História Pilot (Hiatus) - Ressaca

Maya Hernandez

Estou em um sonho simplesmente maravilhoso com Orlando Bloom, onde ele me leva para sair. Estamos quase nos beijando, o momento tão esperado por mim, quando sinto um forte impacto na cabeça, que me faz despertar assustada.

— Mas o quê? — Pergunto, sentindo minha cabeça latejar enquanto olho em volta, vendo Justin dormindo no sofá do quarto, e Margot de joelhos na cama à minha frente com um travesseiro em mãos, enquanto me olha se forma interrogativa.

— Maya, o que Justin está fazendo dormindo no nosso sofá? — Pergunta em disparada, sem ao menos me dar bom dia ou perguntar se estou bem.

— O sofá não é nosso, é do hotel. — Respondo simplesmente enquanto volto a deitar a cabeça no travesseiro, fechando os olhos, porém logo sinto uma bofetada em mim novamente.

— Não seja engraçadinha. — Exclama, jogando o travesseiro no chão em seguida. — Vocês transaram? — Pergunta, me encarando com o cenho franzido.

— O que? Claro que não Got. — Respondo, levemente ofendida por ela me confundir com esse tipo de garota que dá para o cara logo no primeiro encontro. Até parece que não me conhece.

— Então por que ele está aqui? — Questiona. Franzo o cenho e viro o rosto para encará-la, confusa.

— Eu pensei que você fosse ficar feliz por ver ele aqui.

— E eu estou, pode acreditar. Mas eu só queria ter certeza de que vocês não fizeram nada demais, por que você sabe como caras como o Justin são, digo, que tem dinheiro e várias mulheres aos seus pés. — Reviro os olhos com sua tentativa falha de sermão.

— Margot, se tem alguém que deveria estar preocupada aqui, sou eu. Afinal, nem sei onde você passou a noite. — Resmungo, a vendo cruzar as pernas em índio, soltando um suspiro.

— Eu sai sozinha para ir rodar um pouco aqui por perto, encontrei um barzinho e fiz amizades. Você sabe como sou sociável, e daí passei a noite por aí com as pessoas que conheci. — Ela explica e eu coloco a mão na cabeça, me sentando com dificuldade por conta da dor.

— Você realmente não tem um pingo de juízo. Como passa a noite com pessoas que nunca viu na vida Margot? — Questiono, a encarando.

— O importante é que eu estou bem maninha. Estou viva aqui, então relaxa. — Ela diz e eu apenas reviro os olhos.

— Impossível relaxar. Minha cabeça está explodindo.

Digo, esperando que ela procure por algum remédio para mim em nossas coisas, porém ela apenas franze o cenho e encara o nada, parecendo pensar sobre algo. Ergo a sobrancelha com isso, e depois de alguns segundos o rosto de minha irmã se ilumina, a fazendo abrir um sorriso.

— Ai meu Deus. Justin Bieber está dormindo no meu sofá. — Ela diz, soltando um gritinho eufórico. — Justin Bieber está dormindo no meu sofá e saiu com minha irmã. — Ela grita, logo começando a rir e a pular na cama. Tampo meus ouvidos enquanto faço uma careta.

— Não grita Got, por favor.

— Isso é histórico. Preciso registrar. — Ela diz e logo sai de cima da cama com rapidez, procurando por algo na cabeceira.

Assim que pega seu celular na mão, se aproxima de Justin e começa a tirar várias fotos dele dormindo, o que me faz bufar e balançar a cabeça em negação. Pior do que acordar com dor de manhã cedo, é acordar com dor e ainda ter que aguentar Margot.

Em uma das fotos que ela tira dele, o flash acaba o acordando e o faz se erguer assustado, sentando no sofá e logo assumindo uma careta de dor.

— Que merda está acontecendo? — Pergunta, totalmente perdido e confuso.

— Você passou a noite dormindo no meu sofá. Todo torto aliás. — Got responde, aparentemente deixando Justin ainda mais confuso.

— Já disse que o sofá não é nosso Got. É do hotel. — Resmungo simplesmente, ouvindo ela bufar e me encarar com tédio.

