1. Spirit Fanfics >
  2. Pilar >
  3. Capítulo Único

História Pilar - Capítulo Único



Notas do Autor


Olá!!! Tô com historia nova! (viciei mesmo hahaha)

boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Pilar - Capítulo Único

    Eu simplesmente não conseguia entender o motivo para ter acordado com a sensação de que passei a noite sendo pisoteado por dançarinos de flamenco. Minhas costas doíam, as pernas formigavam, o estômago não parava de se contorcer, estava com uma dor de cabeça terrível, sem mencionar a tontura sempre que eu fazia qualquer movimento brusco. Eu devia estar doente.

   - Pilar – chamei pela minha esposa, com a voz baixa e engrolada. – Pilar! – falei mais alto, e então a verdade me invadiu. Eu estava sozinho.

    Me arrastei até o banheiro, entrando embaixo do chuveiro. Fiquei lá, tentando me livrar dos sinais de embriaguez enquanto a água fria caía sobre meu corpo. Lembrei de todos os acontecimentos desde o início do mês, e as lágrimas começaram a cair descontroladamente. Como eu consegui desgraçar minha vida em um intervalo de tempo tão curto?

    Se havia uma coisa da qual eu podia ter certeza, era o fato de que eu falhei feio com ela. Desde o início Pilar esteve ao meu lado: para comemorar nas vitórias, para secar minhas lágrimas e ajudar a me reerguer após as derrotas; mas acima de tudo, ela me amava de verdade – e ela sempre demonstrou isso. Em troca, eu a havia destruído por causa de um capricho meu.

    Desde criança, eu era meio bobo. Nunca colara na escola, até o dia em que fui desafiado por alguns colegas, que me chamavam de “marica”. Fui descoberto, minha prova anulada, fiquei suspenso por dois dias, ouvi sermão dos meus pais. Eu deveria ter imaginado que algumas coisas na vida acabam se repetindo às vezes.

    Há três semanas atrás, cometi o erro de acompanhar os caras do time até uma festa na casa noturna mais badalada de Madri, após alcançarmos a vitória em uma partida importante pela Champions. Lá conheci uma das várias modelos “puta-de-luxo” que costuma rondar homens como nós, e que não saiu do meu pé o tempo todo. Pilar sempre me satisfez de todas as formas mas, ainda assim, eu acabei sendo egoísta.

    Nunca antes eu havia traído minha esposa, porem naquela noite eu novamente tive minha “masculinidade desafiada” por alguns colegas já alcoolizados, então deixei que a fraqueza falasse por mim.

    O sexo fora péssimo: por mais que aquela mulher tentasse me agradar, eu não conseguia sentir nada.  E como se não fosse burrice o suficiente o que eu havia feito, ainda cedi ao pedido dela para que lhe desse o meu número. Ela me mandou mensagens todos os dias pedindo que voltássemos a nos encontrar, e eu só ia apagando sem sequer responder. Até que nesta segunda-feira recebi uma última mensagem, na qual ela dizia que nenhum homem jamais a dispensava, que eu iria me arrepender. E realmente, eu estou muito arrependido. Arrependido de ter ido naquela festa, de ter sido tão fraco, tão estúpido, tão idiota a ponto de fazer o que fiz.

    O olhar de dor e decepção que Pilar me lançara antes de sair de casa ocupou minha cabeça novamente. Eu havia chegado do treino na terça e a encontrei na sala, de pé, segurando um jornal completamente abalada. Ela não disse nada ao passar por mim, só atirou aquele jornal aos meus pés e saiu. Meu sangue havia se esvaído, porque alguma coisa me disse que ela havia descoberto minha falha. Me abaixei pegando o jornal, e a foto que preenchia quase a metade da primeira página foi a confirmação do que eu temia.

    Não me lembro de mais nada depois disso, o que deve dar uma noção do quanto eu bebi.

    Fechei o chuveiro e saí do box, tentando me recompor. Aproveitei que, fisicamente, eu estava me sentindo um pouco melhor para fazer a barba e escovar os dentes – as bebidas de ontem deixaram um gosto amargo em minha boca. Ou talvez o motivo não fosse as bebidas.

    Pensa, Sergio. Pensa.

