História Pinocchio - E a Murta que geme continua assistindo

Só tive tempo de fechar os olhos bem apertados e pensar Meu Deus Meu Deus Meu Deus antes de sentir a boca de Chanyeol na minha. Quer dizer, esperei aquilo por bastante tempo, bastante mesmo. Havia uma infinidade de anos dentro daquele mês e alguns dias que separaram o beijo que Chanyeol me deu dentro do guarda-roupas de Sehun e o beijo que ele me dava agora. Ihc!

Okay, okay, mas era essa a sensação.

Eu até perdi as contas de quantas vezes sonhei que sentia a boca dele na minha novamente, de quantas vezes imaginei como aconteceria… Eu até fechava os olhos e sorria feito um idiota só de pensar nos lábios de Chanyeol contra os meus. Tenha dó! Eu parecia um garotinho de 12 anos com sua primeira paixãozinha. A diferença é que eu sempre tive a impressão de que Sehun era inalcançável demais pra mim, impossível demais.

Mas Chanyeol não.

Ele sempre esteve ali do meu lado, desde aquele dia que nós formamos a dupla imbatível do vídeo-game, tão perto que se eu me movesse um pouquinho para o lado, seria engolido por seu cheiro, seu toque, sua fofura sem fim.

Chanyeol sempre esteve ali pra mim, agora mais do que nunca.

Então é, o Baekhyunzinho dentro de mim estava dando saltos de alegria e correndo pela minha \cabeça com grandes corações pulsando no lugar dos olhos.

Chanyeol primeiro roçou os lábios nos meus, causando uma cócegazinha gostosa enquanto um arrepio louco descia pela minha espinha, fazendo todos os meus pelinhos corporais se levantarem e assistirem a cena, balançando pra lá e pra cá e gritando ÊÊÊÊÊ.

Ele roçou sua boca na minha devagarinho, enquanto nossos narizes se tocavam com uma delicadeza que, com certeza, não combinava em nada com minha ansiedade ridícula, nem muito menos com o samba que meu coração dançava. Então, enquanto ele deslizava seus lábios sobre os meus de um lado para o outro, eu o ouvi sussurrar:

- Até que enfim.

E aí amigos, eu derreti e virei uma poça de amor no chão.

Ihc!

Depois que ouvi aquela vozinha gostosa sussurrar aquilo contra meus lábios, decidi parar de bancar o virgenzinho. Subi minhas mãos para o pescoço de Chanyeol e o puxei ainda mais pra mim, pressionando minha boca contra a sua.

Senti Chanyeol rir contra mim e pensei Puta merda, me apaixonei novamente.

Chanyeol entreabriu meus lábios com os dele e sugou meu lábio inferior com delicadeza, enquanto pousava uma mão em minha cintura e a outra em meu rosto. Eu o selei demoradamente, sentindo a pressão da sua boca em meu lábio e tentando controlar a vontade absurda que eu sentia de rir.

Sua mão desceu do meu rosto até minha nuca e aprofundou nosso beijo, usando a famigerada língua e me fazendo suspirar.

Eu sentia que estávamos em cima de uma nuvem de algodão-doce enquanto nos beijávamos, a língua de Chanyeol chamando a minha pra dançar e ela nem se fez de difícil, a atrevida.

Chanyeol me beijava com tanto carinho que eu só sentia vontade de continuar e continuar e continuar até não sobrar nem um espacinho que fosse dentro de mim onde não houvesse Chanyeol.

Ele sugava meus lábios e as vezes chupava minha língua, intercalando alguns selinhos aqui e ali, me instigando a continuar e a derreter cada vez mais em seus braços.

E eu realmente continuava porque, puta que pariu, Chanyeol beijava bem demais.

Eu sentia sua mão carinhosa em minha nuca enquanto brincava com meus fios curtinhos dali e sua outra mão, mais atrevida, me apertando na cintura, vez ou outra subindo e descendo, me fazendo gemer um tantinho entre o beijo.

