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História Playing Cupid - Sometimes


Escrita por: Isapokeshugo123

Notas do Autor


Finalmente chegou o momento de saber o que vai acontecer com esses shipps maravilhosos. Espero que gostem ♥

Capítulo 5 - Sometimes


“Eu costumava ser cuidadosa,
um pouco despreocupada,
agora todas as minhas emoções,
são por sua causa”
– Sometimes (Ariana Grande)

 

PoV - Amu:

Não soube se tinha escutado aquilo direito.

- Você o que? – Perguntei incrédula.

- Vou embora – Ele repetiu – Vou pra Viena. Você sabe que sempre foi o meu sonho conhecer a cidade da música e que lá...

- Mas então você vai viajar?

Eu sabia que não era uma viagem, mas não queria que fosse verdade. Não queria que a ficha do que Ikuto realmente queria dizer caísse.

- Não, Amu – Ele voltou a encarar outra direção – Eu vou morar lá.

Eu não soube mais o que dizer. Um sentimento estranho havia se formado dentro de mim. Uma mistura de agonia, tristeza, raiva, algo que me fez ficar impossibilitada de me mover ou demonstrar qualquer reação.

Esse estado foi o meu primeiro momento depois da revelação de Ikuto. O segundo começou antes mesmo que eu pudesse perceber. Meu olho começou a lacrimejar, e um desespero inexplicável começou a me invadir.

Ikuto se virou para mim, e se deparou com eu encarando a parede da sala, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto.

- Amu... Não chora... – Ele pediu.

- Você vai embora – Eu falei com voz chorosa – Vai me abandonar. E ainda por cima, só resolveu me contar agora! – Esbravejei.

Eu não acredito que ele fez isso. Me contar assim, em cima da hora. Nem mesmo a irmã dele me contou, e sem dúvida ela sabia sobre isso.

Estava com um aperto no coração. Como eu aguentaria ficar sem ele? Era o mesmo que ficar sem Kukai ou sem Utau e, de certa forma, até mais doloroso.

Era o Ikuto. Provavelmente a única pessoa que eu já tinha gostado em toda a minha vida. Comecei a pensar no quão seria melhor se eu não tivesse descoberto os meus sentimentos, ou que não fosse verdade.

- Desculpa – Disse o rapaz ao meu lado – Eu sei o quanto você é sensível. Sabia que ia ficar triste e eu não queria te ver assim. A Utau não parou de me falar para contar logo, mas eu fui deixando pra depois e... Aqui estamos nós.

Que diferença fazia ele me dizer aquilo?

- Amu... Eu não vou ficar lá pra sempre...

- Quando você vai voltar? – Perguntei.

Ele fez uma pausa antes de responder.

- Em um ou dois anos – Disse ele.

Mais lágrimas caíram.

- Eu não estou acreditando – Falei – Você não pode fazer isso, Ikuto...

- Você sabe que a loja da minha família começou, há anos e anos atrás, lá – Ikuto interrompeu – E que não é uma simples loja. É cheia de história, de tradição. Eu, como herdeiro, tenho o dever de conhecer tudo isso de perto, você sabe! Sempre falamos sobre um dia eu ir pra lá...

- Mas tinha que ser agora? – Perguntei desesperada.

Ikuto me lançou um olhar surpreso.

- Agora? Como assim?

“Agora que eu sei o que sinto por você”, tive vontade de dizer. Mas tais palavras não saiam.

- Agora que sua irmã e o Kukai estão quase juntos – Respondi – E que eu posso me sentir sozinha.

- Eles não são os únicos amigos que você tem – Disse Ikuto – E eu também não.

Devido ao meu estado, infelizmente não tive como bater nele devido a este comentário.

- Você acha que é só mais um pra mim? – Perguntei com raiva – Porra, Ikuto. Você está sempre comigo. Sempre me ajuda, sempre me entende!

- Amu, eu...

- Sai daqui – Gritei – Antes que eu voe no seu pescoço. Eu não acredito que você teve a coragem de só ter me contado que vai embora agora. Eu não significo nada pra você?

Ikuto levantou as mãos, pedindo para que eu me acalmasse.

- Eu já te expliquei que...

- Me deixa sozinha – Interrompi – É tudo o que te peço.

Ikuto olhou para baixo, chateado. Mas eu não me importei. Virei o rosto, enquanto ele se levantava do sofá e ia embora da minha casa.

Depois disso, a minha dor de cabeça pareceu ter piorado.

 

*****

 

Eu sabia que podia ter exagerado. Mas poxa, eu tinha um motivo. O Ikuto podia muito bem ter me contado aquilo no momento que descobriu que ia embora. Se fosse eu, ele seria um dos primeiros a saber.

Agradeci por nem meus pais e nem minha irmã estarem em casa e terem me visto daquele jeito. Ao me olhar no espelho do quarto, vi o estado deplorável que me encontrava: olheiras, rosto molhado, rímel borrado e olhos vermelhos. Sem falar no meu cabelo, que por algum motivo estava uma bagunça.

Tomei um banho para me recompor e coloquei pijamas, já que não pretendia sair mais de casa mesmo. A vontade de voltar para o festival não existia mais. Me joguei em minha cama e chorei mais ainda. Não sabia se era por Ikuto não ter tido consideração comigo, ou se era por ele estar indo embora. Talvez, até pelos dois.

