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História Playing Cupid - Just a friend to you


Escrita por: Isapokeshugo123

Notas do Autor


Para livrar a depressão de mais um domingo, aqui está um capítulo "minúsculo". Espero que gostem xD

Capítulo 4 - Just a friend to you


“Eu te amei desde o começo
então parte o meu coração
quando você diz que sou
apenas uma amiga para você”
- Just a friend to you (Meghan Trainor)

 

PoV – Amu:

O momento mais temido da minha vida chegou: dia da prova de biologia. Ao término do intervalo, desabei na minha cadeira e olhei para cima, pedindo ajuda.

- Amu, respira! – Exclamou Utau tentando me acalmar.

- Não me fale sobre respiração – Intervi – Porque eu lembro que tenho que saber sobre a respiração das células e das plantas e isso me dá vontade de morrer.

- Mas você tem que lembrar mesmo – Disse Kukai – Olha, vai ficar tudo bem. Você estudou bastante pra essa prova, duvido que não vá tirar uma nota boa.

Deixei de olhar desesperançosa para o teto e encarei os dois, que estavam em pé ao lado da minha carteira. Ao ver Utau de braços dados ao garoto do seu lado, um pouco de animação me contagiou.

- É claro que você não vai tirar a nota mais alta entre nós três – Disse a loira – Mas a nota vai ser boa sim.

- Não vai porque quem vai tirar sou eu – Kukai sorriu.

- Acho que não – Utau discordou, confrontando-o.

Suspirei.

- Por que a gente não aposta quem vai tirar a nota mais baixa? – Perguntei – Pra pelo menos dessa vez eu ganhar de vocês.

- Ai Amu, cala a boca – Interrompeu Utau, impaciente – Já está me irritando você falando desse jeito.

Ouvimos um estrondo, que fez a sala inteira ficar em silêncio. Era a professora de biologia fechando a porta do local e ao vê-la, meu corpo inteiro começou a tremer de nervosismo. Ainda mais quando vi o que carregava nos braços: as provas.

- Boa sorte – Utau disse, indo para a sua carteira.

- Você vai fechar – Kukai falou encorajador.

- Fechar a prova e entregar pra professora, só se for – Respondi.

 

*****

 

Eu fui a última a sair daquela prova. Não faço ideia de como fui, e nem queria saber naquele momento. Eu só queria ir pra casa, descansar e esquecer que biologia existe.

Quando saí da escola não vi nenhum sinal de Utau e Kukai. Eles deviam ter se cansado de me esperar, já que saíram muito mais cedo que eu. Mas o que me impressionou é que alguém de fato estava me esperando: Tadase.

Quando o loiro me viu, abriu um sorriso enorme no rosto.

- Amu! Como foi na prova? – Ele perguntou animado.

- Prefiro não falar sobre isso – Respondi.

Eu já estava estressada demais. Não queria ter que descontar isso justo nele.

- Você ficou aqui me esperando? – Perguntei confusa.

- Sim – Tadase confirmou – Para eu te acompanhar até sua casa.

Pela milésima vez.

- Tudo bem – Falei sem jeito.

E assim, eu e ele atravessamos a faixa que ficava exatamente na frente do portão do colégio, seguindo caminho para casa.

E tantas vezes eu pensei que não era certo deixar Tadase continuar com aquilo, a me acompanhar no caminho de volta da escola e a me bajular... Ele achando que eu também tenho interesse nele por estar deixando-o continuar com isso... Kukai já me falou várias vezes pra eu ser sincera com Tadase, e eu concordo com isso. Mas, me falta coragem.

É verdade que não quero magoá-lo. E também é verdade que ele já devia saber que não quero nada com ele. Mas como dizer o que quero sem parecer rude?

- O festival é sexta – Disse o garoto de repente – E eu estava pensando...

Tadase parou de andar no meio da calçada e eu fiz o mesmo, já aguardando o que estava por vir.

- Você gostaria de ir ao festival comigo? – Perguntou ele, um tanto tímido.

Era exatamente o que imaginava que ele ia perguntar. Bom Amu, essa é a hora. Já passou do momento, para falar a verdade.

Tadase me encarava ansioso por uma resposta. E eu, fiquei parada sem dizer nada. Comecei a pensar nas palavras certas a serem usadas, no que não fazer para parecer grossa, e no que não...

Pare com isso, Amu. Você em primeiro lugar. Seja sincera, apenas isso!

- Tadase... – Comecei – Você é um cara muito legal, sério mesmo – Elogiei.

E pela expressão que fez, o loiro pareceu já estar entendendo aonde eu queria chegar.

- Mas eu vou para o festival com outra pessoa – Contei – Eu já sei que você está querendo se aproximar de mim cada vez mais – Falei – E que está a fim de mim. Eu nunca soube como dizer pra você que... Bem...

Tentei desviar o meu olhar do dele, mas era tarde demais.

- Eu já entendi – Disse o garoto – Você não quer nada comigo, é isso?

Balancei a cabeça em afirmativa. Tadase olhou para o lado entristecido, e eu não soube mais o que dizer.

- Tadase...

- Não se preocupe, Amu – Disse ele desfazendo a expressão triste – Eu entendo. Você gosta de outra pessoa, não é mesmo?

- Sim – Falei – Eu queria ter dito isso antes, mas...

