História A Filha de Aya - A besta

Meus marujos estavam sendo massacrados um a um, alguns pulavam para fora do barco tentando salvar suas vidas mas eram devorados pela as outras cabeças da serpente que esperavam ao lado do barco, os gritos de todos me fez lembrar da noite chuvosa em que perdi tudo para essa besta.

Sorri olhando o mostro, essa seria a minha chance. Comecei a correr em direção ao animal, o meu alvo era o seu coração, onde ficava a mãe Hidra.

Uma das cabeças me notou indo em direção da principal da qual eu queria muito vê- la agonizar até a morte como ela fez com meu tio. Olhei nos olhos do monstro e senti os meus queimarem, dando sinal que estavam em fenda, os olhos frios da besta se dilataram e o animal urrou vindo em minha direção, corri para trás do mastro no exato momento que a besta me atacou mordendo o mastro. Aproveitei o momento para me virar em sua direção enquanto seus dentes ainda estavam presos na madeira e finquei minha espada bem no meio de sua cabeça, o som de seu grito me fez sentir ainda mais meus olhos queimarem. Tirei minha espada de seu cranio com pressa fazendo seu sangue jorrar na minha face.

Corri o mais de pressa possível em direção da hidra principal, as outras cabeças vieram para me impedir, me esquivei de algumas, enquanto eu corria vi os corpos mutilados dos meus marujos... Alguns ainda tetavam lutar comigo.

O meu navio estava sendo inteiro despedaçado, algumas partes já começavam a afundar rapidamente. Coloquei minha mão atrás das minhas costas onde eu tinha uma arma guardada e dei um tiro na boca de uma das hidras que parou na minha frente tentando me estraçalhar como fez com meus marujos.

- Capitã, olha!- Noah um dos meus marujos me alertou apontando para a mãe hidra, olhei para ela que estava parada, plena olhando com aqueles olhos vermelhos direto para mim na proa do navio, parecia que o animal tinha um fino sorriso no canto da boca de dragão. Parei de correr, aquele animal parecia ver diversão no caos, ela estava me esperando. Eu era o seu prêmio.

Fiquei parada no meio do navio com uma arma e espada na mão, ela começou a abrir aquela boca mostrando os enormes dentes, a sua mira era em mim, de dentro da sua boca podia se ver o fogo começando a ser formado no fundo da garganta fedida.

- SAIAM! Salvem-se!!- Gritei para os meus poucos sobreviventes, olhei para uma das cabeças "desmaiada" perto de mim e subi em cima da mesma, no exato momento a Hidra mãe soltou uma rajada de fogo queimando todo o meu navio.

- Mas que diabos é essa merda?!- Observei enquanto escalava o pescoço do animal desacordado, a hidra queimou as outras cabeças dela que estavam no caminho do fogo onde era para eu estar, a hidra era cruel até com os seus imagina com os humanos. 

Os últimos marujos foram queimados vivos, alguns ainda agonizavam enquanto o fogo os consumia. Sem pensar duas vezes comecei a caminhar pelos pescoços das hidras "desmaiadas" Já que logo iriam despertar.

- VOCÊ VAI SENTIR TUDO O QUE OS OUTROS SENTIRAM!- Gritei por plenos pulmões, enquanto ela só me observava com aquele maldito sorriso. Cada vez mais eu sentia os meus olhos queimarem como fogo.

A Hidra urrou estrondosamente e de imediato as outras pararam de tentar me atacar, todas me encararam em silêncio. Pela primeira vez senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto se misturando com o sangue da besta no meu rosto. Eu estava encurralada.

- Lembra de mim?! Acho que sim, sua feição me diz tudo. Não é mesmo?- Joguei minha espada na direção dela que bateu em seu pescoço escamoso e logo caiu no chão em um estrondo seco.- A espada de Sulivan, aquele que você matou na minha frente! Em uma tempestade, neste mesmo ponto.- A besta de uma forma horripilante olhou para a espada caída a sua frente parecendo saber do que eu falava.- Pois saiba que eu vou libertar Aya e Calypso! E você vai se foder, porque eu vou atrás de você mesmo que eu perca essa batalha, você não sabe com quem mexeu besta...- Sorri enquanto o animal ficava com raiva. Eu podia ver o fogo se formando em sua garganta.