Lembrei do beijo acidental ocorrido no parque, e de como eu queria que aquilo tivesse sido um beijo de verdade, e bem mais intenso. Tudo o que eu queria era abraçar o Ikuto com toda a força do mundo e não o deixar ir embora.

Ao mesmo tempo, eu não queria vê-lo. Ele era o motivo de eu estar daquele jeito depressivo, e ele tinha me magoado bastante!

Ouvi minha playlist de músicas tristes enquanto escrevia algumas coisas em um caderno para “desabafar”. Naquela noite, eu soube o que devia ser sofrer por amor. Ao mesmo tempo, me sentia uma completa idiota por isso.

Um tempo depois a dor já tinha diminuído e o cansaço aumentado, por isso, fui dormir. Uma hora ou outra Kukai e Utau teriam que me contar o que aconteceu no festival, então pude ficar menos ansiosa com o assunto. Foi até fácil com outro me atormentando.

Por incrível que pareça, no outro dia acordei com um bom pressentimento. Essa sensação foi tão verdadeira que quando voltei para o quarto depois de ter tomado café da manhã, recebi uma mensagem de Kukai.

“Desculpa por não ter atendido. Vem aqui que preciso conversar com você”.

Troquei de roupa em um minuto e saí em disparada para a casa do garoto.

 

*****

 

- Ela o que? – Perguntei perplexa.

Eu estava no quarto de Kukai, sentada ao lado dele em sua cama. O garoto havia acabado de me explicar o que acontecera na sala de música quando eu e Ikuto fomos embora. O resultado não me deixou muito feliz.

- E-eu não sei por que – Disse ele bastante triste – Ela disse que se arrependeu de ter me contado que gosta de mim, e que tinha estragado tudo. Depois, saiu correndo e não falou comigo a noite inteira.

Eu nunca vi Kukai tão pra baixo como naquele momento. Logo ele, um cara tão animado que não deixa nada o abalar! Comecei a me sentir triste também, assim como estava confusa pela atitude de Utau.

Não parecia possível que aquilo tinha acontecido... Ela falou pra ele, ele correspondeu, mas depois ela foi embora e disse que “se arrependeu”? Isso não estava certo!

- Eu não sei como as coisas vão ser daqui pra frente – Disse Kukai de repente – Nós éramos tão amigos. Como vamos ficar agora? Como nós três vamos ficar? – Ele corrigiu, me incluindo.

Suspirei, aflita.

- A gente precisa resolver isso – Falei – Vou fazer alguma coisa, deixa comigo!

- Não precisa, Amu – Ele interrompeu – Se ela não quer falar comigo, não posso força-la.

E o garoto olhou para baixo, desanimado. Não me deixava nem um pouco bem ver ele assim.

- Eu vou resolver – Insisti, decidida – Eu não aguento mais isso. Sério, já deu!

Kukai me encarou, assustado com a minha revolta repentina.

- Vocês dois estão em uma enrolação pior que... – Parei para pensar em algo – Eu não sei nem com o que comparar! Estou há o que parecem séculos tentando ajuda-los, mas vocês são cabeças duras demais para seus problemas. Isso acaba agora! – Falei, pegando o meu celular do bolso.

- Amu, o que você vai fazer? – O garoto perguntou.

Não o respondi e por incrível que pareça, ao invés disso mandei uma mensagem para Ikuto:

“Botão de emergência ativado. Precisamos ir adiante com aquele plano. É super-hiper-ultra-mega-urgente!

Ps.: não quero nem olhar para sua cara, mas é muito necessário realizar o plano”.

- O que está fazendo? – Kukai perguntou, tentando ler a mensagem.

Me levantei da cama para que ele não pudesse ler.

“Qual plano? O que eu não concordei?”, perguntou Ikuto.

“Esse mesmo”, respondi.

“Tem certeza?”.

“Sim. Anda logo”.

 

*****

 

Olhei na janela do quarto de Kukai e vi Ikuto e Utau chegando. Eu sinceramente não sei como Ikuto conseguiu fazer a irmã vir, mas sorri, satisfeita.

- Você falou pra trazer ela? – Perguntou Kukai atrás de mim, desesperado.

Me virei para o garoto e sorri, tranquilizadora.

- Relaxa – Eu disse – Senta aí que eu vou resolver tudo de uma vez por todas.

- Amu, estou com medo do que você vai fazer – O garoto falou, sentando em sua cama mesmo assim – Eu nem acredito que ela veio.

- O Ikuto deve ter levado ela força – Dei de ombros – O que importa é que ela vai chegar a qualquer momento – Falei animada.

Voltei a sentar ao lado dele.

- Kukai, eu odiei te ver do jeito que estava agora pouco – Falei, sincera – Não quero te ver triste nunca mais, entendeu? Eu, como sua irmãzinha de consideração, tenho o dever te de animar.

O garoto sorriu de lado.

- Obrigado por isso. Eu acho – Disse ele incerto – E cuidado com o que vai fazer.

Alguém bateu na porta.

- Entrem logo – Falei.

E então Ikuto apareceu, seguido de uma Utau super estranha. Ao ver Kukai, ela olhou imediatamente para mim, evitando contato visual com o garoto. Estava claramente muito nervosa.