- Não tem problema, Amu – Ele sorriu, para a minha surpresa – O importante é que você falou.

Fiquei novamente sem ter o que dizer. Mais uma vez, confirmei o quanto admirava Tadase. Ele ficou tranquilo com o que eu disse, mesmo sendo algo contrário ao que ele queria.

- Eu não vou mais te incomodar – Disse o garoto – Peço desculpas se isso aconteceu.

- De forma alguma – Falei imediatamente – Você é uma ótima pessoa, Tadase. Não incomoda nem um pouco. Eu espero que ache alguém bom assim, que nem você.

O loiro sorriu mais uma vez, agradecido.

- E eu espero que tudo dê certo para você – Disse ele – Com essa pessoa que gosta. É um cara de sorte.

Sorri de volta. Se todas as pessoas fossem compreensivas e de bom caráter como Tadase, como o mundo estaria diferente! Se fosse eu levando um fora, era certo que estaria aos berros. Mas não, Tadase não demonstrou fraqueza. Compreendeu e me desejou tudo de bom.

E eu queria que esse desejo dele se realizasse. Consegui “me livrar” de Tadase, o que significava que podia ir ainda mais longe. Já tinha aceitado os meus sentimentos, e comecei a me perguntar se poderia manifestá-los, assim como sempre disse para Kukai e Utau fazerem.

 

*****

 

Subi para o andar de cima de casa e pude ouvir duas vozes conversando: a de Ami e a de Ikuto. Lembrei dele ter me falado que ia ajudar minha irmã em matemática, então só podia ser isso o que ele estava fazendo ali.

- Olá – Disse ao entrar no quarto de minha irmã – Vejo que temos um professor aqui.

Ikuto me lançou um olhar convencido.

- O professor mais gato da cidade – Disse ele – Suponho que também deseja aulas particulares.

Ami deu uma risada e eu revirei os olhos.

- Eu passo – Disse – Vocês não pareciam estar conversando sobre matemática antes de eu chegar.

Ao ver o notebook de minha irmã em cima da escrivaninha tive ainda mais certeza que os dois não estavam estudando.

- Estamos fazendo uma pausa – Disse Ami – E aproveitei para fazer o mapa astral dele. E o seu também – Completou.

Ami está em uma fase de fascinação por horóscopo, zodíaco, mapa astral, enfim, essas coisas que não consigo levar a sério. A garotinha virou seu computador em minha direção para que eu vesse o mapa astral, cujo não entendi absolutamente nada.

- Eu tive que procurar sua certidão de nascimento para colocar aqui que horas você nasceu – Disse ela – Você é libra e seu ascendente é sagitário.

- Você é ascendente ao meu signo – Disse Ikuto com seu olhar provocador – Não pode ser só coincidência.

Ignorei o comentário dele.

- Legal, Ami – Disse indiferente – Agora a senhorita já pode voltar a estudar, não acha?

Foi quando ouvi meu celular tocar dentro da minha bolsa. O retirei de lá e atendi a ligação, que era de Utau.

- Amu, pode fazer um favor pra mim? – Perguntou ela assim que atendi.

- Oi pra você também – Brinquei – Posso. O que foi?

- Devolve o meu caderno de química – Disse ela – Você já não terminou de copiar?

É verdade, eu tinha que devolver pra ela. Acabei me esquecendo de fazer isso hoje na aula.

- Terminei – Respondi – O seu irmão está aqui em casa, eu peço para ele levar quando for embora.

- Quer que a Ami faça seu mapa astral? – Disse Ikuto em tom de voz alta para que ela pudesse escutar.

- Mapa astral? – Perguntou ela – Espera, por que o meu irmão está aí?

- Ele veio ajudar a Ami a estudar – Expliquei – E ela está perguntando se você quer o mapa astral ou não. Espera, vou colocar no viva-voz.

Coloquei no viva-voz e Utau logo falou:

- Eu não quero mapa astral – Disse ela – Ainda não esqueci que você está com o meu caderno, Amu. Quero ele.

Minha irmã suspirou.

- Rancorosa – Disse Ami – Seu signo só pode ser escorpião.

- Eu realmente sou escorpião – Disse Utau – E sabe o que isso quer dizer sobre mim? Nada!

Eu, Ikuto e uma terceira pessoa rimos. Percebi que tinha alguém junto com Utau no outro lado da linha.

- Tem alguém aí com você ou é impressão minha? – Quis saber.

- O Kukai está aqui – Respondeu a garota.

Ikuto e eu trocamos olhares animados.

- Ah, sim – Falei – Da um oi pra ele.

- Está no viva-voz – Disse o garoto – Oi pra vocês. Ami, você não devia perder o seu tempo com essas coisas. Não seja como sua irmã e vai estudar.

- Como assim “não seja como sua irmã”? – Perguntei indignada.

- A prova de química é segunda e você pelo jeito não está estudando – Disse Kukai.

- Eu acabei de chegar em casa, e depois de hoje não quero pensar em outra prova tão cedo – Me defendi – Vocês estão estudando?

- Não, porque você está com o meu caderno – Disse Utau.

- Estuda pelo caderno do Kukai – Sugeri.

- Ele não copia matéria no quadro, esqueceu? E você está pegando os maus hábitos dele – Utau reclamou.