O animal com uma fúria tremenda cuspiu seu fogo em minha direção de uma forma brutal, não tive tempo de me desviar rapidamente antes de me atirar por uma brecha entre o pescoço de duas hidras o fogo escaldante me pegou nas costas corroendo a minha pele.

O impacto da água fria com a minha pele queimada foi horrível, se eu não estivesse submersa na água com certeza estaria gritando até perder minha voz, mas com a água toda envolta não saia nenhum som, o estranho foi que mesmo abrindo a boca para "gritar" eu engolia a água mas não me afogava.

Em poucos instantes lembrei de Calypso falando que a água não me mataria, as palavras que ela proferia enquanto fazia o procedimento em mim vieram a tona na minha mente.

Submergi e olhei para o meu barco sendo afundado pela besta, outra vez. Era uma visão horrível e o sentimento de derrota me afogava por dentro, mais uma vez ela me vencia levando tudo. Pelo menos agora eu sabia o seu modo de agir.

Mergulhei uma ultima vez para ver se a Hidra não viria atrás de mim, mas ela estava ocupada demais afundando meu navio e devorando os cadáveres.

(...)

Tempo depois

Depois de flutuar por dois dias em um pedaço de madeira do que um dia foi meu navio, eu finalmente achei uma praia para ficar em segurança. Já se passou três semanas que eu estou nesse lugar só com  cocos para comer e beber, a ilha era bem grande, mas com certeza não era habitada por humanos, mas se não aparecesse nenhum navio por aqui logo eu teria que achar um lugar para me abrigar direito e terei que vasculhar a ilha para conhece-la como a palma da minha mão.

O sol estava nascendo enquanto eu olhava para o mar pela primeira vez me permitindo sentir tudo aquilo que me privei todo esse tempo. As lágrimas corriam livres enquanto eu olhava para a enorme cicatriz que tinha se formado em meu ventre, eu não conseguia entender o por que, eu não conseguia me sentir bem sabendo que agora eu era uma inútil para um homem e odiada por ter nascida de uma Deusa. Minhas costas estavam melhorando aos poucos da queimadura que também ficará marcas com certeza.

Olhei para o sol saindo do mar, como em uma pintura e chorei por um bom tempo. Me permiti gritar, eu estava sozinha naquele lugar ninguém iria me ouvir, tentei tirar toda aquela dor na minha alma mas ela não saia com os gritos.

- Jack deve estar enchendo a cara de rum agora, aliviado por não ter mais um filho no seu encalço.- Sequei minhas lágrimas.- Barbossa deve estar guardando meu sangue para o dia que eu me transformar, Will deve estar feliz com Elizabeth... Eu ODEIO você JAAAACK!- Peguei minha estaca que fiz para me proteger se algum perigo viesse a acontecer, mas até agora ela só foi usada para abrir os cocos. Sem pensar direito em um ato rápido fiz um corte em meu braço. 

- Jamais alguém se importou comigo, porque iriam agora?! -Joguei a areia para o mar com raiva.- Danem-se!  EU SÓ ME FERRO ENQUANTO TODO MUNDO SEGUE A VIDA! Oh Meu Deus eu vou te salvar Calypso, oh vou salvar minha mãe que nunca esteve comigo, e eu? E quanto a mim?- Fingi uma voz irritante.- Aaaah! Eu só posso estar ficando louca!- Levei as mãos na cabeça, não adianta sair xingando todos da minha vida, que nada vai mudar, tudo depende de mim, sempre dependeu.

Taquei a adaga para longe, caminhei até o mar e molhei o corte que eu tinha feito. Logo depois meu rosto. Respirei fundo e encarei a ilha onde eu estava por esses longos dias, havia morros bem altos nelas, talvez... possa ter algo lá que me interesse.

Peguei meu mapa que eu jamais tirava de perto de mim, era a unica coisa que eu tinha de Sulivan já que a espada acabei perdendo para a Besta. Abri o velho papel e as palavras e desenhos começaram a mudar e a formar novas coisas. Foi então que vi a luz do fim do túnel para o fim dos meus problemas. O mapa desenhou a ilha e no topo de uma dos enorme morros havia um desenho no mapa de uma enorme criatura alada. Sorri olhando para o papel a minha frente.

Calypso disse que tudo o que aconteceu e irá acontecer é destino. Bom talvez ela esteja realmente certa.

Eu só tinha que subir até o pico do monte para finalmente ter o que procurava.