História Photographer - Capítulo 03

Baekhyun achou que seu maior problema naquele dia seria o estômago que certamente recusaria todo tipo de comida ou a cabeça que latejava incansavelmente. Bem, estava absolutamente errado.

Acordou com o celular vibrando em seu bolso e o alcançou com certa dificuldade – já que Jongin ainda o abraçava, mas não é como se ele estivesse reclamando disso.

- Hm – resmungou ao atender a ligação. Estava sonolento demais para conseguir dizer qualquer coisa.

- Baekhyun? – Era a voz de sua mãe do outro lado da linha. – Você estava dormindo? Eu não queria te acordar, achei que já estaria no trabalho.

Ele se desvencilhou dos braços de Jongin e saiu do quarto, não queria acordá-lo com a sua conversa. Na sala ele viu um pequeno relógio sobre a estante. Ele já devia estar no trabalho, tinha muitos papéis para assinar.

- Acabei perdendo a hora... Aconteceu alguma coisa?

- Sim.

O fotógrafo travou naquele momento, o coração acelerando. De repente todo seu sono havia desaparecido e ele entrava em estado de alerta, pronto para qualquer coisa.

- Seu pai se sentiu mal de novo – ela dizia com cuidado, quase como se quisesse amenizar aquela situação. – Ele está entrando na sala de cirurgia agora.

- Merda! – esbravejou um pouco alto demais. – Chego aí daqui a pouco.                    

Ele não teve muito tempo para pensar depois que desligou o celular. Pegou suas chaves na cozinha e saiu do apartamento às pressas, sem nem mesmo considerar a ideia de avisar Jongin.

Por sorte a sua casa ficava no caminho do hospital, então pôde tomar um banho rápido e trocar de roupa – já que as que ele usava fediam a álcool e suor.  

Depois de quase bater o carro pelo menos duas vezes – estava nervoso demais, não conseguia se concentrar no que fazia – ele finalmente chegou ao hospital. Se sentou ao lado da mãe na sala de espera e de mãos dadas torceram para que tudo acabasse bem.

[...]

O fotógrafo achou que estava enlouquecendo quando ouviu a voz de Jongin chamando seu nome no hospital.  Talvez estivesse se sentindo tão culpado por ter saído sem dar qualquer explicação para o rapaz que já começava a delirar.

- Baek, como você está? – o modelo perguntou surgindo do nada na sua frente. Puxou o menor pelo braço e o envolveu em um abraço apertado. – Eu fiquei tão preocupado.

Ainda confuso com o que estava acontecendo naquele momento o menor retribuiu o abraço. Deixou que o modelo o reconfortasse e recostou sua cabeça no peito dele, ouvindo as batidas do seu coração.

Então ele se lembrou de que sua mãe estava do seu lado e se afastou bruscamente de Jongin.

- Estou bem, na medida do possível. – Forçou um pequeno sorriso. – Eu devia ter te avisado que estava indo embora, me desculpa.

- Eu não sabia que vocês eram próximos – a mãe de Baekhyun disse, intrometendo-se na conversa. – Bom dia, Kai.

A mulher tinha um sorrisinho sugestivo nos lábios, o que deixava os dois rapazes com uma enorme sensação de desconforto.

- Bom dia, Sra. Byun. – O modelo fez uma breve reverência, as bochechas coradas pela vergonha que sentia. – Digamos que a nossa... amizade é recente.

Ele não sabia muito bem que palavra usar para definir sua relação com Baekhyun, então achou que amizade fosse o mais apropriado.

- Eu faço muito gosto dessa “amizade” – fez aspas com os dedos – e o meu marido também. Nós sempre torcemos para que o nosso filhinho tivesse coragem de te chamar para sair.

- Mãe, pelo amor de Deus!

A mulher riu e acenou para os dois, se afastando rapidamente depois de dizer que os deixaria sozinhos.

- Por favor, só ignore o que ela disse.

O modelo riu sem graça e concordou.

- Achei que você tivesse fugido de mim. – Baekhyun arregalou os olhos ao ouvir aquilo e Jongin riu mais uma vez. – Estou feliz por saber que não foi isso que aconteceu. Não que eu esteja feliz com o que aconteceu, não foi isso que eu quis dizer.

Baekhyun riu do rapaz e voltou a se sentar, vendo-o repetir seu ato.

- Como você está, Baek? Eu quero a verdade. – Forçou um sorrisinho e segurou a mão o fotógrafo, entrelaçando seus dedos.

- Eu não sei. Digo, é claro que estou preocupado com o meu pai, mas não sei exatamente como estou me sentindo. – Fez uma careta. – É estranho, não é?

Baekhyun suspirou um tanto frustrado. Seu pai já tinha tido algumas complicações de saúde antes, mas dessa vez era... Diferente. Não sabia explicar. Claro, ainda havia o fato de que nunca se sentira tão impotente em toda a sua vida. Tentando afastar esses pensamentos ele fechou os olhos com força e deitou no ombro de Kai.