- Ui, falou a aluna mais disciplinada da escola, que usa celular escondido na aula – Revidei.

Ikuto fingiu uma cara de bravo.

- Minha irmã faz isso? – Perguntou ele – Estou decepcionada com você, Utau. Fica difamando a família Tsukiyomi desse jeito!

- Eu sou a aluna mais responsável entre nós três – Utau rebateu – Mas não vamos continuar com essa discussão, porque eu preciso saber como foi com o Tadase hoje.

Ikuto me encarou, curioso. Eu queria ver a reação de Utau nesse momento. Quer dizer, pensando bem, não queria não. Ela ficaria bem brava quando descobrisse o que fiz.

- Bom, eu meio que... – Falei – Rejeitei ele...

Houve um momento de silêncio tanto no quarto de Ami quanto no outro lado da linha. Ikuto arqueou as sobrancelhas, impressionado, e Ami parou o que estava olhando no mapa astral a sua frente para prestar mais atenção na conversa.

- Espera aí – Disse Utau – Eu ouvi direito? Você fez o que?

Pela sua voz, dava para perceber que a garota não estava satisfeita com a notícia.

- Rejeitei ele – Repeti – Dispensei, dei um fora, como preferir que eu diga.

- Hinamori Amu, venha aqui agora – disse Utau com voz séria – Quero que você me esclareça essa história. Não estou nem acreditando que você fez isso!

- Estou com preguiça de ir até aí – Resmunguei.

- Não interessa – Disse a loira – Você vai vir aqui agora sim! Se não aparecer em meia hora eu vou até a sua casa. A gente vai ter essa conversa por bem ou por mal.

- Tudo bem – Suspirei – Eu vou. Não precisa fazer drama...

- E traz o meu caderno!

 

*****

 

Antes de abrir a porta da casa, esta foi aberta por outra pessoa do lado de dentro e revelou uma Utau séria como nunca. Ela me puxou para dentro e fechou a porta em seguida.

- Senta – Mandou ela apontando para o sofá da sala, onde Kukai estava – E me explica isso direitinho.

Fiz o que ela pediu e me sentei ao lado de Kukai, que me lançou um olhar cúmplice. Utau não demorou a se aproximar do sofá e sentar do meu outro lado, já começando o sermão:

- Amu Hinamori, por que diabos você dispensou o Tadase? – A loira me perguntou, brava – Tem noção do que fez? Você é uma retardada por acabar com a chance de finalmente ter alguém, ainda mais esse alguém. Eu estou muitíssimo decepcionada!

Utau tinha dito aquilo tão rápido, e com tanta raiva, que era como se ela estivesse cuspindo aquelas palavras todas na minha cara.

E não é que a minha teoria estava certa? Minha queridíssima amiga acha que Tadase é o único garoto do mundo capaz de se interessar por mim, e que eu acabei com a “rara chance da minha vida”.

Tentei manter a calma. Não queria discutir com Utau, por mais que eu tenha me indignado com a atitude dela.

- Olha, Utau – Falei depois de alguns segundos de silêncio – O Tadase pode ter todas as qualidades do mundo, mas mesmo assim, não significa que eu sou obrigada a me interessar por ele. Eu me aproximei bastante do garoto, como você e o Kukai já sabem, e isso só me fez perceber que eu não sinto nada demais por ele a não ser certa admiração. A vida segue, mas... – Parei para respirar fundo – Esse não é o único motivo.

O motivo mais forte tinha um nome: Ikuto. Era ele que me fazia sentir estranha de um jeito bom, quem entendia todas as minhas idiotices e... Enquanto me perdia nesses pensamentos, Utau me encarava com uma sobrancelha levantada, a espera da continuação de minha fala.

- Primeiro de tudo, pare com esse drama todo que está fazendo – Falei tentando ser o menos grossa possível – E segundo, eu estou gostando de outra pessoa.

Dei uma rápida olhada para Kukai. O garoto encontrava-se tranquilo, completamente o oposto de Utau.

- Amu, quem é? Quero o nome e o endereço, se for possível – Disse em tom debochado.

Eu nunca pensei que o dia de falar com Utau sobre meu interesse pelo irmão dela seria logo aquele. Não estava preparada para qualquer que fosse a reação dela, e pode soar como um exagero imenso da minha parte, mas não podia negar o quanto estava nervosa. Eu gostava do irmão dela. Do irmão da minha melhor amiga! Como alguém reagiria ao descobrir que sua melhor amiga gosta de seu irmão?

- Responde! – Exclamou Utau – Eu conheço?

- Conhece – Respondi – Sobre o endereço... Digamos que ele mora na cidade. Nesse mesmo bairro, nessa rua...

Utau pareceu ter prendido a respiração ao ouvir aquilo.

 - Nessa casa... – Continuei – Nessa família...

- Como é que é? – A loira gritou.

Eu nunca vi Utau tão assustada em toda a minha vida. A garota levou as mãos a boca, sem tirar os olhos espantados de mim. Kukai deu uma risada com a situação e eu tive até vontade de fazer o mesmo, mas não consegui por conta do nervosismo.

- Utau? – Chamei na esperança dela dizer logo alguma coisa.

Eu não imaginei que ela fosse ficar tão impressionada assim. Será que era porque ela não gostou ou por que realmente nunca pensou na possibilidade?

