História Platonic Love. - Platonic Love.

Sua luz nunca vista antes me cegava. Meus olhos ardiam e mesmo quando não queria vê-lo, não conseguia desviar-me de sua presença. Suas asas negras e pontiagudas tomavam conta de todo espaço. Elas balançavam-se como se tivessem vida própria, como se a escuridão delas as tornassem vivas. Ele movia-se como se respirar fosse fácil, como se nada pudesse o atingir. Parecia ter carregado-me para sua atmosfera, para sua área de domínio. Ele aproximou-se de mim e a cada passo eu sentia meu coração palpitar, e como uma estranha certeza, sabia de alguma forma que o seu coração roubava o meu para si. Ele abaixou-se e então pude ver seu rosto. Seus finos lábios sorriam subitamente e seus cabelos negros caiam por seus olhos perfeitamente. Seus olhos pairaram em mim e eu sabia que ele conseguia ver toda minha alma. Ele me despia á alma descaradamente, como se já estivesse preparado para aquilo.

Seus olhos eram misteriosos, cor Castanho-Chocolate e eu jamais havia visto algo parecido com aquilo. Ele aproximou-se mais ainda e eu senti o gosto de seus lábios. Meu coração se aqueceu e meu corpo se contorceu de dor. Sim. Dor! Eu sentia minha alma sendo sugada por ele, o sentia levando cada pedaço de mim, cada célula do meu corpo. E por mais que doesse, eu não conseguia me afastar. Suas asas foram postas ao redor de mim, me envolvendo como um sepulcro. Suas pontiagudas asas foram fincadas em minhas costas e pareciam retirar de mim toda dor. Ali, nós nos tornávamos um só. Ali, ele tomava conta do meu corpo e eu o sentia me fazendo sua. Sua língua quente roubava-me o fôlego e fazia esquecer-me de querer saber quem era ele e o que estava acontecendo ali. Seus dedos roçavam minhas bochechas e a cada toque eu me desfazia para ele, o entregava tudo que me restava.

Ele me olhou e mesmo sem dizer uma palavra, entendi que ele ordenava-me fechar os olhos. Eu não conseguia o negar nada, e mesmo se quisesse não conseguiria, pois ele estava me fazendo sua. Obedeci a sua ordem e senti que girávamos em algum local, senti que ele me teletransportava para outro universo. Suas asas estavam fincadas em minhas costas e naquele instante eu senti uma energia sendo introduzida em meu corpo. Meu corpo formigava, estava em colapso e em minha mente passavam-se flashes de duas sombras dançando, e de alguma forma eu entendia que aquilo eram nossas almas se encontrando, assim como nossos corpos se encontraram.

Uma explosão de energia tomou conta de mim e nos afastou. Suas asas saíram da minha pele as rasgando por dentro. Senti que caia em câmera lenta e via a imagem dele caindo em minha direção. Eu não conseguia me mover, e o medo de não vê-lo novamente atormentava-me. Senti lágrimas caírem de meus olhos e guardei na memória tudo que havia visto e sentindo, na esperança de jamais esquecê-lo. Eu implorava silenciosamente que ele deixasse alguma marca para jamais esquecer-me dele, para saber que o veria novamente, como um juramento.

O olhei uma última vez e fechei os olhos. Quando pensei que ele não me salvaria, senti suas asas rodearem meu corpo e então abri meus olhos. Ele havia me salvado. Ainda caíamos em algum lugar do universo, mas eu não me importava mais, ele estava me segurando, estava frente a frente comigo e só aquilo importava. Eu senti fogo correr pelo meu corpo assim que ele tomou-me novamente nos lábios. Eu senti seu amor. E mesmo sem ter a mínima ideia de quem ele seria, eu o amava e sentia seu amor tomando conta de mim. Sentia-me parte dele, sentia que um pedaço dele estava eternizado em meu corpo, só não sabia onde. 

- Eu esperei por você durante séculos. 

- Quem é você? - Perguntei. 

- Brian. - Eu jamais esqueceria aquele nome. - Preciso te levar de volta. 

- Não! Eu quero ficar com você. 

De repente vi tudo desaparecer em minha frente, como se ele tivesse levado-me de volta. Abri os olhos em desespero, querendo vê-lo a todo custo. Olhei em volta e sorri ao ver sua imagem de pé em frente a minha cama. Tentei me levantar, mas senti meu corpo estremecer de dor. Ele me olhou e aproximou-se de mim, e antes que eu pudesse falar algo ele beijou-me como uma breve despedida.

- Agora você é minha. 

- Eu não quero que você vá. 

- Eu volto para lhe buscar. - Afirmou. 

- Posso ir com você?

- Ainda não. 

- Quando você volta?

- Eu volto. 

- E se demorar?(...). 

- Não importa o quanto eu demore, eu volto. Eu te esperei durante séculos, você pode me esperar durante algum tempo?

- Sim. 

- Tenho que ir. 

- Fica mais um pouco. - Implorei. 

- Não posso. - Ele se virou e andou até a janela e antes de virar-se e ir embora, me olhou novamente e falou. - Eu amo você. 

Disse sumindo pelo céu. As dores de meu corpo passaram e eu consegui levantar-me levando um susto assim que me vi no espelho. Em minhas costas haviam cicatrizes enormes, então toquei nas mesmas e cai no chão sentindo meu corpo pesar. Olhei para trás sem acreditar e vi que de mim saíam asas. Ele havia me dado asas iguais ás dele; negras e pontiagudas. Sorri vendo que ele havia me deixado uma marca para nunca esquecê-lo, para ter certeza que aquilo era real. E como se ele falasse comigo em pensamentos, eu ouvia sua voz me dizendo para nunca mostrá-las a ninguém. Que aquele era o juramento do nosso amor. Sorri com sua voz dentro de meus ouvidos e guardei minhas asas. 

Passaram-se anos desde aquele dia. E depois que ele sumiu pelo céu, durante todos os dias me dirijo á janela, com minhas asas abertas, a espera de encontrá-lo novamente. E como um sinal de sua alma para minha, o sinto dizendo que voltará em breve. E eu acredito nele.