- Pronto – Disse Ikuto – Agora anda logo com isso.

E ele estava ali, me olhando como se nada tivesse acontecido na noite anterior.

- Venha aqui, amiguinha – Falei para Utau.

A garota olhou para Ikuto, em desespero. O rapaz apontou em minha direção. Vendo que não tinha saída, Utau se aproximou e se sentou ao meu lado. Ikuto também chegou mais perto da gente, mas ficou em pé observando-nos.

Eu estava sentada no meio da cama, entre Kukai e Utau. Olhei de um para outro e mais uma vez confirmei o nervosismo em que eles se encontravam.

- Vamos acabar com essa palhaçada? – Perguntei – Caralho! – Xinguei – Vocês não tem jeito, não?

Pude ver Ikuto segurando uma risada.

- É o seguinte – Continuei – Vocês se gostam, e já sabem disso. Do que vai adiantar fugir? – Perguntei diretamente a Utau – Se vocês não resolverem essa droga agora, vou perseguí-los pelo resto da vida até vocês resolverem essa porra de relação – Xinguei mais uma vez.

E então me levantei e me virei para eles.

- Ikuto – Chamei – Vamos.

Kukai me lançou um olhar de desespero.

- Esses dois tem muito o que conversar – Falei – Temos que deixa-los sozinhos.

- Com todo o prazer – Falou o rapaz indo atrás de mim.

 

*****

 

PoV – Normal:

Ambos estavam sem fala. Kukai tomou coragem de olhar nos olhos de Utau, mas a garota os desviou, nervosa.

- Utau... – Ele chamou – Fala alguma coisa, por favor! Por que você fugiu de mim ontem depois de tudo o que aconteceu? Por que você disse que se arrependeu?

Felizmente, Utau não ficou mais calada.

- Eu não sei como a gente fica agora – Disse ela – As coisas nunca mais serão como antes.

- Você fala como se as coisas fossem ficar ruins – Ele interrompeu – O que tem de ruim em nós ficarmos juntos?

- E-eu só não quero que as coisas fiquem estranhas – Ela afirmou – E vão ficar. Nos tornamos outras pessoas depois de ontem. Eu não quero ter que ser uma outra pessoa por causa disso, não quero ser uma estranha!

- Você não é – Kukai interrompeu – Eu amo você, Utau. Comecei a ter sentimentos por você antes mesmo de saber o que eles eram. Eu sei que somos melhores amigos desde sempre e que você está com medo disso acabar, mas não vai, entendeu?

A garota sentiu seu corpo todo arrepiar ao ouvir aquilo. “Eu amo você” era algo muito forte de se dizer.

- V-você não entende...

- Para com isso, por favor! – Kukai implorou – Pare de achar que as coisas entre a gente não vão dar certo porque somos amigos. Por que uma amizade estragaria uma relação?

Utau não respondeu, atordoada.

- Você não faz ideia do quanto eu queria que fosse correspondido – Disse Kukai – Você sempre esteve comigo. A gente cresceu junto! E eu tive que suportar por muito tempo ficar calado com medo de que você não gostasse de mim do modo que gosto de você.

- Eu entendo – Utau voltou a falar – Tinha medo também – Uma risada se formou, surpreendendo o garoto – E aqui estamos nós... Só que não é tão simples assim...

Kukai chegou mais perto de Utau e segurou ambas as mãos da garota. Ficou aliviado por ela não ter impedido o ato.

- Se você acha que as coisas são difíceis e que não dariam certo – Ele iniciou – Por que deixou o Ikuto te trazer até aqui? Você não parece ter vindo forçada.

Utau abaixou o olhar e o garoto pode perceber que ela tentava disfarçar o rosto corado.

- Eu queria ouvir o que você tinha a me dizer – Explicou ela.

- Você já ouviu, mas não tudo – Disse Kukai.

Utau o olhou, confusa. Depois de ter dito que a amava, Utau se perguntou o que mais ele teria a lhe dizer.

- A gente já admitiu que se gosta – Falou o garoto – E vai ficar por isso mesmo? Só nos tornaremos estranhos um para o outro se fugirmos do que sentimos e não avançarmos com isso. Podemos muito bem ficar juntos, e sei que se isso acontecer, eu só vou confirmar ainda mais que amo você. Eu sei que não vai ser mais a mesma coisa de antes, mas não quer dizer que vai ser algo ruim, e não acho que temos que ficar parados sem tentar nada.

Utau pode perceber o quanto Kukai queria convencê-la a mudar de ideia. O garoto realmente queria que ela desistisse de sua desistência sobre ele, e que aceitasse o que ele estava dizendo. Kukai só queria que aquela barreira entre eles acabasse e que Utau visse logo que as coisas só estavam sendo difíceis porque ela queria.

A loira lembrou o que sentia pelo rapaz a sua frente. Lembrou que ele era o seu melhor amigo, que sempre competia com ela sobre tudo, que sempre a fazia rir, e que não imaginava o quanto a fazia bem. Utau não aguentou mais a maneira que estava agindo, e refletiu sobre o que acabara de ouvir de Kukai.

O garoto estava prestes a abaixar a cabeça, chateado por Utau não dizer mais nada. Entretanto, ficou feliz ao ver um leve sorriso se formar no rosto da garota.