Depois do que pareciam ter sido séculos, Utau finalmente mudou de reação e passou a encarar Kukai, incrédula. Devia ser por ele estar rindo.

- Ganhei a aposta – Ele se pronunciou em tom vitorioso.

- Pera, que aposta? – Perguntei.

Kukai riu novamente.

- Eu apostei que você estava a fim do Ikuto, e ela que você estava a fim do Tadase – Explicou ele.

Eu não devia estar surpresa com aquilo, já que se tratava daqueles dois, mas cruzei os braços mesmo assim. Será então que foi por isso que Utau me importunava tanto para eu e Tadase ficarmos juntos? Tudo por causa da aposta?

- Vocês amam tanto assim apostar sobre a minha vida? – Perguntei.

- Isso não interessa agora – Utau interrompeu – E-eu ainda não estou acreditando. Por que isso, Amu? E por que só estou sabendo agora sendo que você com certeza deve ter contado pra esse aí? – Lançou um olhar ao garoto do meu lado.

- Você não pode reclamar sobre eu não ter te contado antes – Falei.

Ela se calou. Afinal, era verdade.

- Eu sei que isso deve ser muito estranho para você – Continuei – Mas não quero que afete em nossa amizade, ok?

Utau continuou calada.

- E quando é que você e o Ikuto vão se pegar? – Kukai me perguntou de repente.

Utau o olhou como se tivesse dito um palavrão na frente do Papa.

- Fala baixo – Eu o repreendi.

- Meu Deus do céu – Disse Utau – Amu, saia da minha casa agora!

- Mas não fui eu que falei...

- Só saia daqui! – Ela esbravejou.

Utau me olhava como se eu tivesse cometido a maior das traições com ela. E eu, fiquei quieta e abismada. Não acreditei que minha amiga estava com tanta raiva de mim.

- Não liga, Amu – Kukai se dirigiu a mim – Ela só está nervosa.

Isso eu já tinha percebido.

- Acho melhor você ir pra casa mesmo. Eu converso com a Utau – Sugeriu o garoto.

 

*****

 

PoV – Normal:

Utau e Kukai esperaram Amu ir embora, em silêncio. Assim que a garota de cabelos rosados saiu do recinto, Kukai chegou mais perto de Utau no sofá. A loira mudou a expressão séria do rosto para uma preocupada, deixando o garoto surpreso.

- Eu peguei mal com ela, né? – Perguntou Utau.

- Sim – Kukai respondeu – Mas ela sabe que foi só coisa do momento.

Utau suspirou.

- Amu a fim do meu irmão... – Disse ela em voz baixa – Eu juro que não queria ficar tão nervosa por causa disso.

- Então não fique – Falou Kukai – A gente tem é que apoiar eles. Amu faria o mesmo por nós dois.

Havia certa ambiguidade no “nós dois”. O garoto preferiu deixar essa indireta no ar, mas Utau incrivelmente não percebeu, por conta do nervosismo em que se encontrava.

- Apoiar eles como? – Ela perguntou – Você está se referindo a dar uma de cupidos e juntar os dois?

Kukai sorriu como resposta. A expressão preocupada de Utau se intensificou.

- Ei, por que você está assim? – O garoto de olhos verdes questionou – Tem algum motivo pra você estar agindo desse jeito. O que foi, Utau?

- Eu sei que a gente têm que fazer alguma coisa quanto a eles – Admitiu a loira, para a surpresa de Kukai – Mas a gente vai ter que esperar por um tempo – Utau continuou – Kukai, você precisa saber de uma coisa.

 

*****

 

PoV – Amu:

No outro dia, na escola, Utau veio se desculpar comigo. Eu disse para ela que estava tudo bem, mas só para não provocar nenhuma estranheza de novo, eu e Kukai tentamos ficar o mais longe possível do assunto “Ikuto”. Para a minha sorte, eu também quase não o vi durante o resto da semana.

Entretanto, chegou sexta-feira, o dia do festival da escola, e eu havia chamado Ikuto para vir comigo (e me ajudar com uma coisinha também). Seria estranho sabendo não apenas que gosto dele, mas que Utau sabia disso? Sim. Mas uma hora teríamos que enfrentar essa situação.

Fiz questão de chamar Utau para ir se arrumar na minha casa. Afinal, queria ajudar ela a arrasar, pois havia um dever a ser cumprido.

- Vira de costas – Pedi a ela - Eu vou fazer um penteado bem bonito em você.

- E você por acaso sabe fazer penteado, Amu? – Utau debochou, se virando mesmo assim.

A loira usava shorts azuis e um cropped listrado branco e preto. Já eu, estava usando shorts escuros e uma blusa com estampa de unicórnio (por que não, né?).

Comecei a pentear os fios loiros de Utau, pensando em algum penteado que ficaria bom nela, ou melhor, algo que eu soubesse fazer. Acabei decidindo tentar fazer uma trança embutida.

- Você falou com o Robin? – Utau perguntou.

- Sim – Respondi – Ele ficou meio desconfiado em deixar, mas eu expliquei direitinho e aceitou. Agora só falta a sua parte. E a parte do Kukai também, claro – Acrescentei.

As minhas expectativas para o plano eram altas. Só por Utau ter aceitado de primeira a segui-lo, já fazia as coisas ficarem melhores.

