História Pilot (Hiatus) - Momento a dois

Maya Hernandez 

Minha cabeça já está explodindo de tanto ouvir a voz de Margot em meu ouvido. Ela está desde as 10 de manhã até agora, 2 dá tarde, tagarelando sobre o que eu devo vestir no meu "encontro" com Justin enquanto joga várias peças de suas roupas por todo quarto.

— Got, eu já disse que não é um encontro. Ele vai apenas me mostrar a cidade. — Assinalo, tentando deixar isso claro para ela de uma vez por todas.

— Ai ai. Tão inocente, pobre Maya. — Ela responde simplesmente, dando de ombros. Reviro os olhos com sua teimosia.

Margot fica cerca de mais cinco minutos vasculhando suas roupas enquanto tenta encontrar algo bom o suficiente para mim usar enquanto eu apenas me preocupo em conversar com nosso pai por mensagem, dizendo que está tudo bem por aqui e que vamos aproveitar o lugar antes de voltarmos para a casa, porém o grito de Margot me interrompe, atraindo minha atenção para ela.

— Achei. É perfeito. — Ela diz enquanto me mostra uma saia rosa que provavelmente fica um pouco colada no corpo, uma regata e um coletinho jeans sem mangas, ambos azuis claro. Olho com deboche para ela enquanto pego a roupa de sua mão, me levantando da cama.

— Essa demora toda para encontrar isso? — Pergunto em provocação e ela bufa, se sentando enquanto cruza os braços.

— Vista logo essa roupa e não reclama. — Manda mal humorada e eu apenas solto um suspiro, fazendo o que ela pediu. Assim que me encaro no espelho, torço a boca em aprovação. Até que ficou bom.

— É, eu gostei. Ficou bonito. — Falo, me virando para encarar a morena atrás de mim, que sorri ao me analisar.

— Ficou perfeito. Desse jeito, não há homem que resista. — Ela diz com um sorrisinho no rosto e eu a encaro com ironia, balançando a cabeça.

— Não exagera.

— Estou falando sério. Até eu te pegaria se fosse homem. — Ignoro seu comentário enquanto olho em meu celular, vendo que já são 2:47 da tarde e que logo Justin aparacerá aqui. Confesso, estou um pouco nervosa em sair sozinha com ele, mas também espero que seja legal, afinal, vou conhecer a Flórida, e para uma pessoa que nunca saiu de Washington DC, isso é algo marcante.

Sinto meu celular vibrar sobre meu colo e desvio o olhar da televisão, vendo o nome Justin brilhar na tela do aparelho. Abro a mensagem e vejo que o mesmo já está em frente ao hotel me esperando.

— Ele chegou Got. Justin já está aqui. — Aviso minha irmã enquanto me levanto da cama, indo para a frente do espelho e dando uma última olhada em mim mesma, conferindo se nada está fora do lugar.

— Então vai logo, não o deixe esperando. — Ela exclama enquanto se aproxima e segura em meu pulso, me puxando em direção a porta do quarto. — Se divirta e não faça nada que eu não faria.

Ela diz enquanto me dá um beijo na bochecha, me fazendo soltar um suspiro.

— Você vai ficar bem? Vê se não apronta enquanto eu estiver fora, por favor. — Peço, a alertando e a mesma ergue as mãos para o alto.

— Fica tranquila, pode confiar em mim. — Ela diz, me fazendo revirar os olhos. Como se isso fosse possível. — Agora vai. Divirta-se.

Ela fala e eu me afasto, indo na direção do elevador. Assim que o mesmo chega, entro e o espero descer até o térreo. Enquanto isso, respiro fundo para tentar controlar meu nervosismo. Mas por que diabos eu estou nervosa afinal? Fala sério, não é como se fosse a primeira vez que eu estou saindo com um cara.

Assim que o elevador para no térreo do hotel, saio do mesmo e caminho em direção a calçada, já conseguindo ver o carro enorme e luxuoso no qual Justin está dentro.

Uau.

Ele sai de dentro do automóvel assim que me vê e se aproxima com um sorriso, que me faz sorrir também e analisá-lo melhor. Camisa de botão com as mangas dobradas acima do cotovelo na cor vinho, uma calça jeans surrada e tênis. Lindo.