- Eu sou uma idiota – Disse ela – Você tem toda a razão. E eu não devia ter fugido de você ontem.

- A gente merece uma chance – Kukai voltou a falar – Não podemos desperdiça-la.

Utau também se aproximou dele.

- Desculpa por ser tão idiota – Ela repetiu – Eu não acredito que eu...

- Já estou acostumado com suas idiotices – Kukai interrompeu em tom divertido – Já posso te beijar? Por favor, eu já me segurei por muitos anos!

- Eu também – Disse Utau rindo.

A garota soltou as mãos do outro e envolveu os braços em volta do pescoço dele, se aproximando mais ainda. Kukai envolveu os seus braços ao redor da cintura dela, animado. Antes de darem o próximo passo, Utau fez uma pequena interrupção.

- Eu também amo você – Disse ela – Desculpa por ser tão pessimista quanto a nós dois. E boa sorte para me aguentar ainda mais daqui pra frente.

E enfim, a distância entre os dois sumira por completo.

 

*****

 

PoV – Amu:

Tive que me conter para não gritar de felicidade quando vi Utau e Kukai se beijando pela fechadura. Rapidamente me virei pra Ikuto, e ele ao ver minha expressão de felicidade sorriu também, impressionado.

- Não me diga que...

- Eles estão se pegando, finalmente – Tentei falar o mais baixo o possível – Eu não estou nem acreditando. A gente conseguiu, Ikuto! Eu falei pra você que forçar os dois a se falarem era uma ótima ideia! Imagina se você realmente não tivesse concordado?

Ele não disse nada e sem pensar pulei nos seus braços, abraçando-o e quase o derrubando. Eu estava tão, mas tão feliz com aquilo! Meus melhores amigos finalmente se resolveram. Finalmente!

- Amu, você está me sufocando – Ikuto alertou.

A minha felicidade pelo que finalmente acontecera me fez esquecer do ocorrido da noite passada. Quando lembrei, me afastei de Ikuto no mesmo instante, com um olhar sério no rosto.

- Por mais que eu esteja agradecida pela ajuda – Falei – Ainda não te perdoei.

Ikuto ficou sério também.

- Que tal a gente fazer que nem eles? – Perguntou o rapaz.

Fiz uma expressão de espanto.

- Não o que você está pensando – Ele se adiantou a dizer – Eu acho que devíamos conversar. Sobre o que te contei – Acrescentou.

- A gente já conversou – Me adiantei a dizer – Não adianta voltar atrás. Você já me magoou muito.

Me afastei, indo em direção da escada, e pronta para ir embora. Ouvi Ikuto indo atrás de mim, então apressei os passos.

- Amu, espera – Disse ele segurando o meu braço.

Me virei para que ele pudesse ver as lágrimas que começaram a surgir em meus olhos. Ele me soltou, com uma expressão preocupada.

- Eu não queria que fosse assim – Disse o rapaz – Eu queria que você torcesse por mim, não que ficasse triste. Eu vou voltar, Amu!

- Você não entende – Falei, já chorando.

Não entendia e não queria que entendesse. Afinal, do que adiantaria ele descobrir o motivo de eu estar tão aflita daquele jeito? Ele não vai embora do mesmo jeito?

E então, saí correndo escada abaixo. Daquela vez, Ikuto não foi atrás de mim.

 

*****

 

Eu estava tão mal, que quase tinha me esquecido que Utau e Kukai finalmente ficaram juntos. No final da tarde, me encontrava deitada na minha cama, ainda ouvindo aquela minha playlist, quando recebi uma ligação de Utau.

- Ei, Amu – Disse ela do outro lado da linha – Onde você está?

- Na bad – respondi – Fundo do poço, fundo do abismo, como preferir...

- Oi? O que aconteceu? – Ela perguntou confusa.

- Eu posso matar o seu irmão? – Perguntei – Ele ainda não está na Áustria, então tenho um mês para fazer isso.

Houve um pequeno silêncio do outro lado da linha.

- Amu, eu sinto muito – Lamentou Utau – Nós já estamos a caminho.

- Nós? – Perguntei em tom malicioso – Você e o Kukai não precisam vir aqui. Devem ter coisas muito mais importantes para fazer.

- Estamos indo – Ouvi Kukai dizer – Até daqui a pouco.

E terminou a ligação. Suspirei.

 

*****

 

Utau e Kukai entraram no meu quarto sem mesmo bater na porta e foram imediatamente em minha direção. Mudei minha posição de antes, deitada, e me sentei na cama, deixando o celular e o fone de lado.

- Oi – Falei em voz baixa.

- Amu, como você está? – Perguntou Utau, preocupada.

Não respondi àquela pergunta. Meu humor já estava transparecido o suficiente.

- Aquele idiota! – Reclamou Utau – Eu falei pra ele ter te contado antes, mas o Ikuto nunca me escuta!

- Você podia ter contado pra ela – Kukai disse a Utau.

A garota lançou a ele um olhar furioso, mas antes que dissesse algo em sua defesa, eu me manifestei.

- Eu imagino que o Ikuto tenha pedido para você manter segredo – Falei – Mesmo já sabendo que eu ia ficar abalada com o fato dele estar indo embora de qualquer jeito. Porque teve que piorar as coisas falar isso faltando um mês para partir? Se ele tivesse falado bem antes eu... Eu...