- Eu nunca pensei que fosse ficar nervosa com o que vou fazer – Comentou ela – Você acha que dessa vez vai acontecer alguma coisa? O Kukai é tão lerdo que pode não entender.

- Óbvio que vai! – Exclamei, começando a fazer a trança – Na minha opinião, vai estar na cara. Se ele não entender é porque não quer. Mas acho muito difícil que não queira – Dei um sorrisinho.

Comecei a ficar orgulhosa de mim mesma por estar conseguindo fazer uma trança bonita. Só podia ser mais um sinal de que tudo ia dar certo!

- Espero que sim – Disse Utau – Mas sabe, mesmo se ele entender e acontecer algo entre a gente, eu tenho medo.

Já estava na metade da trança, mas parei o que fazia por um momento.

- Medo de quê? – Perguntei, confusa.

- Você não imagina o quanto me faria feliz – Disse a garota – Mas é aquela velha história. Ele é o meu melhor amigo...

- Medo de estragar a amizade? – Interrompi.

- É... – Utau respondeu e suspirou.

Voltei a fazer a trança, sorrindo tranquilizadora mesmo que Utau não estivesse vendo.

- Eu acho que a amizade pode fortalecer ainda mais vocês dois – Falei com sinceridade.

Utau não falou mais nada, como se estivesse refletindo o que eu disse. Continuei a trança, também calada. Só quando peguei a borrachinha de cabelo para prender a trança que Utau voltou a falar:

- E você e o Ikuto?

Eu esperava ouvir tudo menos isso. Quase soltei a ponta da trança, o que faria com que ela se desfizesse toda. Mas tentei me manter o mais normal possível e a prendi. Já tinha entendido o que Utau estava querendo me perguntar.

- Eu não sei o que faço – Declarei – Por enquanto esse assunto vai ficar morto e enterrado.

Eu realmente não sabia, embora pensasse muito em falar o que sentia para Ikuto. Entretanto, não quis dizer isso a Utau. Ela ainda não estava satisfeita da ideia de gostar do seu irmão, então decidi esperar a loira se acostumar para dizer o que pensava em fazer.

- É melhor assim – Utau opinou – Deixar isso “baixo” por um tempo.

- Sua trança está pronta – Falei, mudando de assunto – Gostou?

Utau foi até o meu guarda-roupas se olhar no espelho da porta. A garota virou de costas e olhou para trás lentamente para tentar ver o penteado.

- Amu, ficou ótimo! – Disse ela, alegre – Nem parece que foi você que fez.

- Obrigada – Sorri.

 

*****

 

O festival desse ano era como qualquer outro: barraquinhas de comidas, tiro ao alvo, pesca... Todos ali, assim como eu, Utau e Kukai, devia estar até cansados da mesma coisa todo ano, e no aguardo para a pista de dança que teria mais tarde.

A maior parte do evento, como as apresentações de alunos, estava acontecendo no pátio enorme da escola, mas também tinham algumas coisas do lado de dentro, no primeiro andar.  A pista de dança, por exemplo, seria no auditório. Só de imaginar o trabalho que deve ter dado tirar todas as cadeiras de lá para deixar o espaço livre, já ficava cansada.

A sala de música a princípio não teria nada. Entretanto eu pedi para Robin, velho amigo e coordenador do primário, fazer um favorzinho para mim e deixar o local aberto. Foi muito difícil convencê-lo, mas aceitei algumas de suas condições e já estava tudo certo para pôr o plano em prática.

Eu, Utau, Kukai e Ikuto ficamos perto do palco que montaram no pátio e assistimos algumas apresentações de alunos. Certo tempo depois, tudo foi como planejado.

- Vamos sair daqui um pouco? – Sugeriu Ikuto.

- Vamos, ótima ideia, você é um gênio – Falei já me afastando do local.

Eu fui na frente, conduzindo os outros três para dentro da escola. Kukai e Utau fingiram não saber para onde estávamos indo.

Acontece que eu combinei uma coisa com Utau, e também com Kukai. Então, se um deles não cumprisse, o outro iria. E se ninguém fizesse nada, seria por minha conta.

Atravessamos o longo corredor à direita da escadaria e fomos até a última sala do local, onde Robin nos aguardava.

O homem de meia-idade usava o uniforme de funcionário da escola, como sempre. Acho que nunca o vi com outra roupa.

Nós quatro o cumprimentamos e ele sorriu. Até ele devia estar animado com o plano. Tive que explica-lo para que tivesse permissão para utilizar a sala.

- Podem entrar – Disse o homem de cabelos e olhos cinzentos – Só não façam bagunça.

Robin abriu a porta para nós e adentramos o local.

Violões, violinos, teclados, flautas... A sala de música parecia uma pequena loja dos Tsukiyomi. Apenas alunos do primário tinham aulas de música na sua grade escolar. O resto tem aulas particulares, que meus pais nunca me deixaram fazer, pois já estava “cercada de músicos que poderiam me ensinar”. Queria que fosse simples assim!

- Já que eu não vou me apresentar no palco hoje, combinei com o Robin de me apresentar pra vocês – Disse Utau.

Kukai estava surpreso. Afinal, não fazia parte do que eu tinha contado pra ele.

- No palco seria melhor. Mais pessoas poderiam te ver – Disse Kukai – Mas tudo bem. Sinto-me privilegiado.