— Que seja Maya.

— O que aconteceu? — O loiro pergunta enquanto alterna o olhar entre nós duas. Para a sorte dele, eu me lembro de tudo o que aconteceu ontem, mesmo estando de ressaca.

— Nós dois saímos juntos, andamos pela cidade, fomos à uma praia e depois passamos em um pub, onde bebemos um pouco além das conta. — Conto resumidamente, o vendo apenas balançar a cabeça em confirmação.

— Nós realmente fizemos tudo isso? — Pergunta.

— Sim, e até que foi divertido. — Confesso, o vendo soltar uma fraca risada pelo nariz. Encaro minha irmã em seguida, vendo ela olhando, creio eu, para as fotos que tirou de Justin dormindo. — Got, por favor, pode procurar por alguma cartela de remédios na minha mala? — Peço, atraindo seu olhar para mim.

— Só vou fazer isso por que estou vendo o quanto Justin está mal. — Ela diz enquanto se levanta e vai até minha bolsa, fazendo o que pedi.

Depois de eu e Bieber tomarmos o remédio, ele me encara de maneira séria, como se estivesse pensativo sobre algo, mas logo começa a rir.

— Eu só consigo me lembrar de ter caído no sofá, mais nada. — Comenta, me fazendo rir junto com ele.

— É uma pena. Não vai conseguir se lembrar do nosso passeio. — Respondo, vendo ele balançar a cabeça em negação e me encarar prendendo o riso.

— Ah mas eu não esqueci de tudo. Por exemplo, lembro da cacetada que você deu na maçaneta da porta quando chegamos aqui. — Ele diz, começando a rir enquanto eu balanço a cabeça, fingindo ficar brava com o assunto. Mas admito, foi realmente engraçado.

— Você bateu a cabeça na maçaneta da porta? — Got pergunta, me encarando surpresa enquanto começa a rir também. — Não acredito que perdi essa cena.

— Foi uma batidinha de nada. — Retruco, me defendendo.

— Ah não foi não. Até estou surpreso por não ter ficado um galo aí. — Justin diz e ele e Margot começam a rir juntos da minha cara, o que me faz revirar os olhos.

— A culpa de eu ter ficado levemente alterada foi sua. — Acuso, vendo ele cessar os risos e franzir o cenho.

— Minha?

— Sim. Você quem teve a idéia de irmos ao pub. — Alego, vendo Margot me encarar do mesmo modo que Justin.

— Ele te obrigou a beber? — Pergunta, me fazendo negar com a cabeça. — Então a culpa não é dele. — Diz, me fazendo encará-la com incredulidade.

— Isso aí Margot. — Justin diz, estendendo sua mão para a mesma e ambos fazem um toque.

— Vai ficar do lado dele e não do meu? — Pergunto, vendo-a dar de ombros.

— Ele não está errado. — Bufo com sua resposta, vendo o loiro rir.

— Mas falando sério agora, já que você se lembra de mais coisas do que eu, sabe onde está meu carro? — Pergunta, me fazendo balançar a cabeça em concordância.

— Sim. Você o deixou na esquina da padaria perto do pub. — Respondo, vendo ele soltar um suspiro e se levantar do sofá.

— Espero que não tenha sido roubado.

— Você já vai? — Got pergunta para ele quando o vê calçando seus tênis.

— Sim. Tenho coisas para resolver com minha equipe sobre a próxima corrida. E ah, eu não esqueci do ingresso de vocês. Vou ver se consigo mais dois. — Ele diz, fazendo os olhos de minha irmã brilharem.

— Eu vou torcer para que consiga. Se eu puder vou assistir todas as corridas pessoalmente. — Ela fala empolgada, o fazendo rir enquanto se levanta.

— E eu gostaria de ver vocês duas em todas as corridas. — Ele diz, olhando para mim em seguida e dando um pequeno sorriso. — Bom, já vou indo.

— Não quer esperar para comer pelo menos? Margot pediu para que trouxessem o café da manhã aqui. — Pergunto, lembrando de que em um dia de ressaca, não é bom ficar de estômago vazio.