- Quando minha mãe disse para o meu biológico que estava grávida, o desgraçado disse que não queria mais problemas na vida dele e sumiu. – Jongin arregalou os olhos diante da súbita confissão, mas não disse nada. Se limitou a apertar um pouco a mão do menor, tentando mostrar que estava ali por ele. – Então minha mãe conheceu aquele velho teimoso que está em um desses quartos... Ele me aceitou na vida dele de bom grado, sempre me viu como um filho de verdade. Sabe o que ele fez quando assumi minha sexualidade? Me abraçou. Ele me abraçou e disse que estava orgulhoso de mim, porque estava sendo verdadeiro comigo mesmo e não existia nada mais importante que isso na vida, que isso fazia de mim uma pessoa muito corajosa.

Jongin suspirou. Não sabia muito bem como reagir a tudo que tinha ouvido, não sabia o que falar.

- Ele vai ficar bem, Baek. Mas você precisa acreditar nisso, sim?

O menor concordou e se deitou no ombro de Jongin. Não demorou muito para que seus olhos se fechassem.

[...]

Baekhyun acordou ao ouvir alguns passos rápidos no hospital. Abriu os olhos assustado e só então notou que tinha dormido no ombro de Kai – que acordava agora por conta de toda a agitação do menor. Médicos andavam para todos os lados um tanto apressados, sendo acompanhados por enfermeiras e com olhares curiosos postos sobre eles.

Jongin pareceu ansioso com toda aquela movimentação, repentinamente amedrontado com o motivo de tudo. Baekhyun se sentia da mesma forma, ou talvez um pouco pior. Olhou para todos os lados a procura da mãe, mas não a encontrou em canto algum.

- Mas o que é que está acontecendo? – bufou irritado, a preocupação evidente em sua voz.

- Fique aqui, vou tentar descobrir.  

Dito isso Jongin se afastou rapidamente, deixando para trás um Baekhyun aflito e tomado pelo nervosismo.

O fotógrafo roeu todas as suas unhas enquanto esperava o outro voltar. Nesse meio tempo procurou sua mãe por ali, mas não a encontrou.

- Mas que merda! – resmungou.

Voltou a se sentar e tapou o rosto com as mãos, respirando profundamente logo em seguida.

[...]

Quando Jongin retornou, ele estava absolutamente pálido.

- Jongin? – O fotógrafo se levantou as pressas. – Você está bem? O que aconteceu?

O mais alto não disse nada, limitando-se a se aproximar de Baekhyun e envolvê-lo em um abraço apertado.

- Você está me assustando – resmungou enquanto retribuía o abraço. – O que aconteceu?

- Sr. Byun? – um médico chamou, atraindo a atenção dos dois.

O menor se soltou do abraço e se virou para encarar o médico. Estava um tanto apreensivo.

- Nós tivemos um problema durante a cirurgia – começou. – Nós fizemos o nosso melhor, mas infelizmente isso não foi o suficiente.

Baekhyun arregalou os olhos. Conseguiu entender o significado por trás das palavras do médico, mas se recusava a acreditar naquilo.

- O que o senhor está me dizendo?

- Eu sinto muito rapaz, mas o seu pai não resistiu.

O médico apertou o ombro do Byun de forma amigável e se retirou, dando alguma “privacidade” para o rapaz.

- Não, isso é algum tipo de brincadeira sem graça, não é? – Se virou para Kai. – Isso não pode ser verdade.

- Eu sinto muito, Baek.

E então Jongin o abraçou mais uma vez. Não era capaz de dizer nada que pudesse confortá-lo. Só podia lhe oferecer sua presença e seus abraços, esperando que aquilo fosse o suficiente.

Foi só nesse momento que Baekhyun se deu conta de que tudo aquilo estava realmente acontecendo, de que era real. A dor que sentia era algo indescritível, o corroía por dentro e, aos poucos, ele era tomado por uma terrível sensação de vazio.

Nos braços de Kai, ele se entregou as lágrimas. As pernas estavam fracas, mas o mais alto o segurou, apertando-o contra seu corpo. Fugir daquele sentimento seria ainda pior, então apenas deixou que a tristeza o consumisse e chorou.

- Baekhyun – Jongin chamou. Estavam sentados agora, o menor se encolhia na cadeira da sala de espera, o rosto escondido no peito do outro. – Eu estou aqui com você, ok? Eu não vou te deixar, vou ficar do seu lado.

- Promete? – Ele ergueu a cabeça para que pudesse encará-lo.

- Prometo.

Beijou delicadamente a testa do Byun e suspirou. Sabia que as coisas ficariam um tanto complicadas nos próximos dias. Mas não se importava com isso. Se manteria ali, ao lado de Baekhyun. Cumpriria a sua promessa, ajudaria o fotógrafo a se recuperar, e isso era tudo que lhe importava no momento.