Utau sorriu para ele.

A loira rodeou a sala a procura de certo instrumento. Pegou um violão, que estava pendurado em uma das paredes, e voltou para perto de nós. A garota posicionou o instrumento nos braços, mas antes de começar a tocar, me encarou como se pedisse para que eu desse o próximo passo.

- Ikuto, quase me esqueci – Falei cutucando-o com o ombro – Preciso falar com você, em particular.

Nem Kukai nem Utau estavam surpresos, é claro.

- Beleza – Disse Ikuto, já se direcionando a porta.

E então nós dois saímos do local. Eu queria ter ficado atrás da porta para escutar a conversa de Kukai e Utau e descobrir se ia dar certo ou não, mas infelizmente, Ikuto me impediu e voltamos para o pátio da escola.

 

*****

 

PoV – Normal:

- Eu não queria ter que te interromper, mas... – Disse Kukai assim que Amu e Ikuto saíram da sala – Eu também preciso falar com você.

Utau agradeceu internamente por isso. Ela teria mais tempo para pensar se devia fazer o que Amu planejara, ou não. Sim, ela já tinha dito que faria. Entretanto, ainda não tinha se convencido. Não queria começar com uma coisa e estragar tudo depois.

- O que foi? – Perguntou Utau.

- É que acabamos esquecendo que eu ganhei aquela aposta – Respondeu o garoto – E já que você perdeu, me deve uma coisa.

Utau ficou ainda mais nervosa. Estava tão tranquila antes pelo assunto da aposta ter ficado fora de seu alcance que nem se importou com isso. Além do mais, para ela, perder era algo horrível, que não a deixava nem um pouco feliz.

- O que você quer?

- Uma resposta – Disse Kukai – Quero saber quem é o cara que você está interessada.

- Não combinamos que você teria que descobrir por conta própria? – Utau questionou.

Kukai cruzou os braços, impaciente.

- Combinamos, mas eu ganhei a aposta e mereço um prêmio por isso – Disse o garoto.

“Não. Não posso falar!”, pensou Utau. Ela não parava de tremer. Lembrou de quando Amu conversou com ela sobre o que poderia fazer no dia do festival.

“Canta pra ele”, sugeriu a garota de cabelo cor de rosa, animada. Utau no início não queria, por mais que amasse cantar. Mas, acabou cedendo às insistências da amiga.

O difícil foi achar uma música para expressar o que sentia. Amu sugeriu alguma que deixasse as coisas bem claras, ou seja, que servissem como uma “indireta bem direta”. Foi então que o arrependimento começou a dominar Utau. “Eu não posso continuar com isso”, veio a sua mente.

- Vamos deixar isso de lado – Disse ela – Eu quero te mostrar uns acordes que aprendi a tocar.

O outro ficou calado e observou Utau tocar o instrumento. Ela não fez o que Amu sugeriu. Não cantou a música, só cantarolou os acordes que tocou para Kukai ouvir. Utau havia decidido que seria melhor dessa maneira, deixar aquilo tudo de lado mais uma vez. Mesmo sabendo que Amu ficaria muito brava com ela, Utau achou que aquela fora a melhor decisão.

- Utau? – Kukai interrompeu a amiga.

A loira parou de tocar e o encarou.

- A pessoa que você gosta – Ele iniciou – Por acaso sou eu?

Utau sentiu seu corpo todo paralisar. De todas as perguntas do mundo, ela nunca imaginou que ele fosse fazer aquela. Kukai a encarava um tanto envergonhado, o que a fez estranhar. Já Utau, estava com uma expressão assustada no rosto.

A garota deixou o violão em uma mesa ao seu lado e tomou forças para sair correndo dali, sem dizer nada, deixando Kukai sozinho.

O garoto demorou alguns segundos para assimilar o que acabara de acontecer e também deixou a sala, saindo correndo atrás da garota. Do lado de fora, Robin estava encostado perto da porta olhando apreensivo em direção de Utau, que corria pelo corredor.

- Vá atrás dela! – Robin exclamou o óbvio.

E Kukai correu, até alcança-la no meio do corredor vazio. A segurou pelo braço, impedindo-a de prosseguir. Utau olhou para trás, surpresa pela ação dele.

- Vamos acabar com isso logo – Disse o garoto – Eu já entendi tudo, Utau. E quero ouvir de você!

"Então agora você resolveu entender?", ela pensou.

Depois de anos tentando esconder isso. Anos tentando esconder dela própria, e agora, dias tentando fazer com que ele entendesse o recado. Depois de diversas indiretas, ele finalmente tinha "acordado".

Kukai, ainda segurando o braço dela, pode sentir que a garota tremia. Ele a soltou e ficou a encarando, esperando por uma resposta.

Utau não conseguiu falar. Seu melhor amigo há 14 anos acabara de se dar conta de que ela gostava dele. Ela nunca soube ao certo o rumo que isso teria se acontecesse.

- Sim – Ela confirmou depois de segundos de silêncio.

Utau imediatamente virou o rosto. Kukai ficou quieto, absorvendo a informação. Aquilo era tudo o que ele mais queria. Mal podia expressar a felicidade que sentiu ao ouvir aquilo.

- E-eu... – Disse ele procurando as palavras certas – Eu também...