— Não precisa, eu como alguma coisa quando chegar no hotel. Mas obrigado. — Ele agradece e Margot se aproxima do mesmo, jogando seu celular em cima de mim.

— Bom, então eu te acompanho até lá embaixo. — Ela se oferece, o fazendo balançar a cabeça.

— Ok. — Ele concorda e logo o vejo se aproximar de mim e deixar um beijo em minha testa, abrindo um sorriso quando se afasta. — Obrigado pelo passeio Maya. Espero que tenha gostado. — Também sorrio em resposta.

— Eu gostei sim.

— Até mais. — Se despede, abrindo a porta do quarto.

— Até mais Justin. — Falo, e logo ele e Margot passam pela mesma e a fecham, me deixando sozinha dentro do quarto.

Solto um suspiro e deito na cama, lembrando da tarde que passei com ele. Foi muito boa, e admito que seria bom repetir isso mais vezes.

[...]

Liguei para o meu pai assim que eu e minha irmã terminamos de tomar nosso café da manhã, e ficamos pelo menos 10 minutos conversando, porém agora Becky ligou para mim também para ter notícias de nós duas e agora aqui estou eu, grudada no celular novamente.

— E o que você achou da cidade? — Ele pergunta depois de eu lhe contar sobre o passeio que tive com Justin.

— Ela é maravilhosa Becky, você tem que ver. — Respondo, me lembrando dos lugares lindos que visitei.

— Eu imagino. — Ele diz, soltando uma risada. — Eu queria ter ido com vocês, sabe, pra conhecer a Flórida também, já que nunca sai de Washington DC.

— Você queria vir pra ficar perto da Margot que eu sei, admita. — Falo, rindo junto com o mesmo.

— Claro que não Maya.

— Uhum, sei. — Murmuro, balançando a cabeça. — Becky, esqueceu que eu te conheço muito bem? — Pergunto. Conheço Becky há muito tempo já, e como disse, o considero como um irmão, sendo assim sei muitas coisas sobre ele e ele de mim.

— Ok, me pegou. Mas eu realmente queria ir para ver a cidade também. 

— Eu sei, fica tranquilo. E olha, você não acredita quando eu digo, mas Margot gosta sim de você viu? Inventei uma história pra ela de que você estava saindo com uma garota, e ela ficou mordida de ciúmes. — Conto, aproveitando que minha irmã está no banho e não vai ouvir nada do que eu disser.

— Você fez o que? Ficou doida Maya? — Ele questiona, surpreso.

— Doida por que?

— Ela vai achar que eu estou interessado na suposta garota e não vai querer mais saber de mim. — Ele diz, o que me faz rir e balançar a cabeça.

— Claro que não Becky.

— Claro que sim, você sabe como Margot é. Ela já não me dá muita atenção agora, imagina quando pensar que eu não estou mais nem aí para ela? — Retruca, me fazendo soltar um riso pelo nariz.

— Fica tranquilo, isso não vai acontecer. Meu plano vai dar certo. — Asseguro.

— Bom, eu espero. Por que eu gosto muito da Margot. — Ele diz com voz de bobo e eu sorrio, balançando a cabeça.

— Você não sabe o quanto eu torço por vocês dois. — Digo sincera.

— Obrigado maninha. Eu também torço muito por nós dois. — Sorrio com o apelido. — Mas agora eu preciso ir, o meu horário de almoço acaba daqui cinco minutos.

— Ok, vai lá então. Bom trabalho.

— Obrigado. Beijos Maya.

— Beijo Becky. Até mais. — Me despeço, logo encerrando a chamada e bloqueando o celular bem no momento em que Margot desliga o chuveiro.

Uma idéia me ocorre assim que isso acontece, e sorrio travessa. Eu sou uma gênia.

Espero minha irmã sair do banheiro, e assim que ela o faz com uma toalha enrolada na cabeça, coloco o celular na orelha e finjo ainda estar falando com Becky. Está na hora de mostrar seu lado atriz Maya, pelo bem do casal Macky.

