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História Pingos de chuva - A fuga


Escrita por: mak09

Notas do Autor


Procurei detalhar mais a pedido de alguns, espero que gostem.

Capítulo 2 - A fuga


Fanfic / Fanfiction Pingos de chuva - A fuga

Ja se passavam três dias desde que eu havia chegado do hospital. Três dias aturando a chatisse de ficar na casa de meus pais inutilmente, era como voltar a adolescencia, não que fizesse tempo desde essa época.

Mamãe me fazia comer o tempo todo, chegava a ser chata, só não era tão ruim por cozinhar tão bem. Era uma mulher não muito magra nem muito alta, pele clara e olhos escuros, cabelos loiros curtos em um corte chanel que balançavam ao descer e subir as escadas de casa com velocidade, tinha medo de que caisse sendo desatenta como é. Nesse lado devo ter puxado um pouco do meu pai.

Meu pai é um caso difícil, um homem difícil de se lidar, sua mente é brilhante, não posso negar. O cabelo raspado e o cafanhaque grisalhos davam ao professor de história um ar de romancista cativante, era alto e magro, suas olheiras eram facilmente notadas sob os óculos. Parecia sempre palido, como se a cor não lhe gostasse, contudo era um bom homem. Assim, o senhor e senhora Markes, eram o extremo oposto que deu certo.

Quando papai chegou correu para ver como eu estava, deu algumas desculpas por não ter ido me buscar e depois me tratou como uma criança, como sempre. E isso era o que mais me dava saudades do meu apartamento, o poder de ser artificialmente livre. Não que não os amasse, mas ter meu próprio espaço era crucial e com eles me tratando do jeito que estavam não ajudava. No terceiro dia eu só queria sair e ir pra casa.

Enquanto saia do antigo quarto para ir almoçar aproveitei para olhar os detalhes da casa que antes fazia parte. Meu quarto era o último do corredor, era pequeno mas aconchegante como todos os outros dois quartos. A cor das paredes variavam em tons pastéis, tudo era neutro, tinha a sensação de estar flutuando ao andar naquele corredor mas ao mesmo tempo me sentia presa, um dos principais motivos para não morar mais ali.

Descendo a escada em espiral a primeira visão que tive era da sala ampla com o quintal ao fundo além das portas e janelas de vidro. Nada havia mudado por ali, a mesma poltrona marrom peluciada virada pra velha lareira no lado esquerdo, o tapete cor vinho, o sofá de dois lugares no lado direito de frente para a televisão e no espaço ao lado uma grande coleção de livros de todos os tipos que a faziam lembrar de Tim. Nada de mesa de jantar por ali. Éramos acostumados a jantar na cozinha.

Virando a direita haviam três portas robustas de madeira envernizada, a do meio era a do banheiro, à direita se tinha a escada para a garagem e à esquerda dava na cozinha. Fui para a cozinha.

O almoço foi silencioso, algo que não era comum, então logo notei que devia haver algo errado.

"Aconteceu alguma coisa?" Perguntei ao papai, que estava distraído na ponta da mesa, ao meu lado esquerdo. "Nada filha..." E olhou para mamãe que respondeu um murmurado "Isso, não é nada". Dei de ombros e descidi por terminar meu prato, teria que conversar sobre isso com mamãe outro dia. Insisti para lavar a louça no entanto não me deixaram fazê-lo, não me deixavam fazer nada até o retorno ao médico, então voltei pro quarto.

Terminei um dos trabalhos da faculdade que não havia feito, assisti alguns filmes e logo, no começo da noite, ja estava entediada de novo. Andei até a janela e olhei para a trepadeira que se encontrava intacta desde os meus dezesseis anos, a nostalgia me cobriu de lembranças da adolescência. "Bons tempos" disse sorrindo, e quase que instantaneamente me veio a ideia: claro que eu poderia sair, fiz isso por três anos por quê não só mais uma vez?

O pensamento me consumiu e quando me dei por conta já estava planejando tudo. Tomei um banho quente, coloquei um pijama pra disfarçar, como costumava fazer. Dei boa noite aos meus pais que já haviam se deitado, pelo menos minha mãe sim (papai estava fazendo umas provas), e voltei ao plano de fuga.

Pensando em algo simples para vestir coloquei uma calça jeans azul escura, uma basica branca e uma jaqueta preta de couro que já não usava a um bom tempo. Escolhi usar botas de cano curto, também pretas sem muitos detalhes. Joguei elas pela janela com cuidado para não fazer barulho de mais, peguei minha pulseira e meus brincos ambos dourados, arrumei o cabelo e dei uma ultima olhada no espelho.

Não era mais a mesma adolescente, meu cabelo loiro e curto estava mais escuro e agora me cobria os ombros ondulando no final. Meus olhos castanhos ganharam um tom ainda mais escuro e se destacavam mais na pele clara. Lembrava de como era me olhar no espelho, sentir a confusão da mente tomar forma física a minha frente. E aquilo me divertia, achava incrível. Por fim pegou a bolsa, o celular e desceu pela janela, tomando a máximo de cuidado para não cair e, com sorte, ir rever o dr. Parker mais cedo. Ao sentir a grama nos pés tratei de por as botas e pular o muro baixo rapidamente.

A nostalgia me tomou novamente ao andar pelas ruas de Leanread a noite, como a tempos não experimentava, a sensação de liberdade e a adrenalina de não ser livre pra isso era deliciosa. Claro que sair sozinha a deriva desse jeito não era costume meu, mas eu precisava daquilo, do renascimento da rebeldia que me pertencia, da sede de querer mais do mundo. Era como voltar no tempo.

  Depois de meia hora caminhando e revendo os traços que tanto gostava nas ruas lajotadas, nas árvores perdendo suas folhas secas, no silencio de cada casa onde pessoas dormiam na paz de seus mundos, cheguei a um dos meus lugares favoritos, o lendário Fergu's Castle. Único pub da cidade que vendia bebida para menores no passado e ainda oferecia música ao vivo. Ficava a cinco quadras leste da universidade e o snt. Mário também era próximo, por isso costumava ser bem movimentado mesmo não sendo muito grande nem muito conhecido. Grandes história aconteceram alí. Naquela noite, a minha se tornou parte delas.


Notas Finais


Ficou meio comprida? Ficou kkkk mas foi por bons motivos.


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