    Eram mais de cinco anos de relacionamento, não dava para simplesmente jogar tudo fora. Nós tínhamos um filho. Serginho... fui tão negligente que nem sequer havia pensado nele antes. Eu preciso achar alguma maneira de fazê-los me perdoar.

    Vesti uma camisa branca simples, uma bermuda confortável, e fui para a cozinha saborear um almoço à base de café e aspirina. Já passavam das onze horas, e eu ouvi o som de um único toque na campainha. Dei de cara com minha cunhada Amélia ao atender a porta.

   - Olá, Sergio. Posso entrar? – ela foi entrando sem esperar pela resposta.

   - Bom dia, Amélia. O que faz aqui? – eu já tinha uma noção do que ela ia falar, mas sua resposta me surpreendeu.

   - Pilar me pediu que viesse buscar as coisas dela – disse. – tenho que pegar tudo logo, estou com um pouco de pressa. Para qual lado fica o closet? – Amélia foi falando enquanto caminhava em direção aos quartos.

   - Espere um minuto. Como assim levar as coisas de Pilar?

   - Eu pego os pertences dela e do Serginho, enfio dentro das malas, jogo tudo no meu carro e vou embora. Simples assim – ela disse e parou, se virando para me encarar.

   - Amélia, olha, eu sei o quanto você e sua irmã devem estar me odiando, mas você precisa...

   - Eu não preciso nada, Sergio – ela me interrompeu severa. – E se você soubesse de alguma coisa na vida, não teria feito a merda que fez.

   - Eu amo a Pilar. Por favor, me ajuda! – tento insistir.

    Ela suspirou.

   - Sinto muito, mas não vou interferir. Só vim mesmo porque ela me pediu para buscar as coisas dela.

   - Ela está em sua casa? Posso ir lá? – eu quase implorei.

   - Não – Amélia respondeu cansada. – eu sei onde ela está, mas não te direi. Só garanto a você que não é na minha casa. Agora me dá licença, que eu realmente preciso andar rápido aqui.

    Derrotado, abri passagem e deixei que ela fosse pegar as coisas da Pilar, mas e não podia desistir assim. Eu tinha que encontrar uma maneira de encontrá-la, dizer o quanto estava arrependido e que eu precisava dela em minha vida.

    Amélia demorou exatamente duas horas para juntar tudo, e embalar também alguns brinquedos do meu filho. Ela cruzou a sala com dificuldade rumo à porta, mas parou um pouco para descansar.

   - É pedir demais que você me dê uma ajudinha? – perguntou.

   - Desculpa Amélia, mas não vou te ajudar a levar as coisas da minha família embora.

    Ela suspirou e veio se sentar ao meu lado no espaçoso sofá de couro.

   - Olha, eu conheço você – começou. – Sei que você não faria nada disso deliberadamente com a minha irmã.

   - Exato! Eu não...

   - Eu não terminei de falar – ela me interrompe. – Eu sei que trair não é da sua natureza, então não entendo o motivo de você ter feito isso. Mas você fez, e eu sei o quanto Pilar está arrasada, porque ela ficou lá em casa com o filho de vocês na primeira noite. Ela sente muita mágoa, Sergio, e não podemos culpa-la. Eu estou torcendo para que vocês dois se acertem, mas não me peça para trair a confiança dela também. – Amélia se levantou, deixando um beijo em minha testa. Não consegui levantar o olhar, mas assenti. Ela estava certa.

   - Adeus, Sergio.

   - Até logo – respondi.

        Ela estava certa, mas ainda assim eu tentaria lutar mais uma vez. Precisava de aliados, então decidi falar com Cristiano e Marcelo quando chegasse ao treino.

 

                                                                                      ...............

 

   - Deixa eu ver se entendi direito. No próximo jogo você pretende de algum modo fazer um hat-trick em homenagem a eles, e depois do jogo vai pegar um microfone para pedir perdão e se declarar diante do estádio lotado? – Marcelo repassou novamente o meu plano, para ver se o tinha compreendido. Estávamos na academia, usando as bicicletas ergométricas mais afastadas do restante do pessoal.

   - Isso mesmo – respondi.

   - E o que te faz pensar que isso vai dar certo? – Cristiano perguntou.

   - Cara, ele já está mal o bastante, pára de zicar! – riu o brasileiro.