As lágrimas começaram a cair dos meus olhos.

- Eu nunca teria me perguntado sobre o que sinto por ele – Continuei – E eu não estaria sofrendo tanto assim.

Enterrei o rosto nas mãos e chorei, chorei sem parar. Kukai e Utau ficaram calados durante um tempo, e eu naquele estado, soluçando como uma criancinha. Fazia tempo que eu não chorava tanto daquele jeito.

- Não fale assim – Utau disse de repente – Amu, olhe pra mim.

Reuni forças e levantei a cabeça. Não me preocupei em enxugar o rosto, apenas encarei Utau e Kukai ao meu lado. Os dois estavam sérios.

- Você foi boa o suficiente para admitir a si mesma sobre o que sente – Disse ela – E agora não vai adiantar se arrepender disso.

- Eu sei que você está muito triste – Disse Kukai – Mas ele vai voltar um dia.

- Nem ele sabe o tempo certo que vai ficar fora – Falei – Como isso me deixaria tranquila?

“Um ou dois anos”, lembrei de Ikuto ter dito. Se ele ao menos fosse mais específico, talvez eu não ficasse tão desesperada.

- Era por isso que você não queria que eu gostasse do seu irmão? – Perguntei a Utau.

- Eu não sou idiota, Amu – Disse a loira – Sempre soube que tinha algo entre vocês dois. Mas quando o Ikuto me disse que ia pra fora do país, eu fiquei desesperada. Não queria que você percebesse isso até que ele voltasse. Não queria te ver do jeito que está agora.

Tudo começou a fazer sentido. O motivo de Utau querer tanto que eu ficasse com o Tadase era porque ela não queria me ver sofrer por Ikuto ir embora!

- Ele vai voltar – Continuou Utau – E vocês vão ficar juntos.

- Ele pode achar outra pessoa lá – Falei – Uma linda “austriana”.

- É austríaca – Corrigiu Utau.

- Eu sei disso, só estava tentando descontrair um pouco – Expliquei – Como se fosse adiantar alguma coisa – Suspirei – Eu nunca pensei que fosse ficar tão infeliz com a possibilidade de alguém encontrar outro alguém.

Não queria nem pensar isso. Ikuto feliz com outra garota, em outro país, e eu ali, sozinha e segurando vela dos meus melhores amigos.

- Ele é louco por você – Afirmou Utau – Pra você é difícil ver isso, mas nós que estamos de fora conseguimos enxergar. Eu duvido que o meu irmão vai encontrar alguém que gosta mais do que gosta de você.

Parecia surreal a ideia de Ikuto gostar de mim. Mas, quando eu dizia a Utau que ela era correspondida e a garota não acreditava, eu estava dizendo a verdade.

- Que tal falar o que sente pra ele? – Perguntou Kukai de repente.

- Você está louco? – Perguntei incrédula – Não!

- Também não acho uma boa ideia – Interveio Utau – Não adianta fazer nada agora.

Balancei a cabeça, concordando com a garota.

- Uma vez alguém me disse que mesmo sendo difícil, deve-se fazer alguma coisa – O outro continuou.

Nem parecia que fora eu quem dera aquele conselho a ele.

- Nesse caso, é mais difícil do que parece – Falei – Eu queria tanto que isso não estivesse acontecendo... Queria tanto que eu não estivesse triste desse jeito por causa dele... Por que esses sentimentos nos deixam tão estranhos?

Suspirei. Estava sentindo na pele os contras de se estar apaixonada. E era mais esquisito do que eu imaginava.

- Hoje e ontem à noite só tenho ouvido músicas depressivas – Contei – E até mesmo escrevi umas coisas pro Ikuto...

- Então vocês estão se falando? – Kukai interrompeu surpreso.

Balancei a cabeça em negativa.

- Eu escrevi coisas em um caderno – Respondi – Não pretendo mostrar pra ele. Eu só precisava botar pra fora mesmo.

- Onde está? – Perguntou Utau – Posso ver?

Por que eu fui falar disso mesmo?

- De jeito nenhum – Eu disse nervosa – Está muito embaraçoso, e acho que vai ser estranho pra você, sendo que se trata do seu irmão.

- Nossa, o que você escreveu pro Ikuto? – Perguntou Utau, desconfiada.

- Ei, me respeita, não é nada malicioso – Falei rapidamente – Eu só acho que está muito embaraçoso pra mostrar pra alguém.

E de repente, Kukai riu e ergueu um caderninho azul com listras roxas (ou roxo com listras azuis?). O caderninho.

- É esse? – Ele perguntou.

- Não – Me apressei a dizer – Me devolve isso agora!

O garoto sorriu vitorioso e começou a folhear o caderno. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, Utau segurou as minhas mãos para que eu não intervisse.

- Acho que encontrei – Declarou Kukai.

- Lê em voz alta – Utau pediu.

- Não! – Pedi desesperada.

Ele felizmente não leu em voz alta. Ia parecer ainda mais estúpido desse jeito. Utau me soltou e se aproximou de Kukai, lendo o que estava escrito. Não tendo mais jeito, apenas aceitei e escondi o rosto com as mãos, não querendo nem ver a reação deles.

- Você precisa entregar isso pra ele – Falou Kukai um tempo depois.