— Mande um beijo para ele Becky. Mas me conta, você saiu com aquela garota? — Falo em voz alta, atraindo a atenção de Margot. Ela me encara de canto de olho para prestar atenção na conversa, porém finge estar procurando alguma coisa no chão do quarto. Margot, Margot... — E como foi? Me conta.

Falo, ficando em silêncio por um tempo para fingir que ele está me explicando como foi seu encontro. Got continua mexendo em sua mala e logo começa a se trocar, se virando e me olhando com curiosidade.

— Olha aí, ela está mesmo interessada em você. Mas só fique com ela se achar que vale a pena, sabe, já que você gosta de outra garota. — Falo, olhando para Got no final da frase. Vejo ela revirar os olhos para mim. — Você tem razão, não fique se humilhando demais. Se Margot não te quer, você já tem quem te queira e que vai saber te valorizar.

Falo, jogando uma indireta bem direta para Margot. Acho que peguei um pouco pesado falando isso, já que a expressão no rosto de minha irmã se tornou incrédula e magoada, porém ela precisa realmente de um choque de realidade. Becky realmente a ama e a mesma não quer enxergar isso, quer dizer, finge que não.

— Ok, você é quem sabe. Mas eu preciso desligar Becky, depois nos falamos ok? Beijos. — Me "despeço" dele e logo finjo desligar o celular, soltando um suspiro.

— Eu vou sair. — Got diz assim que jogo o celular ao meu lado, me fazendo franzir o cenho.

— Vai pra onde?

— Os amigos que conheci ontem me chamaram pra dar uma volta. E eu vou com eles. — Ela diz simplesmente, vestindo uma regata.

— Uma volta aonde? — Pergunto, me sentando sobre minhas pernas.

— Por aí, em qualquer lugar. — Ela responde dando de ombros enquanto seca seu cabelo molhado com a toalha e logo começa a penteá-lo. Solto um suspiro com isso.

— Margot, por favor, toma cuidado. — Peço, fazendo seu olhar cair sobre mim.

— Vem comigo Maya. Eu apresento você pra eles e a gente fica por aí, andando ou sei lá. — Ela convida, me fazendo torcer o nariz em reprovação.

— Sinto muito Got, mas não estou com disposição pra nada hoje. — Respondo, vendo-a rir com malícia.

— Justin te cansou foi?

Reviro os olhos com o que escuto.

— A bebida me cansou. — Corrijo. — Mas tome cuidado, não desgruda do celular e qualquer coisa me liga. — Aviso, vendo ela rir enquanto se encara no espelho.

— Fica tranquila Maya. Sei me cuidar ok? — Responde, jogando a escova dentro de sua mala e logo passando apenas um perfume, pegando suas chaves e seu celular.

— Você vai sair assim? Toda largada? — Pergunto, estranhando, pois geralmente Got nunca sai sem passar pelo menos uma maquiagem ou secar o cabelo.

— Sim. Eu estou indo me divertir, não estou indo para uma festa. — Responde com ironia, abrindo a porta do quarto e me olhando antes de sair. — Beijos, não precisa se preocupar comigo ok? Te amo. — Diz simplesmente, logo fechando a porta e saindo.

— Também te amo. — Respondo, mesmo que ela não vá ouvir, e balanço a cabeça em negação.

Margot ainda vai se meter em alguma enrascada.

[...]

Ouço o som do meu celular começar a tocar, atrapalhando o filme que estou assistindo. Penso em não atender e deixar a ligação cair, porém vejo o nome Margot brilhando na tela, o que desperta minha atenção.

— Oi Got?

— Me desculpe, você é a irmã da Margot, Maya? — Ouço uma voz masculina perguntar, o que me faz me endireitar na cama, confusa.

— Sim, sou eu. Quem está falando?

— Eu sou Hayden Johnson, e acabei encontrando sua irmã em um bar e a trouxe para minha casa. É uma longa história, mas eu gostaria que você viesse até aqui pois ela está tão bêbada que acabou desmaiando. — Ele diz tudo de uma vez, fazendo minha respiração falhar por um momento.

— Como é que é?