Utau voltou a olhar pra ele e ficou espantada. Kukai estava vermelho, de maneira incomum. Quando o garoto encontrou os olhos dela, teve mais dificuldade ainda para continuar o que dizia.

- Eu também gosto de você, Utau – O garoto declarou.

 

*****

 

PoV-Amu:

Incrivelmente conseguimos achar uma mesa vazia no pátio e ficamos por ali. Tudo podia estar bem, exceto pelo fato de que eu não sabia o que estava acontecendo com Kukai e Utau, e para acabar mais comigo, uma dor de cabeça havia começado.

Ikuto ia começar a dizer algo, mas foi interrompido quando uma conhecida se aproximou de nós dois. Ruiva e de olhos claros, era Yaya, uma amiga da outra turma.

- Será que eu posso ficar aqui? – Perguntou Yaya – Ou vocês também vão me fazer segurar vela?

Lancei um olhar confuso a ela.

- Ah, Rima e Nagi! – Me lembrei – Pode ficar aqui, Yaya, você sabe que não somos um casal.

- Eu queria muito te fazer segurar vela, mas não vai ser hoje – Brincou Ikuto.

Revirei os olhos para ele e Yaya deu uma risada, e se sentou ao meu lado na mesa.

A garota suspirou.

- Eu estou adorando que aqueles dois estão juntos, mas eu tenho me sentido meio excluída perto deles – Desabafou Yaya.

- Isso é normal, eles não estão te deixando assim de propósito – Ikuto disse a ela – Amu, você está bem? – Ele me perguntou preocupado.

Eu estava pressionando a testa com uma das mãos. A dor de cabeça parecia estar piorando.

- Dor de cabeça – Falei – Mas eu trouxe o meu remédio.

Peguei a minha bolsa de cima da mesa e a abri, procurando o medicamento. Sempre saio com ele, já que nunca se sabe quando minha enxaqueca pode atacar. Porém, daquela vez eu o tinha esquecido. Olhei desesperada para Ikuto ao perceber que não estava encontrando o remédio dentro da minha bolsa.

- Esqueci. E agora? – Perguntei.

- Vou ter que te levar pra casa – Disse Ikuto – Eu sei muito bem como é sua enxaqueca. Ficar aqui com esse barulho todo não vai adiantar.

- Mas eu não posso ir embora...

- Não tem problema me deixar aqui, Amu – Disse Yaya – Eu procuro algum outro amigo pra não ficar sozinha. Solteiro, de preferência – Ela acrescentou.

Não era só por ela. Era por Kukai e Utau também. Eu precisava me certificar de que Utau ia fazer o que combinamos e que tudo ia dar certo depois disso.

- Vamos – Disse Ikuto se levantando da cadeira.

- Mas Ikuto...

- Amu! – Ele repreendeu – No momento eu sou o responsável por você. Seu pai vai me matar se souber que eu te deixei aqui passando mal ao invés de leva-la para casa pra descansar.

- O papai nem vai saber – Rebati – Ele, mamãe e Ami saíram. Não devem ter chegado em casa ainda.

- Amu, eu já falei que não tem problema. E ficar aqui com esse barulho vai te deixar pior – Disse Yaya.

- Exatamente – Ikuto concordou.

Não pude deixar de notar que ele estava muito preocupado. Ele parecia querer me arrastar imediatamente dali, mas não precisou porque eu acabei me rendendo.

- Ok – Falei – Mas antes deixa eu mandar uma mensagem pro Kukai e pra Utau avisando.

Ikuto assentiu e me observou pegar o celular e mandar a seguinte mensagem:

“Indo pra casa, passando mal. Divirtam-se sem mim”.

- Pronto – Disse Ikuto quando terminei – Agora vamos.

 

*****

 

Eu já imaginava que Ikuto ia ficar em casa comigo para cuidar de mim. Devo confessar que esse foi o único motivo para eu ter aceitado ir embora do festival.

Estava deitada no sofá da sala, e Ikuto na cozinha preparando um chá de gengibre pra mim. Eu já tinha tomado o remédio, mas aquilo não parecia ter sido o suficiente para ele. E a dor só estava piorando enquanto eu esperava. Porque remédios não têm efeito instantâneo?

Meu celular vibrou e vi que era uma mensagem de Utau.

“PQP! EU VOU TE MATAR”.

Eita.

“O que foi?”, mandei.

Ela não demorou a me responder.

“EU TE ODEIO. POR QUE VOCÊ FOI EMBORA JUSTO AGORA, VAGABUNDA?”.

Um jeito super carinhoso de se falar com a melhor amiga. Imediatamente liguei para Utau. A ligação chamou, chamou, mas a garota não atendeu. Tentei novamente, mas não adiantou. Era certo que algo havia acontecido. E pelo jeito, não era nada bom.

Liguei para Kukai a fim de tentar descobrir. Ele é uma pessoa muito mais paciente que Utau e com certeza me diria o que aconteceu.

Fiquei perplexa por ele também não ter me atendido.

- Seu chá está pronto – Ouvi Ikuto se aproximando.

Me levantei e me reposicionei no sofá, desta vez sentada. Ikuto surgiu segurando um pires com uma xícara em cima e se sentou ao meu lado, cuidadoso para não deixar o líquido quente derramar no sofá.