- Eu gostei – Disse Utau – Mas não acho uma boa ideia mostrar pro meu irmão.

Tirei as mãos do rosto.

- Ficou bom? – Quis saber.

- Parece que tem alguém apaixonada aqui – Kukai implicou.

- Ai, que gracinha – Utau também brincou.

- Que coincidência, não é mesmo amiguinhos? – Revidei – E falando nisso, que tal vocês voltarem uma página para lerem outra coisa?

Os dois se olharam por um segundo, sem entender, e voltaram uma página do caderno. Fiquei os observando, divertida com a situação.

- Coisas que meus bff’s devem fazer quando estiverem juntos – Kukai leu em voz alta.

- Não me deixar segurar vela, me chamar para ser madrinha de casamento, me chamar para ser madrinha dos filhos... – Utau continuou lendo, mas parou e me encarou perplexa – Você não tem mais nada pra fazer não?

Deu uma risada.

- Eu vivo pros meus shipps – Falei.

Utau revirou os olhos e Kukai riu.

- Agora que tal fazermos algo pra animar a Amu? – Ele perguntou.

- Não, eu preciso ficar na bad só mais um pouco – Falei – E eu sei que os dois querem ficar sozinhos.

- A gente não quer te ver assim – Utau interrompeu – Ainda mais depois de ter nos ajudado. Temos que fazer algo em troca por você.

A loira sorriu ao dizer aquilo e eu me senti um pouco melhor.

- Eu estou muito feliz por vocês – Falei – Já devo ter dito isso, mas não importa. Eu queria que as coisas dessem certo pra mim também – Suspirei – O que fiz por vocês não foi feito porque eu queria algo em troca. Foi feito porque eu queria ver vocês felizes!

Utau e Kukai sorriram para mim, e depois um para o outro. De alguma maneira, nem parecia que os dois só estavam juntos há algumas horas. Era como se estivessem há anos.

A loira voltou a olhar pra mim, dessa vez séria.

- As coisas vão dar certo pra você também – Disse ela – Só vai levar um tempo.

Eu esperava que sim...

- Vamos deixar ela a sós – Kukai disse a Utau – Mais tarde ela vai estar melhor e a gente volta.

- Amanhã – Corrigi – Agora querem fazer um favor de saírem daqui e serem felizes sem a minha presença depressiva?

 

*****

 

PoV – Normal:

Ikuto deixou imediatamente o celular de lado quando sua irmã e Kukai apareceram em sua casa. O garoto, de mãos dadas com Utau, se dirigiu apressado em direção do sofá da sala, onde Ikuto estava.

- A Amu está mal, não está? – Perguntou o mais velho.

- Muito – Respondeu Utau – Agora ela provavelmente está pensando na conversa que tivemos com ela, logo vai ficar tudo bem.

Ikuto olhou para baixo e suspirou. A última coisa que queria na vida era deixar Amu magoada. Como se arrependia por não ter feito o que era preciso antes!

- Ikuto, eu tenho uma coisa pra você – Disse Kukai animado.

Tanto Ikuto, como Utau, olharam para ele com surpresa estampada no rosto. Quando Kukai tirou uma folha de papel dobrada do bolso da calça, Utau a reconhecera.

- Ei, isso é... – Indagou a loira, assustada.

- A Amu escreveu para você – Kukai disse a Ikuto.

O garoto estendeu a folha e Ikuto a pegou, apressado pela menção de Amu.

- Eu não acredito! – Exclamou Utau – Você pegou escondido? Ikuto me devolve isso agora!

Utau tentou pegar a folha da mão do irmão, mas ele já estava lendo e Kukai a impediu. Ela o olhou furiosa.

Ikuto não demorou a começar a ler a carta:

 

Eu não sei por que estou escrevendo algo que nunca vou ter coragem de entregar.

Eu nunca me imaginei passando por isso. Nunca imaginei que alguém me deixava mais feliz, me trazia segurança, me trazia confiança, e tantas outras coisas só de estar por perto.

Eu nunca me senti desse jeito com outra pessoa. Para falar a verdade, nunca tive interesse em ter uma vida amorosa. Mas, acontece que de repente eu comecei a me perguntar se isso era verdade, me questionei se eu tinha sentimentos por alguém e não sabia.

Com você eu posso ser eu mesma, posso dizer tudo o que vem em minha mente. Não é uma amizade qualquer. É uma conexão que vai além do que eu posso imaginar, algo me deixa tão fortalecida que chega a ser inexplicável!

E você esteve esse tempo todo bem na minha frente, mas eu só tive a capacidade de ver isso quando foi tarde demais...

Com você eu sei que se um sentimento tão puro e inexplicável existe, tantas coisas ruins acontecem no mundo porque tem gente que não o encontrou. Eu sei também que ainda tenho muitas coisas para aprender na vida. Sou nova, mas sei que o que sinto não é qualquer coisa.

Eu queria te ter aqui pra sempre. Queria te abraçar nos momentos difíceis, queria te beijar, queria rir, queria fazer todas as nossas idiotices de novo. Eu queria que as coisas conspirassem ao meu favor. Na verdade, não ao meu, ao nosso favor! Eu sinto que o meu sentimento existe, é por algum motivo. 