Já eu não sabia o que fazer com aquilo que chamava de mãos, que agora mais pareciam duas marias-mole, mas que eu tentava administrar segurando sua nuca com uma e a outra pressionando suas costas, o trazendo cada vez mais pra mim, quase fazendo a dancinha Metamoru¹ pra que, enfim, eu e Chanyeol fôssemos um.

Senti Chanyeol dar mais selinhos na minha boca, sorrindo, e se afastar um pouco de mim, colocando as duas mãos na minha cintura, enquanto eu empurrava minha cabeça mais pra cima tentando alcançar seus lábios novamente, até dando alguns passinhos pra frente.

Eu mesmo, desesperado Mello.

- Chanyyyy… - gemi, manhoso, colocando minhas mãos em suas costas e o puxando pra mim novamente.

- Calma, Baek. - ele me deu outro selinho, ainda sorrindo, e me encostou na parede novamente. - Vamos com calma, tá? Agora nós temos muito tempo pra dar quantos beijos você quiser.

- Eu quero outro agora, vem. - puxei sua camisa, mas ele espalmou as mãos na parede novamente, ainda rindo, aquele afrontoso. - Chanyeol! Você disse quantos eu quiser… - reclamei, tentando ganhar ele com minha fofura natural.

- Sim, quantos você quiser, mas agora eu queria conversar com você.

- Conversar? Chanyeol você tem noção de quanto tempo eu esperei esse maldito beijo? Você tem? - o olhei, irritado. - Olha aqui, meu filho, nós já conversamos por meses! Agora eu quero te beijar. - então algo passou pela minha cabeça, um pensamento no mínimo trágico, como diria Omar².- A não ser… Chanyeol, você… Você não gostou de me beijar?

- O que? Tá doidão, Baek? - ele me olhou com descrença. - Meu Deus, você realmente nem imagina o quanto EU esperei por esse beijo, não é?

- Imagino sim, o mesmo tanto que eu, não? Afinal, nós dois entramos juntos nesse namoro de mentira.

- E por acaso o senhor acha que eu inventei esse namoro falso porque? - ele me encarou com uma sobrancelha arqueada. - Você nem faz ideia, não é, Baekhyun?

Mudo eu estava, mudo eu continuei.

Pera, então…

- Pra que fique tudo muito claro nessa cabecinha linda, - ele fez carinho na minha testa. - eu gosto de você desde que eu te conheci.

- ÉOQ?? - gritei, admito que berrei feito uma cabrita nessa hora. - Que história é essa, Chanyeol?

- Quando eu te vi pela primeira vez… Nossa Baek, você era a coisinha mais fofa que eu já tinha visto nesse mundo. - ele sorriu pelo nariz. - E ainda é, na verdade.

- Mas… Como..? Quando…? Eu… Quê?

- Eu vou te explicar tudo desde o comecinho com todos os detalhes, mas o que você precisa saber agora é que eu sempre fui totalmente, completamente, irremediavelmente apaixonado por você, seu grande idiota! E você nunca percebeu!

- Eu percebi sim! - rebati, um pouco irritado. - Mas daí eu prestava mais atenção e percebia que você aparentava estar apaixonado por todo mundo e achava que esse era seu jeito mesmo.

- E é, mas com você sempre foi diferente. Sempre foi diferente com você, Baek… Pra você ter noção, eu não era tão carinhoso assim nem quando tentei namorar com o Kris.

Se isso fosse um desenho animado, uma luzinha acenderia bem em cima da minha cabeça bem agora enquanto soava um PLIM!

- PERAÍ, MOCINHO! - eu o empurrei de leve. - Algo de errado não está certo nessa história. Se você gostava de mim desde o começo, onde que o Kris entra aí?