— Você está linda. — Ele elogia antes que eu o possa fazer, me fazendo balançar a cabeça.

— Obrigado. Você também está. — Confesso e ele apenas se aproxima em resposta, me dando um beijo na bochecha. Em seguida se afasta e abre a porta do carro no lado do passageiro para mim entrar. Sorrio tímida com isso.

Sou obrigada a dizer que ele é o primeiro cara que faz isso para mim.

— Obrigado. — Agradeço enquanto entro no automóvel, vendo ele fechar a porta e dar a volta no carro, logo se sentando ao meu lado.

— Bom, eu queria primeiro te levar para comer alguma coisa, já que o horário de almoço passou faz um tempinho, e depois te mostro a cidade. O que acha? — Pergunta enquanto liga o carro e me encara, curioso.

— Acho ótimo. — Respondo, vendo ele balançar a cabeça e logo sair dali.

— Perfeito.

Depois de chegarmos numa lanchonete, muito bonitinha por sinal, e termos feito nossos pedidos, nos sentamos em uma mesa perto da janela, onde bate sol.

— Então, o que aconteceu para você ter começado a corrida em 26° lugar ontem? — Pergunto, não conseguindo conter a curiosidade. Espero que ele não fique bravo comigo por estar sendo tão curiosa, apesar de que ele disse que queria me conhecer melhor não é? Então acho que também posso saber coisas sobre ele.

— Algumas semanas atrás eu discuti com um dos outros pilotos e quase parti pra cima dele, então acabei recebendo uma punição. — Ele responde enquanto solta um suspiro, me fazendo erguer as sobrancelhas, surpresa.

— Mas você chegou a bater nele? — Pergunto, o vendo negar com a cabeça automaticamente.

— Não. Hayden e Francis não deixaram. — Assegura.

— Ainda bem então. Sua punição teria sido muito pior se tivesse batido nele. — Comento e o mesmo torce a boca, concordando.

— É verdade. Mas em minha defesa, ele quem começou a me provocar, eu apenas estava me defendendo.

— Acredito em você. — Respondo e o vejo abrir um sorriso com isso, logo apoiando os braços na mesa e se inclinando levemente para a frente.

— Me fala sobre você. — Pede e eu solto um suspiro, pensando por onde começar a contar sobre mim.

[...]

Justin e eu não paramos mais de conversar desde que chegamos na lanchonete. Conversamos sobre mim enquanto comíamos, conversamos sobre ele durante a sobremesa, falamos sobre a profissão do mesmo quando voltamos para o carro, e cantamos as músicas que passaram no rádio enquanto ele me levava para conhecer os lugares por aqui, e devo dizer que cada um é mais lindo que o outro.

Sobre Justin, descobri que ele começou na carreira de piloto aos 8 anos de idade, começando no kart e não parou mais, já que sua paixão pelas corridas cresceu ainda mais. Ele também é apaixonado por basquete, embora não seja tão bom neste quanto nas pistas, e sofre de claustrofobia.

— Pra onde vai me levar agora? — Pergunto para ele enquanto fecho um pouco o vidro do carro, já que o vento que entra da janela está deixando meus cabelos cheios de nós.

— Surpresa. — Ele diz com um sorrisinho no canto da boca.

— Ah não, me diz por favor. Eu tenho um sério problema com curiosidade. — Peço, vendo ele negar com a cabeça enquanto entra em uma estrada, se afastando da cidade.

— Sinto muito. — Ele responde simplesmente e eu cruzo os braços, soltando um suspiro. O jeito é esperar. Depois de mais algum tempo, chegamos em uma praia, aparentemente deserta. Por estar no fim de tarde já, o céu está escuro, porém isso não a faz perder seu charme. É um lugar muito bonito e calmo. — Vamos? — Ouço a voz de Justin e olho para ele, que está com a porta aberta, apenas me esperando sair para sair também.

Confirmo com um sorriso e abro a porta, me colocando do lado de fora. Bieber aciona o alarme do carro e nós dois andamos em direção a areia. Tiro meus tênis do pés e Justin faz o mesmo, e não demora para que eu sinta a areia fofa e gelada em contato com minha pele.