Eu queria ter coragem pra te entregar isso e ouvir você dizer que sente o mesmo que eu. Queria que você não fosse embora...

Eu não sei porque escrevi isso. Mas eu sei que é verdade.

Sinceramente,

Amu Hinamori

 

Quando terminou de ler, Ikuto deixou a carta cair em seu colo. O rapaz estava sem palavras, e por um momento só conseguiu encarar a parede da sala e esperar que a ficha do que havia acabado de ler caísse.

Utau ainda estava furiosa pelo que Kukai tinha feito, mas esse não ligou muito para ela. O garoto encarou Ikuto atenciosamente, esperando que ele dissesse alguma coisa.

De repente, foi como se Ikuto tivesse voltado ao mundo real. Seus olhos vazios ganharam uma reação de desespero e encararam o casal ao seu lado.

- Eu preciso falar com ela! – Declarou Ikuto.

- Não! – Utau interrompeu – Eu sei que vocês realmente precisam conversar, mas hoje não. Ela ainda está mal, esqueceu? Dê um tempo a ela pelo menos!

Ikuto se levantou do sofá, voltando a segurar a carta de Amu.

- Eu não posso esperar – Disse ele – Já não tenho tanto tempo assim.

- Ah, não me venha com drama – Utau revirou os olhos – Você tem um mês! E não é como se a Amu fosse ficar mal por esse tempo todo.

- Já sei! – Exclamou Kukai – Eu e a Utau podemos dar um jeito de vocês se encontrarem amanhã.

Ikuto pareceu interessado, mas Utau imediatamente protestou.

- A gente não pode forçar a Amu se ela não quiser – Disse ela.

- Ela te forçou a conversar comigo hoje mais cedo – Kukai retrucou – E tudo deu certo do mesmo jeito.

Ikuto concordou e Utau revirou os olhos mais uma vez.

- Eu espero – Disse o rapaz de olhos azuis – Mas só até amanhã.

- Beleza – O de olhos verdes disse, animado.

Ikuto dobrou a carta do jeito que estava quando a recebeu e colocou-a no bolso da calça. Sem dizer mais nada a Kukai e Utau, ele se afastou e subiu a escadaria da casa para o seu quarto.

Utau se virou para Kukai, incrédula.

- Você não devia ter feito isso! – Disse Utau, furiosa – Do que vai adiantar fazer eles ficarem juntos agora sendo que daqui há um mês vão se separar?

- Ei, confia em mim – Kukai interrompeu.

Utau o fuzilou com o olhar. Kukai estava bastante animado com a situação, e aquilo a irritava ainda mais. A loira o encarava com raiva, e ele deu uma risada.

- Para de me olhar assim – Pediu Kukai – Vai ficar com raiva de mim agora, é?

Utau não respondeu, e ele se aproximou da garota, até que seus rostos ficassem a um palmo de distância.

- Meus pais estão em casa – Utau advertiu.

- E eles não podem saber que estamos juntos? – Questionou o outro.

Utau se afastou do garoto, o olhando receosa.

- Não de uma hora pra outra, né! – Ela o repreendeu.

- Então vamos embora – Kukai sugeriu – E terminamos nossa conversa sobre o que acabou de acontecer.

Utau balançou a cabeça, assentindo, e assim os dois deram as mãos e saíram da casa. Enquanto isso, no andar de cima, Ikuto relia a carta de Amu, ainda impressionado.

 

*****

 

PoV – Amu:

Aquele final de semana estava sendo tão estranho que o sábado foi depressivo, mas o domingo não parecia que seria tão ruim. Eu acordei bem melhor que estava antes. É claro que não esqueci sobre Ikuto, mas mesmo assim, parecia que o tempo que dei a mim mesma para colocar os sentimentos pra fora havia sido necessário.

Meus pais decidiram passar o dia fora, mas apenas minha irmã foi junto. Inventei que precisava fazer um trabalho de escola, e quando os três foram embora, chamei Kukai e Utau.

Foi bem difícil escolher algum filme pra ver. Não estava nem um pouco no clima de romance, e como quase todos os tipos de filmes tem pelo menos um pouco disso, procuramos ficção científica. É bem difícil ter romance em filmes assim.

Assistimos Interestelar e fiquei um bom tempo depois refletindo o filme e me perguntando se eu realmente o tinha entendido. Utau e Kukai começaram uma conversa sobre o que acabaram de assistir e eu me perdi mais ainda.

Lá se foram umas quatro horas. Três do filme (é enorme mesmo, mas vale a pena), e mais uma de conversas e a gente fazendo bagunça na cozinha. Era quase um dia normal entre nós três, exceto pelo fato de que eu ainda não estava feliz o suficiente.

- Vamos dar uma volta por aí? – Kukai sugeriu de repente.

Não me parecia uma má ideia. Ao pensar nisso, lembrei que desde a manhã anterior eu não saía de casa.

- Tudo bem – Falei – Faz tempo que não tomo um ar livre.

 

*****

 

Nós três estávamos andando pelo bairro. Kukai e Utau na frente de mãos dadas, e eu atrás, apenas os seguindo. Os dois pareciam apressados demais para o meu gosto.

- Para onde estamos indo? – Perguntei desconfiada.

Utau olhou para trás e me encarou.

- Pra praça de sempre – Disse ela.