Ikuto me entregou a xícara e o pires, mas não bebi de imediato, pois parecia estar quente demais. Um fio de fumaça se formava a partir do chá, e exalava um perfume suave de gengibre.

- Obrigada – Agradeci a Ikuto – Alguma coisa aconteceu. Sua irmã me mandou mensagens, com raiva – Contei – Eu liguei para ela e Kukai para perguntar o que está acontecendo, mas nenhum dos dois atendeu.

- Talvez eles devem estar ocupados demais para isso – Disse Ikuto com um olhar malicioso – Se é que você me entende.

Seria uma possibilidade, se Utau não tivesse me mandado aquelas mensagens tão esbravejantes.

- Não acho que seja isso – Falei – Tenho a impressão de que as coisas não deram certo. Por que essa droga de enxaqueca resolveu aparecer justo hoje?

Suspirei, nervosa. Eu definitivamente não queria estar em casa sem saber de nada.

- Agora você vai tomar o seu chá e ir descansar – Disse Ikuto – Chega de se preocupar com isso.

Fiz cara feia para ele.

- Vamos fazer o seguinte – Continuou o rapaz – Quando eu voltar pra casa e encontrar a minha irmã eu falo com ela e te conto depois.

- Mas Ikuto...

O rapaz mostrou o meu celular em suas mãos. Deve ter pegado de cima da mesinha em frente ao sofá, onde deixei depois de tentar ligar para os meus amigos.

- Confiscado – Disse ele, colocando o celular no bolso – Agora beba isso logo antes que esfrie.

- Chato – Reclamei.

Bebi um pouco do chá e ele me observou, satisfeito.

- Já estou bem – Falei forçando um sorriso – Nossa, isso funciona mesmo! Agora partiu festival...

- Muito engraçadinha – Interrompeu Ikuto.

Revirei os olhos e bebi mais um pouco do chá antes que Ikuto virasse a xícara em minha boca me forçando a isso.

Ele sorriu de lado. Estava mesmo bastante preocupado. E eu, me sentia bem por isso. Tive vontade de abraçar o rapaz como forma de agradecimento por ter “cuidado de mim”.

“E você e o meu irmão?”, lembrei da pergunta de Utau.

Eu pensei diversas vezes nos momentos em que encorajei Utau e Kukai a se abrirem quanto aos seus sentimentos. Seria bem lógico em aplicar o que disse a eles e falar o que sinto para Ikuto. Mas, senti em minha própria pele que não era tão fácil assim. Meus amigos tinham razão...

Para os dois era fácil dizer aquelas coisas. “Fale com ele”, “Vai ficar tudo bem”. Eu sabia que entre eles o sentimento era correspondido. Porém, com Ikuto era diferente. Eu não tinha essa mesma certeza.

Mas esse não era o único assunto que persistia na minha cabeça. Além dele, não parava mais de pensar no que Yaya veio falar comigo no festival, desde que saímos de lá. Podia ser bobeira da minha parte, mas aquilo me deixou realmente incomodada.

- Amu? – Ikuto chamou – Que cara é essa? Já disse pra não se preocupar com aqueles dois – Falou ele impaciente.

- Eu estava lembrando da Yaya – Falei – E então me veio uma coisa a cabeça... Você acha que se o Kukai e a Utau começarem a namorar os dois vão me deixar de lado?

Ikuto ficou pensativo por alguns segundos.

- Relaxa – Disse ele – Os dois só vão querer um pouco de espaço para eles, entende? Mas não quer dizer que vão deixar de serem seus amigos.

Eu os mataria se deixassem. Mesmo sabendo que não seria por mal, eu também sabia que ia ser difícil de me acostumar, mesmo apoiando a relação deles.

- Ikuto – Chamei devagar – Quando eu me sentir sozinha... Você vai me fazer companhia?

Pela cara de espanto que fez, o peguei de surpresa com aquela pergunta.

- Ou não? – Perguntei desconfiada.

- Precisamos conversar – Ele interrompeu.

Aquele não era um jeito nada de bom de se iniciar uma conversar. Ainda mais, sério do jeito que Ikuto estava. Ao invés de falar alguma coisa, o rapaz ficou calado, encarando o chão.

- Ikuto – Chamei a sua atenção em tom de voz sério – O que quer falar?

- É que surgiu uma oportunidade e... – Ele finalmente disse, mas não demorou a se calar de novo.

Oportunidade?

- Oportunidade de que? – Perguntei sem entender.

- Eu já devia ter te falado antes. Sou um idiota – Ele suspirou e se virou para me encarar – Eu vou embora, Amu. Daqui a um mês.


Notas Finais


Por favor, não me matem!
Então, devem ter percebido que sempre posto sexta e sábado, mas dessa vez demorei um dia a mais. Confesso que tive um pouco de desânimo para revisar o capítulo (ele já estava quase pronto), e confesso também que é pela falta de comentários. No outro site que estou postando tem pouca gente que comenta, e aqui não tem quase ninguém. Quem escreve sabe o quanto isso desanima, então peço para que todos mandem reviews dizendo o que estão achando da história, o que acham que deve ser melhorado, porque é muito importante para que eu saiba e possa melhorar no que for preciso. Essa história é muito importante pra mim e tenho me dedicado muito com ela...
Desde já, agradeço ♥


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