— Eu só vim uma única vez aqui com minha família e já faz tempo. Queria matar a saudade. — O loiro comenta e eu o olho enquanto avançamos um pouco mais.

— É um lugar bem bonito. — Falo, vendo ele balançar a cabeça em concordância.

— Sim. É uma pena não termos chegamos um pouco antes para vermos o pôr do sol. — Ele lamenta, porém apenas dou de ombros.

— Não tem importância, já está bom assim. — Asseguro enquanto deixo meu tênis na areia e caminho em direção ao mar para molhar meus pés na beirada. Embora gelada, a água está muito boa.

Sinto Justin se aproximar e fazer o mesmo que eu, erguendo a barra de sua calça e em seguida molhando os pés também.

— Sabe que você fica engraçada assim? — Pergunta, voltando seu olhar para mim e eu franzo o cenho, o encarando.

—Assim como? — Pergunto, vendo ele dar um sorriso suspeito e logo em seguida jogar água em mim, acertando um pouco do meu rosto e cabelo.

— Molhada. — Responde enquanto ri e eu apenas abro a boca, descrente. Não acredito que ele fez isso.

Encaro Bieber fingindo raiva enquanto seco meu rosto dos pingos que me acertaram, balançando a cabeça.

— Tem certeza de que quer brincar disso Bieber? — Pergunto, tentando soar ameaçadora, porém Justin apenas ergue a sobrancelha.

— Manda ver. — Ele responde e rapidamente espirro água nele também, porém repetidas vezes, deixando-o bem mais molhado do que eu. Justin passa a mão pelo rosto para tirar o excesso de água ali e em seguida me olha enquanto mantenho um sorriso sarcástico.

— Sabe que você fica engraçado assim? — Repito o que o mesmo disse para mim e logo em seguida começo a rir, vendo ele balançar a cabeça em negação.

— Então vai ser assim né? — Pergunta desafiador e eu apenas balanço a cabeça em confirmação.

— Ah vai.

— Tem certeza?

— Absoluta. — Respondo convicta, porém, antes que possa pensar, sinto uma avalanche de água me atingindo, e tudo o que consigo fazer é soltar um gritinho e começar a correr para me afastar dos ataques de Justin. — Chega! Já está bom. — Grito, continuando a correr dele e indo para o lado da areia, livre da água.

— Você não disse que queria brincar, o que aconteceu? — Pergunta enquanto eu me viro para olhá-lo, aproveitando para recuperar o fôlego. 

— Mas você me molhou toda. — Exclamo, apontando para mim mesma enquanto ele continua vindo em minha direção, rindo do meu estado.

— Ah, não está tão mal. Dá para molhar mais um pouquinho. — Ele diz enquanto segura em minha cintura e começa a me arrastar de volta para a água, porém me debato em seus braços, tentando o impedir.

— Não Justin. — Grito, porém ele apenas me ignora, e por ser mais forte do que eu, me leva para o mar cada vez mais. — Não seja malvado assim.

— Vamos lá Maya, o mar não vai te morder. — Responde irônico, e quando chegamos perto da beirada, tento me soltar de seus braços, e com isso acabo tropeçando em um de seus pés, levando nós dois ao chão.

Justin cai de costas na areia enquanto eu caio de bunda, sentindo-a ficar dolorida imediatamente. Ok, isso doeu.

Faço uma careta enquanto acaricio minhas nádegas e ouço Justin começar a rir, balançando a cabeça e se sentando. Ambos nos entreolhamos por alguns segundos, e não demora para cairmos juntos na gargalhada. Ao menos não passei mico sozinha caindo nessa areia.

— Olha o que você fez Maya. — Ele diz enquanto balança a cabeça em negação, fingindo estar desapontado.

— Eu fiz? A culpa é sua. — Retruco em minha defesa, vendo ele franzir o cenho.

— Minha? Eu sou o mais inocente daqui.

— Ah, claro que é. — Respondo com sarcasmo enquanto me levanto e bato a mão em minha saia para tirar a areia dela. Em seguida estendo a mão para Justin e o ajudo a se levantar também.