Assenti e percebi que pelo caminho que estávamos pegando, ela estava bem próxima. Atravessamos a rua da floricultura do bairro e chegamos a uma calçada onde havia várias casas e uma padaria no final. Ali, bastava virar à direita para podermos ver a pracinha.

À medida que andávamos por aquela calçada, comecei a escutar um som muito familiar. Quando me dei conta do que era, parei imediatamente.

Utau e Kukai também pararam e se viraram para mim.

- Vocês armaram pra eu e ele nos encontrarmos? – Perguntei – O que querem que eu fale? “Ikuto, me trás um chaveiro de lembrança?” – Zombei.

O garoto sorriu para mim.

- Ele leu a sua carta – Contou Kukai – Eu a peguei escondido ontem.

- O quê? – Gritei.

Fiquei assustada a ponto de nem conseguir me mover. Não era possível... A carta que escrevi para Ikuto, e que eu não queria que ele lesse por nada nesse mundo! Tive vontade de jogar Kukai no meio da rua e esperar um carro passar por cima do garoto.

- Você não fez isso! – Falei com raiva – Eu não acredito!

- Gostaria de dizer que eu não sabia até ele entregar pro meu irmão – Disse Utau – E na hora não tive como impedir.

- Por que você fez isso? – Perguntei para Kukai, desesperada.

O garoto sorriu.

- Só queria te dar uma ajudinha – Explicou.

Não conseguia entender como aquilo ajudaria em alguma coisa.

- Infelizmente não tem como voltar atrás – Utau falou – O Ikuto está doido para conversar com você sobre a carta.

Se uma coisa eu não estava, era preparada para conversar sobre aquilo. O silêncio que se formou me fez ouvir o violino de Ikuto com mais clareza, o que me deixou mais nervosa.

- Amu – Kukai chamou – Vai lá logo e acaba com isso.

- Mas...

- Vai logo, porra – Utau xingou – Eu e o Kukai vamos atrás de você para se certificar que você não fuja.

Cruzei os braços.

- Eu não sou obrigada a nada! – Exclamei.

- Ah, é mesmo? – Perguntou Utau, ironizando – Você também nunca me obrigou a fazer nada, né?

Suspirei.

- Eu odeio vocês – Falei.

- Vai logo! – Utau bateu o pé no chão.

- Já estou me arrependendo de ter ajudado vocês a ficarem juntos – Eu disse.

- Só vai! – Insistiu ela.

- Vocês são o pior shipp do mundo...

- Vai logo desgraça! – Gritou Utau.

Sem opções, tomei coragem e fui.

 

*****

 

Tanto Ikuto quando a música me atraíam. Se eu soubesse cantar bem como Utau teria o prazer de cantarolar a melodia que saia do instrumento de Ikuto, mas a única coisa que pude fazer foi observar.

Me sentei em um dos bancos da praça, esperando que Ikuto terminasse a música e percebesse que eu estava ali. O rapaz estava no meio do local, e de costas para mim.

Quando terminou, começou a olhar em volta, a minha procura. E então, ele se virou para trás e me avistou. Ikuto imediatamente guardou seu violino na bolsa, e depois foi até mim.

Ele se sentou ao meu lado no banco e me encarou. Fiquei calada esperando que ele começasse a conversa.

- Amu – Disse ele – O que estava escrito na carta era verdade?

Não consegui dizer nada por conta do nervosismo, mas fui capaz de balançar a cabeça em afirmativa.

Ikuto sempre fez de tudo para me dar sustos, surgindo atrás de mim do nada e de outras maneiras. Eu nunca consegui fazer isso com ele, pois o rapaz era esperto demais e sempre percebia. Porém, daquela vez, consegui. Nunca o vi tão espantado em toda a minha vida.

- Você gosta mesmo de mim? – Perguntou ele sério.

Balancei a cabeça em afirmativa mais uma vez.

Meu coração nunca esteve tão acelerado e pareceu parar quando Ikuto sorriu. Foi um sorriso sincero que parecia confirmar o que eu tanto queria: que fosse correspondida.

Ikuto se aproximou, deixando apenas uma pequena distância nos separando. No mesmo momento, meu coração disparou, e eu não consegui fazer nada. Permaneci parada, esperando que ele continuasse.

As mãos dele foram parar ao redor da minha nuca, me deixando arrepiada. Apenas fechei os olhos, enquanto sentia a respiração de Ikuto se aproximando lentamente da minha.

Quando senti o toque delicado dos lábios de Ikuto nos meus, uma felicidade inexplicável tomou conta de mim, mais do que no dia do parque. Deixei que Ikuto conduzisse o beijo por uns segundos até eu passar a retribuir. Me aproximei ainda mais dele e envolvi meus braços em seu pescoço. Uma de suas mãos passou a acariciar o meu rosto, de maneira delicada e agradável.

Eu só queria que aquele momento durasse para sempre.

 

 

 


Notas Finais


Aiai, amo muito esse cap ♥
E aí, será que vai ser fácil pra Amu ver o Ikuto ir embora? Não percam o próximo, que é o último!
Por favor galera, falem o que acharam do capítulo e sobre o que estão achando da história, é muito importante para mim! Quero muito saber o que estão achando e quais as expectativas para o final xD
Até o último capítulo, bjs e te espero lá ♥


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