   - Gente, eu preciso tentar alguma coisa! – falei. – Se vocês tiverem uma ideia melhor, por favor me ajudem.

   - Clarisse provavelmente vai me matar por isso – Marcelo suspirou. – Mas tu é meu brother, então tenho que te ajudar. A Pilar está lá em casa.

   - Isso é alguma brincadeira? – olhei para ele

   - Não. Ela, Amélia e Clarisse ficaram bem amigas desde que tiveram a ideia de criar aquela ONG para ajudar moradores de rua, e ela pensou que as chances de você a procurar lá eram menores do que na casa de algum parente dela.

   - Então Amélia não mentiu para mim hoje cedo.

   - Pois é. Vou fazer o seguinte: depois que o Serginho e o Enzo estiverem dormindo, invento uma desculpa para dar uma saída com a Clarisse. Assim que nós estivermos razoavelmente longe, te mando uma mensagem e o resto é com você. É melhor que vocês conversem cara a cara do que ficar expondo os problemas conjugais em um estádio de futebol lotado.

   - E vês se leva um buquê de rosas bem grande para você se esconder atrás quando ela for atender a porta – acrescentou Cristiano. – É melhor que isso dê certo, pois senão o time ficará desfalcado. A Clarisse vai matar vocês dois! – riu.

   - Valeu pela ajuda, portuga! – soquei o braço dele, enquanto terminávamos nossas séries de exercícios e de acertar detalhes para mais tarde.

 

                                                                                        ...............

  

    Meu coração batia acelerado. Eu estava me sentindo um moleque que ia pedir a mão dela em namoro para a família outra vez.

    Pouco depois das nove da noite, recebi a mensagem de Marcelo. Eu nem percebera que fiquei com os olhos grudados na tela esperando que ela chegasse, ou o fio de suor que descia pela lateral da minha testa. Dirigi devagar por mais alguns metros de onde estava estacionado, e cheguei à porta do condomínio onde meu amigo morava. Desci do carro, dei a volta e peguei o buquê de rosas coloridas no banco do carona. Em seguida fui em direção à entrada.

   - ér... boa noite – cumprimentei o porteiro. – Sou amigo do Marcelo Vieira e eu vim... bom, acho que ele te explicou.

   - Certamente que sim, señhor Ramos! – ele disse sorridente. – Não sei se o señhor Marcelo te avisou, mas minha ajuda teria um preço. Ah não, guarde a carteira. Eu quero é um autógrafo para o meu filho, que é seu fã. Ele se chama Miguel.

    Sorri e autografei uma bola que ele havia me entregado. Minha entrada fora autorizada, e eu lhe agradeci.

    O elevador do prédio ia mostrando o número dos andares mais devagar do que eu gostaria, mas finalmente chegara à cobertura do Marcelo. Parei diante da porta dele, respirei fundo e bati, me lembrando da dica de Cristiano de pôr as flores na frente do rosto.

   - Nossa, que lindas – ouvi a voz enfraquecida de Pilar ao me atender. – Clarisse vai amar a surpresa!

   - Mas são para você! – eu disse, estendendo as rosas para ela.

    Ao me ver, o sorriso dela foi sumindo. Pilar tinha um rosto cansado, abatido e cheio de olheiras, inchado de tanto chorar. O peso da culpa fez eu me sentir péssimo por ela estar assim.

   - O que está fazendo aqui? – ela me perguntou.

   - Eu vim para conversar com você, porque você não me deu a chance de explicar...

   - Conversar?! – Pilar levantou a voz mas se controlou imediatamente para não acordar os meninos. – Explicar o que, Sergio? O motivo de ter saído no jornal uma foto sua dormindo ao lado de outra mulher? Que desculpa você vai dar?

   - A única desculpa que existe é que eu fui fraco, idiota, burro desprezível... eu mesmo não me perdoaria – falei.

   - Até aí estamos de acordo! – ela rebateu.

   - Mas quero te pedir que me perdoe, mi amor. Preciso de você na minha vida!

    Pilar tentou fechar a porta, mas eu a impedi.

   - Sergio, vá embora. Eu não quero te ver nunca mais! Por favor, sai daqui.

   - Essa casa é do meu amigo, você não pode me expulsar. Pilar, eu imploro! – ela não me respondeu, só me deu as costas e foi se trancar em seu quarto. Fui até o quarto das crianças, para ao menos ver o Serginho.