- Bom, quando a gente entrou no ensino médio e eu percebi que minha paixonite por você talvez fosse um amorzite, eu comecei a sofrer bastante por sua causa. Você e sua paixão louca pelo idiota do Sehun me fizeram chorar por várias noites… - meu coração doeu quando ele disse aquilo – Então, como parecia que você não ia desapaixonar mesmo, o jeito foi eu me desapaixonar por você. Na época eu e Kris já éramos muito amigos e ele também estava passando por uma barra por um carinha que ele gostava mas não era correspondido e nós resolvemos tentar namorar. E foi um fracasso. Eu não me desapaixonei por você, e pior, percebia que só ficava cada vez mais caído. Então o namoro não durou nem dois meses.

- Porque vocês terminaram? - perguntei, sentindo aquele conhecido monstrinho acordando dentro de mim.

- Bom… Porque o Kris meio que começou a gostar de mim de verdade, enquanto eu só ficava mais e mais apaixonado por você. Eu não queria magoar ele, então decidi terminar antes que a situação ficasse pior. Ainda assim ele ficou magoado e se afastou de mim. Paramos de nos falar por muito tempo, até que ele decidiu se reaproximar alegando que sentia falta da nossa amizade. Nós superamos o fim do namoro e hoje estamos bem.

- Você está bem, ele não. - alguém me dá um guardanapo que já estou sentindo o veneno escorrendo. - Ele ainda gosta de você, Chany. E ele quer te tirar de mim. - falei, fazendo beicinho.

- Eu sei que ele ainda gosta, mas eu sempre deixo claro que somos apenas amigos. Ele sabe que ainda sou louco por você.

- Você é? - perguntei, olhando pra ele com um olhar pidão.

- Eu sou. - ele falou, sorrindo, e encostou sua testa na minha. - Muito.

- Eu gosto muito de você, Chanyeol. Mesmo, mesmo. - falei, fechando os olhos e inspirando aquele cheirinho de chocolate dele.

- Que bom, pequeno. Eu realmente esperei muito por isso. - ele falou, também de olhos fechados.

- Obrigado por esperar. - eu disse, aliviado.

- Por nada… - ele falou, se afastando de mim. - Mas… E o Sehun?

- Que tem ele? - perguntei.

- Você… Ainda gosta dele? - ele me perguntou com um olhar tão triste que senti meu coração apertar.

Aquele olhar me dizia que ele estava com medo da minha resposta. Eu olhei pra ele, dei um sorrisinho e levei minha mão até sua bochecha, fazendo um carinho ali. Chanyeol deve ter sofrido bastante durante todos esses anos, já que eu fazia questão de gritar aos quatro ventos minha paixão por Sehun. Eu nem conseguia imaginar como eu devia ter machucado Chanyeol várias e várias vezes, e me odiei um pouquinho por aquilo.

- Sehun foi meu primeiro amor, e sempre vai ser. - falei, devagarzinho, com cuidado para não magoá-lo. - Você deve saber sobre como o primeiro amor é importante e marcante. De vez em quando eu o vejo com Luhan e dói um pouquinho aqui dentro. O primeiro amor de uma pessoa é realmente especial, mas… - olhei nos olhos de Chanyeol com todo amor que eu sentia por ele naquele momento. - Mas acho que exatamente por isso o segundo amor é ainda mais especial, se é capaz de curar até o amor mais importante da vida de alguém. Você é assim pra mim, Chanyeol. Ainda mais especial.

- Você jura? - ele me perguntou, o medo ainda ali, em seus olhos.

Dei um selinho demorado nele.

- Eu juro.

Ele me olhou um pouco mais aliviado e sorriu.

- Você não soluçou. - ele notou.

- Eu não solucei. - eu disse, também sorrindo.

Ele riu uma risadinha gostosa e fofa e me encheu de beijos. Chanyeol beijou minhas bochechas, meus olhos, minha testa, meu queixo e minha boca, tudo isso sorrindo e segurando meu rosto com suas duas mãos, enquanto eu ria.

Então ele me abraçou com força e eu pude sentir seu coração pulando, tão louco quanto o meu. O abracei também, escondendo meu rosto na curva de seu pescoço.