— Se tivesse sido uma menina boazinha, isso não teria acontecido. — Responde enquanto passa a mão pelo cabelo loiro para tirar um pouco da areia.

— Ah, calado Bieber. — Mando, o vendo rir.

Antes de me responder, vejo um pedaço de graveto na areia um pouco afastado de nós e ando até lá ao me ocorrer uma idéia, o pegando na mão. Em seguida me abaixo e começo a fazer alguns rabiscos ali. Vejo Justin vindo para perto de mim e olhar curioso para o que estou fazendo bem no momento em que termino. Olho para cima para ver seu rosto, vendo um sorriso aparecer no mesmo.

#1 Bieber.

— Uma pequena homenagem. — Comento enquanto me coloco de pé novamente. Assim que o faço, sinto um beijo em minha bochecha e não consigo evitar ficar vermelha com isso, afinal, ele me pegou de surpresa.

— Minha vez. — Fala enquanto tira o graveto de minha mão e se abaixa, também começando a rabiscar na areia. Olho atenta ao que ele faz, também não conseguindo evitar sorrir quando termina. Embaixo do que eu escrevi, ele fez um grande coração com o nome Maya escrito dentro.

— Até que você desenha bem. — Elogio, lhe dando um beijo na bochecha assim como ele fez comigo.

Confesso, passar a tarde com Justin foi divertido e me fez bem.

[...]

Um pub. Tivemos a brilhante idéia de passarmos em um pub assim que saímos da praia.

Tanto eu quanto ele queríamos passar mais algum tempo juntos, e acabou que ele teve a idéia de irmos à um pub. O problema é que sou completamente fraca para bebidas, e no meu terceiro copo de martini que pedi já estava um pouco alterada. Justin aparentemente não é tão fraco quanto eu, porém ele exagerou bem mais nas doses e o resultado disso foi: ambos estamos totalmente bêbados. Ok, talvez não tão bêbados assim.

— A lua está me dando oi. — Ele comenta enquanto caminhamos de volta para o hotel.

O carro de Justin? Bom, resolvemos deixá-lo perto de uma padaria já que ele não está em condições de dirigir e insistiu em me levar para casa, pois deus me livre se a polícia o pega nesse estado atrás do volante. Provavelmente é adeus GP desse ano.

— Então dê oi para ela. — Respondo rindo enquanto também olho para a lua brilhante acima de nós.

Chegamos no hotel aos tropeços e gargalhadas, recebendo um olhar feio do porteiro para nós dois como resposta. Entramos juntos no elevador, porém acho que ter subido de escada teria sido uma opção mais inteligente. Justin fica petrificado desde o térreo até o 9° andar, que é onde fica meu quarto, sem mover nem mesmo os dedos da mão, e consigo até ver uma gota de suor descendo pelo seu rosto. Mas graças ao bom Deus, logo a porta abre e nós saímos para o corredor, onde vejo Justin finalmente relaxar.

— Puxa, está calor não está? — Ele pergunta um pouco embolado enquanto abre dois botões de sua camisa, e com isso consigo ter uma noção real de sua claustrofobia.

Procuro pela chave do quarto embaixo do carpete, já que Margot me mandou uma mensagem dizendo que estaria ali, já que ela saiu porém não consigo me lembrar para onde, e quando vou me levantar, acabo batendo a cabeça na maçaneta da porta.

— Au! — Reclamo, passando a mão no local acertado enquanto ouço Justin gargalhar escandalosamente de mim.

Consigo abrir a porta com um pouco de esforço e logo estamos dentro do quarto, vivos. Agradeço por minha irmã não estar aqui nesse momento para ver essa cena e me jogo na cama do jeito que estou.

— Eu vou dormir Justin. — Aviso ao garoto, já fechando os olhos.

— Posso dormir aqui com você? — Pergunta para mim, porém acabo rindo com isso e balançando a cabeça em negação, apontando para o pequeno sofá perto da porta, indicando que ele durma ali ao invés de se deitar ao meu lado.

— Pode dormir ali. — Falo e logo o ouço se jogar no móvel, soltando um suspiro. — Boa noite Justin.

— Boa noite Maya.