   - Meu menino... – caminhei pelo cômodo com cuidado para não pisar ou tropeçar em algum brinquedo. Agachei ao lado da cama onde ele e Enzo dormiam, segurando em sua mãozinha. – Eu errei com você e com sua mãe – falei depois de algum tempo, embora obviamente ele não fosse me ouvir. – Ela nem quis me escutar, mas eu espero que ao menos você possa me perdoar um dia. Vocês são tudo para mim. Eu deveria ter me lembrado disso antes de me deixar levar pelas brincadeiras e apostas de um bando de garotos bêbados. Sua mãe é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, e se ela realmente não quiser mais perder o tempo dela com alguém como eu, vou tentar entender. Mas eu sempre amarei vocês, e sempre serei o seu pai. Estarei com você no que precisar. Por favor filho, tente não ser como eu – um soluço vindo da entrada do quarto denunciou a presença de Pilar. Eu virei naquela direção, mas ela correu para se trancar novamente.

   - Pilar! – chamei, correndo atrás dela.

    Era audível o seu choro do outro lado da porta, ia chama-la de novo mas minha voz ficou presa na garganta. Recostei contra a madeira e fui escorregando até me sentar no chão.

   - Eu confiei em você – ouvi ela dizer entre soluços.

   - Eu sei.

   - Como você pôde?

   - Nem eu entendo. Não sei o quanto do que eu disse ao Serginho você ouviu, mas eu fui sincero – respondi.

   - Eu ouvi tudo, mas estou decepcionada demais para acreditar. Por que, Sergio?

   - Eu não sei! – senti as lágrimas rolarem. – Tudo o que sei é que eu te amo. Você é o meu pilar: sem você minha vida desaba. Entendo que você me odeie, mas espero que possa tentar me perdoar um dia.

   - O pior é que não – ela disse e eu ouvi a porta ser destrancada, revelando-a de pé do outro lado. – Eu sou idiota o suficiente para não conseguir te odiar.

    Ela olhou bem no fundo dos meus olhos por um instante. Me levantei devagar, ficando de frente para ela, e não consegui resistir ao impulso por muito tempo. Puxei-a pela cintura com uma mão, colando nossos corpos e nossas bocas, e com a outra mão segurei seu rosto. De início ela não correspondeu, mas também não tentou me impedir. Aos poucos Pilar foi cedendo ao beijo; passou os braços em volta do meu pescoço e me puxou para dentro do quarto. Sem me separar dela, fechei a porta atrás de mim e nos levei em direção à cama. Fiquei sobre o corpo dela, evitando pôr o meu peso, depois removi sua blusa e o sutiã, passando a beijar pescoço, ombro, colo e seios alternadamente.

   - Eu te amo – sussurrei.

   - Eu também te amo – ainda havia tristeza em sua voz. Jurei para mim mesmo que eu a faria esquecer de tudo isso, daria a ela toda a felicidade do mundo se ela decidisse ficar.

    Aquela foi uma das nossas noites mais intensas. Após a “maratona”, acabamos adormecendo exaustos nos braços um do outro, a despeito de estarmos na casa do Marcelo e de terem crianças por lá.

 

    Acordei no dia seguinte com Pilar soprando meu rosto suavemente.

   - Bom dia – sorri para ela.

   - Bom dia, dorminhoco.

   - Diz para mim que eu estou perdoado – falei, segurando na mão dela que estava sobre meu peito, olhando dentro daqueles olhos lindos. – Me diz que você vai ficar, mi amor.

   - Não – ela disse e meu coração pareceu parar por uns segundos, - acredito que eu estou te dando uma segunda chance! – completou rindo.

   - Sério?!

   - Aham. Clarisse me mataria se soubesse que destruí o colchão dela a troco de nada – sua resposta fez com que eu soubesse que nós ficaríamos bem.


Notas Finais


Personaaaas, espero que gostem da OS. era pra ser uma fic completa, com um monte de capitulos, mas tô sem tempo e sem computador em casa. dependendo da aceitação, futuramente assim que puder eu estendo ela. Tenho uma fic em andamento, mas é categoria original, se alguem quiser acompanhar o link é este > https://spiritfanfics.com/historia/under-your-tree-6544870

Bjoss!!!!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...