- Baekhyun… - o ouvi falar e eu tive a impressão de que sua voz estava embargada. - Foram alguns anos… E eu… N-não sei se é certo falar isso agora, mas… É que eu já guardei por tanto tempo e foi tão difícil… Doía e… - ele parou de falar e fungou, fazendo meu peito apertar. - E eu amo você, Baekhyun.

Meu corpo inteiro retesou.

Eu o ouvi fungar mais algumas vezes e de repente, me senti calmo.

Aliviado até.

Sorri contra seu pescoço antes de me afastar para encará-lo.

Chanyeol estava com o rosto todo vermelhinho e os olhos marejados, seus lábios e suas mãos tremiam, ele estava nervoso. Observei uma lágrima se formando no cantinho do olho esquerdo, ameaçando cair, e levei minha mão até lá, limpando antes que ela escorregasse.

- Não chora… - falei, também com vontade de chorar. - Me desculpe ter te magoado sem perceber. Não vou mais fazer isso. Eu… nem imagino como deve ter sido difícil pra você, mas… eu estou aqui agora. Estou aqui e estou apaixonado por você. Muito, muito. Prometo te recompensar por tudo, Chanyeol. Você é… Você é a pessoa certa por quem eu devia ter me apaixonado. E se você deixar, eu vou te fazer muito feliz pelo tempo que você aceitar.

- Bae… - ele fungou outra vez e eu precisei limpar mais algumas lágrimas que insistiam em querer fugir dos meus dedos e escorregar para as bochechas dele. - Eu deixar? O que eu mais quero é deixar… - ele sorriu fraquinho.

- Tem certeza? Olha que essa é a sua chance de dizer não. Eu ainda não namorei ninguém, mas eu sei que sou um completo grude e também bastante ciumento. Tem mesmo certeza que vai deixar?

- Tenho s-sim, seu bobo. - ele falou, sorrindo e limpando os olhos.

- Isso é muito bom. - falei, roçando meu nariz no dele. - Mas eu preciso que você faça algo…

- O que? - ele me olhou confuso.

- Será que você poderia, por favor, me namorar de verdade agora?

Ele riu uma risada gostosa e eu me achei o filho da puta mais sortudo do mundo por ter aquela risada só pra mim.

- Bae, eu já estava te namorando de verdade desde o começo, eu só não tinha te falado. - ele disse, sorrindo.

- Você é mesmo um idiota, Park Chanyeol. - falei, abraçando ele novamente e me sentindo completo, pela primeira vez. - Eu estou feliz. - confessei.

- Eu também. - o ouvi falar enquanto suas mãos me faziam um cafuné.

- Minha primeira confissão e meu primeiro beijo de namoro em um banheiro, pelo amor de Deus, Chanyeol, olha o tipo de coisa que você faz. - falei, fingindo irritação.

Ele me afastou de si e me segurou pelos ombros, me encarando.

- Primeiro o que? Fala de novo.

- Deixa de ser bobo, Chany, você ouviu que eu sei.

- Ouvi sim, mas quero ouvir de novo. Primeiro o que?

- Primeiro nada. Ihc!

Ele gargalhou e eu me senti sortudo de novo.

- Primeiro beijo de namoro. - repeti. - Satisfeito?

- Isso quer dizer que você é mesmo meu namorado agora? - ele perguntou, os olhinhos brilhando.

- Sim.

- E eu sou mesmo seu namorado agora?

- Sim, Chanyeol, você é.

- Sou o que?

- Isso que você disse, ué.

- Isso o que?

Suspirei.

- Meu namorado, Chanyeol. Você é mesmo meu namorado agora.

Ele riu novamente e me abraçou forte de novo, sua risadinha gostosa bem no pé do meu ouvido.

- Agora será que dava pra você parar de bobagem e me beijar de novo? Você falou quantos beijos eu quisesse. - cobrei novamente.

- Sim, quantos você quiser, Bae. Meu Bae. Só meu.

E meu segundo beijo de namoro foi, de novo, dentro de um banheiro.