pernas, e entrelacei meus próprios dedos, brincando com eles — E você sabe que eu estou aqui com você, sempre que precisar Jiminie.

Meu pequeno sorriu pequeno para mim, e ajeitou sua posição, ficando de frente para mim. Seu sorriso não chegou a até seus olhos e de repente sua feição tornou-se séria.

— As palavras machucam hyung, as pessoas não têm noção do quanto podem ferir alguém ao dizer algo ruim... E eu tenho marcas para provar isso.

Foi nesse momento que eu percebi o quanto ele estava fragilizado, e eu tive medo dele fazer algo ainda pior consigo mesmo.

— Eu sei que você está aqui comigo agora, mas até quando? Até quando você vai suportar ficar do meu lado? — umedeceu os lábios — Todos que passam pela minha vida vão embora, hyung... Não vai ser uma surpresa pra mim se você for também.

Soltei a respiração que eu nem percebi que estava presa e por um momento me senti magoado. Como ele podia pensar que eu sou capaz de abandoná-lo? Eu jamais faria tal coisa, nunca nem sequer pensei nessa possibilidade.

— Sinto muito que você pense assim Jiminie, mas eu não vou fazer isso — talvez eu tenha sido rude, pois seus pequenos olhinhos se arregalaram no mesmo instante.

— Hyung... — piscou algumas vezes antes de falar-me alguma coisa — Me desculpe se eu disse alguma coisa errada, mas é tão surreal você estar aqui sabe? De todas as pessoas que passaram na minha vida, você foi o único que ficou. O único que não me abandonou... Você é a pessoa mais importante da minha vida, hyung.

Seu rosto já estava corado, mas não de vergonha, mas sim pelas lágrimas finas que escorriam por seu rosto.

Levantei seu rosto e limpei suas lágrimas pela segunda vez no dia e depositei um beijo em seus cabelos.

— Você também é muito importante para mim, baixinho. E eu quero que você confie em mim... Olha, eu vi uma coisa na internet esses dias e queria que você tentasse, okay?

Dizia a ele enquanto procurava uma caneta preta permanente em minha mochila, e logo depois de pegar o pequeno objeto virei para o mesmo de novo.

Segurei seu braço direito — o braço não machucado — e desenhei pequenas borboletas em seus pulsos maltratados pelas cicatrizes.

— Se chama projeto borboleta... Eu desenhei elas em seu braço, e você vai dar um nome a cada uma delas, nome de pessoas importantes que você ama, mas você não pode tira-las, elas têm de sair naturalmente; se você se cortar, vai matar elas e assim você vai estar matando o sorriso das pessoas importantes que você as nomeou. Você tem que cuidar delas, Jiminie... — olhei dentro dos seus olhos — Pode fazer isso por mim?

Seu olhar se alternou entre mim e o desenho por alguns instantes e depois ele assentiu.

— Sim, eu posso cuidar delas, hyung.

Abri um sorriso grande ao ouvir  tal afirmação.

— Promete? — perguntei-lhe.

— Prometo.

Entrelaçamos nossos dedos mindinhos e selamos a promessa com o polegar.

Jimin sorriu para mim enquanto ajeitava a franja que caia sobre seus olhos.

— Obrigado por estar sempre comigo, hyung — murmurou baixinho.

— Não precisa agradecer, Jiminie.

E dessa vez eu o puxei para um abraço.